Lupas (330)

A espetacularização do crime, a disputa pela mídia e a fabricação da opinião pública são alguns dos temas representados aqui em conteúdo e forma: a cinzenta Chicago é suspensa para que o palco apareça, trazendo números coloridos, inventivos e enérgicos.

Há um plot twist que separa a primeira hora convencional e enfadonha de uma segunda parte intrigante, quase um thriller. Alguns problemas generalizados de lógica estão presentes, mas que não impedem a narrativa de ser boa, com sua dose refinada de ficção.

Scott visita grandes épicos do cinema e conduz uma obra que agrada, ainda que o excesso de misticidade prejudique algumas sequências (o final cafona). Destaque para as tensões históricas, como as relevantes concepções políticas que Commodus representa.

Para além do Oscar tirado de Fernanda Montenegro, o filme traz uma reunião de lugares-comuns que às vezes funciona, mas não escapa de soluções fáceis (como o Deus ex machina ao fim). A beleza se deve ao texto de Romeu e Julieta e à conexão das narrativas.

Distante e ausente. Um primor estético invadido por narrativas que se prolongam morbidamente e personagens desbotados. Fica a impressão de um filme de dimensões épicas, porém inalcançáveis pelo público, e que não convence sobre aquilo que está contando.

Apesar de alguns excessos e cenas desmedidas no roteiro, predomina o caráter acertadamente emotivo da obra e a condução verossímil das sequências. A interpretação de Karine Telles é magistral e uma das melhores dos últimos tempos no cinema brasileiro.

As exuberantes cenas de ação, algumas das melhores já filmadas até então, já valem a experiência. De resto,um a carga dramática exagerada que anula a complexidade dos personagens, deixando que estes ganhem contornos autênticos só perto do fim da trama.

Um filme que desperdiça a moldura de realismo fantástico e a história da fonte dos desejos romana com uma narrativa forçada e desinteressante. Os personagens são grosseiros e o falso mistério que conduz o impasse do casal principal não convence ninguém.

Forrest Gump e Jenny percorrem a história dos EUA da segunda metade do século XX em várias camadas: visitam conflitos políticos e sociais, revivem celebridades e revelam uma sociedade que busca superar suas conturbações e encontrar uma nova existência.

Ao tratar de forma fria e melancólica de uma culpa compulsória, que se desenvolve em direção a níveis tenebrosos - e, o que mais comove o espectador: na infância -, Truffaut captura um quadro que, ainda em outro tempo e outro continente, se mantém atual.

Ela, jovem que quer ascender como profissional e precisa se impor sendo mulher; ele, psicopata experiente e de construção psicológica impecável. Esse encontro gera situações e diálogos intensos em um filme que prioriza os rostos e as perturbações do ser.

A figura do escritor pode representar aqui o espectador, que se aproxima de cada personagem e observa as narrativas intrigantes que, juntas, tecem uma teia consistente de conflitos e violência. Eastwood assume desde o início um ar de mistério e lenda.