Lupas (800)
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O Artista do Desastre do blaxploitation. Focado não só no amor de um outsider pelo cinema e no hilário (apesar de desastroso, ou genial) resultado disso, como, principalmente, uma ode a toda a cultura negra. Abordando temas fundamentais, como marginalidade e preconceito (na sociedade e nas artes), em confronto com os sentimentos que evoca, como identificação, orgulho e superação.
Rodrigo Torres | Em 05 de Novembro de 2019. -
David Michôd realiza mais um filme brutal. Sombrio, carregado. Chafurdando em temas condizentes com essa carga dramática: família, poder, traição, autocomiseração. Tudo isso embalado em um filme de guerra medieval com grandes atuações, especialmente a principal, do já grande Timothée Chalamet, além do maior parceiro do cineasta, Joel Edgerton. No que falha em precisão histórica, esbanja em cinema. Vide o modo como explora o rosto expressivo do protagonista. Grata surpresa da Netflix.
Rodrigo Torres | Em 05 de Novembro de 2019. -
Uma das grandes atuações mirins da história do cinema como molde desse universo que fabula uma história essencialmente crítica sobre uma realidade social tão triste.
Rodrigo Torres | Em 20 de Outubro de 2019. -
O retorno de Matteo Garrone a um subúrbio pobre e violento da Itália é mais que um resgate de seu melhor cinema; é uma investigação social que tanto dialoga com as heranças da sétima arte no país. Assim, um cinema autêntico e identificado para onde se vê, além de um thriller muito competente — imersivo, intenso — que tão bem explora signos de outra gênese, o film noir. Soma-se a isso um visual evocativo, uma atuação principal soberba e um desfecho tocante.
Rodrigo Torres | Em 19 de Outubro de 2019. -
Uma breve ponderação: o uso sistemático de angulações fora de eixo para sublinhar o estado psíquico de Arthur (Phoenix espetacular), algo que funciona bem nos quadrinhos e cansa um tanto no cinema (ao menos a mim, opinião que pode mudar em revisões). A impressão é de que muito se filmou, que uma decupagem mais enxuta teria potencializado esse recurso, em sendo usado com mais economia. Aliás, o apelo ao onírico na cena final (maravilhosa) é um bom exemplo de alternância desse signo de loucura.
Rodrigo Torres | Em 16 de Outubro de 2019. -
Vince Gilligan filma bem demais, e suas marcas autorais me agradam tanto quanto a própria Breaking Bad (e a também excepcional Better Call Saul), para eu dizer que El Camino é desnecessário. Não tem decepção também porque eu sabia o que esperar: um episódio mais longo da série original focado no personagem e intérprete que não são do meu maior agrado. Que vale pelo reencontro com um universo que evoca saudade e pela competência habitual dos envolvidos, embora não fuja da redundância.
Rodrigo Torres | Em 14 de Outubro de 2019. -
A previsibilidade da história se soma à minha alta expectativa pelo filme (nunca produzira tanto material sobre um lançamento na vida) e deixa um certo amargo na boca. Um dia eu revejo e descubro se a culpa é minha ou, de fato, o filme se dedica demais às consequências de um desfecho que ele próprio antecipa. A caracterização rasa de um vilão que pouco ameaça também atrapalha. Darth Vader, assim, rouba a cena sem piedade.
Rodrigo Torres | Em 28 de Setembro de 2019. -
Jim Mickle se nutre de inspiração em Marcas da Violência e realiza um neo-noir competente, no qual a figura ambígua do detetive se transfere para a do pai de família pacífico em busca de uma vida dupla para preencher suas inseguranças como o protetor do lar, como homem. Há uma certa irregularidade nessa transição e aquela subtrama fetichista é um corpo absolutamente estranho no filme, que se sustenta no todo, em sua tensão permanente, para manter o fôlego até o fim apesar desses percalços.
Rodrigo Torres | Em 28 de Setembro de 2019. -
A sacanagem aqui é o desrespeito de seus detratores pelo que o filme é. Em assumir riscos e dar um passo adiante do que fora Flash Gordon há 80 anos, Rian Johnson investe seus personagens de camadas (como em desfazer o maniqueísmo de Luke) e atinge, assim, um nível de riqueza psicológica inédito na franquia. De quebra, filma as mais lindas imagens de toda a saga. Azar de quem não enxerga as qualidades desse filme — irregular na primeira metade e uma potência cinematográfica na segunda.
Rodrigo Torres | Em 24 de Setembro de 2019. -
J.J. Abrams não é só esperto, ou preguiçoso. O que ele faz — ao, basicamente, reproduzir o primeiro filme — beira a mais pura maldade. Na prática, O Despertar a Força é o que Uma Nova Esperança seria com atores melhores, mais bem dirigidos, com tecnologia de ponta e cenas de ação (lutas e naves) bem coreografadas. Zero em originalidade, dez (ou quinze) em execução.
Rodrigo Torres | Em 24 de Setembro de 2019. -
Um tipo de filme que eu adoro, capaz de te transportar para a época em que foi feito de modo a se blindar de quaisquer riscos de anacronia. Assim são os clássicos, e esse aqui não só é um, como uma joia subestimada da Nova Hollywood e — se não a melhor ideia, pois a mais modesta — o grande filme da vida de George Lucas.
Rodrigo Torres | Em 24 de Setembro de 2019. -
O formato tradicional e a própria natureza do material (tão comumentemente visto na televisão), que não é lá muito potente, impedem uma obra memorável. Porém, é um documentário extremamente competente em sua proposta. Envolvente, que é o principal em um filme. O clímax em particular é de fazer suas pelas mãos!
Rodrigo Torres | Em 18 de Setembro de 2019.