Lupas (806)

Curioso ver Bogdanovich subverter sua própria screwball comedy com o tipo cafajeste de Gazzara, forjando um filme com um charme particular e moral mais complexa apesar de, superficialmente, vermos a repetição de tantos elementos do anterior What's Up Doc.

Esse, sim, soa como o mais puro Bogdanovich por Bogdanovich; uma revisita do cineasta ao que fizera em Essa Pequena é uma Parada e Muito Riso e Muita Alegria. E não há nada mal nisso.

Steve McQueen processa tipicidades de Hollywood com sua autoralidade, a ressaltar um tempo dilatado que acentua a angústia dos personagens, as explosões eventuais da narrativa e questões desse pulsante "cinema negro" — dos melhores da atualidade.

A irregularidade entre suas duas partes e o clímax morno não impediu que fosse uma das experiências mais imersivas de 2017, com destaque para o som e as longas tomadas de Roger Deakins — animal! E o melhor: uma sequência digna ao clássico original.

Queimei a língua... http://www.cineplayers.com/artigo/7-superherois/280

Um festival de referências e uma premissa interessante muito bem aproveitados num blockbuster que brinca com o tempo cinematográfico e é a antipropaganda bélica americana. Muito bom filme.

Eficiente e relevante, o que já justifica a existência do documentário. Ainda assim, é latente a sensação de que poderia haver o mínimo de Cinema ali. Para quem se atém apenas a conteúdo e denúncia, pouco se importa com a forma, é satisfação garantida.

Creio que, atualmente, nenhum outro cineasta entenda e emule - e de modo tão real, humanista, esclarecido, sensível - os dramas da vida real como Asghar Farhadi.

Jack Ryan (família, carreira, passado; instinto, receios), mundo da espionagem, contexto histórico e político internacional, tudo tão bem explorado que, diante de tanto pastiche recente no gênero, a gente até se engana e considera melhor do que de fato é.

Roteiro patético, personagens nulos, atores mal aproveitados (no aguardo dos memes com os "carões" de S. Hawkins), 3D cagando uma fotografia já ruim... Tudo entre um ronco e outro, também culpa do filme. De positivo, TALVEZ o resgate do Gojira original.

O cinema de Glazer em um nível singular de estranheza, sensorialidade e desconforto, evocando o deslocamento de um E.T. solitário (a escalação de ScarJo é perfeita) em uma missão funesta que revela o óbvio: o maior risco à raça humana está aqui, na Terra.

Doc de perspectiva diferente (sem aquele excesso de recortes e entrevistas), que, independente do tempo em que se assista, nos transporta para bem perto de Kurt e nos permite conhecê-lo de fato. Bonito, e com a singeleza que as coisas mais belas têm.