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Críticas

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O problema de Vênus é não se esforçar pra representar mais do que uma boa atuação de O'Toole. Apenas dele, vale salientar. Há uma boa construção da personalidade dos poucos personagem que compõem sua trama, além de que o roteiro é bem simples e o final um tanto previsível dentro do que é mostrado nos primeiros minutos, teria que ser algo maior pra que O'Toole - que nesse filme quase me convence de ser um bom ator - realizasse seu desejo de ganhar um Oscar de Melhor Ator, já que anos antes, quando ganhara o Oscar Honorário por sua carreira, o experiente ator vociferou que voltaria ao grande palco para pegar o carequinha dourado com Melhor Ator, a meu ver ele não deveria ser nem indicado naquele ano.

O'Toole interpreta Maurice, um velho ator, relativamente famoso, ainda instiagado em amar mais alguém na vida. É quando surge Jessie - caricaturizada por Jodie Whittaker -, uma menina rebelde, sobrinha de seu melhor amigo. Iniciará então um jogo amoroso, onde, obviamente o maior obstáculo entre ambos será a idade avançada de Maurice.

O nome da película se deve ao fato de Maurice chamar Jessie de Venus, devido a aparência dela com a Vênus de uma pintura, esse aspecto, meio artístico, permeia constantemente o filme, acredito que mais pela condição intelectual de Maurice.

A Direção de Roger Michell e o Roteiro de Hanif Kureishi, são basicamente voltadas a fazer um filme inglês para inglês ver. A uma valorização de belos diálogos e poucas locações. Talvez a única coisa que deixe Vênus próximo do grande público seja a Trilha Sonora bem Pop.

Já que o filme é basicamente erguido devido as atuações e diálogos dos personagens, o grande destaque, direcionado para isso mesmo, é Peter O'Toole, embora você se esforce para encontrar qualquer outro motivo para assistir a Vênus. Uma de suas melhores atuações da carreira, marcada pelo grandiloquente, em todos os sentidos, Lawrence da Arábia. Vênus chegou quase no fim de carreira do ator, não é sua melhor atuação, prefiro ele em Calígula.

A jovem, Jodie Whittaker, caricaturiza demais sua personagem, carece de maturidade e expressão, às vezes se perde em determinadas cenas, não expressando satisfatóriamente o devido sentimento de sua personagem, também, o diretor não ajuda muito, do meio pro fim o filme se inclui de muitos clichês.

Com um estilo meio teatral, com uma história de pouca dimensão, algumas lições, um ator experiênte e de gabarito como O'Toole esforçando-se ao máximo em seu papel. Um filme pequeno por intenção, satisfatório em suas intenções.

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Marnie - Confissões de uma Ladra

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Partindo da ordem psicológica, essa outra bela obra de Alfred Hitchcock exercita o entendimento cleptomaníaco de uma personagem central que divide o papel de protagonista e antagonista diante seu processo de desenvolvimento na história que ainda requinta disfunções sexuais, relacionamentos e omissões tudo isso enfeitado com o popular suspense tradicional do diretor. Têm-se o reforço de Sean Connery que, em meio a sua fase James Bond, encontrou tempo para protagonizar esse curioso e agradabilíssimo longa ao lado de Tippi Hedren, aquela mesma de "Os Pássaros", é seu segundo trabalho com o gênio Hitchcock.

Não é preciso ter muito conhecimento psicológico, sobretudo da atitude cleptomaníaca, para compreender o que se passa com Marnie (Hedren) e nem pede esforço algum de entender o que levou Mark Rutland (Connery) a querer ajudá-la. Se soa artificial, vai de cada um, no entanto se julgar o amor artificial nas suas esquisitices é sinal de que algo está errado e tenho certeza de que não é com o filme. Assim pode-se dizer que Mark se apaixonou pela loura fatal de Hitchcock e mais do que querer compreendê-la, quis tê-la ao seu lado.

Roteirizado por Jay Presson Allen baseado no romance de Winston Graham, o suspense natural das obras de Hitchcock fica um pouco de lado porém ainda existe funcionando mais como um subgênero de um romance particularmente semelhante a de uma outra obra do diretor, o oscarizado "Rebecca", Mark não fica muito longe de Maximilian de Winter, já Marnie não é nada parecida com a chamada segunda Sra. de Winter no entanto, no final das contas, assumem uma posição análoga, valem a pena serem conferidos. São distúrbios que caracterizam personagens dando mais vivacidade e valor a eles, foge assim do convencional atentando as necessidades de ser diferente, original por assim dizer.

O inconsciente é a barreira imposta em "Marnie", não há analistas na história mas sim referências Junguianas, revelações que procedem as técnicas da teoria, o diretor costuma demonstrar total interesse no assunto tanto é que usa em grande parte de seus filmes, destaque para "Quando fala o Coração" e sua proposta mais Freudiana. É com uma direção segura e um roteiro ideal pela sua proposta mas com problemas estéticos que Alfred Hitchcock nos entrega mais um belo trabalho mesmo que esteja longe de atingir a qualidade de seus principais filmes. Repete-se aqui a parceria com Bernard Herrmann que presenteia nossos ouvidos com suas composições, é para ser apreciado pela sua totalidade e preciosidade em focar o resultado de um passado, semelhante ao que muitos vivenciam hoje em dia.

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Quem Quer Ser um Milionário?

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Slumdog Millionaire: uma fantasiosa história de amor diante das dificuldades da favela indiana!

Que os filmes independentes vêm ganhando espaço no cenário cinematográfico norte-americano e, principalmente, na academia, é indiscutível. Depois de Pequena Miss Sunshine, que foi grande concorrente à estatueta de melhor filme em 2007, e Juno, não tão digno da qualidade do anterior, a academia abriu novamente um dos 5 “assentos” ao maior prêmio do Oscar a um filme sem o patrocínio dos grandes estúdios, mas dessa vez Slumdog Millionaire (no Brasil: Quem quer ser um Milionário?) veio pra levar, e levar tudo o que podia.

As qualidades desse trabalho são tamanhas, que passa por absolutamente todas as etapas de construção de uma obra. A fotografia é digna de aplausos, visualmente espetacular brinca com os cenários ao longo do filme. A montagem é um dos pontos fortes do filme, dando uma dinâmica frenética e ágil pouco vista nas películas atuais e característica de Danny Boyle. A trilha sonora é simplesmente sensacional. A.H. Rahman, lembrem desse nome. O cara é simplesmente genial em sua trilha sonora, mesclando sons que vai de música eletrônica a um hip hop indiano, totalmente fora dos padrões convencionais do que escutamos normalmente por aqui, no mundo ocidental. O som da obra em geral é de uma qualidade incrível, que acaba destacando-se até mesmo nos cinemas “chulés” que não possuem um bom equipamento sonoro. Deixando o leitor a par, estes temas de que falei foram todos premiados pelo Oscar, cada um em sua categoria.

O roteiro é algo fantasioso e ao mesmo tempo repleto de diversas possibilidades de percepções. A estória conta a vida de Jamal e seu irmão, Salim, que, favelados e miseráveis, passam por todas as desgraças que podem imaginar. Aí surge Latika, a eterna amiga inseparável dos dois irmãos. Por meio de grandes reviravoltas cada um toma um lado. Resumindo, afim de não revelar o desenrolar da estória, Jamal acaba inscrevendo-se num programa de perguntas e respostas, chamado Quem quer ser um Milionário?, semelhante ao nosso Show do Milhão. O filme começa do fim, quando o garoto já está no programa, e que após suspeita de fraude na resposta das questões é levado para um interrogatório com o inspetor de polícia encarregado. É aí que Jamal conta como respondeu as perguntas e como sabia das alternativas corretas, correlacionando os fatos com a sua vida e acontecimentos miseráveis. A torcida por Jamal é tanta, que faz o espectador vibrar com a tensão criada durante o fim do filme.

O mais interessante do roteiro é que tal estória tinha tudo para ser conduzida para um lado mais drástico, contudo é absolutamente o contrário do que se imagina, o foco do roteiro é, justamente, em acontecimentos felizes da vida dos irmãos. Esse jogo de emoções é, sem dúvida, um dos pontos fortes do belíssimo roteiro, ainda que seja repetitivo demais no transcorrer da estória e vazio em certos momentos.

Danny Boyle, diretor de filmes alternativos tais como Cova Rasa (1994), Trainspotting (1997), A Praia (2000) e Extermínio (2002), encontra aqui o seu melhor trabalho, sem a menor sombra de dúvidas. Ele é o ponto diferencial que faz do filme um sucesso de crítica e bilheteria. Inspiradíssimo, como nunca, utiliza uma direção extremamente ousada e dinâmica, com uma mão pesada que deu ao filme um visual alucinante, fantasioso, digno de grandes aventuras que ficarão marcadas por toda a história do cinema mundial. Interagiu plenamente com o cinema indiano, o chamado Bolywood, realizando a junção dessas duas culturas distintas, porém não tão diferentes assim.

Fazendo um parêntese a respeito da premiação do Oscar, tenho em mente que esta foi uma das temporadas mais disputadas, ainda que abaixo da qualidade das anteriores, por não apresentarem obras-primas indiscutíveis como Onde os Fracos não Têm Vez e Sangue Negro. Digo isso pelo mesmo nível que os filmes, a grande maioria deles, concorrentes e os deixados de lado demonstram. Apesar de não ter visto Frost/Nixon nem mesmo Dúvida, acredito que Slumdog Millionaire tenha sido digno de sua premiação, ressalvando as qualidades dos também concorrentes Milk e O Leitor e dos esquecidos Ensaio sobre a Cegueira, O Lutador, Foi Apenas um Sonho, Batman e Wall-E, que, particularmente, gostaria de ver como um dos 5 indicados a melhor filme.

Até pode não ser o melhor filme do ano, porém um filme independente com muita originalidade e qualidade, somado ao enlace entre as culturas cinematográficas, ter sido o grande vencedor do último Oscar é um sinal de reconhecimento por parte da academia aos filmes que fogem do chamado típico trabalho Hollywoodiano.

Vibrante, do início ao fim!

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Memórias de uma Gueixa

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Uma história de um ícone da cultura japonesa feita para agradar ocidentais, feita com o maior requinte artístico e que cria sua própia realidade pautada na verossimilhança da vida dessas mulheres, seus costumes, suas (não) aspirações. Romantizado? Sim. Na medida do possível, os romances servem para delinear um pouco da situação das gueixas. O único porém foi o filme ter sido tão pouco "oriental" - chega até a parecer aqueles romances clássicos norte-americanos, na segunda parte do filme, com a iminência do fim da guerra. Até visualmente um filme de Yimou Zhang seria concerteza melhor trabalhado, já que a forma de se filmar, a língua, a maneira como a Fotografia é incerida, tudo bem americanizado para contar uma história tão presa a uma região.

A cultura de filmes massificados dos americanos não combina com as possibilidades de fazer um filme sobre Gueixas. É algo distante, visto que a jovem mulher, japonesa, rural, em 1929, falando perfeitamente inglês, até entre os japoneses, é algo indigerível, e soa com muito mau gosto.

A câmera de Rob Marshal - que dirigiu Chicago - filma com toda a falta de calma ocidental, por exemplo: onde um diretor oriental iria começar uma cena filmando um córrego? Ou começar uma cena dentro de um ambiente doméstico filmando o telhado, se estava a guiexa, ali, com seu semblante aflito por causa das agonias vindas de pressões por status?

É também constume dos cineastas por aqui, explorar demais a falta de capacidade de certos espectadores explicando demais o filme. Embora que os momentos em Off sirvam mais pra dar certa moral à personagem, e contar um pouco do que eles entendem - ou criam - sobre a realidade de uma gueixa, esse apsecto acaba meio que fazendo o papel que as imagens não fizeram - em um paralelo recente, temos o mesmo com BB, onde o excesso de imagens sem lógicas tinha de dar espaço para a verborrágica narrativa em Off.

A história trata da vida de Chiyo (Ziyi Zhang), jovem orfã que é vendida a uma espécie de mãe de Gueixas, de início difícil, sua vida vai mudar quando conhece aquele que será pra sempre o seu grande amor, o "presidente" ( Ken Watanabe). Enfrentando todas as adversidades, representadas principalmente na pessoa de Hatsumomo ( Gong Li, sempre linda), Chiyo será preparada e tornar-se-á a grande gueixa de sua região, tornando-se meio que um mito, sem todavia, nunca deixar de amar o presidente.

Memórias de uma Gueixa consegue, todavia, ser um bom filme, a simpatia da personagem principal, sua obstinação, a forma como é bem interpretada pela lindíssima - parece que todas as atrizes orientais unem com perfeição beleza e talento - Ziyi Zhang, de Herói e Clã das Adagas Voadoras, são alguns dos requisitos que dão certo charme ao filme, mesmo sob toda a melodramatização (necessária até certo ponto).

Tecnicamente semi-imecável - continuo achando inferior a uma grande série de filme Orientais - o filme foi com tudo nas disputas por Oscars técnicos em 2006: levou três Oscars, de Figurino, Fotografia (eu prefiro muito mais a de Novo Mundo ou de Seredo De Brockback) e Direção de Arte (essa inegávelmente merecida, apesar de que se Harry Potter levasse não seria mau negócio), concorreu às duas categorias de Som, perdendo pra King Kong (impecável nesse aspecto como bom cine-pipocão que o é), além de Trilha Sonora - que levou o Globo de Ouro -, essa perdendo merecidamente para a de Segredo de Brockback.

Com atuações consisas da jovens de Gueixa, mas nen tanto dos homens da trama, filme não tem muito a destacar nesse aspecto, também, não presisava de tanto. Ken Watanabe está bem artificial e pouco explorado, tá muito galã pro seu talento. A garota que interpreta a principal, Sayuri/Chyio, está bem, com toda a leveza necessária. O outro destaque fica por conta da diva, inigualável em beleza oriental Gong Li, no papel da inescrupulosa Hatsumomo, ratificando o seu talento já muito antes provado em filmes como Lanternas Vermelhas.

É um bom filme, americanizadíssimo. A história escorrega um pouco, prncipalmente na segunda parte - bem cinemão. A direção de Rob Marshal, na medida em que ele se preocupou de fazer um filme sobre orientais, mas com a cara de filmes americanos, pode-se dizer quenão decepciona, criando um filme até prazeroso de se assistir. Ao final, a impressão que fica é poderia ser um filme bem mais grandioso, apenas poderia, se fosse feito lá, no Japão.

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Leitor, O

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"O Leitor" faz a linha de filmes que retratam o nazismo sob uma ótica diferenciada - algo que tem se tornado comum ultimamente na indústria cinematográfica norte-americana e mundial. No pano de fundo, saem os nazistas maléficos e terríveis e entram seres humanos, pessoas que também têm vida e demonstram sentimentos.

É interessante observar histórias sob diferentes pensamentos; logicamente é difícil encontrar algo aprofundado como "A Queda" - filme que retrata com maestria as últimas horas do ditador nazista Adolf Hitler. No entanto, obras como "O Leitor" tem a capacidade de fazer o espectador pensar e refletir sobre determinados assuntos.

A história gira em torno do caso amoroso que envolve Michael Berg (Ralph Fiennes) e Hanna Schmitz (Kate Winslet). Logo de início, vemos o personagem de Fiennes visivelmente atordoado; aos poucos, ele começa a relembrar as primeiras páginas do seu relacionamento com Hanna Schmitz. A época retrata o início da vida sexual de Michael, quando ambos, além do sexo, compartilhavam um amor pela literatura. Alguns anos após a passagem, o jovem a encontra em um julgamento sobre crimes de guerra. Hanna havia trabalhado como guarda da SS - junta militar que servia ao partido nazista - sem que ele ao menos soubesse disso.

O primeiro ato da trama é brilhante, comandado com muito talento pelo diretor Stephen Daldry - três vezes indicado ao Oscar e autor de uma das melhores obras contemporâneas: "As Horas". O que vemos inicialmente, como já disse antes, é o começo da vida sexual de Michael - conduzido pela experiente personagem de Kate Winslet - e o desejo de ambos pela literatura - sempre com o garoto lendo obras clássicas para ela.

Após a bela e erótica primeira passagem, o filme derrapa um pouco em sua sequência. Ao optar por dividir o longa em subtramas, como por exemplo o relacionamento de Michael com sua filha - que é muito pouco aprofundado pelo roteiro -, Daldry perde a chance de conseguir mais uma obra-prima em seu currículo. No entanto, "O Leitor" volta a ganhar força como um drama forte e emocionante ao nos apresentar os motivos que fazem com que Hanna esteja ali sendo acusada por uma série de assassinatos.

No final das contas, Daldry consegue mais um bom trabalho, que nos faz ir muito mais além da guerra e das ideologias nazistas. O orgulho e a inocência de Hanna impedem que todo aquele cerco seja desfeito, o que nos faz voltar naquele velho pensamento - muito mais do que torturadores sanguinários, ali haviam seres humanos, que muitas vezes executavam ordens, sem chances de decidir ou julgar pela vida ou morte de alguém.

Kate Winslet, que após bater na trave inúmeras vezes, finalmente conseguiu seu Oscar - que ao meu ver foi mais pela insistência do que pelo seu trabalho. É bem verdade que mais uma vez ela faz um bom papel, mas vejo que nesse ano haviam concorrentes que mereciam mais, como ela mesma já mereceu mais em outras oportunidades. Quem rouba a cena aqui é o jovem David Kross, que na pele do Michael mais jovem executa seu papel com brilhantismo. Para completar, Ralph Fiennes me pareceu apático e muito aquém de seus outros trabalhos.

"O Leitor" é sim um bom produto, que apesar de alguns deslizes, mais acerta do que erra. Mesmo assim, acho que a escolha para disputar o Oscar de melhor filme foi exagerada, já que para mim, haviam concorrentes melhores, como "Dúvida", da sempre brilhante Meryl Streep e "O Lutador", com o renascido Mickey Rourke.

www.moviefordummies.wordpress.com

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Casamento de Rachel, O

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Rachel, Rachel, Rachel

Sidney, Sidney, Sidney

Rachel, Sidney, Rachel, Sidney, Rachel, Sidney...

Com um diretor acima da média, uma jovem atriz de talento iminente e um roteiro inteligente, O Casamento de Rachel é um dos melhores filmes do ano.

Depois de O Silêncio dos Inocentes, filme pelo qual Jonathan Demme ganhou o Oscar de Direção, não se via ele arriscando tanto. Neste "Rachel Getting Married" ele usa técnicas de câmeras diferentes, situações inteligentes coroadas por um roteiro afiadíssimo de Jenny Lumet. O resultado é tão positivo, que o filme pode ser considerado um dos melhores de 2008, indicado ao Oscar de Melhor Atriz pela atuação magnífica de Anne Hathaway como uma jovem drogada que acabara de sair da reabilitação em uma clínica.

A história, na verdade não gira em torno da personagem de Hathaway, Kym, e sim de sua irmã Rachel (Rosemarie DeWitt) que está prestes a se casar. Por esse motivo, a irmã sai da reabilitação especialmente para a cerimônia. Acontece que quando ela chega, o passado volta à lembrança de todos, como morte e os problemas que ela causou à família enquanto se drogava. Entre várias situações que acontecem nos dias que antecedem o casamento, a grande maioria são causadas pela presença de Kym na casa.

Para começar a analisar o filme mais profundamente, é interessante comentar primeiramente o elenco da produção, cujo destaque é, lógico, Anne Hathaway em sua melhor atuação. Sua interpretação é tão perfeita que chega a ser surpreendente para quem viu ela pela primeira vez em O Diário da Princesa, aquela menina ainda inexperiente, mas que já demonstrava talento de sobra. Em O Diabo Veste Prada, ao lado da veterana Meryl Streep, de Emily Blunt e Stanley Tucci, ela também garantiu o seu lugar em uma ótima interpretação. Mas nenhuma delas supera esta de agora. Rosemarie DeWitt também está excepcional, como Rachel, ela se mostra animada, triste e preocupada, ao mesmo tempo, mimada e carente. Em uma aparição surpreendente, Debra Winger tem um dos melhores momentos do filme, quando ela e Kym se batem, uma cena memorável. Até mesmo o ai extrovertido e não menos idiota, Bill Irwin consegue agradar, em uma atuação engraçada e em outros momentos, exagerada. Todos os outros meros coadjuvantes, que parecem mais figurantes também estão bastante compententes, mais um sinaldo ótimo trabalho de Demme.

Falando nele, o diretor conseguiu captar a essência do roteiro e transformar, a partir das câmeras, o filme em algo ainda mais tenso e perturbador, a ausência de trilha sonora em algumas cenas são provas disso. O filme tem quase duas horas de duração, mas pelo menos uma meia hora poderia ter sido cortada na edição final por ser só preenchimento com coisas vagas que incluem diálogos e homenagens, conversas frias e demonstrações demoradas da festa de casamento. Esse é o principal erro do roteiro, que embora não seja perfeito, pode ser considerado como inteligente o bastante para entreter. A história é sem dúvida, atrativa e até mesmo alguns diálogos são muito proveitosos. A roteirista Jenny Lumet escreveu seu sétimo roteiro, mas esse foi o primeiro a ser rodado.

Voltando a falar dos personages, a presença de Kym na casa parece trazer a tensão para os familiares, que vêem nela, uma chance de arrunar o casamento, caso tenha alguma recaída. De fato, não é isso que acontece, mas mesmo assim a capacidade única da personagem de Hathaway causar dramas é indiscutível e logicamente, alguns problemas teriam que surgir. O passado deles reserva surpresas para o espectador, desabafos, tristesas e rancor, tudo muito bem acoplado e transmitido pelos personagens.

"Você sabe que todos na casa me olham como se eu fosse uma visitante sociopata. Eu digo, sério, o que você espera que eu faço? Ponha fogo na casa? Ok, vocês venceram, eu vou tatuar 'incendiária' na minha testa para vocês."

O Casamento de Rachel é um filme interessantíssimo de ser conferido, cujo principal destaque e atrativo é a atuação nomeado ao prêmio da Academia de Anne Hathaway, mais uma vez, simplesmente impagável. E tem mais, se você ainda é fã dos trabalhos de Jonathan Demme, não tem motivo nenhum para deixar de assisti-lo. Apesar de ser um pouco arrastado e cansativo em alguns momentos, você poderá observar alguma coisa em cada cena sem a menor dificuldade. Um filme que vale a pena ser assistido.

"L'Chaim!"

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Rebobine, Por Favor

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Não só uma bonita homenagem,mas sim um filme para fazer todos os cinéfilos refletirem!

Esses dias de hoje(literalmente esses) estão meio conturbados pela sétima arte ,que com pouco tempo depois de passada a cerimônia do oscar,ainda cria polêmica quanto aos filmes ,tanto indicados, quanto vencedores.E junto com essa polêmica ,varios fóruns sobre cinema(inclusive o deste site) discutiram-e ainda discutem- se foi ou não uma boa escolha os vencedores.E nessas discussões ouvimos muito falar em palavras como "merda" e "lixo" em relação a esses filmes.

E justamenete em tempos assim decidi ver esse rebobine,por favor(Be Kind Rewind, no original).E gente uma surpresa das mais agradáveis.Mas não pelo apenas bom roteiro de Michel Gondry,ou por sua simples direção,mas sim por toda a mensagem que o filme me passou,tanto que em seu fim me emocionei bastante.

O fillme fala sobre dois amigos,um é meio doido e mora em um ferro velho,e e outro trabalha na locadora de VHS's do bairro.Só que eles enfrantam problemas,pois o dono da locadora não está lucrando muito em um mundo repleto de DVD's e tecnologia ,que ás vezes,como o dono pensava,perdem toda a "magia" do verdadeiro cinema.E por não lucrar muito e seu apartamento estar em péssimas condições o governo tenta "ajudá-lo" a desocupar o lugar pois ,para ele,esta atrapalhando o meio e as outras pessoas.E no meio desses acontecimentos o dono da locadora viaja para ouvir seu cantor favorito e ,meio que se despedir de seu cantinho,mas avisa antes para manter o Jerry fora da locadora.Jerry é o amigo doido citado acima(esse momento dá ate uma das melhores piadas do filme inteiro quando ele escreve e Mike lê de tras pra frente e fica "peek yrrej tuo"..hilariante.Pois é,mas acaba que depois de uma tentativa de sabotamento Jerry acaba entrando na locadora e faz com que todos os filmes desapareçam das fitas VHS.

Aí que esta a chava para a reflexão de todo o filme.O que Gondry propõe,não é apenas a bela homenagem que todos aparentemente acham que é.Ele propõe uma reflexão de como nós espectadores(principalmente os mais exigentes) estão fazendo com a sétima arte,que é acabar com ela ,literalmente.

Os dois personagens quase não são bem trabalhados,mais tem algumas exessões em alguns momentos em que sabemos ,depois de trabalhados,até os atos que tal personagens fariam se fossem fazer determinada atividade.Mas isso continua a ser o de menos.O forte do filme é a mensagem,e acho que vou repetir isso até o final deste comentário,portanto se acostume.

Desde a primeira cena,Gondry nos da pista do grã finale,que pode não ser original,mas quando alcança o fim,emociona muito ,mesmo ja tendo visto quase todas essas "pré-cenas".

O cineasta ,ao fazer com que os dois protagonistas(podem se dizer três),filmem caseiramente os filmes que já existem teve uma grandiosa e perfeita e simples idéia:ao mesmo tempo que pra alguns é uma simples homenagem à outros filmes para outros(eu) serve como uma reflexão para dar valor a sétima arte.

Por quê?

Por que hoje,todos so estão preucupados com as qualidades técnicas ,se o roteiro é bom ou o diretor de um filme.O público de hoje é tão exigente(os cinéfilos principalmente),que nem aproveitam nada ao ver o filme.A experiência de ficar alegre ao ir ao cinema pela primeira vez ou de ver um ator beijando uma atriz romanticamnte apaixonante como era antigamante não existe mais.Hoje os diretores só devem fazer filmes impressionantes,e se ousam fazer um simples,é taxado de cineasta bobo ou que não liga pra técnica.

O que Jerry e Mike fazem é maravilhoso.Pois além de não serem profissionais,conseguem ligar uma população inteira de uma cidade em um imaginário gostoso e divertido chamado de cinema. Ao regravar sussessos achando que ninguém iria perceber, eles se diverteme divertem bem mais as pessoas do que os ja classicos filmes que eles regravam.Pois é uma coisa nova,e totalmente simples ,eles conseguem fazer com que pessoas simples e sem muita riquza possam se divertir com VHS's da mais pura(sim PURA) intenção.

O ponto em que quero chegar é que nós hoje(também estou incluso) não nos divertimos simplesmente com uma produção,que antigamente seria tão valorizada quanto ouro na época do descobrimento do Brasil. E o filme mostra que com ate uma câmera caseira e boa vontade você pode divertir as pessoas,ainda mais em tempos tristes e difíceis que todos vivemos hoje em dia.Quando o diretor coloca um homem que viajou de Nova Yourke ate a locadora simples de VHS so para reservar algumas fitas "suecadas"(esse termo é de mais!),ele quer dizer que daqui a alguns anos nós vamos estar dando mais valor em filmes mudos do que em qualquer outros,vamos estar valorizando mais videos caseiros,ao invés de mandá-los para programas para que pessoas sem consciência possam rir da desgraça alheia.E isso não se aplica só a filmes,ou ao mundo do cinema,mas tambéma vida toda.Podemos dar mais valor aà um passarinho qualquer que esteja nos sobrevoando daqui a alguns anos do que á um carro mais caro que uma casa.

O elenco está ótimo.Nada espetacular,(mas o filme não é pra ser assim?).A narração é convencional(normal)mas também acho que era pra ser assim.POrtanto quase tudo no filme já tem seiu motivo de ser,e não liga se eu vou taxa-lo com uma nota 1.0 ou 10.0,ele se importa se vou me divertir,emocionar ou viver durante sua projeção.

Então por que não tentamos aproveitar mais a nova sessão de cinema do que apenas tentar estragá-la?

ps:

A cena final é maravilhosa,uma das melhores dos últimos anos.Consegue emocionar e não perde nada do foco,em nenhum momento.Na vedade traduz tudo o que eu tentei dizer durante todo esse comentário.Emocionante!

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Infiltrados, Os

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Recheado com várias das melhores sequências de diálogos da história da sétima arte. Com um elenco estrelado de jovens talentosos acompanhados por experientes atores do calibre de Martin Sheen e Jack Nicholson, e ainda dirigido por Martin Scorsese, adaptação americana de versão japonesa é incrível, um dos grandes filmes da década, e que só o tempo pra mostrar a obra-prima que o é.

Quando todos pensavam que o gênero gângster tinha perdido força e que o própio Scorsese também, The Departures chega, e (re)mostra a real capacidade de Scorsese. Os Infiltrados é um filme frenético na sua Edição ágil, com diálogos perfeitos - um dos melhores é a hora em que Sullivan (Matt Damon) conhece e marca um encontro com Madolyn (Vera Farmiga).

A história trata de dois jovens policiais, Billy Costigan (Matt Damon), infiltrado na polícia, trabalhando para a quadrilha do chefão do crime de Boston, Fank Costello (Jack Nicholson). E o também policial, Collin Sulivan (Leonardo di Caprio) infiltrado na gangue de Costello. A estratégia de ambos vai ser levada a cabo até o instante em que os dois lados percebem a presença deles. Começará então, uma dramática perseguição em busca da identidade dos infiltrados, tanto pela polícia, quanto por parte de Costello, duramente "procurado" pelos policiais.

É tão lógica e tão real a história de Os Infiltrados. É tão consisa, nesse sentido, a Direção forte de Scorsese. Sua capacidade em dar profundidade proficional a alguns e profundidade proficinal,e humana a outros é incrível. Costigan e Sulivan, talvez sejam os protagonistas por isso, por que são explorados como humanos e como policiais. Sulivan, por exemplo, é um homem amedrontado com a situação mas que vê-se na iminência de se controlar por fora, de msotrar coragem, de mostrar jogo de cintura suficiente pra convencer Costello. Outros pesonagens, por outro lado, são explorados enquanto proficionais. O exemplo mais fantástico é a metralhadora de fucks e palavrões do tipo que o é o Sargento Dignam (Mark Walhberg), um homem ríspido e ao mesmo tempo obstinado em conseguir o melhor de seu trabalho, destemido e corajoso, sua forte personalidade é homologa às exigências da profissão.

A máquina propulssora desse emaranhado de vidas e proficionais frente à necessidade de combater o crime (ou fazê-lo) é a direção de Scorsese, auxiliada pelo perspicaz roteiro de William Monahan, que como já dito, abre um leque de enormes possibilidades para a trama. Todavia, a trama ficaria um tanto caótica, não fosse a presença do personagem Madolyn (Vera Farmiga), psicóloga que atende policiais e, que namora com Sulivan e tem um caso com Costigam. Sua presença serve pra explorar o lado pessoal dos dois personagens, ao mesmo tempo em que serve pra dar uma freada no clima pessado do dia-a-dia de Sulivan e Costigam, fato principal do filme.

As atuações são incríveis. É uma praxe falar que todos estão bem, mas difícil seria tratar que está menos bom. Em uma escala seria Damon, nada contra ele, pelo contrário, só acho que os demais roubaram a cena suficientemente itensos. Arrisco-me a dizer que se pintasse o nome de Wahlberg, Nicholson - ganhando o Oscar naquele ano (afinal que injustiça foi essa dele nem lá estár?) e Alec Baldwin, os três no Oscar para Ator Coadjucante,estaria de bom tamanho. Além de que Leonardo deveria estarconcorrendo por esse filme também a melhor ator.

Tecnicamente o destaque fica por conta da ótima Edição, e da Trilha Sonora (sempre nos filmes de Scorsese esse quesito é interessantíssimo). Negativamente fica a fotografia, muito artificial - meio mais do mesmo, sem muita originalidade. Já que o filme se passa tanto de dia, podeia valoriazar mais os tons em laranja (como o faz Homem Aranha, às vezes). Além de que Scorsese deveria arriscar um puoco mais no ângulos de câmera, uzar mão tremida, variar nesse sentido.

Como era de se esperar no ano de 2007, os Infiltrados consagrou a merecida carreira de Scorsese, no seu gênero, digamos, "favorito", o filme levou Oscar de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado e Montagem, todos obviamente merecido. Deveria ter mais algumas indicações nos Oscars de atuações, apenas isso. É um ótimo filme, apesar de que Scorsese, por mais maduro que esteja, ainda precise provar um pouco a mais em certos aspectos, é só uma questão de estilo, afinal, até os gênios tem seus "defeitos".

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Constantine

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Antes de mais nada, meu comentário se restringirá a "Constantine" como filme, até porque não conheço exatamente sua versão original em HQ.

Keanu Reeves já provou que sabe muito bem selecionar as produções em que estrela. Não por serem filmes inteligentes, mas por terem grande apelo comercial e altíssimo orçamento. Está certo que isso não gera boas críticas ao seu desempenho, porém, enchem seu bolso. No fim, ele está no lucro. Sua imagem é bem propagada para os fãs e sua carreira é firme a ponto de exigirem sua presença como protagonista, comprometendo até a concretização do projeto se assim não for, como no caso de "Constantine". O personagem central do título é vivido por ele.

Protagonista também da trilogia arrasa-quarteirões "Matrix", Keanu Reeves está sempre com uma atuação inconstante, inexpressiva e de caráter tênue. Por incrível que pareça, ele ainda não conseguiu entregar uma interpretação primorosa. Em "Constantine" o que o salva são as cenas de ação em que o mesmo tem grande habilidade em realizar.

O filme tem um roteiro ostensivo e ambicioso, mas interessante. Seu foco são os mundos paralelos conhecidos teologicamente como "céu" e "inferno" que iniciam um choque entre o mundo "real", no caso o nosso que, é a divisão entre os dois mundos.

Nascido com um dom que não desejou - a capacidade de reconhecer claramente os anjos e os demônios híbridos que andam pela Terra com aparência humana -, Constantine (Reeves) tirou a própria vida para escapar do tormento de suas visões. Porém, sua tentativa fracassou. Contra sua vontade, ele foi ressuscitado com a incumbência de proteger a fronteira entre o céu e o inferno, aniquilando todos os demônios que teimam em vagar em nosso meio, mandando-os de volta ao seu " habitat".

Como um suicida em potencial, Constantine tenta expiar seus pecados por meio de sua missão - ele que está longe de ser um héroi convencional, muito menos espiritual. Concluindo seu trabalho, ele ganha sua salvação.

Rachel Weisz, está maravilhosa interpretando gêmeas sensitivas. Realmente ela rouba a cena e é de uma presença incrível, além de bela.

Como a policial Angela Dodson, Rachel pede ajuda a Constantine para tentar solucionar o caso da morte de sua irmã, a mesma (também intepretada por Rachel) que morreu sob circunstâncias sobrenaturais, deixando Angela perturbada, embora ainda cética.

Ao iniciarem a busca por respostas, Constantine e Angela ficam a mercê de eventos estranhos e nada naturais, tornando evidente a batalha entre os mundos espirituais.

"Constantine" é de uma temática polêmica, assustadora e obscura. Em meio a tantos personagens heróis sem contexto, Constantine possui carisma, mesmo não tendo o melhor caráter.

A estória não é lá uma obra prima, mas instiga a imaginação e estimula a curiosidade pelo desconhecido.

O elenco base da trama mostra-se convincente e preparado. Somente Reeves não consegue se equiparar aos colegas. Porém, não está pior que em seus último filmes.

Peter Stormare, numa proposta satírica incorpora o diabo (inevitável o trocadilho) habilmente. Até mesmo sua feição natural é assustadora. Ele expressa com perfeição a imagem preconcebidamente suja e pavorosa de satã.

Tilda Swinton está singular como Anjo Gabriel. A ironia de sua androginia foi extraordinária.

As imagens são marcantes. A fotografia escura e de tons frios e fortes é magistral. Sem contar na minuciosidade da direção de arte e na edição precisa. O que auxilia muito nos sustos e na tensão das cenas. Os efeitos especiais também não deixam a desejar.

Agora entre os pontos negativos está o diálogo banal e a falta de coesão no roteiro.

No entanto, "Constantine" é isso, um ótimo entretenimento. Uma super produção hollywodiana perfeita para ocupar o tempo. Só não espere muito do filme - apesar de sua ousadia e pretensão - , pois assim o proveito é maior.

Críticas

Tropa de Elite

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Antes mesmo de estrear no cinema, "Tropa de Elite" alcançou um sucesso jamais visto anteriormente no cinema brasileiro. Muito disso se deve aos inúmeros downloads feitos por internet e a enorme quantidade de DVD’s piratas que foi sendo fabricada na medida em que o filme se tornava uma febre.

Quando chegou ao cinema - aproximadamente no final de 2007 -, a trama continuou sua saga de sucesso, o que carregou ávidos espectadores às telonas, inclusive aqueles que já o haviam visto antes em frente ao computador. Com tanto furor em torno da produção, a pergunta que fica é: Por que "Tropa de Elite" causou tanto impacto?

A princípio, podemos analisá-lo sob duas óticas distintas. A primeira seria como um mero filme policial. Pois bem, se vermos o longa única e exclusivamente pensando que aquilo é apenas um filme, apenas produto de entretenimento, sem levarmos em conta a influência que ele causa na cabeça das pessoas, com certeza será muito divertido, pois é inegável a qualidade do longa de José Padilha nesse sentido.

No entanto, se caminharmos para o lado ideológico da coisa, "Tropa de Elite" derrapa feio. Quem dirige a trama, como já foi dito, é o cineasta José Padilha, que em sua curta carreira no cinema até aqui se voltou principalmente aos problemas socias existentes no país - vide "Ônibus 174" e o mais recente "Garapa", ambos documentários. No roteiro, a mesma turminha de sempre, encabeçada por Bráulio Mantovani, também roteirista de "Cidade de Deus", "Linha de Passe" e "Última Parada 174".

Até acho louvável a abordagem de temas sociais, já que os mesmos carecem de cuidados especiais, que por muitas vezes acabam sendo esquecidos por nossas autoridades. Contudo, o problema maior está na maneira como colocam esses problemas na mesa, sempre de forma apelativa e tentando julgar quem está certo e quem está errado, como se eles fossem deuses ou os próprios donos do mundo.

"Tropa de Elite", assim como o recente e já comentado "Última Parada 174" e todos os outros que seguem essa linha, pecam na sua mensagem final. No caso específico do mega-sucesso de José Padilha, o que é transmitido para o espectador é um ódio súbito ao bandido e uma culpa duvidosa de que é o boyzinho de classe média que fincancia o tráfico de drogas. De fato, criminalidade é um tema que deve ser discutido com muita seriedade; no entanto, será que a melhor alternativa é sair matando todo mundo a torto e a direito? Muito pelo contrário! O buraco é muito mais fundo do que isso, e se faz de cego, ou simplesmente é incapaz de compreender, quem pensa que as atitudes do Capitão Nascimento são justificáveis - sinceramente eu prefiro acreditar que o diretor faça parte do grupo dos que se fazem de cegos.

É bem verdade que o personagem de Wagner Moura (muito bem interpretado, diga-se de passagem) tem seus conflitos com o tipo de vida que leva - principalmente quando está prestes a se tornar pai. Entretanto, esses conflitos são muito pouco aprofundados e acabam sendo colocados em segundo plano na trama. Nascimento, na verdade, é um comandante sanguinário que mata sem dó nem piedade, camuflado em uma máscara de herói que conquistou e acertou em cheio o público brasileiro. Afinal, quem não saiu do cinema com vontade de atirar na primeira pessoa que visse pela frente? Será que era essa mesmo a mensagem a ser passada?

"Tropa de Elite" é um bom filme policial, feito para ser visto somente como mais um dentro da indústria do entretenimento - jamais para se analisar profundamente e muito menos cultuar. O destaque vai para o bom desempenho dos atores; Wagner Moura consegue retratar muito bem o seu personagem, assim como também o fazem Caio Junqueira, André Ramiro e principalmente Fábio Lago.

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