Lupas (806)
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O ato final, que adapta para o cinema o show mais clássico do Queen, no Live Aid de 1985, ilustra perfeitamente o que é o filme como um todo: um videoclipe insípido, sanitizado (no caso do desfecho, digitalizado em excesso), em que Freddie Mercury carece de emoção porque vivido por um avatar sem a sua visceralidade, que o imita, e só, com afetação. Como viram tanto em um filme que é tão pouco, insosso e manipulado?!
Rodrigo Torres | Em 12 de Setembro de 2019.
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Aquela linha tênue entre autoparódia e autoindulgência que é sempre difícil medir como cineasta e fica clara para o público. Apesar das boas ideias e atualização com o mundo depois de quase 15 anos (por quê?!?), definitivamente, uma sequência que não rolou.
Rodrigo Torres | Em 12 de Setembro de 2019.
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Cuarón flutua entre a rememoração nostálgica da infância no México dos anos 70, a encenação dos próprios dramas e contradições familiares e toda uma reflexão do entorno: as agruras daqueles à margem, a relação complexa e afetuosa entre mulheres de diferentes classes e raças, um país de profundos abismos sociais em plena ebulição. Tudo isso comunicado com absoluta inspiração narrativa; um aperfeiçoamento dos esforços visuais e técnicos de Gravidade e Filhos da Esperança. Obra-prima e ponto.
Rodrigo Torres | Em 11 de Setembro de 2019.
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Um avanço em relação a O Som ao Redor em termos visuais e de referências pop e cinematográficas. Em termos de discurso e narrativa, um tanto menos sofisticado que o filme de estreia de KMF. O principal exemplo disso é a evolução dos conflitos e diálogos — proposital, mas descuidadamente expositivos —, que assumem o papel de panfleto político e tiram a força cinematográfica, artística, do filme. Ainda assim, uma obra acima da média, envolvente, até mesmo divertida.
Rodrigo Torres | Em 10 de Setembro de 2019.
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Vejo evolução em alguns aspectos. Sua montagem e o realismo de sua violência gráfica, por exemplo, são impressionantes. Do mesmo modo, o mito em torno de John Wick segue em uma escalada interessante e o personagem parece ganhar poderes sobre-humanos — o que é muito bem apropriado pelo filme. Mas, pela primeira vez, e apesar de algumas cenas hipnotizantes, a franquia começa a apresentar sinais de desgaste.
Rodrigo Torres | Em 09 de Setembro de 2019.
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Eu entendi: a ideia é emular a estrutura do livro para usar a nostalgia e o elenco jovem do 1º filme, indo e vindo na narrativa por insuportáveis 2 horas de prisão no passado. A trama fica repetitiva, truncada, cheia de flashbacks gratuitos... E isso se estende para a forma preguiçosa com que se encena o horror, sem a preparação, atmosfera e inspiração de outrora, desperdiçando Pennywise e sua aura mitológica — que vira muleta para rumos, motivos e desfecho tediosos. Que decepção!
Rodrigo Torres | Em 03 de Setembro de 2019.
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Não sou muito bom de piada, mas vamos lá: "Dunkirk é o Glória Feita de Sangue de Christopher Nolan". Quando tudo que eu queria é que fosse como O Encouraçado Potemkin: mudo.
Rodrigo Torres | Em 29 de Agosto de 2019.
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Uma aventura que se apropria bem da larga escala para engajar o público na urgência da trama e evocar a grandiosidade da missão do protagonista, da imensidão do espaço e de todo um legado do subgênero. Até que resolve, lamentavelmente, um desfecho improvável com uma elocubração filosófica ridícula. Com um deus ex machina cretino com verniz existencialista vagabundo. Nolan tanto mira em Kubrick, Tarkovski, que acerta em Paulo Coelho. Seu merecido título é de Romero Britto do cinema filosófico.
Rodrigo Torres | Em 29 de Agosto de 2019.
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KMF tem noção do status que alcançou, manipula bem a expectativa dos fãs e verte esses elementos em um grande evento — na diegese e fora dela, fazendo cinema, política e publicidade. É um autor em formação, que me remonta a Tarantino em suas melhores qualidades e alguns deslizes. Atuações e diálogos grosseiros, denúncias panfletárias e ritmo débil soam deliberados, duvidoso, um certo descuido, comunicam autoindulgência. Mas a sensação final é de singularidade e transpiração de filme B — ótima!
Rodrigo Torres | Em 27 de Agosto de 2019.
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Um dia eu revejo e refaço essa lupa. Sob pena de mudar a nota para 5,0 ou 7,5 ou 10,0. Ou 0,0.
Rodrigo Torres | Em 13 de Agosto de 2019.
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Um coming-of-age com ares de Capitão Fantástico sem a narrativa tradicional hollywoodiana ou a abordagem romantizada do filme de Matt Ross — até pela falta de conteúdo da história, um fiapo que se perde na maior preocupação de Dominga Sotomayor em apenas retratar o cotidiano de uma comunidade isolada no Chile dos anos 80/90. Assim, faz muito bem ao que se propõe, a fotografia é caprichada, mas a proposta é um tanto modesta demais. A maior complexidade do filme reside em seu bonito título.
Rodrigo Torres | Em 13 de Agosto de 2019.
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O elenco é bom, o filme é visualmente requintado, mas a história é insuportável. Um novelão! Abutres segue sendo o melhor trabalho de Pablo Trapero — o que me faz questionar o porquê de eu ter me interessado tanto em ver esse novo.
Rodrigo Torres | Em 13 de Agosto de 2019.