Lupas (330)

Um roteiro frio, que não se propõe a ir para além daquilo que é mostrado em tela, mas se vale inteligentemente de cenas deliciosas de perseguição, que oscilam entre o instigante e o insano.

Um filme perfeito.

Usa todos os recursos narrativos disponíveis para criar uma imagem romântica e inflamada do personagem em questão, reduzindo todas as suas possíveis falhas a meros "problemas de temperamento". Os efeitos visuais, entretanto, são excelentes.

A relação dos protagonistas, embora bonita, foi o que menos me chamou a atenção em meio a tantas cenas bem filmadas. Destaque para a montagem expressiva e para a construção moderna de NY: caótica, suja, individualista, banal e, ao mesmo tempo, diversa.

Se chega a cansar, esse é um problema que deriva inevitavelmente do caráter teatral do texto. Há um esforço de Olivier em contornar isso através do cuidado estético, do bom trabalho fotográfico e da bem explorada movimentação de câmeras e atores.

Poderia ter havido um cuidado maior na acelerada transformação do personagem central. Ainda assim, boa montagem (articula bem as imagens à construção narrativa) e não se furta de refletir sobre a condição do homem diante do bem, do mal e da corrupção.

A relação apaixonante dos ótimos Borgnine e Blair se opõe a uma matéria que, na ânsia de denunciar um caos de relações pessoais (casamentos, pais e filhos, aproveitadores), não as retrata com a sutileza, conduzindo-as grosseiramente a um clímax insosso.

Uma narrativa que se inicia de forma intrigante e se mantém inteligente e tensa até o momento em que Billy Wilder decide colocar um ponto final, libertando o espectador da suspensão entre as incertezas e reviravoltas que nunca deixam a peteca cair.

Efeitos visuais interessantíssimos e boas interpretações de Katharine Hepburn e Humphrey Bogart se tornam os principais pontos positivos em um filme cujo roteiro é ingênuo e desenvolve uma aventura não tão empolgante, mesmo para a época em que foi feito.

Interessante e com momentos inspirados, mesmo sem sair da sombra de outras narrativas, que vão de Misery a All About Eve. Perto do fim, Polanski despediça a chance de ressignificar a relação das personagens, reduzindo tudo a uma revelação desgastada.

Um divertido jogo de máscaras e amores fabricados, que conduz a um hall de descobrimento de si e dos outros. A tumblrização excessiva fornece ao filme uma beleza cafona e cenas açucaradas e terríveis como a da roda-gigante.

Um roteiro envolvente, cheio de pequenas reviravoltas e que desvela a arbitrariedade de certos órgãos de segurança e o racismo. As cenas noturnas são muito bem ambientadas, tornando todos os cenários propícios para que cenas suspeitas sejam testemunhadas.