Lupas (1592)
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Apesar de demorar um pouco a encontrar o ritmo e o tom certos, o filme cresce bastante à medida que as discussões entre os protagonistas se acaloram e se tornam mais profundas. É quando o elenco, o roteiro de Kemp Powers e direção de Regina King parecem entrar em harmonia, resultando em um filme que propõe boas reflexões e mantém sua força até o final. Não chega a ser um grande filme, mas é uma obra que vai crescendo pouco a pouco e reserva alguns bons momentos.
Silvio Pilau | Em 03 de Fevereiro de 2021.
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Mais do que um libelo feminista e um posicionamento enfático contra a cultura do estupro, o filme de Emerald Fennell é uma interessante mistura de filme de vingança e humor negro, liderado por Carey Mulligan em uma interpretação que exala carisma, sem deixar de lado a complexidade de sua personagem. É uma obra com grandes elementos catárticos e sempre divertida, que reserva boas surpresas em seu roteiro. Típico filme que tem tudo para se tornar cult.
Silvio Pilau | Em 19 de Janeiro de 2021.
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Poucas passagens do cinema em 2021 terão mais intensidade do que os primeiros 30 minutos de "Pieces of a Woman", em que Kornél Mundruczó utiliza um longo plano sem cortes para apresentar os personagens de maneira brilhante e trazer ainda mais força para o momento definitivo da trama. Se o restante do filme não se equipara ao início, ainda assim é uma história muito eficaz sobre luto, culpa, família e amor, contada de maneira adulta e sem apelações. Kirby está grandiosa, e Burstyn brilha.
Silvio Pilau | Em 18 de Janeiro de 2021.
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Um dos grandes exemplares da chamada Nova Hollywood e do cinema americano dos anos 70, com sua narrativa suja, realista e próxima das ruas. Sidney Lumet conduz a história mesclando tensão e humor negro, pontuando tudo com uma ousadia rara à época, enquanto Al Pacino traz uma energia insana, sempre mantendo o personagem prestes a explodir, mas com os pés no chão. Cinema com "C" maiúsculo, bem construído, memorável e sempre com algo a dizer.
Silvio Pilau | Em 18 de Janeiro de 2021.
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Com tantas sequências e paródias, é fácil esquecer que "Rocky" é um grande filme. Antes de ser sobre boxe, é um forte estudo de personagem, com o roteiro de Stallone desenvolvendo com calma e inteligência a personalidade e as frustrações de um homem à espera de uma oportunidade. E tudo fica ainda mais intenso com a abordagem realista de Avildsen, que claramente bebe na fonte da Nova Hollywood para fazer um filme sujo e triste, mas ao mesmo tempo doce e inspirador. Clássico com justiça.
Silvio Pilau | Em 05 de Janeiro de 2021.
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Está a anos-luz de ser um grande filme, mas não deixa de ser uma estreia interessante de Dave Franco na direção. O clima de isolamento e nervosismo é muito bem construído, ao mesmo tempo em que o cineasta conduz com firmeza a história, com suas limitações de espaço e elenco. É uma pena que o roteiro siga por caminhos questionáveis, derrapando em atitudes estúpidas dos personagens e soluções de terceiro ato que não condizem com o que vem antes. Franco parece ter algo a oferecer.
Silvio Pilau | Em 05 de Janeiro de 2021.
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Gal Gadot, com sua presença quase hipnótica, é um dos poucos elementos que funcionam nessa continuação, que parece esquecer tudo o que deu certo no filme anterior. O roteiro é caótico, sem sentido e repleto de furos e ideias forçadas, como o apelativo retorno de Chris Pine, e a obra se alonga desnecessariamente por duas horas e meia, mesmo tendo quase nada a dizer. Há um ou outro bom momento esporádico, mas é inegavelmente um passo atrás em relação ao eficiente primeiro filme.
Silvio Pilau | Em 04 de Janeiro de 2021.
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É difícil ficar indiferente à visão de Eliza Hittman sobre o mundo que oprime e pressiona as mulheres, especialmente aquelas na posição da protagonista. Embora haja uma derrapada no maniqueísmo (precisava mostrar todos os homens como predadores pervertidos?), a narrativa é impactante, mantendo a câmera próxima aos rostos das meninas e evitando cenas apelativas ou grandes discursos panfletários. E é na objetividade que o filme cresce, com momentos fortes como a entrevista que justifica o título.
Silvio Pilau | Em 28 de Dezembro de 2020.
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A mão pesada de Howard não ajuda este drama que jamais consegue render uma emoção genuína, já que tudo parece enlatado. A estrutura é previsível, inclusive cada conflito, e as ações dos personagens não soam naturais, mas meras conveniências de roteiro, o que resulta em uma obra artificial e formulaica. Nem mesmo a entrega de Glenn Close e de Amy Adams tira o filme do lugar-comum e da gaveta do esquecimento à qual, poucas semanas após seu lançamento, já foi relegado.
Silvio Pilau | Em 28 de Dezembro de 2020.
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Atrás das câmeras, Clooney tem dificuldades em unir as duas linhas narrativas, o que prejudica a fluidez da obra e faz com que "O Céu da Meia-Noite" pareça dois filmes distintos que pouco se conversam. De quebra, há poucas ideias originais - tudo parece ter sido copiado de outros filmes e, portanto, a previsibilidade impera. Por outro lado, há cenas belíssimas e um bem construído clima de desolação e melancolia, enquanto a trama acerta ao focar mais no aspecto humano do que no espetáculo.
Silvio Pilau | Em 28 de Dezembro de 2020.
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Mais uma vez, a Pixar acerta em cheio ao tratar de temas densos com delicadeza, emoção e absurda criatividade. Sentido da vida, aceitação da morte, amizade, arte, tudo se une harmoniosamente em mais uma história na qual cada detalhe parece pensado e refletido, estando presente para compor aquele universo rico e visualmente deslumbrante. Um filme perfeito para se assistir em tempos tão difíceis. Talvez o melhor do estúdio desde "Divertidamente".
Silvio Pilau | Em 27 de Dezembro de 2020.
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O filme que deu início à série (e a praticamente um subgênero inteiro) se sustenta muito bem ainda hoje, graças especialmente aos bons personagens e à excelente química entre Mel Gibson e Danny Glover. "Máquina Mortífera" entretém do início ao fim, com diálogos ágeis e Donner equilibrando com habilidade o humor e a ação, o que se tornaria a marca da franquia. Ótimo ponto de partida para uma das séries mais amadas do gênero.
Silvio Pilau | Em 27 de Dezembro de 2020.