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Críticas

Regras do Brooklyn

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Filmes que possuem como tema central a amizade são, normalmente, fadados a ficarem no lugar-comum do sentimentalismo extremo, desmedido e exagerado, como acontece no fraco “Appaloosa - Uma Cidade sem Lei”. Quando querem juntar amizade com máfia, um tema bastante complicado de se explorar, não tem como esperar um resultado bom. E é com grande surpresa que acompanhei os 96 minutos de projeção de “Regras do Brooklyn” (Brooklyn Rules, 2007), que é um ótimo filme, tanto de máfia quanto de amizade (mas devo confessar que o segundo tema supera bastante o primeiro em questão de qualidade de abordagem), que em nenhum momento é apelativo nem incoerente.

Michael (Freddie Prinze Jr.), Carmine (Scott Caan) e Bobby (Jerry Ferrara) são amigos de infância e, desde então, moram no distrito do Brooklyn, em Nova York. Os três viveram juntos até chegarem à idade adulta na década de 80, quando a máfia tomou conta inteiramente do distrito, dando à vida deles um rumo completamente diferente do que imaginavam. Se antes eles tinham de enfrentar batalhas diárias como relacionamentos e responsabilidades profissionais, agora eles têm de estar atentos à influência da máfia em suas vidas, que trouxe constante perigo e aflição ao seu dia-a-dia. Mesmo com um dos amigos, Carmine, ligado diretamente ao grupo mafioso chefiado por Caesar Manganaro (Alec Baldwin), a amizade dos três permanece praticamente intacta, apesar de enfrentarem constantemente problemas decorrentes da máfia no bairro.

Apesar de tratar de assuntos bastante distintos, “Regras do Brooklyn” apresenta um roteiro praticamente sem falhas, que, em momento algum, trata a amizade de Michael, Carmine e Bobby como algo bobo e exageradamente sentimental. Muito pelo contrário, “Regras do Brooklyn” é um filme extremamente sério. Não espere amiguinhos que vivem saindo para bares, enchem a cara, transam com todas as mulheres que conseguem, têm problemas com a família e vêem nos amigos as únicas pessoas que lhes entendem. Este filme é diferente dos outros que vemos por aí. O grande diferencial está na construção dos personagens, muito bem feita pelo roteirista Terence Winter (que escreveu 23 episódios da ótima série “The Sopranos”, da HBO). Mesmo apresentando alguns clichês (como “o amigo zoado”, “o amigo certinho” e “o amigo fora-da-lei”, o roteiro de Winter acerta em cheio na abordagem que dá ao trio de amigos, e também aos personagens coadjuvantes, como o mafioso Caesar e a complicada Ellen (Mena Suvari), colega de faculdade de Michael, que acaba se tornando um pouco mais que isso. Para transpor o roteiro para as telas, foi escolhido Michael Corrente, cujo trabalho eu não conhecia, e que estava sem dirigir um filme desde “Um Tiro na Glória”, em 2000. Corrente tem uma direção bastante segura, e é co-responsável pela eficácia da construção dos personagens de Winter, com uma ótima direção de roteiro. O grande problema de “Regras do Brooklyn” é que, por ter um diretor não muito acostumado a fazer grandes filmes, acaba não tendo uma pretensão de ser um filme grandioso, esbarrando em um excesso de cautela. Poderíamos ter uma abordagem mais aprofundada das questões da máfia, o que nos daria uma explicação melhor acerca do que acontece na tela, mas o que é visto é uma abordagem muito superficial, o que acaba criando algumas dúvidas e incertezas. Corrente preferiu ater-se ao tema principal, a amizade, e não explorar com a devida atenção a interessante máfia do distrito. Mas Corrente e Winter acertam em cheio nas cenas mais tristes do longa, mostrando que, desdo o início, a verdadeira intenção do filme era abordar a amizade do trio. Com leveza e naturalidade, mesmo em face dos obstáculos impostas pela vida, Michael, Carmine e Bobby mantêm-se fiéis uns aos outros, o que pode ser visto, principalmente, na cena final, que leva qualquer espectador às lágrimas facilmente. Interessante também é o fato que a história é narrada pelo personagem de Freddie Prinze Jr., mesmo que ele não esteja onipresente, o que torna sua ligação com o público mais estreita que a dos outros personagens. Além de tudo, o filme trata de vingança, mas não uma vingança qualquer, mas uma vingança “justificada”, que só quem já perdeu uma pessoa importante sabe como é.

Se diretor e roteirista acertaram a mão em praticamente tudo, o que dizer do elenco de “Regras do Brooklyn”? Todos têm atuações muitíssimo seguras, o que não deixa de ser mérito do diretor Michael Corrente, mas eu atribuiria, em maior parte, ao próprio talento dos atores. Freddie Prinze Jr. interpreta o mais carismático dos três amigos, Michael. O ator mostra total segurança ao colocar nas telas o amigo mais certinho, o universitário trabalhador Michael, que luta com todas as suas forças para tirar Carmine do mundo da máfia. Interpretado por Scott Caan, Carmine é o amigo mais politicamente incorreto, um verdadeiro aprendiz de mafioso. Caan cumpre seu papel com muita competência, mostrando que sabe oscilar entre o mafioso durão e o amigo que faz de tudo para ver os outros bem. O outro amigo, Bobby, é interpretado por Jerry Ferrara, que, apesar de não ter má atuação, exagera um pouco em tornar seu personagem o mais “bobinho e imaturo” do trio. Para completar a lista, temos o sempre bom ator Alec Baldwin, como o mafioso Caesar Manganaro. A complexidade de seu personagem, que oscila entre o lado bom de ajudar os amigos de Carmine e, obviamente, o lado ruim de ser mafioso, só poderia ser interpretada por um ator do calibre de Baldwin, que segura as pontas com perfeição, brindando a excelente construção do roteirista com a melhor atuação do filme (mesmo que seu personagem não tenha o mesmo destaque que o trio de amigos).

“Regras do Brooklyn” é aquele tipo de filme que tinha tudo para dar completamente errado, com sua temática complicada, seu diretor acostumado a fazer trabalhos de pouca relevância e a presença de apenas um grande nome no elenco. Contudo, o que temos diante de nossos olhos é um filme bastante competente, que esbarra na falta de pretensão da equipe de produção, principalmente da direção. Com um final tocante, “Regras do Brooklyn” agrada a todos, mesmo àqueles que não gostam de filmes de amizade e de máfia. Uma verdadeira ode à verdadeira amizade!

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Dúvida

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Ultimamente, temos ouvido muito falar em casos de abuso sexual e pedofilia envolvendo a Igreja Católica, problemas que vêm fazendo muitos católicos colocarem sua fé em dúvida. Entretanto, esta não é uma questão recente, e o diretor e roteirista John Patrick Shanley mostra isto em seu filme "Dúvida", adaptado de uma peça teatral de sua autoria.

O filme se passa na década de 1960, logo após o assassinato do presidente Kennedy. O local é a Escola católica St. Nicholas, dirigida pela conservadora e exigente irmã Aloysius (Meryl Streep). Porém, o padre Flynn (Philip Seymour Hoffman) vêm tentando trazer umas mudanças ao local, que inclusive admitiu seu primeiro aluno negro, Donald Miller(Joseph Foster). Entretanto, a inocente irmã James (Amy Adams) suspeita do comportamento de Donald, seu aluno, após um encontro privado entre este e o padre Flynn, e decide contar a irmã Aloysius. A partir deste momento, esta empreende uma dura busca pela verdade sobre o que aconteceu entre o garoto e o padre.

As qualidades de "Dúvida" se focam em dois aspectos. O primeiro é o ótimo roteiro. Há diálogos muito interessantes e explosivos, assim como a construção dos personagens é muito bem delineada. Há inclusive muitas sutilezas, como o fato de o padre dar para Donald um brinquedo feminino, uma bailarina. O que prejudica um puco é a direção de Shanley, que torna o filme um pouco arrasado no início.

O outro aspecto que merece destaque é o desempenho do elenco. Todos os atores estão fantásticos em seus papéis. Meryl Streep prova, masi uma vez, ser uma das melhores atrizes do mundo; Philip Seymour Hoffman mostra novamente competência em um personagem complexo e dúbio como o padre Flynn e seu diálogo com Meryl quase no fim do filnme é sensacional; Amy Adams surpreende como a irmã James, que se vê em uma situação complicada sem saber em quem acreditar; mas o grande destauqe é Viola Dvis, que interpreta a sra Miller, mãe do menino. Apesar de aparecer pouco, a interpretação de Davis tem uma força tão grande que nos deixa estatelados! Todos receberam justíssimas indicações ao Oscar.

Quanto a parte técnica, não há muito o que falar, e não dá nem para prestar muito atenção, já que ficamos fascinados o tempo inteiro pelo desempenho dos atores. Mas vale destacar a trilha sonora de Howard Shore, o mesmo compositorda fantástica trilha da trilogia "O Senhor dos Anéis". Direção de Arte, fotografia e figurinos são corretos, sem maiores destaques.

Enfim, "Dúvida" é um ótimo filme, principalmente pelo seu roteiro e, ainda mais, pelo seu elenco. Aliás, a dúvida não atinge somente os personagens, mas também o espectador, e não espere ncontrar respostas fáceis neste filme!

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Foi Apenas um Sonho

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Sam Mendes é dono de uma curta porém premiada carreira. O diretor estreou com tudo em Hollywood; em 1999 ganhou o Oscar pelo aclamado "Beleza Americana" - o que lhe garantiu o status de diretor promissor.

Nos seus dois filmes seguintes, Mendes conseguiu mantêr o nível; tanto no estelar "Estrada Para Perdição" quanto no competente "Soldado Anônimo", que critica com acidez os movimentos de guerra no Iraque.

Muito se esperou em torno da nova empreitada do diretor, seja pelo fato de ser possivelmente mais uma grande obra ou pelo fato de contar com nada mais nada menos que Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. O casal meloso de "Titanic" volta a contracenar 12 anos depois da premiada obra de James Cameron.

Antes de qualquer coisa, é bom registrar que mais uma vez o título em português estraga muito da graça do filme. "Foi Apenas Um Sonho" é altamente revelador e conta toda a história da trama em apenas uma frase. Diferentemente de "Revolutionary Road", título em Inglês e nome do bairro em que o casal vive na ficção - detalhe para o contraste do título com o destino dos personagens; bem mais original.

Como já deu para perceber, "Foi Apenas Um Sonho" tinha tudo para ser uma grande obra; diretor premiado, elenco em ótima forma, história interessante e indicações para o Globo de Ouro. Contudo, Mendes falhou e esbarrou na mediocridade - o pouco reconhecimento da academia, embora muitas vezes isso não seja parâmetro para nada, comprova esse fato.

Parece que o romance de David Yates foi mais difícil de se adaptar do que o esperado; Mendes de longe lembra seus últimos filmes. A história é interessante, como já citado - um casal da classe média americana se vê em crise após cair na monótona rotina; no entanto, a direção pouco inspirada faz a trama se perder em alguns momentos.

Acho curioso o fato de Sam Mendes tratar de situações e pessoas sempre com extremos. Assim foi em "Beleza Americana" e agora também; o casal Wheeler (DiCaprio e Winslet) é o cúmulo do extremo; ambos são completamente doidos, românticos porém desequilibrados. As discussões entre os dois são tantas que acabam se tornando vulgares e sem graça ao longo do filme. Tudo é motivo para brigar e todas as desavenças tomam proporções colossais, com direito a gritarias e objetos quebrados pelo caminho. Que me desculpem os histéricos de plantão, mas essas atitudes não são nem um pouco comuns em um mundo normal e saudável. O diretor exagerou no retrato, as atitudes do casal são tão extremas que na maioria das vezes acabam provocando risos da platéia.

Aqueles que poderiam salvar o filme, leia-se Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, naufragam junto com todo o resto. Ambos são ótimos atores e já provaram isso ao longo de suas carreiras; só que em "Foi Apenas Um Sonho" os dois parecem muito artificiais. É bem verdade que as brigas são impactantes, mas quase nenhuma delas parece verdadeira, nenhuma realmente convence quem está assistindo.

Apesar de apenas falar mal da trama, é importante ressaltar que "Foi Apenas Um Sonho" não é uma experiência terrível, mas sim decepcionante por toda a expectativa gerada em torno do longa. No mais, destaque para a excelente trilha sonora e o belo figurino.

www.moviefordummies.wordpress.com

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Across the Universe

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Beirando ao surrealismo crônico, o filme dirigido por Julie Taymor só vale a pena pelas diferentes e deliciosas versões das músicas dos Beatles.

Se Frida já agradou pela forma como a criativa diretora Julie Taymor conduziu o filme, este Across the Universe prometia pelo menos um musical à altura daquilo que prometia, contar duas histórias paralelas ao som das canções frenéticas do grupo de rock britânico, The Beatles, estouro dos anos 60. E assim foi feito, muito embora essas duas histórias se misturem em um roteiro onde só se aproveitam os números musicais, adaptados das canções originais pelo mesmo produtor musical do último trabalho de Taymor.

Contando a história de amor entre Jude e Lucy paralelamente à história dos anos 60 em si, desde a liberação sexual dos gays, os problemas raciais,a Guerra, e outros acontecimentos marcantes da década, os personagens mostram o conteúdo da boa música e a forma como ela pode mudar a estética de estórias verdadeiras e inclusive banais. Infelizmente, talvez seja esse o principal problema do filme, que não soube exatamente encaixar as canções da maneira mais apropriada possível, embora suas versões melódicas sejam dignas de aplausos. Tudo isso, graças a um surrealismo desnecessário que podia muito bem ter sido evitado e quem sabe, apelando para uma forma mais comum de se fazer um musical. Taymor, que acerta em algumas vezes, mas peca ao exagerar na criatividade em outras situações, desta vez consegue atingir o básico do exigido, mas nem por isso, 'Across the Universe' é um filme para ser lembrado, seja como uma homenagem aos Beatles, ou a uma forma mais descontraída (ou em certos momentos de maneira mais violenta) de se contar os "perrengues" que o povo americano sofria na década que esse mesmo grupo esbanjava sucesso por onde passava.

Em momento algum o filme se perde no seu contexto musical, ele simplesmente usa de uma forma diferente para montar os números, mas consegue fazer com que a história se torne deliciosa e muito real, uma vez que 90% das canções foram gravadas ao vivo em estúdio, sem qualquer tipo de dublagem, somente as afiadas vozes dos intérpretes.

Falando neles, uma pena que não possamos elogiar a atuação de nenhum. O elenco é de uma inexpressividade impressionante, nem uma passagem rápida e praticamente despercebida de Salma Hayek é capaz de salvar este grupo, uma vez que só fiquei sabendo que ela faz uma ponta muito tempo depois de assistir ao filme. Porém, para minha surpresa, Evan Rachel Wood estava um pouco menos péssima que o de costume do papel de Lucy, e quem sabe em O Lutador, filme no qual ela interpreta a filha de Mickey Rourke, ela esteja um pouco melhor e talvez na linha acima do ordinário.

Em quesitos artísticos, é tudo muito bonito, tudo menos a fotografia e os efeitos especiais grotestos. Os figurinos (indicados ao Oscar pela sua criatividade) e a direção de arte são muito bonitos, mas o que realmente impressiona é a qualidade musical. Das 33 músicas que Julie Taymor selecionou para o longa, todas elas foram muito bem preparadas por Elliot Goldenthal.

Músicas como "Hey, Jude", "Dear Prudence", "I Want To Hold Your Hand", "All My Loving", "I Want You (She's So Heavy)", "Let it Be", "Because", "Strawberry Fields Forever" e vários e váris clássicos dos meninos de Liverpool se encontram neste filme, em versões atualizadas e de uma originalidade fantástica. Inclusive a passagem da canção-título, "Across the Universe" é talvez a mais bela do longa.

O filme mesmo só vale a pena mesmo pelas canções e para relembrar os bons tempos, em uma época que os Beatles com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr embalavam a trilha sonora do mundo com suas músicas contagiantes e omitidas pelos gritos insassiantes das fãs. Across the Universe nos convida a voltar no tempo e relembrar o que aconteceu naquela época, assim como Os Reis do Iê, Iê, Iê fez, só que o filme de Julie Taymor parece mais um quadro sendo retratado no cinema.

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Deu a Louca em Hollywood

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Dizem por aí que o verdadeiro bom crítico é aquele que não desmerece o trabalho do artista, neste caso, o filme como um todo. Mas, como vamos criticar Deu a Louca em Hollywood sem escrever sobre as abomináveis tentativas de fazer rir, sobre um elenco muito abaixo do medíocre e um roteiro esdrúxulo, risível e mais abominável ainda? Desculpas aos justos, mas neste caso, deve-se abrir uma excessão, afinal estamos tratando de uma verdadeira bomba cinematográfica.

Há quem goste, por incrível que possa parecer. E é justamente esse o grande motivo pelo qual anualmente aparecem aberrações aos quais algumas pessoas ousam chamar de "filme". O público mais descompromissado, em média, os pré-adolescentes e as pessoas de adolescência já em andamento são os que mais apreciam paródias como esta, que contém piadas de extremo mal gosto, apelando para o preconceito nítido e insinuações maldosas a deficientes, negros, asiáticos, e outras raças. Logicamente, a procura de algo leve e "provavelmente" engraçado, os jovens invadem as salas de exibição desse "filme" e continuam dando gás a comediantes sem neurônios, que não param de fazer produções assim, sabendo que haverá retorno financeiro. E quem paga por isso são os apreciadores da sétima arte, que não inclui somente aos críticos, mas também a todos aqueles que não querem ver seus cinemas poluídos por escórias de produções, cinemas que optam por exibir paródias desnecessárias a filmes bons, premiados e com um elenco renomado ou pelo menos, de um diretor de respeito e elogiado pela crítica internacional.

Tanta revolta cabe a uma simples e breve explicação: 'Deu a Louca em Hollywood' é uma bomba, e das grandes. Por quê? Eu acho que somente os nomes de Jason Friedberg e Aaron Seltzer podem lhe responder. Diretores de outras bombas depois desta, talvez tão grandes quanto, como Super Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões, a dupla também já foi responsável pelos roteiros de Uma Comédia Nada Romântica e do engraçado Todo Mundo em Pânico (pois é, um dia eles fizeram rir de prazer e não de desgosto). Friedberg e Seltzer demonstraram como não sabem fazer cinema, apelando e tentando fazer graça com insinuações preconceituosas, que nem perto de humor negro chega, e sim ao extremo mal gosto, que acompanha o filme não só na péssima direção, mas também em todos os quesitos técnicos, desde a maquiagem grotesca até a direção de arte mal trabalhada e plagiada.

A história, assim como todas as paródias, procuram esculhambar produções que fizeram sucesso, em geral os blockbusters. Para os mais desavisados, as paródias como esta são sinônimo de inveja das outras grandes produções, pois já que não fizeram tanto sucesso, picham toda a imagem do original (embora eu pense que é pura e sofisticada incompetência mesmo). Em "Epic Movie", as vítimas da vez foram As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Super Nacho, A Fantástica Fábrica de Chocolate, algum dos três filmes de Piratas do Caribe, Serpentes a Bordo, O Código Da Vinci, X-Men, qualquer um de Harry Potter e outros. O roteiro, assinado pela dupla de diretores passa por todas esses pedaços de filmes da maneira mais ridícula e bizarra possível. Unindo quatro órfãos (quatro péssimos atores), um que saiu de um avião onde foi atacado por uma serpente, outro que é um mutante com asas de galinha, outro um lutador de luta libre e um funcionário do Museu do Louvre. Todos fazem referência a alguma produção e são todos, do nada, convidados para entrar na Fábrica de Chocolate de um proprietário insano onde, "misteriosamente" encontra-se um armário que dá acesso às terras de Gnárnia (com G mudo, exatamente), onde acabam conhecendo Harry Potter e seus amigos, um Jack Sparrow depois da guerra e outras criaturas ridículas, que se juntam para derrotar a bruxa, interpretada pela sempre péssima Jennifer Coolidge.

Bem, uma vez já comentado o roteiro, ou um monte de páginas com conteúdo absolutamente descartável e para o bem maior, reciclável, cujo nome fora atribuido como "roteiro", é a hora de destroçar o que sobrou do elenco de 'Deu a Louca em Hollywood'. Sem dar atenção aos mais incompententes, vamos generalizar e desta vez, sem nenhuma culpa, o elenco como um todo de irresponsabilidade, inexpressão, fracasso e total falta de capacidade para se atuar um personagem com uma mínima margem de precisão. Certo, nenhum dos componentes do elenco possui algo que se possa aproveitar, nem mesmo uma única cena que conseguir extrair uma risada básica de algum espectador bem humorado, e vamos dizer, otimista. As únicas risadas que consegui dar durante este filme foi justamente para não cair em lágrimas, como diz o ditado, "é melhor rir para não chorar", tamanho o desespero de ver tanta repugnância centralizada em um único projeto.

Paródia desnecessária, de conteúdo risível e revoltante, e que deve ser descartada o mais breve possível da sua lista de pendentes.

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Hannibal - A Origem do Mal

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"Você já conhece seu NOME e seus MÉTODOS.

Descubra agora como tudo COMEÇOU..."

Sua primeira aparição no cinema foi em 1986 em "Caçador de Assassinos", na pele de Brian Cox. Porém, a fama do psiquiatra-canibal Dr. Hannibal Lecter surgiu, realmente e merecidamente, em "O Silêncio dos Inocentes" (1991), interpretado impecavelmente por Anthony Hopkins. Sua crueldade, olhar fixo e penetrante, diálogos geniais e seu cérebro nos convenceu que aquele homem era vilão e tanto. Com um intervalo de dez anos, em 2001, é lançado outro filme com o canibal, dessa vez com o simples título de "Hannibal". Anthony Hopkins mais uma vez foi a escolha perfeita para o personagem. E em 2002, é a vez de "Dragão Vermelho", uma "refilmagem" de "Caçador de Assassinos", baseado no livro "Dragão Vermelho" de Thomas Harris. À estas alturas, nós já estávamos mais do que convencidos de que o Dr. Hannibal Lecter era o maior vilão de todos os tempos.

Porém, ainda sobrava um espaço possível de se preencher na série Lecter, que seria o seu passado, explicando o seu comportamento. Até porque no filme e livro de "Hannibal", Lecter falava de Mischa, sua misteriosa irmã. E em 2007 este espaço é preenchido, com "Hannibal-A Origem do Mal".

A Origem do Mal nos conta a trajetória de Lecter desde sua triste infância na Lituânia, sua adolescência, e sua transformação no maior vilão de todos os tempos. O próprio título já nos diz. Desta vez, porém, o próprio criador e escritor Thomas Harris escreveu o roteiro do filme. Hannibal Lecter, porém, desta vez, não é mais Anthony Hopkins, é o francês Gaspard Ulliel.

Porém, "A Origem do Mal" comparado com seus antecessores é de longe o mais fraco da série. Lecter, no filme, sofre por causa da Segunda Guerra Mundial, e, mesmo indo se esconder com a família numa casa do mato, os alemães os encontram e invadem. Sobram os pequenos Hannibal e sua irmã Mischa. Mas Hannibal assiste sua irmã ser morta brutalmente pelos alemães, e este passa oito anos remoendo-se de culpa guardando ódio e trauma no peito, e agora está num orfanato soviético.

Ele foge para Paris tentando encontrar seu tio, mas encontra a viúva Sra. Murasaki (Gong Li) que o acolhe. Lecter se torna um estudante de medicina, principalmente anatomia, e ao mesmo tempo em que o sangue e a raiva tomam-lhe a cabeça, ele vai planejando um plano vingativo contra os alemães que assassinaram sua irmã Mischa.

Não sei se foi uma boa idéia. Hannibal era interessante pois era um vilão diferente. Era vilão, aparentemente, por uma "força da natureza". E, além disso, cultura, inteligência, crueldade e frieza era o que não lhe faltava.

Gaspard Ulliel, porém, se esforçou e fez um excelente trabalho na pele do jovem Hannibal, transparecendo seu trauma e seu desejo de vingança. Gong Li, a única personagem mulher na trama, fez seu papel sensível de uma forma aceitável.

Mesmo com a boa atuação do francês Ulliel, o filme A Origem do Mal não possui todo aquele gás e energia que Dragão, Silêncio e Hannibal possuíam. Um filme bem inferior aos outros da série, cheio de coisas manjadas, como o fato de ter se passado na Segunda Guerra Mundial. Além do mais, já estamos cheios de filmes sobre vinganças pessoais. E Origem do Mal é exatamente isso, a vingança de Lecter contra os alemães que mataram sua pobre irmã Mischa.

A Origem do Mal é o mais fraco da série Lecter, se analisarmos sua trama e desenvolvimento. O filme em si, apesar dos clichês, não é de todo o mal, mas consegue ser um bom suspense para se assistir quando você não estiver muito exigente consigo mesmo.

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Batman Begins

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Batman Begins é o primeiro sopro de Chris Nolan de tentar reviver o Batman, garantindo-lhe intensidade, criando bem sua personalidade, situando toda a "psicologia coletiva" de Gothan City, o que faz de Batman um herói de extrema grandeza é a sua capacidade de ser uma simbiose de reflexos, da ideologia punitiva do governo norte-americano e das angústias universais presentes na moralidade de cada ser humano. O begins é um bom filme, não é melhor devido a sua história, onde o vilão é um tanto caricato, bem como também o visual de Gothan - algo que bebesse mais de fontes como o Expressionismo alemão mergulharia o filme em um clima onde a cidade seria um personagem denso, não como nesse visual "leve", onde a "escuridão" de Gothan é apenas no boca-boca de super-heróis e vilães do filme. E, principalmente, o excesso de maneirismo de Nolan quanto a linguagem do filme, o que pode ser interessante no começo, acaba tornando repetitivo o fato de a cada minuto um personagem disparar uma frase de efeito, ou resaltar seu tom irônico para com o outro utilizando algo que esse mesmo tinha dito a ele.

O morcegão andava com a imagem um tanto queimada devido as peripécias carnavalescas imputadas pelo medíocre Joel Schumacher, Nolan era um diretor que destacara-se anos antes ao fazer um filme com ares de culto e cult, a saber, Memento (Amnésia). Em Batman, Nolan coloca todo seu estilo, revitaliza o Batman, da-lhe moral, densidade, o faz um super-herói que se questiona enquanto tal.

Todavia, o Batman de Nolan, tanto o Begins, quanto o cavaleirodas trevas está imputado até o talo de ideologia política, claro, super-heróis podem facilmente serem entendidos como alter-egos da população norte-americana, e com o pega-pra-capar rolando solto no Iraque, ficaria impossível que o Batman, um dos grandes super-heróis dos EUA não levasse para as telinhas parte dessa paranóia de guerra, isso seria impossível de não acontecer. Visto isso, nós, cinéfilos, ficamso em uma espécie de corda-bamba tentando nso equilibrar entre a crítica a essas "intenções" por trás do morcegão e o cinema em si, mandando pro inferno toda e qualquer possibilidade de preocupação com o conteúdo polítoco e ideológico do filme.

Batman é um porta estandarte da doutrina punitiva - justiceira, como entenda- norte-americana. Ele sempre está em busca daquilo que julga ser justo, a qualquer preço, ele se dá ao luxo de julgar todos os vilãos, sempre sendo (ou tentendo) ser um boa praça, a compaixão é sua marca. Como o governo americano, Batman sempre será bem visto por poucos, os verdadeiros amigos, temido por uns e odiado pela maioria. Ele também sempre uzará da tecnologia para vencer o mal, armas de última geração será seu instrumento básico na luta contra o "Eixo do mal". Também utilizará de auto-propaganda para ficar sempre nos holofotes da justiça, afinal, um herói é também um marketeiro, e todos os intrumentos "teatrais" do Batman servem tanto como auto-confiança, como marca de identidade, um herói tem que ser fardado. Mas, principalmente, o Bataman utiliza à força sua justiça, masmo que as pessoas não a julgue necessário, não a queiram, o Batman se acha o slavador do planeta contra o mal, ele não é intitulado o salvador em potencial, ele mesmo se auto-intitula.

Tais características são a essência do Batman, todas elas estão presentes em todos os Batmans, no de Nolan, no de Burton, no de Schumacher, o que varia será apenas a intensidade de tal essência, e em que contexto ela será colocada, e com que sentido.

Em Batman Begins, Nolan dá o seu sentido ao Batman, embora sua direção e roteiro - em parceria com David S. Goyer - escorregue me vários pontos podemos dizer que foi um bom retorno, um primeiro bom passo rumo ao brilhante e extremante perspicaz Cavaleiro das Trevas, 3 anos depois.

Begins contará a origem da vontade por fazer justiça de Batman. Começando com o assassinato de seus pais, o filme salta alguns anos e vemos Batman em algum lugar do mundo buscando conhecimento da mente criminosa. Após tal episódio, onde fica o grande destaque a bela Fotografia das gélidas montanhas por onde Bruce Wayne passava, além da intensa contrução psicológica de Wayne, o que corrobaria em sua volta a Gothan e no surgimento de seu alter-ego, Batman.

Nessa nova empreitada, a escolha do elenco deveria ser minuciosa, visto que com Schumacher a série ficou um tanto palhaça devido a presença ora de Schwarzenegger, ora de Jim Carrie, um, passou-se por palhaço sem querer, o outro, decididamente imputou parte da pesonalidade de Ace Ventura no pobre Charada.

Nesse sentido, fora de extrema felicidade as escolhas de Nolan. Seja na consistente atuação de Christian Bale como Bruce Wayne/Batman, seja na presença de respeito de Michael Caine como o mordomo Alfred, Gary Oldman e Morgan Freeman, respectivamente, Det. Gordom e Lucius Fox, todos os atores cumprem bem seu papel. A bela Katie Holmes como a mocinha da história, Rachel Dawes, além de Tom Wilkinson como o vilão Carmine Falcone se dão bem, todavia, o grande destaque entre os coadjuvantes fica por conta de Cillian Murphy, como o corrupto Dr. Jonathan Crane / Espantalho.

Tecnicamente, o destaque fica pela bela Fotografia fora de Gothan City, no local para onde Wayne fora atrás conhecimento, há esfeitos especias comuns a filmes do gênero, além de explosões a todo gosto. Nada do qual tenha muito a comentar. A Trilha Sonora é bem colocada, além da eficiente Edição frenética do final do filme.

Enfim, apesar de ser um bom começo, Begins fica bem abaixo de Cavaleiro das Trevas. Serve mais como um bom recomeço, que não pode ser esuqecível, obrigatório para fãs de super-heróis, essencial para quem acredita que a imagem de filmes do gênero tenha mudado, alguns dizem que parte disso foi com esse Batman Begins, outros dizem que foi com Sin Sity, todos concordam que foi Batman - O Cavaleiro das Trevas a afirmação de tal possibilidade.

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Dragão Vermelho

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O filme começa. AH! Música erudita e Lecter na platéia. Um flautista desafinado. Um olhar de desaprovação de Lecter. O cenário muda. Estamos na casa de Lecter e ele, mesmo esbanjando classe, elegância, cultura, está servindo o corpo do flautista aos desavisados convidados. Will Graham chega. Os dois conversam como velhos amigos. Will conta que o assassino que ambos estão caçando é um canibal. Logo em seguida, descobre ser Lecter o próprio assassino. Os dois brigam e tombam, feridos quase mortalmente, um pelo outro. Lecter, caído, baleado, de olhar vidrado, encara a câmera. Entram os créditos.

Pronto. Estamos conquistados.

Com essa rápida seqüência de abertura, o filme já valeu a pena. O filme JÁ É bom. Nós nos convencemos disso ALI, com aquele começo.

Depois dele, quando a história realmente começa, essa impressão se mostra verdadeira.

O filme é uma seqüência (que se passa ANTES) que está, decididamente, à altura dos outros dois filmes da série.

Como trata-se do mesmo roteirista de O Silencio dos Inocentes, o filme é tão fiel ao seu livro de origem quanto O Silencio dos Inocentes foi.

Novamente, apenas partes completamente desnecessárias foram cortadas e resumidas e os fatos mudados foram mudados para melhor (como exemplo, a própria captura de Lecter, muita mais interessante e impressionante no filme).

Com a série já tendo outros dois filmes, neste já sabiam o que agradava e o que não agrava aos fãs.

Por isso, Anthony Heald e Frankie Faison voltam aos seus mesmos personagens de O Silencio dos Inocentes, em divertidas “pontas” e a violência exagerada que vimos em HANNIBAL é completamente esquecida aqui.

O suspense e a tensão (ajudada pela sempre deliciosa trilha sonora de Danny Elfman) neste filme são maiores que nos outros dois. O que torna, assim, Dragão Vermelho o filme mais assustador e sombrio da série.

Os três personagens de maior destaque estão impecáveis.

É bem verdade que o Will Graham de Edward Norton é um tanto inexpressivo e apagado. A profundidade do personagem, que beira à loucura no livro de Thomas Harris, foi deixada de lado. Nem por isso ele foi mal explorado. Ele é o único personagem tão inteligente quanto Hannibal Lecter e isso é deixado claro no filme.

Depois temos o Francis Dolarhyde de Ralph Fiennes. A atuação está na medida certa. Ele é um personagem tão PESADO, tão PODEROSO em cena, que consegue realmente dar MEDO.

E por fim, temos o próprio Lecter. Novamente interpretado por Anthony Hopkins, o maior vilão do cinema continua como sempre: sem um único defeito. A atuação de Hopkins como Hannibal atinge o nível máximo aqui e certamente merecia outro Oscar. De Ator Coadjuvante, dessa vez.

Sim, porque Hannibal está cuidadosamente disfarçado de “coadjuvante de luxo” neste filme. Aparecendo e tendo muito menos destaque do que nos dois outros filmes.

Não que ele não tenha importância. Pelo contrário, é fundamental para o desenrolar e desfecho da história. Ele está para DRAGÃO VERMELHO o que Palpatine está para STAR WARS.

Enquanto ajuda Will a caçar o Dragão, ele também atiça o Dragão contra Will, passando-lhe importantes informações sobre o agente.

A relação Will/Lecter é muito complexa; uma mistura de ódio, admiração e amizade. É mais interessante que a de Lecter com Clarice Starling.

A atuação dos coadjuvantes Harvey Keitel, Emily Watson, Mary-Louise Parker, Philip Seymour Hoffman também não decepciona em nada.

Como nos outros dois filmes da série, Dragão Vermelho não tem um final que possa ser definido como “feliz” ou “triste”.

Passado o filme todo, temos uma agradável surpresa, nos últimos momentos... um final GANCHO que acaba exatamente onde O Silencio dos Inocentes começa, unindo a série, de forma muito criativa.

Uma ótima idéia, que poderia ter fechado a trilogia com chave de ouro...

...Infelizmente, não foi este filme que fechou a série...

Críticas

Doutores da Alegria

0,0

É muito comum no Brasil o inivíduo "torcer o nariz" ao saber que o gênero de determinado filme é documentário. Este é o principal motivo por este tipo de filme ser tão pouco valorizado e por seus realizadores serem realmente pessoas corajosas, que se dedicam a um trabalho mesmo sabendo que o reconhecimento de público deverá ser pequeno. O maio nome dos documentários brasileiros é Eduardo Coutinho, que já realizou obras-primas como "Edifício Master". Porém, outras produções também vêm se destacando, como "Santiago" e este "Doutores da Alegria", de Mara Mourão.

O filme de Mara procura mostrar a importância e a acomplexidade do trabalho do palhaço, principalmente a partir deste grupo de atores chamado "Doutores da Alegria", que procura levar alegria e esperança para crianças em hospitais, muitas em situação de saúde realmente complicada. A partir dos "Doutores", Mara procura mostrar como a figura do palhaõ deveria ser mais valorizada.

O filme é um trabalho de extrema delicadeza. Isso já pode ser constatado nos créditos iniciais, com imagens de palhaços e bobos da corte de diversas épocas de uma beleza impressionante, ao embalo de uma trilha sonora fantástica que percorre toda película. O roteiro é muito bem "amarrado", assim como a direção de Mara Mourão. A montagem é precisa, revezando depoimentos dos atores que compõem o grupo "Doutores da Alegria", com imagens de seu trabalho nos hospitais e falas de alguns especialistas em psicologia, parentes de crianças ou ainda médicos "de verdade".

Muitos depoimentos são alegres, outros bem tristes, mas em nenhum momento "Doutores da Alegria" derrapa para a comédia ou para o melodrama. É muito tocante ver o trabalho destes artistas de corpo e alma, que dedicam o seu ofício a levar alegria para crianças que se encontram em situações extremamente delicadas e, que, por elas, estariam brincando em outro lugar. São muito curiosas as falas de artistas que contam histórias realmente inacreditáveis que eles já presenciaram, histórias estas que envolvem gnomos (!) ou até a própria morte. A única ressalva fica para a escolha de determinadas locações onde os depoimentos foram gravados; algumas são realmente belíssimas, como é o caso da Urca, no Rio de Janeiro, outras inusitadas, como um carro, mas fica uma sensaçao quase de artificialismo na tentavia de mostrar estes artistas sem sua máscara (o nariz) em atividades cotidianas. Mas nada que prejudique o andamento do filme.

Enfim, "Doutores da Alegria" é mais um filme de uma ótima safra que vêm recuperando (ou pelo menos tentando recuperar) o prestígio do gênero documentário no nosso país. Um filme muito bem dirigido, extremamente delicado, que nos faz sorrir e se emocionar na medida certa. Uma obra rara.

Críticas

Dragão Vermelho

0,0

Na verdade, foi em "Caçador de Assassinos" ("Manhunter", 1986) que o famoso psiquiatra-canibal Dr. Hannibal Lecter apareceu nas telonas, na pele de Brian Cox, e não em "Silêncio dos Inocentes" (1991). Tal filme também era baseado no livro de Thomas Harris de 1984, cujo o título era "Dragão Vermelho". E o FILME "Dragão Vermelho", de 2002, é uma nova versão deste de 1986. E, obviamente, muito melhor.

Apesar de ter sido lançado apenas em 2002, após Silêncio dos Inocentes e Hannibal, a trama de Dragão Vermelho se passa antes.

O filme inicia quando o agente Will Graham (Edward Norton) é atacado pelo Dr. Hannibal Lecter (Hopkins), que anteriormente o ajudava nas investigações. Graham consegue detê-lo e prendê-lo. Ferido, o agente se aposenta. Nesta introdução já vemos as mudanças em relação ao livro de Harris, uma vez que tais cenas eram contadas apenas mais para o meio.

Eis que, depois de Graham estar anos afastado do FBI, seu antigo chefe, Jack Crawford (Harvey Keitel) lhe procura em sua casa para pedir ajuda em um caso de um serial killer conhecido como "Fada do Dente" que assassinou duas famílias, deixando a marca de sua dentadura postiça nas vítimas (por isso o seu nome). Will Graham acaba indo pedir ajudas para o Dr. Lecter em sua cela sombria para tentar entender a mente do assassino em série. Aceitando a dar pistas sobre o comportamento do dito cujo, Lecter consegue entrar em contato com o Fada do Dente e pedir com que ele passe um corretivo em Graham e sua família, em vingança de sua prisão.

Porém, neste filme, o Dr. Hannibal Lecter fica como um coadjuvante de luxo. Ele divide a cena com Francis Dolarhyde (Ralph Finnes).

Francis Dolarhyde é o assassino mais assustador da série. Seu comportamento, ao longo do filme, é explicado: cresceu traumatizado, com sua avó o maltrando quando ele urinava no colchão da cama. Mais tarde, ele é conhecido como "Dragão Vermelho" por sua fixação e tatuagem extensa nas costas inspirada na obra de William Blake. Temos também algumas subtramas no filme que o envolvem: o seu caso com a cega Reba, que é muito bem interpretada por Emily Watson. A cena que Dolarhyde "conversa" com o Dragão é aterradora.

O Dr. Hannibal Lecter, mesmo como coadjuvante, continua assustador e frio como sempre, impecavelmente interpretado por Anthony Hopkins, que soube pela terceira vez encarnar de corpo e alma o personagem.

"Dragão Vermelho" é um dos melhores filmes de suspense/policial já feitos, e com a direção precisa e impactante de Brett Ratner e o roteiro excelente de Ted Tally, tem o mesmo gás de Silêncio dos Inocentes e Hannibal, competindo lado a lado. Um filme que prende nossos olhos à tela de início ao fim. Com certeza, se você estiver caçando um filme inteligente, intrigante, assustador e prendedor, não perca Dragão Vermelho.

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