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Críticas

Iluminado, O

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Vendo e revendo este filme eu chego muitas vezes a pensar em como o terror regrediu. São tantas apelações, tanto sangue e tripa, fantasmas e absurdos que acabam esquecendo do principal: do terror. O Iluminado mostrou que não precisamos ver cabeças rolando, tripas voando, fantasmas aparecendo e criaturas horrendas para nos perturbar.

O Iluminado não é um filme de sustos ou de se encolher no sofá, mas é de perturbar, de temer do que uma pessoa é capaz, de pensar que um homem que sempre nos amou e protegeu pode se transformar em um insano querendo nos matar.

A trama do filme gira em torno do psicológico, com uma pitada de sobrenatural. O lendário Jack Nicholson interpreta Jack Torrance, um escritor que aceita ser zelador de um grande hotel do Colorado em pleno inverno e leva a esposa, Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd) juntos. No hotel, houve no passado um episódio trágico em que um homem sofreu da "febre da cabana" e matou suas filhas com um machado. Torrance soube desta história mas ignorou. E com o passar do tempo, devido à baixa temperatura e ao isolamento, a sanidade de Jack Torrance começou a degradar, tornando-o aos poucos mais agressivo e perigoso.

Em grande parte dos casos, quando um filme é baseado em um livro/conto/quadrinho, exige-se muito para que consiga igualar-se à obra original. Exige-se mais ainda para superar; uma árdua tarefa, que poucos diretores conseguem. "O Iluminado" é um destes raros casos, baseado em um dos primeiros livros de Stephen King, com o mesmo nome.

Stephen King consegue criar histórias de horror que funcionam em folhas de papel, devido ao nosso campo de imaginação, mas, convenhamos, que ao passá-las para as telas as suas obras tornam-se trash e dificilmente nos assustam, muitas vezes até provocando gargalhadas (vide "Fenda no Tempo" [The Langoliers-1995]). O livro "O Iluminado" envolvia muito mais o sobrenatural e fantasmas, e para os fãs de King é considerado uma de suas obras mais assustadoras.

Kubrik disse que gostava de apanhar uma obra medíocre e transformá-la e um filme, que resultaria em algo bom. Isso pode se adequar ao caso do Iluminado. Kubrik retirou todos os fantasmas e monstros que continham no livro e concentrou-se mais na queda de Jack Torrance, no perigo crescente de suas atitudes, de suas confusões mentais e alucinações. Algo mais psicológico e realista, e motivo este que faz com que os fãs de King desaprovem a adaptação de Kubrik, que creem ser infiél ao livro. Nem o próprio escritor aprovou.

O filme, como já dito antes, não é dos sustos e dos sangues, mas sim da perturbação. Era necessário um ambiente e um clima certo para nos convencer à ver Torrance perdendo a sanidade. E nada melhor que aquele hotel. Os lugares longos, grandes e vazios contribuíam para o suspense, e cada vez ficamos mais admirados com as atitudes de Torrance, que começa a enlouquecer. Nós podemos acompanhar a sua loucura durante o filme, e foi tão bem feito e tão convincentes que passamos a temê-lo.

Talvez nem seja necessário mencionar sobre a atuação de Jack Nicholson. Está perfeito, melhor impossível. Um dos melhores trabalhos na carreira deste memorável ator, transparecendo a insanidade e a loucura do personagem da forma mais convincente possível.

Shelley Duvall fez algo aceitável, mesmo depois de levar várias e várias broncas de Stanley Kubrik, que chegou a filmar mais de 100 vezes uma cena até conseguir ficar bom.

O filme tem a pitada de sobrenatural, nas cenas com o garoto Danny, o qual tem visões, previsões do futuro e até conversa com o Tony, seu "amigo imaginário" no indicador.

Em 1997, o escritor Stephen King refilmou O Iluminado, sendo esta, segundo ele, a "versão definitiva e fiél", para a sua alegria e a de seus fãs também. Porém, preciso mesmo dizer qual foi a melhor versão?

O Iluminado é um caso raro. Baseado em um livro, conseguiu superá-lo mesmo com grandes alterações e infidelidades. Alterações estas que fazem o filme ser o que é. Certamente, uma das melhores obras não apenas de Kubrik, mas também de todo o suspense/terror do cinema. Indispensável e obrigatório para todo o cinéfilo.

Críticas

Batman

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Tim Burton é um dos meus diretores favoritos, principalmente por sempre trazer aquele clima dark, gótico e sombrio. E "Batman" foi um dos primeiros filmes que assisti dele, e também um dos melhores se não o melhor. Quando o filme é uma adaptação cinematográfica para os quadrinhos eu sempre espero que haja fidelidade. E em Batman fidelidade foi o que não faltou.

A começar pelo clima: Gotham City sombria e escura foi perfeito para o filme. Não seria bom ver um Batman com cores e sol para todo o lado, e que ótimo que foi exatamente o contrário. Batman deve ser sombrio.

A sinopsa, bem resumida, é essa: a cidade de Gotham começa a sofrer dos ataques do Coringa e Batman, um homem traumatizado pelo assassinato dos pais e milionário a busca de justiça, vê-se obrigado a deter o palhaço do Crime.

O Batman/Bruce Wayne de Michael Keaton não tinha a aparência mas tinha aquele trauma nas costas da morte dos pais e o lado heróico. O Alfred de Michael Gough foi o melhor dos Alfreds, pois além de ser um velho querido e simpático (hehe) era conselheiro e bricalhão.

E para completar, o lendário ator Jack Nicholson interpretando o famoso palhaço do crime, Coringa/Jack Napier. Atuação perfeita, incrível, cheia de adjetivos bons, pois ele conseguiu ser o MESMO Coringa das Hq's, mesclando entre um assassino e um "piadista". Sem contar que a aparência é a mesma.

Em relação ao Coringa desse filme, muitos criticam o seu passado criado por Tim Burton. Eu já não critico, eu elogio, e muito. O Joker nunca teve um passado definido, e Burton arriscou criar um, e deu muito certo. No início do filme, Coringa possuia outro nome, que era Jack Napier, e ele era um mafioso. A transformação no arquiinimigo ocorreu na Axis Chemicals, quando ele foi dar um tiro no Batman, que defendeu-se e a bala ricocheteou no rosto. Napier perdeu equilibrio e caiu num tonél ácido, e aderiu a famosa aparência da pele branca, cabelos verde e o sorriso. Mais tarde, Bruce Wayne descobriu que Napier foi o assassino de seus pais no passado. Isso caiu muito bem, e ainda serviu para a relação Batman/Coringa: nas cenas finais, Joker diz: "Seu idiota! Você me criou, lembra? Você me jogou no tonél de ácido e blablabla..." e Batman lhe dá um soco, e depois responde: "Eu te criei, mas você me criou primeiro". De fato, foi isso mesmo, afinal, foi devido ao trauma da morte dos pais que Bruce Wayne se transformou no herói.

O desenrolar da história, os ataques do Coringa, a sua obsessão e admiração na mocinha Vicky Vale (Kim Basinger), a história dos personagens, de Batman, o desfecho... Foram todos escritos e desenrolados de boa forma. Talvez um único defeito do filme seja que o Coringa foi tão focalizado que talvez tenha ofuscado um pouco o protagonista, Bruce/Batman.

E foi com este filme que Tim Burton conseguiu tirar a imagem do gordo fanfarrão que se alojou em nossas mentes em consequencia ao seriado dos anos sessenta, onde aparentemente o humor era prioridade, e nos mostrou o verdadeiro Batman.

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Onde os Fracos Não Têm Vez

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É merecidíssimo o prêmio de Melhor Filme de 2007 para "Onde os Fracos Não Têm Vez" (No Country For Old Man). É um filme diferente do que estamos costumado a ver.

A começar por um fato interessante que notei após alguns minutos de filme: a trilha sonora. Não existe trilha sonora em Onde os Fracos Não Têm Vez. É cru e nu. Até estranhei, pensando que aquilo seria um defeito dos grandes, mas que nada! Foi inovador e até deu um "clima" melhor nas cenas.

Outra coisa interessante do filme são os 3 personagens principais. Eu acho que jamais vi um filme em que os protagonistas não se encontram/falam/esbarram. Só mesmo nesse. Em nenhum momento eles chegam a se ver, a ter contato. Não. É um perseguindo o outro que persegue o outro, e ficam nessa caça até o fim... e não se encontram.

A sinopse é do meu gosto. Llewelyn Moss (Josh Brolin) encontra uma pick up com heroína, vários homens mortos apodrecendo e uma mala com tentadores dois milhões de dólares, a qual ele leva consigo. O problema é que aí então inicia-se uma perseguição perigosa, na qual Moss deve torcer para que o terrível Anton Chigurh (Javier Bardem)não consiga pôr as mãos nele, porque se isso ocorrer, Moss pode se considerar morto.

Sim, porque Anton Chigurh é um homem malígno e sem piedade. A começar por sua aparência, com aquele corte de cabelo estranho e seu rosto inexpressivo. Javier Bardem interpretou um grande vilão, que mata com a maior naturalidade e indiferença. E mata até com um cilíndro de ar comprimido. Se ele realmente existisse, devia temê-lo e torcer para não cruzar com ele, pois se cruzasse a sua opção seria torcer para ganhar dele no cara ou coroa. Anton Chigurh é um vilão enigmático e frio, e Bardem mostrou ser um ator competente por interpretar tão bem este vilão.

Grande parte do filme fica nisso, na perseguição, onde Anton caça Llewelyn com a mala de dinheiro e Anton é caçado pelo desiludido xerife Ed Tom Bell, muito bem interpretado por Tommy Lee Jones.

Ed Tom Bell foi um dos meus personagens preferidos de Tommy Lee Jones. Fez um personagem interessante; aquele velho confuso e nômade, que não compreende o crime que narra, que não entende porque as coisas mudaram tanto, aquele homem deslocado com o choque das gerações. Dá de ver no seus olhos a confusão do personagem.

Onde os Fracos Não Têm Vez é um filme tenso e sangrento. Mas não aquele sangrendo apelador, em que voam tripas e pedaços de cérebro para todo o lado. É um sangrento no sentido de violento. O descomunal Anton Chigurh faz com que muitos corpos caiam sem vida no palco deste filme. E a falta da música só aumenta o suspense do filme, e nos convence que o silêncio foi a trilha sonora perfeita e ideal. O filme requere atenção aos diálogos, cenas e tudo, mas isso é garantido para quem for ver, pois a trama e a perseguição nos envolve e nos obriga a fixar os olhos na TV.

E se há alguma coisa que concordei bem no filme foi o nome em português. Onde Os Fracos Não Têm Vez? Estranho... pois afinal, não há personagens fracos, e o próprio filme está longe de ser isso.

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Batman - O Cavaleiro das Trevas

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Devo confessar que, de início, eu não esperava coisa boa de Batman-The Dark Knight (O Cavaleiro das Trevas), por, principalmente, ser a continuação de Batman Begins, um filme que eu achei decepcionante. São muitos os motivos, mas não estou aqui para falar de Batman Begins, não é?

Achei que o realismo atrapalhou a saga; odiei o batmóvel; havia odiado o Coringa por perder o sorriso eterno, por usar maquiagem, ter aqueles cabelos ensebados e não muito verdes... foram estes um dos fatores que faziam eu não me entusiasmar em ver Batman-The Dark Knight. Mas eu TINHA de ver, uma vez que sou fã de Batman. E sabem de uma coisa? Mordi a língua FEIO.

Parte de eu ter gostado tanto de O Cavaleiro das Trevas foi por eu ter me surpreendido, e muito. Vi que o realismo neste filme foi um ponto forte, e a minha expressão na sala de cinema era de surpresa. Muita surpresa.

Batman, O Cavaleiro das Trevas é mais que um filme de ação. Ele nos envolve de uma forma incrível, é empolgante e bombástico. Tudo está perfeito: elenco, história, exploração de personagens, trama...

É necessário parabenizar o diretor Christopher Nolan pelo elenco... Um outro fator que me irritou sobre The Dark Knight era o elenco. Eu jamais imaginaria que Heath Ledger faria um Coringa daquele jeito. Cumrpiu totalmente com a sua proposta. Fez um Coringa insano, louco, que mistura a crueldade com humor. A personalidade é a mesma do Coringa dos quadrinhos, o que muda é a aparência, mas não havia como inserir aquele Joker para o universo realista criado pelo diretor Nolan, então a maquiagem, cicatrizes substituindo o sorriso e o passado indefinido caíram muito bem.

Outro tiro no escuro era Aaron Eckhart. Jamais pensei que ele faria um Duas Caras decente. E mais uma vez eu me supreendi com a escolha dos atores. Aaron Eckhart conseguiu ser um ÓTIMO Harvey Dent/Duas Caras. Conseguiu mostrar bem a sua decaída, desde cavaleiro branco de Gotham City para um vilão que decide a vida na sorte. O problema (que aliás, foi o ÚNICO defeito do filme) foi que seu vilão estava apenas atrás da vingança de seu amor, e, ao menos para mim, não mostrou bem a dupla personalidade.

A Maggie Gyllenhaal substituiu muito bem a Rachel de Katie Holmes de Batman Begins. O Michael Caine fez o mesmo Alfred irônico e conselheiro das Hq's. Gary Oldman conseguiu interpretar um comissário Gordon competente, lutador, bravo e justo. Morgan Freeman mais uma vez interpretou bem o Lucius Fox.

O filme INTEIRO é inteligente, envolvente e com belas cenas de ação. Quem tem uma má imagem de super heróis na cabeça DEVE assistir ao The Dark Knight, que foi estupendo de início ao fim, com não apenas a indispensável ação em filmes de heróis, mas com também a presença de uma trama policial, um clima pesado e pessimista, sem clichês, frases e cenas impactantes e surpreendentes. E toda aquela "viagem" dos filmes de supre heróis foi esquecida neste filme, substituída por um universo realista e convincente. A história de cada personagem foi explorada ao máximo. A trilha sonora caiu como uma luva para o filme. Ela acompanhava toda a emoção das cenas, e parte da empolgação estava na música.

Não há como terminar de assistir e não pensar em rever. Muito aconselhado para alguém que esteja procurando um filme realmente bom.

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Silêncio dos Inocentes, O

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"O Silêncio dos Inocentes" é, sem dúvidas, um filme que podemos rechear de elogios. É um suspense ótimo, incrível, que prende nossos olhos na tela do início ao fim. Seus prêmios foram merecidíssimos (melhor filme, diretor, roteiro, ator e atriz). E quem assistir saberá o porquê.

Clarice Starling (Jodie Foster) é uma jovem agente do FBI que recebe a missão de deter o assassino em série Buffalo Bill, que leva consigo peles das suas vítimas mulheres. Para isso, Starling vai ter uma conversinha com Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), que está detido em segurança máxima. É um assassino frio, cruél e canibal, e consegue ser um cavalheiro e um monstro ao mesmo tempo. E, certamente, Hannibal Lecter é o maior e melhor personagem vivido por Anthony Hopkins.

Sua primeira aparição no filme já é impactante: em sua cela sombria, lá está ele, de pé, olhando para Starling através do vidro. E já nos prende à tela ver o modo como Lecter é interpretado: olhar fixo e cínico, sem piscar, falas inteligentes... Já ficamos convencidos que Hannibal é um insano em sua primeira aparição. E ficamos mais convencidos ainda ao desenrolar do filme.

E não é só Hopkins que merece destaque neste filme. Jodie Foster desempenhou bem seu papel, mostrando a competência e desempenho da personagem. A direção de Jonathan Demme foi excelente. As imagens são impactantes, aterradoras, ficamos com tudo gravado na mente, e Demme conseguiu fazer com que o filme acabasse e soltássemos exclamassões de aprovação.

O Silêncio dos Inocentes foi inteligente, tenso e realista até o final. Um dos melhores suspenses do cinema, e obrigatório para todos os cinéfilos.

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Queda! As Últimas Horas de Hitler, A

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Cine-bografia de uma das personalidades mais influentes do século XX. Filme é sim, um dos grandes a tratar um tema que continua sempre atual, e mais, sem apelos aparentemente se deter em apelos ideológicos, nem muito menos a trazer um papel maniqueísta pra tela, Oliver Hirschbiegel nos mostra não apenas aquele Hitler carrancudo e monstruoso, o fuhrer, líder da Alemanha Nazista, mas em A Queda: As Últimas Horas de Hitler seu diretor consegue ampliar o sentido de sua obra msotrando a persona Hitler e as múltiplas histórias, dando voz e vez a mulheres, crianças, generais, professores que estavam lá na hora em que o fuhrer e Adolph Hitler viram o seu sonho megalomaníaco ruir.

Somos levados a conhecer a personalidade de Adolph Hitler, o fato de o mesmo não beber, não fumar e ser fisurado em comida vegetariana. Não obstante, o diretor Hirschbiegel conta também a história de vários personagens presentes nesses momentos. Seja nas secretárias do fuhrer, seja de Eva Braun, mulher de Hitler, ou também no trato que é dado a presença das crianças diante do horror do fim de uma guerra perdida.

Nesse sentido, há um tom relativamente saudosista acompanhando a narrativa, todo um sentimento de desespero por parte da cúpula da SS frente ao avanço dos aliados. Todavia, Hirschbiegel ( do belo A Experiência) não poupa às atitudes de Hitler nem de seus generais. O fuhrer não deixa de ser aquele ditador impiedoso, vil, ele continua sendo aquele que foi um dos responsáveis pela morte de seis milhões de judeus em campos de concentração.

Outro ponto de destaque fica em como são mostrados os bastidores das conversas de Hitler e seus comandados, a tensão de uns, fiéis a toda e qualquer ordem do fuhrer, esses que ainda acreditavam em uma reviravolta do exército alemão, em detrimento de outros que ansiavam por um rendimento ou acordo com os Aliados.

O Roteiro baseado num livro, mantém-se nesse sentido de dar voz aos personagens secundários, claro enfocando a presença de Hitler. Confeço que há de fato, alguma falta de intimismo eu diria com relação a pessoa de Hitler, que sempre aparece ao lado daquelas pessoas presentes na ocasião. Há também um ritmo um tanto arrastado, compreensível, um tanto ao estilo de O Pianista, só que a Edição de algumas cenas peca pela previsibilidade, cito uma: Na cena em que a mãe, primeiro dá um medicamento pra que seus filhos durmam, é gasto um grande tempo pra isso, em seguida, somos levados ao instante em que a mesma envenena às crianças com o objetivo de as livrar de um mundo sem o Nazismo, devido a longa duração da cena ela fica um tanto chata, já que desde quando ela da o primeiro gole do medicamento de dormir a um de seus filhos já ficamos chocados, já entendemos o que se passará.

Com relação às atuações o destaque fica por conta do suíço Bruno Ganz, na pele de Hitler. Atuação impecável, digna de Oscar ( No lugar de Eastwood), Ganz encara um papel dificílimo esbanjando segurança e viceralidade, certos momentos impreciona seus gestos, seu tom de voz firme, sua demostração de autoridade.

Tecnicamente, também temos uma grande produção, uma das maiores do cinema Europeu. A Fotografia utilizada mostra um Bunker claustrofóbico além de que seus tons fortes e escuros aumentam o trabalho de análise psicológica coletiva feita no filme, assim como a Fotografia da Berlim destruida, a mente das pessoas também o estavam, revelando o trauma de perder uma guerra e ter sua cidade como espelho disso.

A Queda acaba tendo seu único pecado a Montagem que foi feita de algumas cenas, ademas, é um ótimo filme, emocionante em vários aspectos, um dos melhores filmes da atual safra européia e que serve pra legitmar o lugar da Alemanha enquanto celeiro de bons filmes.

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Asas do Desejo

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“Observar os homens, escutar os pensamentos deles sempre com muita atenção. Colocar uma mão amigável sobre o ombro de alguém que, perdido, entregue a idéia sombrias e que, subitamente, encontra uma certa força brotar de dentro de si., uma esperança vinda de não se sabe ao certo onde. Os anjos estão entre nós desde o princípio dos tempos. As vezes um deles se apresenta entre nós, abandona a sua condição e se torna humano. Ele ousou o grande salto e passou do preto e branco dos anjos, ao colorido da verdadeira vida...”

Win Wenders

“Do alto do céu de Berlin dois anjos contemplam a cidade e os seres humanos que ali vivem: Damiel e Cassiel. São seres seguros de sua imunidade, quase invisíveis aos olhos humanos (as crianças conseguem vê-los), e que se misturam aos homens já que são em princípio, imunes aos sofrimentos e alegrias destes. Eles voam pela cidade e freqüentam as salas de leituras de uma vasta biblioteca, o circo, as casas e todos os logradouros existentes na cidade. Eles ouvem os pensamentos dos homens e percebem que eles se comunicam pouco entre si. São em sua maioria tristes e angustiados. Damiel se revolta ante a sua situação. Quer sentir para entender os humanos. Quando ele passa a se sentir atraído por uma trapezista, encontra a ajuda em um ator que acabou de chegar a Berlin para realizar um filme sobre o nazismo: Peter Falk. Em realidade, Falk foi um anjo. Ele o ajuda a dar o grande salto...”

O ritmo do filme é lento. Logo em seu início acompanhamos um velho escritor a declamar um poema. Não existe pressa em seu andar, nem em seu declamar (O poema fala da criança quando era criança – indica uma possibilidade do ser voltar a ter o olhar da criança). Tampouco existe pressa no dia a dia dos seres alados que a tudo assistem, já que eles possuem a eternidade. São anjos que assistem indiferentes a vida dos homens.

Os cenários mudam, os atores também, bem como suas roupagens. Permanecem no entanto as mesmas preocupações. Destruição e reconstrução, liberdade e encarceramento (o muro ainda existia naquela época). O filme em si não parece ter uma história ou linha narrativa definida. Tudo soa etéreo. Como etéreo são seus personagens. O que emociona e impressiona no filme de Wenders (sobretudo se compararmos com a fraca refilmagem americana) é que tudo nos é mostrado do ponto de vista do anjo. A cidade e as relações entre os seres humanos são sempre nos mostrado pelo olhar que eles tem do mundo. Quando Falk surge, fazendo o papel de si mesmo, nós mergulhamos na realidade novamente. Ou pelo menos como a vemos. Será Falk verdadeiro (volta e meia o público de Berlin o chama de Columbo) quando fala, ou está apenas interpretando. Quando Damiel sente ser Falk conhecedor de um segredo, não estará sendo ludibriado, como nós, pela aparência? Em suma, teria sido Falk mesmo uma anjo? Qual a razão de Wenders trazer um ser real, para uma história fictícia, se não fosse nos fazer refletir, como seu anjo refletiu.

Outro mergulho nas crenças metafísicas que nos são passadas através dos séculos: os anjos tem sexo? Já nasceram completos e perfeitos? A eternidade em que já vivem, seria um benefício? É justo alguém atingir a perfeição sem ter se esforçado para isso?

O ritmo que conduz o filme nos foi apresentado em seu início. A história de Damiel e Marion é bem construída. Os planos são de uma beleza ímpar, a câmera conseguiu captar os movimentos internos desse sentimento de uma maneira fantástica. É que em cada plano desprendia uma poesia que emociona, que foi o próprio sustentáculo do filme. O poema inicial (sobre a criança) retorna de uma forma sensual e vívida: Damiel descobre as cores, o gosto, o frio, o calor, a dor, a alegria, o prazer, o livre arbítrio que lhe permite de ser bom ou mau. Tudo aquilo que compõe a vida (inclusive o fato de se extinguir).

Um filme que exige demais de quem o assiste e que a cada reapresentação perante nós, nos traz de novos detalhes.

Uma das obras chaves dos anos oitenta.

O que se pode pedir mais?

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WALL·E

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A Pixar, vencedora de três Oscars de melhor animação (Procurando Nemo 2004, Os Incríveis 2005 e Ratatouille 2007), estreou na última sexta-feira a sua mais nova aventura. Trata-se do divertido e inteligente Wall-E, dirigido por Andrew Stanton.

Como não assisti nenhuma das animações anteriores, fica difícil dizer se o novo filme da Pixar é melhor ou não do que elas. Entretanto, pelo que vi hoje no cinema, posso dizer com todas as letras que é um excelente filme e uma ótima diversão. Um produto muito inteligente, dirigido tanto para o público infantil quanto para os adultos, já que aborda um tema interessante, que vai além de um desenhinho bonitinho e fofo. Por trás da superprodução há algo a ser passado.

A história passa-se em uma era distante, mais especificamente no ano de 2700. Lá, o mundo foi soterrado pelo lixo produzido pela humanidade. Sem alternativas para o caos, a única solução foi promover um cruzeiro intergalático de luxo em uma estação espacial. Enquanto os humanos passavam suas 'férias' no cruzeiro sendo otimamente cuidados por robôs-faz-tudo, uma tropa de outros robôs, chamados de Wall-E (Waste Allocation Load Lifters - Earth Class, Levantadores de Cargas Desnecessárias da Terra, em português), são encarregados de dar um trato no planeta. Todavia, os simpáticos robôzinhos não conseguem dar conta da tarefa, e aos poucos vão pifando. O único que sobra, cria paulatinamente sua própria personalidade e começa a viver sozinho pelo mundo tentando em vão dar um jeito nele. Só que, o rumo da história muda quando Wall-E conhece Eve, uma robô mais evoluida que é lançada no planeta de tempos em tempos a procura de indícios de que se possa voltar a ter vida na Terra. O resto eu não vou contar para não estragar o prazer de quem pretende ver. A única coisa que eu asseguro é que vale muito a pena sentar numa sala de cinema, mesmo sendo num Sábado à noite, para prestigiar a animação.

A parte ruim fica por conta de que somente em alguns (poucos) cinemas a cópia exibida é a legendada. Não que a dublagem seja ruim ou estrague o filme, até porque a animação tem cerca de apenas 15 minutos de diálogo, mas convenhamos que assistir o título original é bem mais legal.

www.moviefordummies.wordpress.com

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Crepúsculo

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Em algum momento da sua vida você com certeza já se sentiu fora do lugar, angustiado com alguma coisa que nem você sabia, tomado subtamente por uma melancolia inexplicável...e esse momento com certeza aconteceu durante sua adolescência.

Muitos vão negar e dizer que passaram ilesos por essa fase tão complicada, mas que amamos odiar e odiamos amar. Outros vão passar a vida inteira se arrependendo de algo que não fizeram ou deixaram de fazer quando eram bem mais jovens.

Para esses o que resta é uma nostalgia quase que doente que nos captura quando assistimos a filmes emblemáticos, juvenis e melancólicos que o cinema nos presenteia de tempos em tempos...

Não, Crepúsculo não é o filme da sua vida...embora tenha certeza que milhões de adolescentes estejam profetizando isso nesse momento...mas não é um lixo descartável também.

O filme tem melancolia juvenil, pureza um tanto quanto exagerada mas nada que se compare a um High School Musical da vida. Embora o tema seja de origem fantasiosa, nos identificamos com passagens; como a deliciosa cena em que Edward e Bella assumem seu affair no colégio; com personagens e seus olhares que muitas vezes dizem mais do que as linhas de diálogo.

Não seja tão exigente e não espere grandes interpretações nem estudos sobre existencialismo na juventude pois estamos falando de um filme que tem como principal função entreter, e bem, nesse aspecto ele se sai muito bem. Se quer algo com mais conteúdo, procure por Juno.

Quem já leu o livro diz que a adaptação é mediana, mas qual adaptação para o cinema teve 100% de aprovação?

E Deus!!! Quem diz que o casal Kristen/Robert não tem química deve ter como base algum casal de protagonistas de novela da Globo, pois o filme pode ter muitos defeitos, menos a falta de químicas entre o jovem casal.

Assista sem pretensão, não espere que vá mudar sua vida ou te deixar dias com dúvidas na cabeça. O filme é claro, conciso, pelo menos é o que se espera de uma adaptação literária e cumpre seu objetivo ao final, quando Bella, em pensamento afirma seu principal desejo, e diz que não descansará até que consiga realizá-lo, deixando uma grande janela para sua inevitável continuação e você com desejo de assistir mais um capítulo dessa pequena saga.

Se você não terminar o filme assim, talvez você pertença aquele grupo que não adimite ter sofrido e gostado de sofrer na adolescência.

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P.S. Eu Te Amo

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Com altos e baixos, P.S. I Love You é uma boa opção de romance!

A pedidos de amigas eu tomei o desafio de assistir a esse romance, que segundo elas caracteriza-se como “lindo”. Eu sei, talvez concordemos que mulheres se impressionam e sentimentalizam mais do que os homens esses tipos de filmes, mas não pude deixar de assisti-lo e dar a minha humilde opinião a respeito.

Confesso que a minha primeira impressão foi surpreendentemente positiva sobre como o roteiro é muito bem guiado logo no início do filme. Uma estória bastante original, adaptada do romance Cecelia Ahern, possui o seu diferencial em qualquer gênero ou subgênero cinematográfico. Contudo o filme apresenta vários pontos negativos que acabaram com a minha impressão precipitada.

O roteiro conta a estória de Holly, casada com Gerry, um irlandês bastante irreverente, que acaba falecendo devido a um tumor do cérebro e transformando a sua vida em uma incógnita. Acontece que Gerry deixa programada uma série de cartas sobre passos a serem dados pela sua esposa. Aqui mesmo é que surge a originalidade da estória, mais precisamente do romance, não tão bem captado e intensificado pelo roteiro.

Contudo, é bastante interessante como o roteiro, entre seus altos e baixos, consegue transmitir uma tristeza bastante intensa e ao mesmo tempo uma falsa alegria aos olhos de quem assiste, levando a princípios de lágrimas e risos. Muito bem trabalhado, especialmente na primeira metade do filme, essa característica foi bastante marcante para que possuísse um conteúdo bem distinto das comédias românticas que perambulam o cinema atual.

A direção, por sua vez, assinada pelo roteirista e diretor Richard LaGravenese, é conduzida de maneira bastante conservadora, de maneira que não comprometa em nada o trabalho final. Ou seja, nada vem a acrescentar em novidade, apesar de ser efetuada com bastante maestria para que como se um livro estivéssemos lendo, o que representa um ponto a favor da produção.

Hilary Swank, talvez uma das grandes estrelas femininas do cinema dos últimos anos, rechaça a opinião de críticos sobre o seu limitado potencial para papéis de beleza, uma vez que acreditam que a sua “falta” de beleza e seu porto físico um pouco masculino a comprometa para tais trabalhos. O que vemos nesta película é exatamente o contrário, ou seja, uma Hilary Swank bastante bonita e interpretando de maneira brilhante o papel de Holly, o que já é bastante praxe em sua carreira. Gerard Butler também incrementa o filme no papel de Gerry, demonstrando uma naturalidade bastante positiva no resultado final da estória. Ademais, Lisa Kudrow, a Phoebe de Friends, e Kathy Bates, umas das grandes atrizes do cinema contemporâneo, encabeçam esse elenco bastante qualificado.

Um ponto desfavorável, a meu ver, foi a escolha da trilha sonora. Músicas “batidas” tiram o tom artístico de um trabalho cinematográfico, essencialmente em romances. Uma procura por sons alternativos colocaria outro ponto não comercial e diferenciado a esta obra, o que infelizmente não ocorreu em grande maioria das músicas.

De uma maneira geral, P.S: Eu te amo é um trabalho muito interessante, mas a originalidade presumida não se confirma e ao final acaba escorregando nos mesmos defeitos dos demais romances inócuos atuais. Ainda assim, apesar de estar longe de ser uma grande obra, é bastante prazeroso assistir a esse filme que possui inúmeras qualidades, entre elas a maneira carismática de nos emocionar com a estória, talvez não só pela própria estória, mas pela reflexão que nos apresenta sobre a vida, o amor e demais dificuldades pelas quais passamos ou passaremos algum dia.

Com um conteúdo interessante, talvez P.S. Eu Te Amo ainda seja apenas um filme “lindo”!

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