Lupas (330)

O roteiro de Arriaga, por si só, tem força e uma estrutura que acompanha o ser humano aqui representado: caótico, governado pelas paixões e ambíguo em suas relações. Iñárritu eleva a trama com uma direção firme e cheia de personalidade em sua estreia.

Demora exageradamente para engatar. Quando o faz, porém, entrega uma sequência infinita de cenas fortes e comoventes, que guiam o espectador sem pressa para os inesquecíveis momentos finais. A última cena de Christopher Walken é de cortar o coração.

Uma visita ao universo da máfia e dos cassinos americanos com uma abordagem divertida, inteligente e cheia de reviravoltas. A trilha sonora e a linda direção de arte ajudam a compor a deliciosa atmosfera que emoldura as aventuras de Redford e Newman.

Um filme cuja força é alimentada pela sintonia entre diretor e atores na construção da oposição entre um Nicholson desajustado e indócil e uma Louise Fletcher fria, que materializa todo o poder institucional e sistemático que age sobre o indivíduo.

Woody Allen explora os altos e baixos de um relacionamento sem apelar para sentimentalismo ou melodrama, deixando tudo a cargo de diálogos inteligentes e situações que desvelam a espontaneidade na dinâmica do casal. Ambos constroem ótimos personagens.

A oposição inteligente entre luz e sombras, bem como a sobreposição de imagens e símbolos - máscaras, grades, rodas -, dão o efeito de um delírio visual que potencializa a narrativa. Uma esquizofrenia lúgubre que nada deve ao expressionismo alemão.

Funciona mais como um exercício de revitalização do estilo de Wes Anderson, visto que procura explorar sua própria identidade visual na linguagem permitida pelo gênero (o que consegue com louvor) e contar uma história inteligente e que foge de obviedades.

Almodóvar apropria-se do cinema em si mesmo e de algumas de suas mais simbólicas obras (A Streetcar Named Desire, All About Eve) e articula-as magistralmente: como efeito, um filme que explora os mais diversos tons do drama e das relações entre mulheres.

Carolina Jabor recupera um tema já tratado em outras obras, mas constrói com rigor a dubiedade do protagonista, tornando-o difícil de criticar e de defender. Silencioso, mas de construções psicológicas ruidosas, e que aponta vários espelhos ao espectador.

Tem sua graça, mas a narração que atravessa o filme inteiro restringe o alcance e os significados que muitas das cenas poderiam ter, além de tornarem óbvias as nuances da relação entre as personagens. Um "Lady Bird" que errou o tom da narrativa.

Uma comédia de altíssimo valor narrativo e artístico: exerce seu humor delicioso com muita liberdade dentro de um precioso universo de cenários, personagens e diálogos sofisticados, resultando em uma obra muito divertida, bonita e extremamente refinada.

Não só a reconstrução das relações de poder entre as famílias é muito bem retratada, como também a cuidadosa tessitura dos laços que compõem o interior da família Corleone ajuda a obra a ser bem sucedida em todos os seus níveis narrativos.