Ridley Scott construíu uma sólida carreira como cineasta. Apesar de nunca ter vencido um Oscar, ele é conhecido por bons filmes e alguns clássicos, como "Alien: O Oitavo Passageiro", "Blade Runner: O Caçador de Andróides" e mais recentemente o premiado "Gladiador".
Nos últimos anos, Scott iniciou um parceria de sucesso com Russel Crowe, parceria essa que lhe rendeu o Oscar de melhor ator por "Gladiador". Os dois ainda trabalharam juntos no competente "O Gângster" e no recente "Rede de Mentiras" - em 2009, Scott dirigirá Crowe mais uma vez no drama "Nottingham".
Confesso que assisti o mais novo filme de Ridley Scott com um pouco de ansiedade. Depois de assistir "O Gângster" - que é um bom filme apesar de alguns defeitos - fiquei esperançoso quanto à nova trama, que além de contar com o já falado Russel Crowe, também tem o ótimo Leonardo DiCaprio como personagem principal; prato cheio para o espectador.
Gostaria muito de dizer algo positivo, mas, infelizmente, os dois atores principais são o único ponto forte de "Rede de Mentiras". O filme já erra no seu enredo principal e na ideologia equivocada e tendenciosa. Mais uma vez o palco é a guerra norte-americana contra o terrorismo, assunto que virou muito comum em hollywood nos últimos anos. Os americanos, bonzinhos por natureza, e o mundo árabe, escória da humanidade - é essa a impressão que temos na maioria desses fimes; "Rede de Mentiras" não foge à regra.
Como se não bastasse a falta de criatividade em se tratando de um tema já batido, a trama de Ridley Scott ainda peca em outros pontos. O roteiro é ruim, a história por si só já é pouco interessante e ainda é embalada por músicas típicas do Oriente Médio - o que torna o filme ainda mais chato e maçante. Além de tudo, não há a mínima construção dos personagens; pouco se sabe quem é Roger Ferris (Leonardo DiCaprio) e Ed Hoffman (Russel Crowe); parece que foi tudo feito com tanta pressa que acabou faltando tempo para se criar uma personalidade para os personagens - lamentável.
Outro ponto que achei absolutamente sem sentido é o relacionamento que envolve o personagem de DiCaprio e a atriz Golshifteh Farahani, que interpreta Aisha - uma médica local. Totalmente clichê e fora de contexto, o pseudo-relacionamento esfria completamente a já defasada e incorreta trama - fazendo com que o espectador se aborreça ainda mais com o produto.
Ridley Scott peca em seu novo filme e nos traz uma trama vazia de conteúdo e sem a mímina graça. DiCaprio e Crowe salvam o filme, o que ainda assim não torna "Rede de Mentiras" um produto recomendável. O pior de tudo é que um assunto que deveria ser tratado com tanto cuidado e no mínimo promover uma reflexão por parte do espectador, acaba se tornando fútil e pretensioso do jeito que é. Sem dúvidas um dos filmes mais decepcionantes que vi ultimamente.
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