Sem se afastar da política, Gravas nos mostra que o humano é muito mais do que parece ser, e que os acontecimentos de uma guerra deixa uns cegos para aquilo que não quer ver. Sem toda a forma lúdica do cinema americano, filme de Gravas parece difícil - e o é -, necessitando por parte de quem assiste de certo conhecimento prévio. Ainda sim válido enquanto documento-versão, Mathieu Kassovitz mais uma vez mostrando que é melhor atuando que dirigindo, faz um papel ousado e forte.
A diferença entre esse filme, e talvez esse valor não o equivala à obras-primas como O Pianista, ou A Lista de Schindler, e os filmes anteriormente citados consiste mais na forma como é gerida a trama. No filme de Gravas a trama vem do clima político-social, para depois, tratar do persoagem, das carcterísticas própias daqueles envolvidos na guerra. Enquanto A Lista de Schindler faz um estudo delicado e intenso de "heróis" e vilães, e o Pianista concentra-se meticulosamente no seu personagem principal, ou seja, a maneira de como essas pessoas encararam à guerra, em Amém de Costa-Gravas, a perspectiva é mais no sentido de como a guerra atingiu aquelas pessoas, de maneira que até o desenvolvimento da personalidade de todos os personagens fica um tanto insuficiente, não caricata, visto que vemos suas motivações ideológicas, suas visões de humanidade, de humanitarismo, onde o lado que estavam não necessariamente designaria suas idéias sobre a guerra.
O filme se passa na Segunda Guerra e conta a história de um cientista alemão responsável pela fabricação de uma substância para combater pestes animais. Todavia, o tempo passa e ele percebe o rela intento malígno por traz do projeto. Vendo que sua substância ceifava a vida de milhares de judeus a cada dia, Kurt Gerstein, o cientista, arrepende-se e vai procurar maneiras de informar ao mundo sobre o massacre dos judeus, recorrendo à igreja em busca de maior divulgação.
Nesse sentido, a direção de Gravas mostra-se mais uma vez eficiente, atacando a todos, Gravas forma sua versão sobre a guerra, onde Igreja, EUA e demais aliados estavam pouco se importando com o possível massacre de judeus no interior alemão. Em Amém, a impressão que nos fica é de que mais terrível que dizimar um povo, era o fechar os olhos e tapar os ouvidos por parte da Igreja, principalmente, para aquilo que fingiam não ver nem ouvir, ou seja, tantas e tantas pessoas morreram devido à falta de atitude de uns frente ao massacre praticado pelos nazistas.
Fica difícil tatear se apenas tais requisitos compõem um bom filme, marcante e prazeroso de se assistir. Todavia, o grande impasse de Amém consiste no deleixo técnico. Direção de Arte desconfortável, falta de apuro na direção, às vezes, deixa o filme com cara de Thriller europeu. À parte a isso, a bela e consisa TRilha Sonora e a ágil montagem empreendida no início e fim do filme.
Bem dirigido e bem roteirizado, Amém é um bom sinal de que o cinema europeu continua produzindo filmes com forte conteúdo crítico político. Embora careça de um pouco de originalidade - estigma de todos os atuais filmes sobre a Segunda Guerra -, trata-se de um filme proveitoso e válido para pesquisadores e interessados com um possível verdade sobre fatos da Segunda Guerra.