Lupas (1592)
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Ly faz um recorte de um bairro de Paris para falar de temas não apenas franceses, mas globais, ressaltando a tensão entre autoridades e o povo e, principalmente, as faíscas que provêm do choque de culturas. O cineasta acerta ao não tomar posição, preferindo apenas gerar reflexão, e entrega um filme que se constrói aos poucos, crescendo em importância até um último ato explosivo - e inevitável. De quebra, tem um dos planos finais mais emblemáticos e significativos do ano.
Silvio Pilau | Em 19 de Maio de 2020.
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É um filme bastante eficaz em sua abordagem tragicômica sobre a vida moderna, levantando vários pontos relevantes sobre nossa dependência das redes sociais e o jogo de aparências que elas promovem. Matt Spicer é bem-sucedido na difícil tarefa de aplicar o tom certo em sua sátira, apoiado pela presença sempre peculiar de Aubrey Plaza e o talento de Elizabeth Olsen, que tira sua personagem de uma possível caricatura.
Silvio Pilau | Em 18 de Maio de 2020.
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Mesmo leve e sem grandes pretensões, o filme sofre com soluções que se revelam superficiais e mal inseridas (como os flashbacks e a trama do terrorista), prejudicando a reflexão sobre a terceira idade e a busca de um sentido na vida. Há momentos divertidos, e Diane Keaton e Morgan Freeman são um prazer de se assistir, mas não há muito a se recomendar aqui.
Silvio Pilau | Em 11 de Maio de 2020.
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Poucos cineastas conseguem captar conceitos e sentimentos como Richard Linklater. Aqui, por exemplo, a grande força está no retrato da amizade e da camaradagem entre o trio de protagonistas, defendido muito bem por Cranston, Carell e Fishburne. O espectador sente a ligação entre eles, o que conduz uma narrativa que parte de um enredo simples para falar sobre guerra, instituições, luto e os laços que nos mantêm unidos.
Silvio Pilau | Em 11 de Maio de 2020.
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Embora uma ou outra gag seja capaz de gerar leves sorrisos, a estrutura narrativa do filme prejudica muito o resultado final, pois dilui tanto o comentário social proposto por Tati quanto o envolvimento do público. "As Férias do Sr. Hulot" é cansativo, vazio e - principal crime para uma comédia - majoritariamente sem graça.
Silvio Pilau | Em 11 de Maio de 2020.
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Esta sátira de Billy Wilder à Guerra Fria é repleta de bons momentos e excelentes diálogos, usualmente entregues por um James Cagney repleto de energia. Se, em determinados instantes, as artimanhas engenhosas de MacNamara se arrastam, a fina ironia e o bom humor de Wilder acabam sempre puxando o filme para cima, que resulta em uma ótima diversão - com alfinetadas para todos os lados.
Silvio Pilau | Em 04 de Maio de 2020.
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É reconfortante ver os filmes do gênero apostando mais na criação de uma atmosfera de tensão do que em sustos propriamente ditos. "The Lodge" é mais um ótimo exemplar dessa vertente, conduzido com grande habilidade pelos cineastas, que fazem a câmera explorar calmamente o cenário para criar momentos bem angustiantes. Algumas soluções de roteiro e atitudes dos personagens são questionáveis, mas o filme trabalha bem o psicológico para um resultado final bastante positivo.
Silvio Pilau | Em 02 de Maio de 2020.
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Exceto por uma espetacular sequência de perseguição, filmada em suposto plano-sequência que dura mais de dez minutos, "Resgate" tem pouco a acrescentar ao gênero. Por mais que as cenas de ação sejam interessantes por apostarem em efeitos práticos, elas logo se tornam cansativas, muito devido a um roteiro formulaico, repleto de clichês e caricaturas. Assim, não há envolvimento com personagens nem tensão, fazendo tudo parecer mais um videogame do que um filme a ser lembrado.
Silvio Pilau | Em 29 de Abril de 2020.
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"Tallulah" é aquele tipo de filme que dá a impressão de ser genérico, mas logo surpreende com uma condução extremamente habilidosa. Sian Heder evita qualquer julgamento sobre suas protagonistas, fugindo de possíveis caricaturas para torná-las pessoas reais envolvidas em uma situação extraordinária. Bom humor, excelentes atuações (Page é ótima) e aguçada sensibilidade constroem um filme que, ao final, é capaz até de emocionar.
Silvio Pilau | Em 27 de Abril de 2020.
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Difícil não pensar em "Fargo", embora "Blow the Man Down" jamais chegue perto do humor negro e da sagacidade dos Coen. O roteiro discorre bem sua pequena história sobre segredos escondidos e ganância, com coincidências que se acumulam para colocar as protagonistas em um estado de aflição, mas fica a sensação de que jamais é tão profundo quanto se supõe ser. A atmosfera é ótima.
Silvio Pilau | Em 27 de Abril de 2020.
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Um dos filmes mais histriônicos, descerebrados e insultantes das história recente do cinema. Não há qualquer valor aqui, com Bay apelando a todo momento para uma narrativa entrecortada, sem sentido, piadas fora de lugar, cenas de ação sem a mínima tensão e até mesmo certo sadismo ao tratar da violência. É o equivalente cinematográfico a um ataque epilético.
Silvio Pilau | Em 21 de Abril de 2020.
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É um filme bastante afetado, no qual Brad Anderson apela para diversos truques que, além de cansarem, acabam entregando a surpresa final. Difícil chamar de ruim, uma vez que sustenta o interesse até a resolução (decepcionante) do mistério, mas é aquele tipo de produção que se esquece um dia depois.
Silvio Pilau | Em 20 de Abril de 2020.