Lupas (1592)

A excelente premissa é bem aproveitada, em uma história minimalista, mas repleta de interpretações e reflexões propostas. Da divisão de classes à própria natureza humana, "O Poço" tem o grande mérito de provocar e gerar debate, usando a violência e o grotesco como componentes da trama, sem soarem gratuitos. Pena que o terceiro ato, ambíguo demais e inconcluso, enfraquece um pouco a obra.

Se não é o Ritchie do nível de "Jogos, Trapaças" e "Snatch", talvez seja o que mais se aproxime disso entre todos os seus trabalhos posteriores. Há diversas boas sacadas, abundância de estilo e uma trama com reviravoltas absurdas, mantendo a atenção. Pena que tudo fique na superficialidade, faltando personagens realmente interessantes cujo nome o espectador lembre após o final. Pra assistir e esquecer.

"Bad Boys para Sempre" pode ser considerado uma boa surpresa. Quase vinte anos após o desastroso segundo capítulo, os detetives voltam em uma aventura clichê, mas que se segura o que pode para trazer algumas reviravoltas interessantes. A boa dinâmica entre Will Smith e Martin Lawrence dá o tom do filme, que - obviamente - exagera nas explosões desnecessárias, mas encerra como um passatempo no mínimo divertido.

A estrutura previsível mina o impacto da obra, mas o retrato de um homem no seu processo de autodestruição é bem realizado, ancorado por Affleck em um de seus melhores momentos. O filme acerta ao focar no personagem, não no basquete, o que garante um saldo final positivo, embora longe de memorável.

A magia da Pixar assumindo contornos literais. A construção do mundo mágico é inspirada, em um filme com visual cuidadoso e cenas de ação divertidas e repletas de boas ideias. Mas é o núcleo dramático da história que faz a obra realmente se destacar, desenvolvendo bem não apenas os personagens como também a relação entre todos eles, contando com um momento de epifania e um final particularmente emocionantes. Se não vai se tornar um clássico da Pixar, ainda é acima da média do gênero.

Apesar da unidimensionalidade de alguns personagens, o primeiro ato do filme é de grande impacto, concluindo com uma das cenas mais perturbadoras dos últimos anos. O segundo se mantém no caminho certo, acrescentando novos elementos para a discussão, mas a obra perde muito de sua força no último ato, quando desloca o foco da história. Um bom filme, mas que desperdiça a oportunidade de se tornar realmente memorável.

O silêncio, a calma e a rigidez formal da câmera de Sciamma contrastam violentamente com os sentimentos inflamados das duas protagonistas, resultando em um filme que arrebata por sua poesia e por tudo o que transmite nas entrelinhas. A gradual aproximação entre Heloise e Marianne é tão bela e cuidadosa quanto as imagens e planos compostos pela diretora. Se nem sempre é fácil de ser assistido, "Retrato de uma Jovem em Chamas" é sempre belo e recompensador.

Embora raso e por vezes bobo demais, o filme tem uma irreverência e uma criatividade que sustentam o interesse. A diretora Cathy Yan compreende o material que tem em mãos e cria diversas "brincadeiras" visuais, desde cenas em câmera lenta até homenagens a Marilyn Monroe. É inventivo e divertido enquanto dura, mas totalmente esquecível logo que os créditos finais aparecem.

O filme claramente erra ao apelar para estereótipos e ao exagerar na violência gráfica, que quase se torna cartunesca, mas "Rambo: Até o Fim" surpreende de maneira positiva. O roteiro toma algumas decisões até ousadas e constrói razoavelmente bem o núcleo emocional da trama, enquanto não deixa de ser interessante ver o personagem como um senhor de meia idade atormentado pelo passado. Longe de ser um grande filme, mas entretém os fãs do gênero.

Costuma-se dizer que mesmo um filme ruim de Woody Allen é melhor que a média. Infelizmente, o caso não se aplica aqui. "Um Dia de Chuva em Nova York" é aborrecido, raso e com ideias requentadas, sem uma linha da originalidade que sempre caracterizou o cineasta. Poucas vezes Allen esteve tão sem inspiração quanto neste filme.

Cretton segue à risca a fórmula de todos os filmes sobre racismo e justiça social. Não há muito aprofundamento, nem nos personagens nem no tema em si, mas a história gera ressonância e o elenco está ótimo, de Jordan a Blake Nelson. É um filme eficiente, porém tradicional, que cumpre seu papel enquanto o assistimos, mas não deixa qualquer impressão duradoura.

Se o filme anterior era razoavelmente divertido, com alguns momentos inspirados, aqui o resultado é medíocre, deixando de lado as boas ideias e qualquer sinal de criatividade. Até mesmo o elenco parece entediado, aparecendo apenas para coletar o cheque. Game over.