Lupas (1592)
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Sacha Baron Cohen mais uma vez usa seu personagem para expor o que há de mais podre no reino americano, mesclando ficção, documentário e pegadinhas para fazer seus compatriotas revelarem (sem receio algum) um manancial de intolerância, preconceito e hipocrisia. O resultado é não apenas hilário (há cenas de gargalhar), mas também assustador pelo que traz à tona, com cenas que beiram o limite do inacreditável. Mais que uma simples comédia, talvez o filme que precisávamos neste momento.
Silvio Pilau | Em 23 de Outubro de 2020.
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É louvável a quantidade de reflexões e de emoção que o filme propõe em menos de 90 minutos, tratando de temas diversos como o luto, o preconceito social e a amizade - fio condutor da trama. E Rob Reiner aborda tudo isso com grande sensibilidade, resultando em uma história de amadurecimento que toca fundo em quem hoje vê os tempos e os amigos da infância com nostalgia e carinho. "Conta Comigo" é um filme lindo, com uma força emocional que só cresce à medida que o anos passam.
Silvio Pilau | Em 20 de Outubro de 2020.
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A cara de filme B está presente do início ao fim, acrescentando certo charme e descontração à história, que brinca com os clichês dos filmes de vampiro enquanto ainda faz comentários exclusão social e gentrificação, Mas, ao final, a trama em si é rasa, falta um maior senso de camaradagem entre os amigos e a mitologia em torno dos vampiros da Murnau fica na caricatura. Com um pouco mais de cuidado, poderia ser bem divertido.
Silvio Pilau | Em 20 de Outubro de 2020.
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Embora se mostre à vontade na cadeira de diretor, Sorkin entrega um filme bem mais tradicional que o esperado. Os diálogos, mesmo bem construídos, não possuem a velocidade e a genialidade com a qual ficamos acostumados em seus trabalhos, e a própria história como um todo parece não chegar a lugar algum - talvez pelo excesso de personagens, talvez pelas restrições do gênero. É um bom filme, competente e com elenco em grande forma, mas pouco memorável.
Silvio Pilau | Em 18 de Outubro de 2020.
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A partir de uma premissa simples, Goldman e Reiner transformam a história de King em uma de suas melhores adaptações para o cinema. Se não chega a ser surpreendente em termos de reviravoltas, é sempre bastante eficaz, acertando ao dar espaço para a então novata Kathy Bates brilhar. Ela é a alma do filme, construindo uma personagem que fascina e amedronta, além de protagonizar um jogo de inteligência com o Paul Sheldon de Caan que resulta em bons momentos de tensão.
Silvio Pilau | Em 30 de Setembro de 2020.
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Se o original conseguia (brevemente) divertir, essa sequência se perde na "porra-louquice" (na falta de um termo melhor) exagerada, simplesmente jogando para o alto quaisquer regras que poderiam existir naquele universo. A liberdade não faz tão bem ao resultado final, que sai do charme de filme B para adentrar no escracho e no mau gosto, embora um ou outro momento ainda seja capaz de gerar um pouco de entretenimento. Fraco.
Silvio Pilau | Em 30 de Setembro de 2020.
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"Enola Holmes" é raso e com diversos furos de lógica, mas também bastante charmoso e divertido. Millie Bobby Brown mostra mais uma vez imenso carisma e talento ao carregar a produção nas costas, construindo uma personagem que certamente renderá uma série frutífera à Netflix. As reviravoltas do roteiro são bobas e o excesso de personagens desnecessário, mas há bons diálogos e momentos inspirados, fazendo do filme um bom entretenimento.
Silvio Pilau | Em 29 de Setembro de 2020.
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Antonio Campos merece créditos por não fazer concessões e construir de maneira crua uma história capaz de refletir o ciclo da violência, o peso do passado e a hipocrisia da fé. Infelizmente, também é uma história que fica no meio do caminho, uma vez que seus diversos núcleos narrativos não funcionam organicamente, com alguns personagens melhor desenvolvidos que outros, o que torna a violência da obra - que deveria ser forte - pouco impactante. Holland e Pattinson estão ótimos.
Silvio Pilau | Em 29 de Setembro de 2020.
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Embora traga poucas informações realmente novas, o filme constrói um assustador painel da nossa dependência das redes e dos danos que elas podem causar ao mundo quando utilizadas indiscriminadamente. As entrevistas com quem ajudou a criar esse novo modo de agir apenas trazem lastro ao assunto - superando as bobas e desnecessárias dramatizações. Mais do que propriamente bom, é um filme importante, que deveria servir para gerar reflexão.
Silvio Pilau | Em 29 de Setembro de 2020.
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Visto hoje, é mais um filme que não envelheceu bem, uma vez que sua história rasa, personagens unidimensionais e breguice oitentista soam ainda mais escancaradas. Mas, talvez pela nostalgia, ainda mantém certo charme, especialmente pela relação entre Larusso e Myiagi, e se sustenta com o apelo da história de um azarão que dá a volta por cima. Fica a dica: melhor ficar apenas na lembrança afetiva do que em uma revisitação.
Silvio Pilau | Em 22 de Setembro de 2020.
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Genérico ao extremo, "Mulan" reduz uma história que poderia render um grande épico a uma trama rasa, apressada e desenvolvida com preguiça, que jamais foge das caricaturas na construção dos personagens. Para piorar, Niki Caro mostra dificuldades em orquestrar as cenas de ação, o que resulta em um filme que não envolve, não emociona e nem mesmo diverte. Mais um caça-níquel formulaico da Disney.
Silvio Pilau | Em 21 de Setembro de 2020.
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A brilhante estranheza da mente de Charlie Kaufman funciona melhor quando tem ao seu lado um diretor que consiga traduzir suas ideias. Assim como em seus outros trabalhos na direção, "Estou Pensando..." é repleto de passagens e momentos brilhantes, com reflexões de grande pertinência sobre o tempo, memórias e família, mas que nem sempre funcionam como um todo. O resultado é cansativo e hermético demais, embora com traços de genialidade.
Silvio Pilau | Em 21 de Setembro de 2020.