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Críticas

Tropa de Elite

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Antes mesmo de estrear no cinema, "Tropa de Elite" alcançou um sucesso jamais visto anteriormente no cinema brasileiro. Muito disso se deve aos inúmeros downloads feitos por internet e a enorme quantidade de DVD’s piratas que foi sendo fabricada na medida em que o filme se tornava uma febre.

Quando chegou ao cinema - aproximadamente no final de 2007 -, a trama continuou sua saga de sucesso, o que carregou ávidos espectadores às telonas, inclusive aqueles que já o haviam visto antes em frente ao computador. Com tanto furor em torno da produção, a pergunta que fica é: Por que "Tropa de Elite" causou tanto impacto?

A princípio, podemos analisá-lo sob duas óticas distintas. A primeira seria como um mero filme policial. Pois bem, se vermos o longa única e exclusivamente pensando que aquilo é apenas um filme, apenas produto de entretenimento, sem levarmos em conta a influência que ele causa na cabeça das pessoas, com certeza será muito divertido, pois é inegável a qualidade do longa de José Padilha nesse sentido.

No entanto, se caminharmos para o lado ideológico da coisa, "Tropa de Elite" derrapa feio. Quem dirige a trama, como já foi dito, é o cineasta José Padilha, que em sua curta carreira no cinema até aqui se voltou principalmente aos problemas socias existentes no país - vide "Ônibus 174" e o mais recente "Garapa", ambos documentários. No roteiro, a mesma turminha de sempre, encabeçada por Bráulio Mantovani, também roteirista de "Cidade de Deus", "Linha de Passe" e "Última Parada 174".

Até acho louvável a abordagem de temas sociais, já que os mesmos carecem de cuidados especiais, que por muitas vezes acabam sendo esquecidos por nossas autoridades. Contudo, o problema maior está na maneira como colocam esses problemas na mesa, sempre de forma apelativa e tentando julgar quem está certo e quem está errado, como se eles fossem deuses ou os próprios donos do mundo.

"Tropa de Elite", assim como o recente e já comentado "Última Parada 174" e todos os outros que seguem essa linha, pecam na sua mensagem final. No caso específico do mega-sucesso de José Padilha, o que é transmitido para o espectador é um ódio súbito ao bandido e uma culpa duvidosa de que é o boyzinho de classe média que fincancia o tráfico de drogas. De fato, criminalidade é um tema que deve ser discutido com muita seriedade; no entanto, será que a melhor alternativa é sair matando todo mundo a torto e a direito? Muito pelo contrário! O buraco é muito mais fundo do que isso, e se faz de cego, ou simplesmente é incapaz de compreender, quem pensa que as atitudes do Capitão Nascimento são justificáveis - sinceramente eu prefiro acreditar que o diretor faça parte do grupo dos que se fazem de cegos.

É bem verdade que o personagem de Wagner Moura (muito bem interpretado, diga-se de passagem) tem seus conflitos com o tipo de vida que leva - principalmente quando está prestes a se tornar pai. Entretanto, esses conflitos são muito pouco aprofundados e acabam sendo colocados em segundo plano na trama. Nascimento, na verdade, é um comandante sanguinário que mata sem dó nem piedade, camuflado em uma máscara de herói que conquistou e acertou em cheio o público brasileiro. Afinal, quem não saiu do cinema com vontade de atirar na primeira pessoa que visse pela frente? Será que era essa mesmo a mensagem a ser passada?

"Tropa de Elite" é um bom filme policial, feito para ser visto somente como mais um dentro da indústria do entretenimento - jamais para se analisar profundamente e muito menos cultuar. O destaque vai para o bom desempenho dos atores; Wagner Moura consegue retratar muito bem o seu personagem, assim como também o fazem Caio Junqueira, André Ramiro e principalmente Fábio Lago.

www.moviefordummies.wordpress.com

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Curtindo a Vida Adoidado

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Curtindo a Vida Adoidado é mais um daqueles filmes que se destacam por serem um dos primeiros a tratarem de seu tema. É de fato um dos primeiros filmes a explorar com uma linguagem totalmente original o universo dos adolescentes médio-burgueses que, cansados da puxada vida de futores motores do capital de seu país, decidem viver uma vida louca, curtindo os prazeres sem as reponsabilidades diárias. Curindo a Vida Adoidado ainda preserva uma pureza estranha para os dias atuais. Após sucessos teens como Americam Pie e congeneres, onde o curtir se expande mais ao âmbito sexual - explícito às vezes, fica certo impasse em saber a dimensão que um filme da pureza adolescente de Curtindo a Vida Adoidado tem nos dias atuais.

A idéia por trás do filme é maravilhosa, não há como negar. Só acredito que faltou uma maior pretenção por parte do Diretor, John Hughes - esse é seu melhor filme de longe. O carisma dos personagens é imenso, sendo unanimidade Matthew Broderick, como o "imortal" Ferris Bueller, sua atuação dinâmica é a alma do personagem. A deusa de beleza estonteante Mia Sara - quiçá o ideal de beleza jovem do sexo feminino na década de 80, sex simbol eterno - não presiva nem se esforçar tanto como a mocinha da turma, está discreta em sua personagem. Alan Ruck, como Cameron, melhor amigo de Ferris é de fato, o grande e mias denso personagem do filme, embora o carisma de Ferris o tenha eternizado. Cameron é o jovem que mesmo tendo problemas de relacionamento, e de não se "achar" em sua realidade domética, é reticente em ceder a vida adoidada proposta por Ferris. No fim, o grande drama do filme todo se dará em cima de sua personalidade. Há também Ed Rooney, interpretando o diretor Ed Rooney, aquele instigado em acabar com as estripulias do ardiloso Ferris. A irmã de Ferris é o único personagem gritantemente denescessário, que tem um desenvolvimento absurdamente caricato, não dá nem pra defini-la especificamente, é um personagem avulso.

Com roteiro (escrito pelo diretor Huges) tão simples, a direção de Huges não tinha como decepcionar, cumpre bem o papel, com boas e divertidissímas situações cômicas, controlando bem o material humano de que dispunha. Acertadamente escolhera os melhores atores para os papéis principais.

A Trilha Sonora do filme é impecável, com músicas divertidíssimas. Há de ficar na memória de nossas Sessões da Tarde a performance de Broderick ao som dos Beatles, ou a música de Star Wars no instante em que o Ferrari voa pelas ruas nas mãos dos inescrupulosos e malandros guardas de estacionamento.

É um filme que deve se assitir, apesar de estar um pouco velho epuro pros padrões atuais. É divertido, sim, apesar de poderia ser um pouquinho melhor. É uma boa idéia de filme pra assistir sem muita pretenção, recomendadíssimo.

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Dreamgirls - Em Busca de um Sonho

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De começo excepcional, Dreamgirls - Em Busca de um Sonho cai terrivelmente do meio pro fim. Mudança de protagonista, mudança de enfoque - só pra situar: nos primeiros minutos, o filme era aparentemente protagonizado pela vencedora do Oscar (desmrecidamente)Jennifer Hudson, e o enfoque do filme é mais na questão de que tipo de música o trio das Dreamgirls iria cantar, e como chegar ao estrelato. A partir do segundo momento, Beyoncé toma o filme pra si, al´me de vários tramazinhos amorosos inundarem a tela de melodrama,até a musicalidade cai nesses instantes.

Como já dito, o começo do filme é arrebatador, com estilo frenático, o musical vai rapidamente nos situando na história daquelas moças. Há de fato uma certa artificialidade na forma como as coisas vão acontecendo para o trio de talentosas cantoras negras. O filme se passa em uma época de viragem nos costumes norte-americanos, a emergência dos direitos civis conflui com a necessidade de uma nova black-music, mais acessível, mais "branca" também. No começo, há esse conflito de interesses e resistências frente essas inovações. O clima político é levemente situado através de uma foto do presidente J. F. Kennedy na casa da mãe de uma das jovens negras, algo genial. A música é de extrema qualidade, é mais racial, mais tradicional, mais original, músicas de alma.

Só que habil direção de Bill Condon leva o filme para um sistema de tramas do qual ficaria impossível de sair, o filme fica digeirivel ao grande público, perdem-se as reflexões sobre os valores a serem preservados em uma fase transitória da música black. Começa uma gritaria por parte das atrizes em brigas, essas brigas passam a serem cantadas - para mim a pior parte de um musical, enfim, Dreamgirls perde a preciosa chance de ser algo comparável em qualidade a dois grande musicais surgidos recentemente: Moulin Rouge e Chicago.

Das atuações, a única ao qual deve louvar-se é a de Eddie Murphy, por um acaso boa - ele não me convence em nenhum dos seus outros filmes -, indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante. A menina, Jennifer Hudson, grita muito, canta bem, mas reflete mais um status quo de Hollywood: indicar ao Oscar toda atriz que der meia-dúzia de choros e gritos, Halle Berry e ela, Hudson, levaram Oscar, Taraji P. Henson, de BB, e Ruby Dee, tiveram menos sorte nas cerimônias do Kodak Theatre, fato é que tornou-se uma praxe atuações espalhafatosas com gritaria em meia-dúzia de momentos avulsos. Beyoncé não compromete muito, passa a maior parte do tempo fazendo o que sabe, cantando, atuar mesmo só os atores de verdade. Danny Glover com a eficiência de sempre, se fosse mais exigido podia pintar sua primeira indicação ao Oscar, Jamie Foxx não tá legal, faz um personagem confuso e até caricato, um vilão às avessas: ele acaba sendo o verdadeiro anjo da guarda da história (todo produtor musical parece que padece dessa dubiedade no cinema).

Tecnicamente, o filme é belíssimo, a Edição do começo do filme é fantástica, a parte sonora é louvável - o filme levou Oscar por Som. Há belos Figurinos das décadas que se passam o musical. Além de que é perspicazmente bem filmado.

Não fosse os destinos que o filme toma do meio pro fim, certamente Dreamgirls seria um filme memorável, um belíssimo musical com ótima mensagem. Só que não foi bem assim, quiçá alavancado pela possibilidade de ser digerível aos fãs de Beyoncé, o filme peca bastante onde justamente não deveria, pelo seu frenético começo, fica como bom passatempo, não mais que isso

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Meninos Não Choram

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Hilary Swank brilha em uma história real, triste e chocante.

Teena Brandon (Hilary Swank) é uma menina que passa por problemas de identidade sexual. Ela decide trocar de nome e passa a se chamar Brendon Teena, beijando meninas e saindo com amigos homens, bebendo cerveja e se metendo em brigas. Além disso, ela encara problemas com a justiça, que envolvem roubo de carros, etc. Em uma noite difícil, ela conhece Candace, que a convidapara uma festa em um local bem distante de lá. Quando começa a se enturmar com as outras pessoas, ela conhece Lana (Chloë Sevigny), uma garota deprimida e rebelde, e se apaixona. Os problemas começam a surgir quando sua identidade sexual é descoberta, o que desencadeia em uma série de ondas de violência pela cidade.

Se a sinopse acima faz os leitores pensarem que Hilary Swank interpreta uma personagem rebelde e irritante, estão muito enganados. Se tem algo que a atriz não passa é isso, Brendon é uma mistura de independência, aventura, problemas e sofrimento não aparente. E neste ponto a atuação fantástica de Swank se encaixa perfeitamente, além de um corte de cabelo e roupas e posturas masculinas além de uma voz mais grave, Swank não parece nem um pouco com uma mulher, a não ser pelo fato de já conhecermos o rosto da atriz. Sua interpretação é tão calorosa e perfeita, que é impossível não se emocionar pela sua história de vida. Uma história real, diga-se de passagem, o que significa que o roteiro encobre toda a trajetória da vida da real Teena Brandon no ano de sua morte, 1993. Apesar de ser bem escrito e montado melancolicamente, a diretora Kimberly Peirce e o seu parceiro e tabém roteirista Andy Bienan constroem uma narrativa jovem e mais basicamente, noturna. Infelizmente nem tudo saiu como deveria, algumas cenas ficaram surreais demais pra um filme de auto-estrada como esse, sempre com um tom mais de solidão com juventude mesclados ao sexo e ao amor. Aqui também une-se o univerno parelelo das drogas, que na verdade não é o assunto exato e nem um contorno da história e sim uma realidade da juventude punk dos anos 90, mas tudo parece alucinógeno demais, o que imagens da lua e o do movimento acelerado dos carros durante a noite. A fotografia também tem seus altos e baixos. Em alguns momentos ela fracassa, com em cenas onde o luar prevalece sobre duas pessoas, e se supera em cenas noturnas também, mas onde a escuridão é total e pouco se vê além da solidão dos personagens.

Kimberly Peirce se mostra uma diretora competente, tendo gasto três anos de sa vida apenas na escolha da atriz que intepretaria Teena Brendon. Apesar de ser este o seu primeiro trabalho como diretora, mas não como roteirista, ela se mostra uma boa condutora de elenco, onde todos estam fantásticos. Entre os coadjuvantes destaque para a indicada ao Oscar Chloë Sevigny, intérprete de Lana. Sua atuação, principalmente nas cenas finais é tocante e real, muito gratificante. Peter Saarsgard como um impulsivo John e Alicia Goranson como a jovem mãe Candace também estão ótimos. Mas logicamente, nenhum deles consegue tirar o prestígio que Hilary Swank conquistpu com seu primeiro Oscar, muito merecido.

Meninos Não Choram é um ótimo filme, que foge de sentimentalismos e pode ser considerado mais como um choque da triste e cruel realidade. A américa, a auto-estrada, o mundo jovem das drogas e do sexo, assim como o senso banal de aventura, tudo está muito bem retratado neste longa, coroado por grandes interpretações de um elenco praticamente todo jovem.

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Aurora

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Aurora é indiscutivelmente uma obra prima, um grande marco, tanto no cinema quanto na carreira do grande diretor F. W. Murnau. Um filme incrivelmente belo, com passagens inesquecíveis e brilhantes atuações.

A década de vinte foi a década do auge dos filmes mudos, onde gênios como Buster Keaton, Charles Chaplin, Murnau e Fritz Lang realizaram várias obras que são considerados obras primas e estão sempre em listas de melhores filmes.

Aurora é um deles. O filme de 1927 é primoroso ao abordar um tema aparentemente simples, mas cheio de emoção. Englobando drama, romance e até comédia, a obra de Murnau nos conta a história de um fazendeiro que se sente atraído subitamente por uma bela jovem da cidade grande, assim que ela descobre que ele é casado, a mulher não pensa duas vezes ao incitá-lo a matar sua mulher, afogando-a. É claro que há um certo absurdo em como a trama se desenrola no começo, como a rapidez com que o fazendeiro aceita a idéia da jovem, porém esses 'detalhes' são perdoados, afinal, o contexto em que eram relaziados os filmes desse tempo não podem nunca ser comparados com o de hoje em dia, o cinema funcionava diferente e pronto.

Mas nada atrapalha o desenrolar do filme, principalmente a partir da cena onde o casal está no barco, simplesmente macabra e arrebatadora, e quando logo depois vem o romance, cada cena filmada por Murnau é cheia de perfeição e sentimento. Eu até discordo da opinião de diretores e atores na época do rebuliço da passagem do cinema mudo para o falado, em que alegavam que o cinema não iria funcionar se adotassem as falas (Charles Chaplin foi um deles), porém ao ver Aurora, nos damos conta de como os dialógos seriam extremamente desnecessários, redundante, aqui o Cinema é pura imagem. A magia de tudo está nas atuações, principalmente na dos atores principais, George O'Brien, o marido, e Janet Gaynor, a esposa (que inclusive ganhou o primeiro oscar de Melhor Atriz!). Juntos, eles entram no hall dos melhores casais do cinema.

Há um certo 'exagero' nas expressões e nos trejeitos dos atores, mas isso era comum na época, esse 'exagero' era para 'compensar' a falta de diálogos, e ainda estamos falando de um filme de Murnau, que usou técnicas do expressionismo alemão para filmá-lo, como nas atuações e na fotografia, bem escura. Cinco anos antes, o diretor

tinha filmado a também obra prima Nosferatu, onde usou e abusou das técnicas do expressionismo.

Juntando a brilhante direção com as magnifícas atuações, cada cena de Aurora é inesquecível, dou ênfase a quando o marido pede perdão à esposa na igreja, simplesmente um espetáculo! E logo depois as cenas mais românticas que vão se desenrolando também são lindas, cheias de ingenuidade, mas adoráveis. Concordo com o Koball quando disse que algumas cenas cômicas parecem forçadas (no melhor estilo de Hollywood), mas nem isso atrapalha a grande obra que é Aurora.

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Frost/Nixon

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The tapes...

"Melhor não me empurrarem eles, ou vou chutar os dentes deles."

"Não me importa qual é a história. Ele foi à TV."

...and the truth.

"Um dia controverso na política. Um homem foi preso roubando os delegados do Comitê da Democracia Nacional em Washington, descobriu-se que ele era funcionário da campanha de reeleição do Presidente Richard Nixon. Ele foi uma das cinco pessoas presas ontem dentro da sede dos Democratas em Washington. E adivinhem o que mais ele era, um consultor da Campanha de reeleição do Presidente Nixon."

"John Dean, ex-conselheiro da Casa Branca testemunhará hoje que o Presidente Nixon, sabia sobre o encobrimento do Watergate."

"O mau uso do poder é a essência da tirania"..."A primeira vez que um presidente renuncia em quase 200 anos de história, hoje é um da histórico.

Esse é o fantástico começo de Frost/Nixon, filme dirigido por Ron Howard que trata da famosa entrevista entre o popular entrevistador inglês David Frost e o ex-presidente americano Richard Nixon, três anos após o escândalo de Watergate, que levou a presidência de Nixon ao impeachment.

Em 1972, foi noticiado que cinco pessoas foram detidas detidas quando tentavam fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do Partido Democrata. O caso, que logo ficou conhecido como "Watergate"(nome do Complexo onde se instalava o Comitê Nacional Democrata), virou algo de proporções ainda maiores quando, meses depois, foi comprovado que havia ligações entre o escândalo e a Casa Branca, sendo assim afirmado anonimamente que o Pred.Richard Nixon sabia das operações ilegais do governo contra a oposição, principalmente no que se referia a sua Campanha de reeleição e sua vitória esmagadora nas eleições americanas sobre o candidato democrata George McGovern. Dois anos depois, em 1974, várias provas foram juntadas e na noite de 9 de agosto, Nixon fez seu último discurso como Presidente, renunciando ao poder, depois de muita pressão. Quando seu vice, Gerald Ford assumiu o cargo, ele disse publicamente que retirava todas as responsabilidades de Nixon, livrando-o assim, do Tribunal.

É a partir deste ponto que a história começa a ganhar vida. Momentos após a renúncia, o jornalista britânico David Frost, de sucesso estrondoso na Inglaterra e na Austrália teve a provável excelente idéia de entrevistar Nixon. Sem o apoio de seus amigos, achando uma verdadeira loucura, o roteiro afiado de Peter Morgan (que também escreveu o texto poderoso de A Rainha mostraem detalhes toda a preparação para a entrevista, que de fato foi ao ar, mas não antes de sofrer baixas financeiras, cortes publicitários e de patriocinadores e que levou Frost praticamente à falência. Atráves de estudos e mais estudos, o roteiro constriu uma história forte, talvez a melhor já escrita sobre o assunto, abordado em filmes como Todos os Homens do Presidente, com Robert Redford e Dustin Hoffman, e em citações principais como no filme com Anthony Hopkins, Joan Allen e Ed Harris, Nixon e em uma passagem criativa e inteligentíssima de Forrest Gumo - O Contador de Histórias quando o próprio personagem vivido por Tom Hanks descobre o caso. Além de detalhes primorosos e rico em informações, Morgan também teve uma idéia singela de inclur depoimentos, cmo se o filme não passasse de um documentário, onde personagens reais, porém vividos por atores de alto escalão, relatam a experiência vivida por eles durante o caso e após ele, incluindo também aqueles que estavam do lado de Nixon durantes os momentos derradeiros de sua vida, e aqueles que preparam toda a entrevista ao lado de Frost. Um grande truque do roteiro, que tem como principal característica, diálogos longos e produtivos mas também diretos, cenas reais misturadas à ficção.

Nestes quesitos, temos um diretor difícil de se ententer. Ron Howard, que já venceu o Oscar de Direção por Uma Mente Brilhante, mas que também fez trabalhos hediondos como a péssima adaptação de O Código Da Vinci, neste, ele volta a ser tão competente quanto foi no trabalho sobre a vida do matemático John Nash, e recebendo mais uma indicação ao prêmio mais importante da indústria cinematográfica. Sua direção é correta, surpreendentemente criativa e cheia de contrastes , entre situações reais em meio ao mundo cinematográfico.

Para encabeçar o seu elenco de estrelas, destacam-se justamente aqueles cujos personagens deram o título deste filme. Michael Sheen interpreta David Frost e Frank Langella, Richard Nixon. Os dois brilham sem cessar durante todas as cenas principalmente as da entrevista. Sheen domina suas próprias caricaturas e Nixon, diálogos longos e difíceis e seu trabalho foi, merecidamente premiado com a indicação ao Oscar, depois de anos de carreira insólida. Sheen está tão bom quanto, além de ser um protagonista sem sombra de dúvidas, mas que ficou de fora da premiação injustamente. Apesar de serem muito diferentes aparentemente dos seus personagens verdadeiros, e isso vai em especial para Langella, que não é nem um pouco parecido com Nixon. Porém as atenções devem ir também para o elenco dos coadjuvantes, que vai desde uma atuação fiel de Sam Rockwell, Oliver Platt, do arrogante Kavin Bacon, do mais codjuvante do que nunca Toby Jones, do talento comprovado de Matthew Macfadyen até a beleza estonteante de Rebecca Hall, cuja carreira deslanchou após Vicky Cristina Barcelona de Woody Allen. Todos desempenham seus papéis com inacreditável competência, sem partir para o exagero.

Tive uma idéia, John. Uma bem incrivel para uma entrevista.

Essa é a frase que Frost diz para seu amigo e produtor John a respeito de sua próxima "celebridade" a ser entrevistada: "Quem é ele?", John pergunta. A resposa a seguir não poderia ser mais direta: "Richard Nixon".

US$2 milhões. Esse foi o custo de toda uma entrevista com Nixon, sendo que boa parte saiu dos bolsos do próprio Frost. Ao todo, foram quatro dias de entrevista, marcados pelas estratégias dos dois lados. Frost, com seus amigos e colegas de trabalho tratando dos pontos fracos de Nixon, e Nixon arrumando um jeito de fazer o tempo passar, levando as respostas para citações da história de sua vida. Nos bastidores, existem explícitas denúncias de como ocorre os acordos entre as mídias. Somente o lado bom de cada um seria apresentado às câmeras depois da edição e certamente, algumas trocas de farpas indiretas aconteceriam segundos antes de começarem as filmagens.

Apesar de várias cenas excepcionais, as da entrevista final não poderiam ser melhores. Com um plano mais agressivo, é o bloco de Watergate. 25% do tempo da entrevista seria voltada para o determinado escândalo.

No final, tudo o que era necessários, seria uma confissão de Nixon e isso chega aos poucos, pelo menos estava chegando. Eis um dos grandes momentos do filme, o roteiro forte. Morgan conseguiu fazer dessas sequências de cenas, das mais produtivas feitas em 2008, com um clímax espetacular até a instromissão, causando o anti-clímax. Nada mais astucioso do que mostrar a realidade em um filme onde isso era tudo o que não deveria ser mostrado. E é nesse ponto que a atuação de Langella se destaca. Sem saber se sentimos pena dele, ou mais para os americanos, raiva, ele se mostra uma personagem extremamente interessante, onde os seus olhares e sua inteligência sobressaem a cada pensamento do público. Uma grande atuação sem sombra de dúvidas.

"And I thought I made it clear!I didn't want to get any questions about Watergate. Demmet!"

Enquanto não sabemos o que pensar do Nixon de Frank Langella, sabemos que Michael Sheen não devia temer uma queda de rendimento, que até então era dos maiores. Ele conseguiu sentir a essência de Frost, com absolutamente todos as suas falas extraídas da entrevista em si. Enquanto na cena próxima da confissão, Nixon está quase confessando, Sheen atua nesta cena como um Frost perfeito, o verdadeiro símbolo da entrevista britânica. Ao final, o ex-presidente começa a se sentir desconfortável e aí vem a tão esperada frase dita por ele, que foi julgada como absurdo em todo o mundo, eis o trecho:

Frost: "Certo. Espere, só para eu entender melhor, está me dizendo que em algumas situaçoes, o Presidente pode decidir quando algo é interesse da nação e quando é ilegal?"

Nixon: "Estou dizendo que quando um Presidente o faz, NÃO é ilegal."

Sem mais delongas, Frost/Nixon é um filme explosivo, com excelentes diálogos, atuações e uma direção precisa de Howard. Um filme verdadeiramente real e muito fiel à essa famosa entrevista, que rendeu 40 milhões de espectadores americanos e deu a Frost a fama que ele tanto almejava. Um filme, que apesar de ser realista, tenta mostrar tudo aquilo que está debaixo dos lençóis, mas que custa a aparecer por mais que você tente. Indicado ao Oscar, é um daqueles fimes imperdíveis, excelente em vários aspectos, mas que peca em alguns pequenos erros de direção, em especial no que se trata de maneirismos políticos, que poderia ter sido evitados em alguns momentos. Mas em seu todo, o filme é um símbolo da cultura e da inteligência ainda existente na indústria cinematográfica.

Atention, everyone! Starting with camera 2, and 4,3,2...You David.

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Lanternas Vermelhas

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Um drama espetacular de Yimou Zhang, um filme que quebra tabus, emociona, é belo, cultural e cuidadosamente gerido e controlado pelas habeis mãos de o, talvez, melhor diretor chinês da história. Um grande filme, digo grande mesmo, onde tudo dá certo, um filme sútil ou forte dependendo da situação, uma jóia moldada em busca da perfeição, Lanternas Vermelhas é um marco no cinema Asiático, diria também, do cinema mundial, basta assistí-lo.

Seja no enfoque do diretor, que através do posicionamento da câmera deixa claro que o universo a ser explorado em seu filme, é o universo feminino, os sonhos e desejos daquelas mulheres em torno de Chen Zuoqian, ou a falta desses desejos representados na personagem principal Songlian ( a espetacular e linda, Gong Li). Seja também no leque de possibilidades que nos traz a história daquelas mulheres enclauzuradas naquele castelo, guiada pelas tradições da família de Chen, cada uma com suas possibilidades de reações ao lugar, todas envolvidas em um jogo, não de amor, mas de vantagens, de confortos, uma luta por facilidades como receberem as prazerosas massagens nos pés.

A história fala de um belo e enorme palácio, do senhor Chen Zuoqian, à iminência de seu quarto casamento. Sua nova esposa é a linda jovem Songlian, que vem de longe, após ter perdido o pai, é obrigada pela madastra a abandonar a universidade e casar-se com um homem rico, para ajudar financeiramente a família.

Chegando à casa de Chen, ela depara-se com uma série de costumes remontantes à longíquas gerações da família do senhor. O interessante modo como o diretor posiciona a câmera a distância de Chen, faz com que nunca vejamos o seu rosto de close, subentende-se todavia, que é um homem velho, visto a forma física e a idade da sua primeira de quatro esposas que tinha. Tal distância de câmera serve também, como já dito, para enfocar mais no universo das mulheres, e não de seu senhor. Serve também, para mostrar que mesmo "dono" de tais mulheres, Chen mantia-se distante de seus corações.

Em seguida, calmamente, a hisória vai nos encaminhando às situações pelo qual Songlian vai passar na casa, como ela será recebida por cada uma das outras três esposas, pelos empregados, e como Songlian vai agir em tal situação. E é aí, nessa reação de Songlian, que Yimou Zhang vai buscar direção, vai trabalhar em cima disso, vai desenvolver todas as dificuldades de Songlian, criando para aquelas quatro esposas personalidades distintas, visões de mundo distintas.

Naquele castelo o tempo é gerido ao que parece, pelas estações do ano e pelo estado de dia ou noite. Cada mulher, em busca de um maior reconhecimento do marido, faria alguma coisa para agradá-lo, havia portanto, intensa disputa entre elas por causa disso. Songlian, todavia, não se detém muito a tal querela e chega em certo momento a agir com certo dedém sobre tal situação.

Ao chegar, Songlian, a Quarta Esposa, é recebida pela Primeira Esposa, mulher experiênte logo exorta a jovem garota a seguir às tradições da casa, como forma de se adaptar ao local. A segunda esposa, trata-a como a uma irmã, dando-lhe presentes e amigáveis conselhos. Já a Terceira esposa, antiga cantora de ópera - há vários momento de canto da mesma, que chega a causar um certo estranhamento por parte de nós ocidentais,acostumados com uma musicalidade em tons diferentes - chega a agir de modo ciunento cotra ela, Songlian. De importância fundamental, revela-se a serva encaregada de auxiliar Songlian, Yan'er, uma jovem audaciosa que sonha em um dia ser uma Senhora como Songlian, a conflituosa relação dela e Songlian revela os ciúmes que ambas tinham umas das outras, Yan'er queria estar no lugar de Songlian, esta, sabia disso, e temia, já que flagara uma vez seu marido Chen tantando agarrar a Yan'er.

Diante de tantas disputas no âmbito de sua chegada, Songlian descobrirá diversas artimanhas contra si, vindas de lados inesperados, e em um ano, viverá muitas coisas, passará por várias situações naquele castelo.

Em um filme tão belo, tão bem feito, fica claro que a grande responsabilidade de seus feitos fica por conta de sua Direção. Yimou Zhang trabalha com extrema sensibilidade, mais uma vez explorando o universo feminino, lho dando força, profundidade. Mostrando personagens de caráter mutáveis, as mulheres dos filme de Zhang demostram extrema capacidade em se camuflar diante dos outros em busca de seus objetivos.

Adaptado do romance de Su Tong e roteirizado por Ni Zhen, o nome do filme, Lanternas Vermelhas refere-se a ocasião onde o senhor escolhia uma das quatro casa onde moravam suas esposas, casa essa, que teria suas lanternas - uma espécie de candeeiro chinês - acesas à noite.

Tecnicamente, o filme não carece de tantos recursos, não há nenhum tipo de Efeitos Especias. Há a magnifica Maquiagem de praxe, os Figurinos chineses de cores vivas, brilhantes como sempre, além de todo um requinte com relação às locações. A quase ausência de Trilha Sonora serve para aumentar o sentimento de desconforto por causa do enclausuramento do castelo, além da aflição de Songlian. A Fotografia deveria ser melhor explorada no interior desse palácio - é impossível não lembra-se da bela Fotografia de O Tigre e O Dragão no interior dessas casas de estilo chinês. Todavia, tais aspectos não tem tanta importância quanto o desenvolvimento da história.

Um belíssimo filme oriental, o melhor do baita diretor que o é Yimou Zhang (dos também magníficos Herói e Clã das Adagas Voadoras). De estilo único, sem apelações sentimentais,com atuações inesquecíveis de todas as mulheres que interpretam alguma esposa - sem dúvida o destaque é mesmo Gong Li, mostrando mais uma vez ser a melhor atriz de seu país, presente em importantes filmes de lá. Demonstra bem parte de um costume de uma China do anos 20 que ainda permanecia poligâmica. Um belo filme, daqueles inesquecíveis, mais que recomendado, obrigatório.

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Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, O

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Peter Jackson iniciou sua trajetória cinematográfica com filmes de baixo orçamento e com efeitos que hoje se tornam risíveis, como "Dead Alive" (ou "Fome Animal"), que é repleto de cenas onde tripas e cabeças rolam à solta. No entanto, mesmo em filmes como esse já é nítida a criatividade e a irreverência do cineasta.

Quem diria que anos mais tarde viria "Almas Gêmeas", longa que conta a relação de duas mulheres de uma forma muito surpreendente e que abriria as portas de Kate Winslet (vencedora do Oscar por "O Leitor") para o cinema americano. Mais uma vez Jackson deixava claro que não estava de brincadeira, o que o levou a ser indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original.

Mais tarde viria um longa com uma premissa interessante mas que acabou não despertando muito interesse e teve uma recepção morna. Estou falando de "Os Espíritos", com uma das últimas participações de Michael J. Fox (de "De Volta Para o Futuro") no cinema.

Para aqueles que haviam se desapontado com "Os Espíritos", eis que chegou a adaptação tão aguardada da magnífica obra-prima de J. R. R. Tolkien em 2001.

"O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel" logo se tornou um clássico instantâneo e dono de uma das maiores bilheterias da história.

O filme quase chega à perfeição através de técnicas nada menos do que fantásticas e atuações memoráveis, como a participação de Ian McKellen como Gandalf ou Christopher Lee como Saruman. Enfim, todas as personagens possuem grandes atores como base que revelam a aura e a beleza da singela história do filme.

Mesmo assim, ainda existem muitas pessoas que não compreendem a grandiosidade do longa. Por isso é preciso recapitular a história de Jackson até chegar à saga do anel. O diretor que já fazia grandes filmes com pouco dinheiro, certamente faria coisas ainda maiores com um enorme orçamento. Peter Jackson retrata fielmente aquilo que outrora fôra descrito por Tolkien e ainda assim traz um filme inovador e que demonstra a potencialidade do que é capaz de fazer.

Eleito pelo American Film Insitute em 2008 um dos 100 Maiores Filmes do Cinema Americano (ocupando a 50ª posição), realmente deve ser visto e revisto por gerações assim como aconteceu com os livros. Um daqueles filmes que marcam um momento e fazem história, como "Star Wars" ("Uma Nova Esperança", de 1977), "The Godfather" (de 1972) ou até mesmo "Matrix" (de 1999).

Peter Jackson faz o primeiro dos três grandes filmes que mais tarde iria fazer e transforma a saga já famosa na literatura também uma das maiores que o cinema já viu.

Críticas

Volver

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Volver é mais um de tantos filmes do polêmico e genial Almodóvar. Considerado um dos maiores cineastas da atualidade, Volver veio para complementar sua carreira de tantas obras maravilhosas do cinema.

Diretor também de sucessos como "Tudo sobre minha mãe", "Fale com ela", "Má Educação", "Carne Trêmula", "Mulheres à beira de um ataque de nervos", "Ata-me" e muitos outros.

Com uma carreira de filmes polêmicos, divertidos e ao mesmo tempo dramáticos, Almodóvar é um dos preferidos do cinema espanhol atual, principalmente por estar sempre inovando e ousando em suas direções, nos roteiros que ele próprio escreve e principalmente por criar cenas e personagens essencialmente inesquecíveis, que certamente ficam em nossas memórias para o resto da vida.

As histórias de Almodóvar são sempre de pessoas reais, de dramas familiares, relacionamentos conturbados, paixão e principalmente traumas, seus personagens em grande maioria são regidos por traumas de infância e outras situações complicadas. E com "Volver" não é diferente. Raimunda vivida por Penélope Cruz é uma jovem mãe solteira com grandes segredos e traumas da infância, que perdera sua mãe e agora tenta se recuperar da morte de sua tia Paula, por quem foi criada. Após um acontecimento dentro de casa envolvendo sua filha de quatorze anos, Raimunda precisa enfrentar as dificuldades e superar as mágoas do passado.

Volver é um filme que fala também do acerto de contas, de situações mal resolvidas do passado, e por isso, Almodóvar brinca com a morte o tempo todo, sempre "ressuscitando" personagens mortos, sendo assim, muitas surpresas e muitos acontecimentos imprevisíveis podem ser esperados, aliás, imprevisibilidade é o que há de forte nos filmes de Almodóvar. Irene, mãe de Raimunda voltará à vida para cuidar de algumas coisas que ficaram por resolver do passado, e a princípio apenas Sole, a irmã de Raimunda a vê, e toda a vizinha de La Mancha acredita que ela voltou para assombrar a todos e para cuidar da irmã (tia Paula) até a mesma morrer.

Sole, a irmã de Raimunda, para completar a trama, é outra personagem traumatizada e repleta de frustrações, e Agustina, amiga de infância delas que lutava contra um câncer, também era filha dos vizinhos dos pais de Raimunda e Sole que vivia em La Mancha ainda, também conturbada pelo desaparecimento de sua mãe que ocorreu no mesmo dia em que os pais de Raimunda e Sole morreram. Enfim, o passado virá à tona na vida dessas personagens, e muitas feridas serão reabertas, muitas dores revividas e o perdão de muitas mágoas do passado.

Almodóvar também enfatiza bastante a cultura local, como o ritual de limpeza dos túmulos de parentes e entes queridos das personagens, a música, comida, tudo bem caracterizado; o uso exagerado de cores fortes e exóticas na fotografia, no figurino, nos detalhes, enfim, Almodóvar é detalhista.

As atuações são ótimas também, Penélope Cruz como sempre está fantástica, consegue dar o tom necessário à sua personagem, desde as cenas dramáticas às cômicas. Uma cena que gosto é quando ela vai visitar sua tia Paula, já nas últimas em La Mancha, e quando entra na casa, a velha estava com a televisão ligada e o noticiário falava dos incêndios causados pelo vento leste (era uma região muito castigada por tal evento). A expressão de dor e assombro fica nítido no rosto de Raimunda ao ver o incêndio na TV (e talvez lembrar da morte de seus pais). Destaque também para Carmen Maura na personagem de Irene, uma performance impecável, as cenas de humor ficam todas por conta dela.

Inclusive Almodóvar tem preferência por algumas atrizes, principalmente por na maioria das vezes, suas personagens serem grandes mulheres, e mulheres reais, é um tema constante nas obras do diretor: mulher, seus dramas, sofrimentos, personalidade, amores, desejos, sonhos, frustrações, enfim. E tanto Penélope quanto Carmen já enriqueceram outros trabalhos de Almodóvar na telona.

A cena em que Raimunda canta no restaurante, ela canta a música que sua mãe cantava para ela quando menina, é a cena mais linda, com um peso dramático e lírico perfeito, e sem exageros.

Vale a pena assistir Volver, se encantar e se divertir com essas personagens cativantes e inesquecíveis.

Críticas

Coraline e o Mundo Secreto

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Pouco se falou até agora em torno da animação "Coraline e o Mundo Secreto". O filme, que foi lançado há pouco tempo aqui no Brasil e ainda está em cartaz nos cinemas, é uma aposta surpreendente, e, apesar de parecer mais um mero desenho infantil, é na verdade um programa muito mais para os pais do que para as próprias crianças - apesar de título e sinopse sugestivos.

Tecnicamente o filme é perfeito, ainda mais se levarmos em conta que ele foi feito inteiramente sob a técnica stop-motion (artifício de filmagem quadro a quadro). Quem assina a obra é Henry Sellick, diretor já experiente nesse ramo e que tem no currículo duas ótimas animações: "O Estranho Mundo de Jack" e "James e o Pêssego Gigante". Em "Coraline", Sellick consegue imprimir um ritmo muito gostoso à trama, digno de deixar os espectadores boquiabertos diante de tamanha qualidade e magia - sem dúvidas um trabalho brilhante.

A história gira em torno da pequena Coraline, menina jovem que muda da cidade de Michigan para o Oregon - costa oeste americana. Na nova casa, tudo é aparentemente normal, no entanto, o lugar esconde um segredo tenebroso, que seria ótimo pano de fundo para um filme de terror - dos mais sórdidos. Junto com a garota também estão os pais, daquele tipo que pensam mais no próprio umbigo do que nos filhos; ambos trabalham o dia inteiro e fazem a linha dos pais super ocupados que não têm tempo para nada. Irritada, ela percorre todos os cantos da casa atrás de aventura; talvez essa seja a parte direcionada ao público infantil - aquela rebeldia que a todos atinge durante a pré-adolescência e a adolescência. Ao encontrar uma passagem secreta que dá vida a um novo mundo, onde tudo é a princípio perfeito, a história muda de figura. Daí em diante, o que vemos é uma sequência que deve ter deixado a criançada e até alguns adultos de cabelo em pé.

É impressionante como Sellick consegue transormar uma história aparentemente inofensiva em algo absolutamente macabro e tenebroso. A minúcia com que ele aborda alguns detalhes é assustadora, lembrando os melhores filmes de terror já produzidos. Uma das passagens mais interessantes é quando ela encontra o Wybie - personagem da trama -, no tal ‘mundo perfeito’. Quem nunca desejou algo como aquilo? Inevitável. Para compor os personagens, os animais - todos eles - transbordam simpatia - especialmente o gato preto; quem disse que gato preto dá azar, afinal?

No final, acabou sendo impossível se livrar da luta do bonzinho contra o malvado - sequência que ocorre em alguns momentos muito rápida e sem desenvoltura; talvez seja esse um dos poucos defeitos do longa. No entanto, apesar de clichê, em nenhum momento isso faz o filme se enfraquecer ou muito menos perder a graça. "Coraline e o Mundo Secreto" aparece como uma surpresa agradabilíssima e muito gostosa de se assistir; um trabalho muito bem feito e muito bonito de ser visto. Ponto para Henry Sellick, que nos brinda com mais uma ótima animação.

www.moviefordummies.wordpress.com

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