Lupas (330)

Desde os instrumentos bélicos da cena inicial até o violento desfecho, Jancsó traça uma obra que condensa as principais tensões do contexto histórico de seu país, ao passo em que a subjetividade dos personagens transborda cada vez mais desconfiança.

Ao recriar a vida na Alemanha Oriental sob a ótica de uma comicidade exagerada, equilibra o humor habitual de filmes adolescentes do gênero com uma comédia visual esquisitíssima. No mais, válido como um banho de piadas nonsense em um cenário sério demais.

Spike Lee constrói não só um instigante suspense de humor acído: ele documenta a história dos negros nos EUA, passando por níveis que vão desde o funcionamento da KKK e sua fundamentação ideológica até um recorte documental sobre acontecimentos recentes.

Essa nova versão de Cyrano de Bergerac apresenta uma roupagem teen que não se sustenta e um apelo ao rap que podia ter sido melhor explorado. O destaque fica para alguns momentos musicais e para a ótima cena final, que finalmente alcança o tom apropriado.

Assim como a narrativa se tece ao redor do silêncio e da erupção emocional da personagem, é através da manipulação da imagem da atriz (desfocamento da imagem, sobreposição de vozes, etc.) que tais conflitos se potencializam. Grande atuação de Glenn Close!

Um exercício cinematográfico que se apropria do universo do faroeste e o reposiciona em um curta intenso e cheio de momentos faiscantes, que remontam o melhor do cinema de Tarantino. Há ainda uma fina teatralidade que imprime uma marca própria à obra.

O filme funda uma dimensão fabular e utópica (Wakanda) a discussões sociais atuais. O cuidado estético homenageia uma importante matriz cultural. A concepção de Pantera Negra, por si só, já o torna importante e distinto dentre outros filmes do gênero.

A primeira metade mescla com sofisticação o suspense e os finos flashbacks, que suspendem a narrativa com uma estética diferenciada e vão tecendo uma personagem de forma fantasmagórica. A segunda parte, por sua vez, abre espaço para Rosamund Pike brilhar.

A primeira parte burocrática e sistemática ainda deixa a esperança de que o filme possa crescer. Os clichês utilizados de forma tola, porém, revelam uma obra que nunca sai da sombra de outros grandes filmes (e não apenas outras versões de Mogli).

A estrutura picotada condena a narrativa a um desenrolar frio, mas composto por sequências que concentram bons diálogos e ações historicamente significativas. A utilização da música como moldura da obra proporciona alguns dos mais belos momentos do ano.

Cuarón deixa as imagens e os enquadramentos conduzirem uma narrativa lenta e verossímil. Além disso, evita os maniqueísmos usuais, expondo de forma complexa os encontros e os distanciamentos entre duas mulheres de posições hierárquicas distintas.

A premissa artificial não incomoda tanto se considerarmos o filme como uma comédia nonsense que, apesar do desenrolar duvidoso, traz momentos divertidos. O clímax, porém, força um conflito bobo e finaliza o contorno de uma personagem fraca e incoerente.