Lupas (330)

Começa e termina nos momentos certos, reduzindo a narrativa a um material que transborda para além do recorte apresentado. Os picos de tensão são poucos, mas utilizados com inteligência. Além disso, a edição de som é expressiva e Blunt consegue brilhar.

Números musicais inspirados e bons personagens (a figura do personagem de Ron Moody é extremamente rica) fazem desta uma boa adaptação do clássico de Dickens. Destaque para os cenários belíssimos, que vão do fabuloso ao desolador em questão de segundos.

O texto comovente e a fragmentação das cenas e das imagens compõem uma breve, porém forte visita às memórias do narrador. Cumpre seu papel de transformar em cinema o conteúdo de um disco que é primoroso demais para se realizar apenas como música.

Anna Magnani compõe uma personagem governada pela dor e pela desconfiança. Marlon Brando, mais econômico, se mantém equânime, quase inexpressivo, destoando de seus excelentes trabalhos anteriores. É uma pena o roteiro se desenvolver ao nível de Brando.

Personagens complexos e belissimamente interpretados por Gena Rowlands e Cassavetes que pulsam pelo exercício do amor ou pela falta dele. O pano de fundo é a solidão, retratada de forma realista, dura e atravessada por uma miséria emocional e afetiva.

Um John Waters mais comportado e, por que não, mais amável? Aqui, a sátira ao gênero policial e ao terror, a mistificação de sua musa-personagem e as impagáveis cenas finais fazem deste um clássico que ostenta liberdade criativa e insanidade.

Um filme que passa rapidamente da invencionice descontraída para abordar o universo interior do personagem ao sentimentalismo açucarado (com direito a trilha sonora genérica e câmera lenta). O sentimento que fica ao final é o de que está faltando algo.

Canções incríveis em uma narrativa construída por movimentos da ordem do privado e do político: a subversão da disciplina e o desmantelamento militar no interior de uma típica família austríaca sustentam poderosos momentos de resistência ao nazismo.

O conflito entre gerações e as crueldades da indústria da beleza para além dos limites do lógico, do ético e do bom gosto. Porém, o despudor de Waters se esgota rápido, fazendo da maior parte do filme uma sucessão de tentativas falhas de se superar.

Um conflito interessante e com argumentações muito sólidas, mas sem toda a força com a qual poderia ter sido conduzido. Os destaques ficam para as boas interpretações e para os perspicazes minutos finais - a cena do julgamento é a cereja do bolo.

Um romance que amadurece em ritmo competente e colide com cenas cruéis e duras que nunca desaguam na violência gratuita. Ainda mais interessante do que a protagonista magistralmente interpretada por Swank é a delicada transição da personagem de Sevigny.

O desperdício de um ótimo elenco com uma história sem graça e desinteressante. Os picos anárquicos funcionam pouquíssimas vezes, resultando em uma narrativa majoritariamente bagunçada e feia.