Lupas (330)

A construção de uma boa atmosfera não precisa passar pelo prolongamento de vários nadas, como muitos filmes de terror alternativos (inclusive esse) seguem à risca. Entretanto, as cenas finais compensam, criando uma conjuntura de perturbação impecável.

Ainda que não traga nada de novo, acerta ao evitar uma espetacularização do suicídio e uma abordagem fatalista da morte, explorando o tema de forma madura, bem humorada e nem por isso menos séria.

Filmagem primorosa, roteiro instigante e ritmo quase sempre acertado - a primeira metade ainda é um pouco excessiva. No fim das contas, um sentimento de satisfação. É isso que eu chamo de uma after party!

Muito longo, o filme de Anderson entrega ao espectador um rico leque de cenas empolgantes, com paisagens belíssimas e, junto delas, também algumas intermináveis sequências tediosas. O saldo acaba levemente positivo. Cantinflas é o diamante do filme.

Um robô em uma solidão compulsória. A espécie humana em um confinamento voluntário. A confluência de ambos converge no descobrimento da humanidade através de uma história ora poética, ora exaltada, altamente crítica e que homenageia grandes filmes sci-fi.

Passada a infância, ainda admiro como o universo do seriado televisivo foi reconstruído de forma competentemente cinematográfica. Trilha sonora e direção de arte lindas, além de ótimas interpretações do elenco adulto (principalmente Marieta Severo).

A cena do padre subindo com um cadáver após discursar sobre a crucificação simbólica dos trabalhadores representa bem a firmeza desse drama afiado e bem interpretado (Brando, Malden e Saint incríveis, e Cobb também, apesar do personagem meio caricato).

Denzel Washington faz, na medida do possível, uma ótima construção de personagem, destoando de um roteiro que parece demorar a escolher seu rumo, depois muda de foco, e que acaba nunca se sustentando, resultando em um filme bagunçado.

O "fenômeno hipster do século XXI" é um filme que funda um universo: reimagina Paris, brinca com a composição dos personagens e suas relações interpessoais, ostenta riqueza narrativa e derrama luz sobre as pequenas coisas. Audrey Tautou é uma deusa.

Ainda que as canções não sejam tão empolgantes, são lindamente coreografadas, e sua intersecção com o zelo visual e com as suspensões narrativas ajuda a intensificar o fascínio formal da obra. Os minutos finais estão entre as coisas mais lindas que já vi.

O roteiro serve como moldura para as exuberâncias circenses, que, aliás, conseguem ser mais interessantes do que os conflitos insossos e os personagens sem profundidade (inclusive o do sempre ótimo James Stewart). No geral, uma obra cintilante e vazia.

Uma terrível via-crúcis dentro do casamento e a desordem mental que isso causa em Martha compõem a experiência mais sofrida da filmografia de Fassbinder. Desconfortável e perturbador, reflete em tom destrutivo sobre as opressões no seio da sociedade.