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Críticas

Troca, A

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Clint Eastwood é um grande diretor, e basta dar uma olhada em sua filmografia para comprovar este fato. O veterano já realizou grandes obras como "Os Imperdoáveis" e os recentes "Sobre Meninos e Lobos" e "Cartas de Iwo Jima". Porém, foi lançado nos cinemas brasileiros aquele que parece ser o seu filme mais fraco: "A Troca".

Desde o início da projeção, somos avisados que o filme é baseado em uma história real. Em 1928, na cidade de Los Angeles, Christine Collins (Angelina Jolie) sai para trabalhar e, quando volta para casa, desobre que seu filho Walter havia desaparecido. Ela nbusca auxílio da polícia que, após 5 meses de buscas, traz um garoto. Masa eis a surpresa: o garoto não é o filho de Christine. Ela parte, então, em uma luta, por vezes contra a própria polícia, para encontrar Walter. Nesta busca, ela recebe o auxílio do pastor Briegelb (John Malkovich), que há anos vinha tentando denunciar a violência e corrupção da polícia de LA.

Com este material, um grande filme poderia ter sido realizado. Mas "A Troca" esbarra em dois problemas fundamentais. O primeiro é o roteiro. No meio, o filme muda completamente de foco. Da luta de uma mulher contra o sistema para encontrar seu filho, passamos à procura de um serial killer que vinha atacando crianças e a alguns julgamentos. O filme acaba se perdendo no lugar comum. Personagens surgem e desaparecem do nada, e não justificam sua inclusão na trama.

O segundo grande problema é a escolha de Angelina Jolie para viver Christine. A atriz, em nenhum momento da projeção, consegue captar ou emocionar o espectador. Sua atuação é simplesmente fria, e não convence. Ela chora bastante, mas chorar não é garantia de um bom desempenho. Jolie simplesmente não transmite a carga emocional que aquela mãe deveria estar sentindo. Outros atores se saem melhor, como Amy Ryan (que faz uma breve participação como Carol Dexter que, como Christine, é colocada injustamente pela polícia num hospício). Porém, o filme é mesmo de Angelina, e seu desempenho fraco prejudica toda a película.

Em aspectos técnicos, "A Troca" é bastante completo, e Eastwood mostra que ainda sabe caprichar nestes aspectos.A direção de arte é muito boa, assim como os figurinos. Fica uma ressalva para a trilha sonora composta pelo próprio Clint. Apesar de bonita e bastante melancólica, de tão usada ela acaba "cansando" o espectador. A fotografia do filme é bem interessante, e dá o tom sombrio e dramático à obra.

Apesar de uma boa direção e tecnicamente quase impecável, "A Troca" escorrega em aspectos essenciais que poderiam torná-lo um grande filme. É uma pena. Um filme absolutamente morno. Que venha o próximo de Clint Eastwood; vamos torçer para que este grande diretor volte a "velha forma".

Críticas

Curioso Caso de Benjamin Button, O

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"My name is Benjamin, Benjamin Button. And I was born under unusual circumstances"

Demasiadamente extenso, O Curioso Caso de Benjamin Button é uma mistura de clichês e maneirismos com um plano de fundo acima da média, simplesmente brilhante.

Pra quem aprecia os trabalhos do diretor americano David Fincher, vai ter uma surpresa com "The Curious Case of Benjamin Button", que pode ser agradável para alguns, desagradável para outros. E não é à toa. Fincher, que já foi responsável por obras magníficas como Clube da Luta, Seven e os ótimos e mais recentes O Quarto do Pânico e Zodíaco com certeza vai estranhar a mudança repentina de um trabalho para este último. Com um tema bem mais leve e suave que os seus outros projetos sangrentos e tensos, o filme recebeu cinco indicações ao Globo de Ouro e é um dos fortes concorrentes ao Oscar 2009, principalmente nas categorias técnicas. E é justamente nesse ponto que O Curioso Caso de Benjamin Button acerta em cheio. Apesar do brilho que a equipe técnica transmite com a sua competência extraordinária, o filme possui defeitos dignos de um trabalho completamente estereotipado.

A história é fascinante. Benjamin Button é um homem que nasceu, como ele próprio disse, sobre circunstâncias incomuns. Essas tais circunstâncias se referem ao fato dele ter nascido velho, com catarata, artrose e várias características típicas de quem está à beira da morte. Apesar de os médicos já terem alertado que ele morreria logo, Benjamin não passa a envelhecer mais ainda, mas o contrário, a cada dia parece mais jovem. Ele vive com Queenie, uma mulher de um asilo que o acolheu quando ele foi largado recém nascido em sua porta. Lá, ele viveu sua "infância", sem poder sair para brincar com outras crianças e sem poder andar, mas falando normalmente. Com o passar dos anos, ele conhece Daisy, uma menina inteligente e logo passam a ser amigos. Apesar de terem praticamente a mesma idade, ele certamente aparenta ter uma idade suficiente para alcançar a avó da menina. Os anos vão correndo, o tempo vai passando, as pessoas vão envelhecendo, menos Benjamin, que ganha mais vitalidade, apetite sexual, cabelo e músculos torneados. Quando reencontra Daisy e suas idades são compatíveis, eles iniciam um romance, eterno enquanto dure.

A temática de O Curioso Caso de Benjamin Button é um dos pontos altos de toda a narrativa. O modo como o tempo é explorado, o fato de duas pessoas não poderem se amar porque suas idades não serão iguais para sempre, tudo é belissimamente retratado pelo trabalhoso roteiro de Eric Roth, que também escreveu o clássico dos anos 90, Forrest Gump - O Contador de Histórias, do diretor Robert Zemeckis e os ótimos O Informante e um dos melhores filmes de Steven Spielberg, Munique. Roth, infelizmente, caiu em desgraça ao misturar tantos plágios e clichês baratos em um roteiro de 160 minutos de duração (tempo excessivamente longo, especialmente para tantos clichês como neste caso). O fato é, existem muitas semelhanças entre este e Forrest Gump, inclusive a relação entre o personagem principal e outros que viveram ao seu redor, assim como também, entre o personagem e situações históricas, como a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Roth, que foi extremamente competente em seu primeiro trabalho, foi infeliz neste, já que tantas passagens e reflexões, em sua maioria sobre o fator determinante da história, o tempo, foram arbitrárias em relação à história em si, sem acrescentar nada ao contexto original, somente aprimorando diálogos e apelando, em algumas ocasiões, para o sentimentalismo.

Neste ponto, David Fincher também errou. Em meio a essa mudança drástica de "temperaturas", vamos dizer assim, o diretor se perdeu e comete erros dignos de um principiante. A duração já é um exemplo disso, uma vez que grande parte da duração de cada cena é devido à diálogos facilmente descartáveis, que acabam por arrastar certas partes até o momento seguinte. Vários minutos poderiam ter sido cortados da montagem final, não fosse Fincher e suas manias meneirísticas, sustentadas por argumentos fracos e uma história dificílima de ser adaptada para o cinema. O conto de F. Scott Fitzgerald, rico em detalhes, foi vítima dessa adaptação fiel, fiel até demais, diga-se de passagem. Cada detalhe, detalhes às vezes sem a menor utilização e de fácil exclusão, que entraram para o filme já finalmente montado.

E Fincher erra ainda mais além do abusar da sensibilidade do roteiro. Ele apela para clichês risíveis, como o fato da história d eBenjamin ser narrada a partir de um diário e haver uma pessoa em seu leito de morte envolvida na narração, além do off de Brad Pitt, completamente perdido em certas ocasiões em que o silêncio é a melhor saída. Cenas redundantes, além de envolverem o furacão Katrina na história, não se deram por satisfeitos e usaram e abusaram da história de amor impossível. Ou seja, é tudo uma sucessão de clichês, apesar da história fantástica, original da cabeça de Fitzgerald.

Apesar de todos os problemas no roteiro e na desorientada direção de Fincher, em algo pelo menos o diretor acerta. A arte é uma das mais belas e completas dos últimos anos, com cada setor competente ao extremo e ofuscando as interpretações. Desde a direção de arte perfeita do trio Kelly Curley, Randy Moore e Tom Reta , sob o comando do desenhista de produção, Donald Graham Burt até a fotografia diferenciada de Claudio Miranda, a maquiagem de cinco horas de Brad Pitt e Cate Blanchett é o que mais chama a atenção visualmente. Um trabalho realmente impecável também do Departamente de Efeitos Visuais, que conseguiram (não sei como), diminuir o tamanho de Pitt daquele jeito, uma verdadeira proeza cinematográfica. Alexandre Desplat, um dos mais respeitados compositores de trilhas para o cinema da atualidade é o responsável pelas belas faixas musicais de O Curioso Caso de Benjamin Button. O filme é uma verdadeira exposição e desfile de cenários e personagens interessantíssimos ambientados em uma das mais charmosas cidades norte-americanas, Nova Orleans. Antes, o palco para os acontecimentos desta "curiosa" história seria Baltimore, mas a pedido dos produtores, o diretor Fincher e o roteirista Roth decidiram se mudar para o local onde o furacão Katrina devastou uma cidade inteira. Infelizmente, essa mudança de cenário causou em um clichê assustadoramente ridículo.

É interessante notar na narrativa de Benjamin Button o modo como o tempo é visto, e de quantas formas diferentes alguém pode avaliar o que o tempo causa nas pessoas. Embora algumas cenas tenham sido infelizmente mal sucedidas ao embromar tantas falas e reflexões sobre esse tema tão cansativo, outras passagens são muito aproveitáveis. Uma das poucas cenas em que a narração de Button se mostrava necessária, o tempo tem o seu melhor ponto de vista avaliado. Por culpa (ou não) de pessoas comuns, pessoas que não estão ligadas diretamente aos protagonistas e coadjuvantes do filme, alguns fatos aconteceriam ou poderiam deixar de acontecer. Na cena em que Daisy é atropelada, por exemplo, a narração mostra diversas situações em que, se caso alguma coisa não tivesse acontecido, ou seja, se uma mulher não tivesse esquecido seu casaco dentro de casa, o resultado de suas ações, que dariam continuidade às pessoas que estariam ligadas ao atropelamento de Daisy, talvez tivesse evitado que o taxi a tivesse atingido em cheio. São simples ações do nosso dia a dia, que podem fazer toda a diferença em qualquer momento que seja. Essa reflexão é talvez, a mais bem construída do roteiro e merece uma atenção especial à discussão a cerca se existe realmente o destino ou se tudo é predeterminado, de uma forma ou de outra.

Em o que se diz respeito às atuações, todos convencem, mas ninguém brilha. Não há sinal de uma interpretação memorável, mas todos estão dignamente à altura de seus nomes. Portanto, não se deixe enganar que Brad Pitt tem o melhor papel de sua vida. Em Clube da Luta, pode estar muito melhor do que neste, depende do seu ponto de vista. O fato é que Pitt é realmente um ator de coragem, que está determinado a fazer com que seja mais conhecido por seu talento, não por sua aparência física. Por enquanto, ele precisará se esforçar muito mais para conseguir tal feito. Quanto à intérprete de Daisy, não são necessários quaisquer comentários. Todos já conhecem o talento imenso que Cate Blanchett usufrui, e sua beleza é somente um ponto a mais para a atriz. Taraji P. Henson está bem, igualmente, mas não se destaca e devo dizer que uma indicação ao Oscar seria demasiadamente injusta a essa altura do campeonato. Mas o filme também possui participações de um elenco bastante conhecido, como a nova Sabrina, Julia Ormond em um papel pequeno, mas muito importante.

Excessivamente longo, com belas imagens e orquestrado por uma trilha suave e genial, O Curioso Caso de Benjamin Button é um filme completamente diferente daqueles que David Fincher está acostumado a dirigir e este talvez, tenha sido o principal problema. A você, que é fã de Fincher, não vá ao cinema achando que vai encontrar mais um filme sobre pancadaria, sangue, lutas e muito menos cenas de tensão extrema. Este é um filme suave, com perspectivas muito mais artísticas do que qualquer outra coisa. E não se engane, não é porque o diretor mudou de temática que ele se sai melhor neste do que em qualquer outro filme, muito pelo contrário. Este é sim, bem inferior aos seus anteriores. Mas que tem o seu charme, um charme técnico, e que deve ser respeitado.

- How old are you?

- Seven, but I look like older.

- Are you sick?

- They sad I was gonna dye soon but, maybe not.

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Onde os Fracos Não Têm Vez

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Todos os finais de semana as salas de cinema das grandes cidades lotam. Porém, na maioria das vezes, os espectadores acabam escolhendo filmes sem nenhuma mensagem intelectual; a preferência são os filmes de grandes efeitos especiais, cenas de ação ou romances tão adocicados e melosos que fariam qualquer diabético se remoer na cadeira do cinema.

Os irmãos Ethan e Joel Cohen, diretores, editores, produtores e roteiristas do filme “Onde os Fracos Não Têm Vez”, fizeram desse filme uma mistura de conteúdo e itens que atraem a grande massa, mas, mesmo assim, ao término do filme, muitos saem decepcionados da sala de cinema. O público deseja um filme que lhe dê mastigadas todas as explicações necessárias para o real entendimento da trama, um filme que não exija dele muito raciocínio, como dizem os críticos de cinema: “Um filme bem mastigado, para que o público não se engasgue com a pipoca.”

A trama mostrada em “Onde os Fracos Não Têm Vez” conta a história de Llewelyn Moss (Josh Brolin), um ex-combatente da Guerra do Vietnã, que, enquanto caça, encontra uma grande quantia em dinheiro cercada por vários cadáveres, cena possivelmente oriunda de uma (mal-sucedida)negociação de criminosos. Ficar com aquela mala não foi uma boa escolha, pois para recuperá-la foi contratado Anton Chigurh (Javier Bardem), a figura mais tenebrosa do filme. Toda essa situação é acompanhada por de Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones), xerife local e homem que não compreende como a violência chegou a esse nível absurdo.

O conceito de violência não é o mesmo em todas as sociedades, aquele possui um determinado significado em um lugar e outro, às vezes completamente diferente, em outra localidade, muda de acordo com a época, de acordo com a cultura, de acordo com a geração. E é acerca dessa mudança (a de gerações) que o filme trata. O velho xerife Tom Bell não compreende mais o significado dado à violência, os crimes bárbaros e banais agora acontecem ordinariamente, os criminosos, na maioria das vezes, não expressam nenhum tipo de hesitação, no momento de cometê-los, ou arrependimento, após cometê-los. Anton Chigurh, a figura mais sinistra de todo o filme, pois mata sem piedade alguma e possui um visual deveras incomum, o que muitos dizem ser um simbolismo utilizado pelos irmãos Cohen para demonstrar o quanto aquele homem não era normal, gera em Bell um sentimento de incompreensão, um conflito de princípios morais tão grandes que nos faz perceber que aquele velho xerife, que lembra bucolicamente dos tempos onde os xerifes andavam desarmados pela cidade, representa aquela parcela da sociedade que não entende como a sociedade chegou a esse ponto, como chegou a esse estágio. A mudança no conceito de violência é normal, o que não é normal, porém, é o constante aumento dessa violência de uma maneira tão rápida e abrupta em um mesmo todo social e a maneira contemplativa com que a nova geração aceita essa violência. Os irmãos Cohen, ao levar um filme como “Onde os Fracos Não Têm Vez” ao cinema, demonstram fazer parte do grupo que não aceita o estado no qual se encontra a violência, e que buscam conscientizar aqueles que não conseguem compreender isso.

O final do filme, momento mais criticado de forma negativa pelo público, nos mostra um homem, aposentado, que não compreende mais a maneira de sua sociedade funcionar, que gostaria de não participar dessa caótica evolução pela qual a sociedade passa. Um homem possuidor de um sentimento típico de todo conservador, sentimento que o faz achar que tudo advindo dos tempos atuais é pior, se comparado ao advindo do seu tempo.

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Diário dos Mortos

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Vai fazer quase 10 anos que o fenômeno de bilheteria de baixíssimo orçamento “A BRUXA DE BLAIR” estreou nos cinemas de todo o mundo, e só agora anos e anos mais tarde é que a idéia de se fazer um filme cru, filmado com uma câmera amadora nas mãos, começa a virar moda e ser bastante copiada nos sets de filmagens das produtoras. De 2007 pra cá, foram: “REC”, “CLOVERFIELD - MONSTRO”, “QUARENTENA”. Todos tendo sucesso também. E nem mesmo um dos mais populares mestres do terror, George A. Romero conseguiu resistir. Seu trabalho, “DIÁRIO DOS MORTOS”, foi o que teve menos repercussão, mesmo não sendo um filme ruim.

A história se baseia em um grupo de estudantes de cinema, que junto com o seu professor, estão rodando um filme de terror na floresta, quando são surpreendidos pelo noticiário da tv que diz que os mortos estão ganhando vida e acabando com todos os humanos da terra. É aí que eles decidem parar a filmagem e irem pra casa, para saber de mais informações e descobrir um jeito de como escapar de todo esse alarme. E à medida que viajam, isso com a câmera sempre ligada, vão se defrontando com uma horda de zumbis famintos e presenciando o mundo todo a beira da loucura por causa do caos.

Homero não decepciona, e faz um filme com muito sangue, mortes e mutilações: cabeças estouradas, divididas ao meio ou separadas do resto do corpo, tripas caindo da barriga aos montes, foices e machados atravessando gargantas e tudo que é de mais do tipo. Um prato cheio para fãs do gênero. E prato mais cheio ainda para quem é fã do mestre. Entretanto, faltou a tensão por parte do diretor. Os personagens, todos interpretados por profissionais canadenses desconhecidos, deveriam mostrar mais medo e aflição a cada situação apavorante vivida. Mostrar que os mortos-vivos apesar de não ser tão sãos como os humanos e andarem tão lentamente feitos velhinhos gagás, não deixam de ser um inimigo perigoso e assustador, que está cada vez mais destruindo a vida de todo o mundo. Porém, alguns deles se preocupam mais é em filmar; filmar e só filmar (acreditam que um acaba morrendo por causa de não querer se isolar em um lugar seguro, só para não perder a oportunidade de filmar mais acontecimentos – aff). Outra coisa é o jeito de como eles reagem quando dão de pareia com algum zumbi. Eles mal gritam, mal choram, mal tremem. Só atira neles e pronto. Homero deveria ter investido nos mortos-vivos correndo atrás dos estudantes, como no hospital por exemplo, e estes correndo de tão desesperados que estão, que mesmo com armas em suas mão poderiam ter errado algum tiro, as balas terem acabado, a câmera ter caído no chão e blá, blá, blá, blá...

E não vou deixar de citar aquela chata deslizadinha que persegue qualquer diretor, seja qual for. Homero roda uma cena desproposita e de total clichê: a loirinha bonitinha ao estar em apuros ao ver que um zumbi está atrás dela, em vez de correr e se esconder junto com o resto de seus amigos numa casa totalmente segura e que está logo a sua frente, decide escapar pela floresta escura e sombria, onde a qualquer momento um morto-vivo pode aparecer; e ela corre, cai, rasga o vestidinho e por aí vai! Sinceramente viu! Nam, nam!

Com um ritmo meio lento e alguns contextos negativos, Homero ainda sim consegue fazer um filme de terror interessante e bom. Mostrando o porquê de ser considerado um dos grandes mestres do horror.

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Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

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"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" é mais um filme da famosa dupla Tim Burton e Johnny Depp. Portanto, já é de se esperar algo com o clima dark, gótico, sombrio e estranho da parte de Burton e uma atuação soberba de Depp.

Porém, além disto, contamos com um elemento novo: "Swenney Todd.." é um musical. Sim, daqueles filmes em que o sujeito canta até para ir ao banheiro. Estranhei, mas, como fã de Tim Burton e de Depp, vi-me obrigado a assistí-lo.

A sinopse é bem simples: Benjamin Barker (Depp) é um barbeiro que fora preso injustamente por Turpin (Alan Rickman), um juíz cruel. Barker foi mandado à prisão e retornou depois de 15, com sede de vingança, alterando seu nome para Sweeney Todd. Ele conta com a ajuda da Sra. Lovett (Helena Bonham Carter), uma locatária que faz tortas.

Sweeney Todd nunca teve sua existência comprovada, mas muitas pessoas acreditavam que sim, até o escritor Peter Haining, que escreveu livros sobre, e dizia que Todd cometia seus crimes com a navalha por volta de 1800. Sendo isso verdade, ele então fora um dos primeiros, senão o primeiro, serial killer que já pisou sob a fae terrestre, antes mesmo do famoso e terrivel Jack, O Estripador. A história deste barbeiro psicopata já teve adaptações para cinema, televisão e teatro. Burton, um fã do musical, adaptou-o para o cinema, com 120 minutos de duração.

No filme, Benjamin Barker, atual Sweeney Todd, reencontra-se com a Sra. Lovett, uma cozinheira falida com suas tortas podres de Londres. Todd só tem sua raiva e desejo de vingança quando Lovett lhe conta sobre Johanna, a sua filha agora adolescente, que agora vive com o Juíz Turpin, e sobre o trágico destino de Lucy, sua esposa.

Com um novo salão, o barbeiro inicia um treino com seus fregueses: ele secciona suas gargantas e joga o cadáver para a Sra. Lovett, que então lhes dá um destino desagradável, usando os corpos para rechear suas tortas que, aliás, tornam-se um sucesso na cidade. Lovett e Todd então formam esta "parceria": Todd mata e Lovett cozinha.

No início, quando começamos a assistir, meio que desanimamos ao ver toda aquela cantoria. Mas depois nos acostumamos, e assistimos o filme naturalmente. Pelo menos comigo foi assim. As músicas também nem são de todo o mal, com excessão daquela insuportáve "eu sinto sua dor, Johanna", ou qualquer coisa similar. É melosa e lenta.

E "Sweeney Todd..." saiu bom como eu esperava. Com Burton e Depp quase nunca me decepciono. É interessante ver a capacidade de Depp em encarnar tão bem seus personagens, sempre cumprindo brilhantemente com sua proposta. Primeiro, com "Edward Mãos de Tesoura" (o primeiro filme da dupla), ele interpretou muito bem aquele sujeito incompleto, desorientado e tímido. Não é a toa que Edward ficou tão famoso e é praticamente impossível encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar. Jack Sparrow foi outro personagem que Depp encarnou tão bem, e quase todo mundo já ouviu falar em Sparrow e em Piratas do Caribe. E agora, com Sweeney Todd, Depp encarnou de corpo e alma um barbeiro DEMONÍACO mesmo, que mata sem dó e de forma tão natural que chega até a ser cômico. A sua aparência já é estranha: um homem de semblante sério, pálido, cabelos negros e desgrenhados com um tufo grisalho. Seu olhar é malígno, e suas atitudes mais ainda, matando dezenas de infelizes com sua navalha.

Quando o filme termina, uma dúvida paira sobre nossas cabeças: será que se o filme NÃO fosse um musical ficaria melhor? Eu pensei nesta questão e ainda não cheguei à resposta. A música foi um elemento interessante e acabamos por nos acostumar com toda aquela cantoria. Mas, e se não houvesse isso? Se fosse uma película normal, apenas sendo contada a história, sem musical, será que sairia algo melhor? Já pensei que sim, e já pensei que não. E como Tim Burton produziu um filme ótimo, é melhor deixar como está.

Unindo a sombriedade, a Londres suja e pobre, o clima de Burton, as belas atuações, a violência, sangue, e mais uma colherada de humor negro, temos então um dos melhores filmes da dupla. Um dos melhores de 2007. O filme rendeu nos EUA US$ 52,898,073 e no restante do mundo US$ 99,625,000, totalizando US$ 152,523,073.

"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" é recomendadíssimo. Mais um filme para a coleção da dupla Burton/Depp. Um grande diretor com um grande ator só podia resultar em uma obra incrível.

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Dia Depois de Amanhã, O

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Ótimos efeitos embalam 'O Dia Depois de Amanhã' que usa de uma situação surreal para mostrar as consequências do ato humando impensado.

Apesar dos últimos trabalhos de Roland Emmerich terem pisado na bola em dar preferência aos efeitos do que a coesão do roteiro, o diretor alemão virou sinônimo de "cineasta dos filmes catástrofe". Sendo seu primeiro trabalho, 'Independence Day', com Will Smith e Bill Pullman, que prima mais pela técnica, uma vez que seu roteiro é desorganizado ao extremo, até o seu mais último fracasso '10.000 A.C.', onde nem mais os efeitos impressionam e são ocultados pela hilariedade e redundância da narrativa, Emmerich deve ter acertado em pelo menos uma produção. Talvez seja o caso de 'O Dia Depois de Amanhã', que conta uma história um tanto exagerada das consequências climáticas que a ação do homem descontrolada provocou em todo o mundo.

Jack Hall (Dennis Quaid) é um climatologista de Washington D.C. e trabalha para o governo americano, ele é casado com Lucy (Sela Ward), uma médica especializada em tratar de crianças com câncer. Os dois tem um filho extremamente inteligente chamado Sam (Jake Gyllenhaal), que após entrar para um grupo de pesquisa, viaja a Nova York com seu amigo Brain Parks (Arjay Smith) e a garota que ama, Laura Chapman ( Emmy Rossum) para participarem de um concurso de perguntas e respostas entre escolas americanas. Enquanto os três seguem seu cotidiano de competição na maior cidade dos Estados Unidos, Jack está na capital trabalhando, quando descobre que as balsas que medem as temperaturas da corrente marítima do Atlântico Norte estão medindo temperaturas muito abaixo do normal. Quando ele se aprofunda mais, descobre que o aquecimento global está fazendo derreter as calotas polares do Ártico e a água doce que cai na água está fazendo com que ocorra a dessalinização dessa corrente, que é importante para o equilíbrio climático dos Estados Unidos e da Europa. Quando ele uni a queda brusca das temperaturas das balsas com os vários casos de anomalias climáticas em todo o mundo, que incluem tempestades de neve muito acima do normal, chuva de graniso com pedras de gelo do tamanho de bolas de basquete, a quebra de uma platamorfa de gelo imensa no Ártico e uma série de tornados que devastaram a cidade de Los Angeles, ele percebe que a humanidade está a beira de uma mudança climática, que ele previra para mais de 100 anos depois da data da pesquisa. Se dando conta que errara nos cálculos, ele vê que pode ser necessário evacuar todos os estados do norte dos Estados Unidos antes que fosse tarde demais, mas quando esse momento passa, todos que ainda continuavam no norte não teriam mais para onde correr. Mas tudo fica ainda mais difícil quando Jack resolve ir atrás de seu filho Sam, em Nova York, que foi vítima de chuvas de mais de três dias seguidos e uma onda gigante que deixou a cidade em baixo d'água.

A base do roteiro de 'The Day After Tomorrow' já tem erros que jamais poderiam ter alacancado o restante do filme, se fosse preciso e necessário a coerência da ficção com a realidade. A dessalinização da correste do Atlântico Norte jamais poderia dar em uma nova Era Glacial, coisa que já teria acontecido devido ao grande número de gelo que caiu no mar nos últimos anos. A última Idade do Gelo, que aconteceu há mais de dez mil anos não acabou com a humanidade e certamente essa também não acabaria. A partir do momento que tal coerência foi descartada, passamos a avaliar a história como se tudo isso fosse possível. Em um tema assustadoramente trágico, o roteiro assinado tanto por Emmerich quanto por Jeffrey Nachmanoff possui subtramas de um superficialismo impressionante, como a dos lobos (facilmente descartadas) e cenas ridicularmente previsíveis, que tem a arte competente fora capaz de disfarçar a insuficiência da narrativa, como a cena em que o faxineiro caminha até uma porta e descobre que metade de um edifício fora engulido por um furacão em pleno centro de Los Angeles (se isso fosse possível, o prédio teria caído, mesmo com metade ainda de pé) e as paqueras do personagem Jason (Dash Mihok), em cima da funcionária da NASA, Janet Tokada (Tamlyn Tomita). Mais uma vez, o roteiro dos "filmes catástrofes" de Roland Emmerich estragam um filme que poderia ser visto, pelo menos pelos seus ótimos efeitos visuais, forte do diretor alemão, que não faz seu trabalho como deveria em nenhum filme, nem mesmo neste.

Mas se tem algo de bom neste 'O Dia Depois de Amanhã' são justamente os seus magníficos efeitos visuais. Desde a cena assustadora dos furacões de LA até a onda gigante sobre a cidade de NY, tudo é incrivelmente (e digitalmente) bem feito, e são todos os efeitos acompanhados por um trabalho sonoro caprichado, que parece ter pouco destaque devido a uma trilha sonora típica de cenas com situações catastróficas. Neste ponto, Harald Kloser

foi muito feliz ao compor tantas músicas instrumentais com nitidez e fidelidade. A cena final, em que aparece Nova York coberta por camadas e mais camadas de gelo grosso e a Estátua da Liberdade parcialmente coberta é um dos pontos fortes do filme.

Emmerich é considerado também um diretor péssimo para orientar o seu elenco. Todos neste filme estão em atuações se não medíocres, sustentadas pelo talento que nasceu com eles. Jake Gyllenhaal (espetacular em 'O Segredo de Brokeback Mountain') tem talento de sobra e soube o que fazer com a falta de preparo do diretor.

'O Dia Depois de Amanhã' por incrível que possa parecer não saiu da minha mente desde o dia em que fui vê-lo no cinema. Apesar de seu diretor incompetente e um elenco sem orientação, o filme funciona pelas suas belas imagens. Mas um conselho, não se deixe levar pela falta de coerência do roteiro, isso já é de praxe em filmes de Emmerich e só vai atrapalhar o seu divertimento. Veja o filme como um filme de ficção e não como um retrato do que poderá acontecer com a humanidade caso o homem não parar para pensar em seus erros agora, que foi essa a intenção do diretores e dos produtores, sem pé e muito menos sem cabeça.

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Na Mira do Chefe

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Um filme extremamente perfeito,e que faltava a anos.

IN BRUGES(NA MIRA DO CHEFE,no brasil,traduzido ridiculamente),é um filme com uma premissa deveras simples,mas que em seu entorno tem mais nuances do que o parecido.Tudo começa quando os matadores de aluguel,Ray e Ken são mandados para um pequena cidade na Bélgica,chamada Bruges.Isso tudo depois que um deles fez um trabalho que acabou dando errado.

Pronto.Essa é a história.E o que tem de mais nisso?Matadores de aluguel,assassinatos....Pois é,tem muito mais que isso no filme.Começando por um dos roteiros mais originais desde BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS.Cda diálogo é trabalhado com extremo cuidado,e,em quase todos,a uma discussão mais profunda do que parece.Diálogos super inteligentes e extremamente rápidos,marcam o roteiro.Escrito por Martin McDonagh,Ray e Ken,foram baseados nele mesmo.Por exemplo,Ray odeia Bruges e a acha tediosa e parada.Já Ken adora a cidade e a acha maravilhosa,cada ponto turístico ,ele sente na obrigação de visitar.Pois foi isso que McDonagh sentil ao visitar a cidadezinha pacata.Como ele disse uma parte dele se encantou totalmente com ela,ja a outra ficou cansada e por fim com tedio de tanta morbidez que lá está.

Cada personagem é perfeitamente trabalhado sem nenhuma pressa ou rapidez desnessessária,a direção ganha pontos com isso.Equanto Ray está marcado pela sombra de um assassinato mal sussedido,no vamos descobrindo,aos poucos,que mesmo sendo um assassino ele sente e muito pela citada morte,e que está confuso e com remorso,mas que também é um garoto ainda promissor e com chance de mudar o futuro que o espera,com seu colega Ken deseja.Ken ,é um espetáculo a parte.Gentil,carinhoso,simpático,e muito mais,ele atrai a plateia com todo carisma e afeição que tem por todos.E só um ótimo ator seria capaz de pegar um personagem difícil e carismático ao mesmo tempo,e ninguém mais ninguém menos que Brendan Gleeson para isso.Além de nos fazer rir,também nos faz chorar.Uma perfeita atuação merecedora de sua indicação ao globo de ouro.

Reservei um parágrafo todo só para falar da atuação de Colin Farrel.O destaque do filme,e surpresa também,é realmente ele.Crarismático e incomodado com a sua estadia em Bruges,ee atrai a platéia por meio de seu ódio pela cidade e por ter feito algo inrreparável.E ele se machuca e se reprime por esse erro,e acha que sua vida não tem mais sentido se vivida desse jeito.Então tenta algo que é uma das mais maravilhosas metáforas do longa:sucídio.Em um determinado momento um das falas cita:"ele morreu?não.Então você não percebe que todos somos suicidas..."Simplesmente maravilhoso.E Colin foi o primeiro a ficar no pé do roteirista/diretor para conseguir um papel.E foi por causa do magnífico roteiro que se interessou.Segundo ele ,"nunca tinha lido nada tão original",na vida dele.O emlhor roteiro que ele já leu.

A narrativa não erra em momemento algum,e nunca deixa o filme desinteressante ou chato.O diretor tem comando absoluto do que esta fazendo e deixa a platéia bem confortavel so decorre do longa.

A fotografia.HUMA!Que primor e sofisticação.Maravilhosa.A locação Bruge é um dos mais lindos lugares que já vi no cinema.E o fotógrafo deixa isso bem claro para o expectado ,ainda que escurecendo a cidade para dar o tom nessessario a trama.

E a trilha sonora.Divina,desde a primeira cena,começando com o prólogo,ate a ultima,e uma das melhores nos ultimos anos(ou a década),utilizando ate de Schubert,ela também faz parte da trama incluindo momentos decisivos em que ela ajuda como um braço direito.

Com uma poesia incrivel e questionamentos maravilhosos,o filme é tudo que o espectádor mais ávido e inteligente nessessita.Mas também é um ótimo passatempo para pessoas que não levam o cinema a serio.

Todo o elenco está perfeito.Sem nenhuma exessão.Todo ele.E mesmo sendo indicado ao globo de ouro de melhor filme/comédia ou musical,ele na verdade é um drama serio e profundo com pitadas de humor negro(de dar inveja aos coen)que o transforma em uma magnífica historia e a melhor do ano.Sem dúvidas o melhor do ano!Esse eu recomendo.

O MELHOR DO ANO!

Críticas

Hotel Ruanda

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“Tocar o maior número de pessoas, suscitar um máximo de publicidade sem cansar os mais jovens e os mais sensíveis, a partir da constatação da ignorância que eles possuem em relação a tragédia, assim como a maioria da população do mundo.” Terry George

O escritor cubano Cabrera Infante era um apaixonado pela sétima arte. Em umas das milhares de entrevistas sobre cinema ele diz reconhecer as qualidades técnicas de obras dirigidas por Sergei M. Eisenstein e Leni Riefenstahl mas não as colocaria entre os maiores por se tratar de indivíduos que deliberadamente trabalharam sob a égide de regimes totalitários. Quanto a Leni tal verdade cala fundo. Já Eisenstein é sabido que procurou romper as amarras que o prendiam a Stalin, mas não houve jeito. Falo do dito por Cabrera pois um dilema semelhante me assaltou quando do término da projeção de “Hotel Ruanda”. Não que seu diretor esteja subjugado a um regime ditatorial ou fez um filme parcial. A questão de consciência nesse caso recai sobre a minha pessoa e por extensão a todos que condenaram o que ocorreu em Ruanda naquela época. O que quero dizer é que finda a projeção fica difícil não se simpatizar com um filme que possui em seu bojo todo um discurso que deve ser incentivado. Teríamos de dar a esse filme a mesma atenção que damos a um documentário, mas sabemos que não se trata disso. Os problemas:

1 - Não me soa crível, ver nomes como os dos atores Nick Nolte, Jean Reno e Joaquin Phoenix terem uma projeção maior nos créditos do que os de outros que estiveram muito mais presente na tela que esses astros (diga-se que os três cumpriram com perfeição o que lhe foi exigido e que Nick Nolte conseguiu conceber um personagem secundário digno de atenção). Estamos novamente fazendo uma cisão( agora entre famosos e não famosos? ).

2 – Ao procurar agradar a todos, o filme segue o padrão de discurso de obras semelhantes, não procura romper as amarras(ainda que tal se justifique, como veremos a seguir).

Dito isso, convém falar do filme como um todo.

Ruanda era um pequeno país onde sua população se dedicava ao cultivo do milho. No final do ´seculo XIX os europeus(alemães e belgas) ali chegam e para conseguirem tomar o controle do país, decidem de dividir a população em duas categorias: Uma maioria hutu e uma minoria tutsis. Tal divisão é arbitrária. Os hutus seriam os pequenos, gordos, providos de enormes narizes. Os tutsis os escolhidos pelos deuses: Altos, belos e de narizes aquilinos. A realidade porém é bem outra: eles possuem a mesma compleição física. Contudo tal divisão arbitrária, permitiu que os belgas ali reinassem até meados da década de 60. A partir desse período, com o afastamento progressivo dos europeus se inicia uma rebelião. Enxerga-se no tutsi o culpado de tudo. E durante três décadas procuram impedir que ocorra a vingança, procurando-se um governo de coalizão. Afinal, era complicado exilar tal montante de criaturas... Só que o tempo passa e chegamos a década de 1990.

Durante cem dias, Paul Rusesabagina um gerente de um hotel consegue manter afastados de seu estabelecimento os matadores e assim protege mais de um milhar de tutsis e hutus opositores do que está ocorrendo. Don Cheadle consegue criar um personagem simpático, um verdadeiro diplomata no meio do caos. Ele no inicio do filme possui uma confiança quase cega em seus patrões europeus e crê que a situação está sobre controle. Seus patrões são os responsáveis pela companhia aérea Sabena . A sua interpretação é o que de mais criativo o filme trouxe(em realidade o diretor concebeu o filme após Paul Rusesabagina conhecer Paul Rusesabagina e ouvir seu relato). Quando seu personagem toma consciência do abandono, vencido pelo golpe ao qual estão submetidos sua família e os que procuraram abrigo no estabelecimento, Paul Rusesabagina ganha uma dimensão inaudita. Ele se dá conta de que é dono de seu destino, de que deixou de ser um mero empregado e que pode conseguir vencer todas as adversidades, não se deixando massificar, nem tampouco se curvar. Rusesabagina é um herói crível, pois revelada nos foi sua insignificância no início da trama. Ganhou a dimensão de herói pelas decisões tomadas ao longo da trama.

Além do herói que foi bem explorado pelo diretor, ele teve também a sensibilidade de nos poupar de assistir cenas de violências desnecessárias, sem que necessariamente a barbárie desaparecesse. Desde o momento quando tomba uma caixa de facões, os relatos do massacre onde tal arma desempenhava um papel fundamental, até as centenas de cadáveres que impedem um veículo de transitar e das quais os seus ocupantes só tomam consciência com os solavancos sofridos pelo automóvel a barbárie ali permanece.

Os assassinos só tomaram consciência do seu poder devido a passividade dos que deveriam manter a ordem. Os militares sobre as ordens de Augustin Bizimingu (em boa perfomance do ator Fana Mokoela) são mostrados como cúmplices da tragédia ocorrida, quer pela passividade em vários momentos, quer pela ação em outras (sabemos que a ação deles fora do raio daquela localidade era outra, podemos senti-la, quer pelas notícias que vinham pelas ondas do radio, quer pelo momento em que o General não quer mais retornar ao hotel com seu gerente – teria ele feito um acordo com a milícia interhamwe?).

O que nós que vemos o filme não podemos deixar de cair no esquecimento é que os ditos países civilizados permitiram que quase um milhão de pessoas fossem dizimadas. A única coisa que se fez foi esperar a febre da loucura arrefecer. É impossível não dar valor a uma obra que denuncia tal de uma maneira equilibrada. A sua feitura vagueou entre o classicismo neutro e o tom documental. Seu diretor conseguiu sair do tom maniqueísta em que caem obras desse tipo. Para nós sobrou uma experiência amarga. Tentar entender um conflito, para que essa geração possa preservar um futuro. Uma obra para se assistir. Um filme que não deve ser esquecido.

Críticas

Grande Família - O Filme, A

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Nada além do prometido, 'A Grande Família - O Filme' é como um episódio de televisão estendido.

Maurício Farias dirige uma história bem mais dramática do que estamos acostumados a ver nos divertidos episódios da série de tv, "A Grande Família", que desde a década de 70 enfeita a programação semanal da tv brasileira com situações engraçadas de um elenco que corresponde a uma família cheia de problemas e beirando ao caos. Nesta fita, nada pode-se esperar além do que um espectador global está acostumado a ver todas as quintas feiras. 'A Grande Família - O Filme', aliás, é bem inferior a qualquer outro episódio da televisão, já que diverte o mínimo possível e ainda faz mais pensar (errado) do que rir. Isso já vai contra os princípios da série, mas como se o diretor e os roteiristas são também os mesmos envolvidos na série de televisão? Este filme deixa claro que em alguns casos, um determinado produto só dá certo na televisão e quando há a oportunidade de estendê-lo além dos limites do Projac da Rede Globo, as dimensões da história original perde-se por completo.

Farias decide mostrar muito mais do que se vê na televisão. O roteiro cobre desde os tempos em que o casal principal Lineu e Nenê se conheceram e se apaixonaram em um baile durante a juventude. Muitos anos depois, já casado com Nenê, Lineu acha que pode estar com um sério tumor, e que seus dias de vida podem estar contados. É quando aparece Carlinhos, uma antiga paixão de Nenê, que volta para o Rio de Janeiro, agora querendo reaver o seu romance do passado com a mulher. Recheado de drama e com pequenos trechos de comédia, com pouquíssimas piadas que funcionam, 'A Grande Família - O Filme' parece ser mais um episódio de tv, só que mais sem graça. O que pode-se aproveitar de uma história absurdamente óbvia, com os mesmos destaques e problemas da série global e os mesmos personagens? Algo bastante inferior ao que só funciona em um único lugar, e principalmente, apenas uma vez por semana.

Se tem algo que segura as pontas desta fita é o elenco. Um elenco conhecido justamente pelos papéis que representam no seriado, a grande maioria que vem do teatro e outros com pouca experiência no cinema. Marco Nanine, como sempre, desempenha bem o seu papel de pai de família autoritário e cheio de segurança, com diálogos que se tornam muito maiores graças ao seu talento. Marieta Severo continua a mesma dona de casa, Nenê que se vê na televisão, sem mais nem menos. Já Guta Stresser, a Bebel e Pedro Cardoso que atua como o melhor personagem da série Agostinho Carrara, que é um pouco mais experiência em filmagens cinematográficas se dão muito bem, além de Andréa Beltrão, a Marilda e o mesmo vagabundo de sempre Tuco, interpretado por Lúcio Mauro Filho não fazem distorção alguma entre os seus desempenhos na tv e no cinema. Outro fanfarrão da sétima arte, Tonico Pereia, continua o mesmo também, ou seja, na grande maioria, nada mudou. O filme conta com participações especiais de Dira Paes, uma ótima atriz brasileira e Paulo Betti, um dos piores.

Em termos técnicos, o mesmo de novo. A direção de arte é caprixada como a da televisão, os figurinos a trilha sonora composta por sambas também. É tudo igual, mas mesmo assim, o resultado acaba se saindo bem menor do que o esperado.

Não é preciso muito para falar sobre este 'A Grande Família - O Filme', um filme previsível, mais do mesmo, que só não deu certo por estarmos falando de um produto menor da televisão, que tem muito menos apelo público, por incrível que pareça. Sem ser tão engraçado como deveria ser, Maurício Farias escorrega na direção por usar de clichês exagerados e estereótipos baratos para contar a mesma história em uma redundância impressionante. Apesar de ter sido o filme mais visto de 2006, não valeu o sucesso que recebeu. Resumindo tudo, não chega aos pés da série.

Críticas

Código da Vinci, O

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Adaptação apressada e cheia de falhas de um dos maiores fenômenos da literatura dos últimos anos.

Os primeiros grandes trabalhos da carreira do diretor americano Ron Howard ajudaram o cineasta a se firmar na indústria cinematográfica de Hollywood. Filmes como 'Apollo 13' e a ótima comédia natalina 'O Grinch' serviram como preparação para os grandes trabalhos que Howard dirigiria nos anos seguintes. Foi com 'Uma Mente Brilhante' de 2001, que o diretor ganhou o seu primeiro e até agora, único Oscar e com 'A Luta pela Esperança' ele comprovou ser um cineasta de talento subestimado. É por esse 'O Código Da Vinci' que a competência de Howard é posta em dúvida. Um diretor capaz de dirigir com brilho a história de um maiores gênios matemáticos, o esquizofrênio John Nash, vencedor dom Prêmio Nobel 1994 e até mesmo façanhas espaciais de maneira muito fiel, não conseguiu comandar da mesma maneira uma adaptação de um dos livros mais importantes já lançados. Nesta produção, ambientada na capital francesa, os acontecimentos importantes são atropelados pelos inferiores e é tudo muito subestimado para chegar ao final e perceber que tudo o que o espectador mais esperava, poderia até ser uma surpresa, mas que com certeza não conseguiu captar a áurea que o livro traz ao leitor atento. Ou seja, um final abosolutamente surpreendente para o leitor, acaba virando algo previsível e decepcionante para o espectador. Essa é a prova de que deve-se tomar muito cuidado antes de adaptar uma obra muito complexa para o cinema.

Se recentemente o escritor português José Saramago divulgou dias após o lançamento da adaptação de seu livro 'Ensaio sobre a Cegueira' para os cinemas, sob a direção corajosa de Fernando Meirelles, que sua história era "infilmável", devido à ausência de personagens nomeados, locações e uma situação extremamente bizarra e aleatória, este 'O Código Da Vinci' corresponde à mesma característica do filme de Meirelles: "infilmável". A própria história do livro já merece um destaque especial desde o seu início e qualquer espectador que queira diversão e um filme leve deve descartar este de sua lista rapidamente. 'The Da Vinci Code' está longe de ser um filme fácil de ser acompanhado e muito menos um filme leve e divertido. História que mistura assassinato, controvérsias sobre os relatos bíblicos, propinas e chantagens, além de traição, cobiça e um segredo, que se não fosse o modo como o filme fora conduzido, poderia ter se saído muito melhor e o impacto que causaria seria muito melhor e pelo menos próximo ao que estava no best-seller. Robert Langdon (Tom Hanks) é um professor simbologista que fora acusado de matar um curador no meio do Museu do Louvre em Paris. Apesar de Langdon não ter assassinado ninguém, ele é obrigado a fugir junto com uma criptógrafa da polícia, Sophie Neveu (Audrey Tautou) pelo interior da França. Escondido e foragido da polícia, ele vai parar na "fortaleza" de Sir Leigh Teabing, onde começa desde cedo suas investigações. A partir delas, Langdon descobre inúmeras mensagens ocultas nas obras do renomado artista Leonardo Da Vinci, que inclui a existência de uma sociedade secreta que prima por guardar um segredo de mais de dois mil anos e que pode pôr tudo o que foi contado nas igrejas a baixo.

É preciso prestar o máximo de atenção nesta história, pois qualquer descontração pode atrapalhar todo o seu raciocínio. Eis o principal defeito do roteiro de Akiva Goldsman, que foi responsável pelo magnífico script de 'Uma Mente Brilhante' entre outros fantásticos trabalhos no cinema. Tudo neste filme é atropelado, um acontecimento em cima do outro, situações mal explicadas, uma lambança sem dó nem piedade. Lógicamente, são 149 minutos de pura desorganização, onde poucos momentos são bem aproveitados, mas não pelo o que acontece em cena em termos de história, mas sim pelas belas imagens francesas e da fantástica trilha sonora do compositor Hanz Zimmer. O roteirista Goldsman não soube aproveitar bem as deixas que o livro dá, mas vá lá, o livro de Dan Brown é tão difícil de ser compreendido lendo, o filme, obviamente, seria mais confuso do que se poderia esperar de uma adaptação. Mas a decepção principal vem por conta de Akiva, que eu julgo um ótimo roteirista mesmo depois desta fracassada tentativa de adaptar um best-seller de valor histórico.

Ron Howard também não facilita as coisas pro lado do espectador. O diretor não conseguiu transmitir o principal feito que Dan Brown escreveu em seu livro: o segredo final. Durante todo o livro, ficamos a pensar, refletir, procurando alguma pista do que poderia ser e a que tanto mistério foi necessário e no filme simplesmente não vemos nada demais a não ser uma deixa para sabermos que haveria um segredo ao final, que foi muito mal contado. Não causou impacto algum, já que tudo parecia irremediavelmente previsível à medida que a história ia se desdobrando.

Tom Hanks nunca esteve tão apático em um papel como agora. Sem sal como nunca havia visto o ator antes, Hanks simplesmente não deu certo como o simbologista Robert Langdon e ele está acompanhado de perto pela também inexpressiva atriz Audrey Tautou (que já fez um trabalho excepcional em 'O Fabuloso Destino de Amélie Poulain'). Mas também podemos dar uma amenizada na inexpressão do roteiro com um dos melhores atores que sobreviveu ao tempo e está agora atuando em vários filmes, atuando muito bem. É o caso do ator inglês Ian McKellen, que mostra seu lado intelectual e competente neste 'O Código Da Vinci'. Participações praticamente nulas de Jean Reno, Alfred Molina e uma até que razoavelmente boa de Paul Bettany são destaques tanto pela insuficiência, quanto pela mesmice.

Em termos técnicos, destacamos Hanz Zimmer e sua trilha forte e bela. Indicado ao Globo de Ouro, a trilha pode ser inclusive o único ponto realmente ótimo no filme e acompanha os momentos do filme com muita precisão e exatidão, parabéns mais uma vez para o compositor. A fotografia de Salvatore Totino também não faz feio com suas nuances brancas e negras, outras vermelhas e meio azuladas.

Tanto o livro quanto o filme foram corajosos por retratar uma história que vai contra as irmandades da Igreja. Mas, por incrível que pareça, toda a polêmica ao redor do quadro "A Última Ceia" de Da Vinci ainda deixou uma dúvida, será que havia realmente uma mulher naquele quadro? Seria Maria Madalena? A Igreja, se não fossem os tempos modernos, mandava Dan Brown e Ron Howard pra fogueira só por pensarem uma coisa dessas.

'O Código Da Vinci' merece atenção também e certo mérito, principalmente aos produtores, pois foram os primeiros a conseguirem a autorização do Ministério da Cultura francês a filmar dentro dos limites do Museu do Louvre em Paris, um dos mais famosos do mundo, se não o mais. Na verdade, quando os personagens de Langdon e Neveu estão dentro do Museu junto à imagem do quadro de Mona Lisa, foi usada uma réplica já que os produtores não conseguiram autorização para usa-la no filme. Na Catedral de Lincoln, onde algumas oytras cenas foram gravadas, o sino que badala de hora em hora ficou parado por quatro dias especialmente para as filmagens. A última vez que este sino parou de tocar foi durante a Segunda Guerra Mundial.

Pena que tanto esforço e dedicação por parte dos roteiristas renderam um filme tão inferior à obra original. Em 2009, 'Anjos e Demônios' estréia nos cinemas mundiais, mais uma vez com Tom hanks sob a direção de Ron Howard. Por enquanto, 'O Código Da Vinci' é visto apenas como uma adaptação que não deu certo, mas devido à complexidade da história, Akiva Goldsman tem um desconto. Ótima trilha e fotografia, o legal mesmo do filme são justamente as imagens do interior do Museu do Louvre e a narrativa que o envolve, embora que mal contada, é ainda assim, uma história interessante, que desafiou a Igreja e levantou a pior hipótese de todas, a mais assustadora.

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