Saltar para o conteúdo

Críticas

Amigos, Amigos, Mulheres à Parte

0,0

Sabe aquela sensação de já ter visto aqueles personagens e não só uma vez? E o que é pior, interpretados sempre pelas mesmas pessoas e da forma mais chula possível...

Bom, isso aconteceu quando eu assisti "Amigos, amigos, mulheres à parte". Pra variar, uma comédia ofensiva ao intelecto, que conta com a participação, sem cabimento, de Kate Hudson!

Na estória temos Dane Cook (argh!!), mais uma vez interpretando um cara sem noção, cheio de piadinhas sacanas e de péssimo gosto, com uma sorte (inconcebível!) pra mulher.

Também contando o filme com a presença de Jason Biggs, merecidamente rebaixado a coadjuvantes em seus últimos filmes, este interpreta de novo e quase consecutivamente um bobalhão de essência virginal, carregado de problemas sexuais primários.

Já a sobredita Kate Hudson, hoje menos seletiva em suas produções, apresenta uma personagem quase idêntica a que interpretou em "Um Amor de Tesouro", só que com menos carisma e mais libido.

E ainda temos uma ponta de Alec Baldwin que parece fazer uma interligação com seu personagem da série "30rock" de Tina Fey.

Como dito, a mesmice paira sobre a composição dos personagens. O que, obviamente, não foi nenhum desafio para os atores. Isso também explica o fato de Kate Hudson estar tão péssima em sua representação. Nada mais justo foi essa atuação ter rendido a ela uma indicação ao Framboesa de Ouro (uma espécie de Oscar às avessas) como Pior Atriz.

Os argumentos utilizados aqui são expressados em meio a uma linguagem de baixão calão, recheada de expressões toscas, dando assim corpo aos diálogos mais chatos e repulsivos que já vi.

Em consequencia disso, as situações vividas por Jason Biggs em torno de Kate Hudson são tão improváveis que chegam constranger. Enquanto Dane Cook, mais odiável que de costume, fica com um personagem otário em todos os sentidos.

Para engrenar então o comentário, vamos à sinopse: Tank (Dane Cook) tem como "trabalho" fingir ser um idiota junto à garotas específicas, por contratação de seus ex-namorados, em busca de fazê-las terem uma noite mal sucedida, para que assim estas sintam saudade de seus antigos amores e voltem para os mesmos.

Devido a isso, Tank é procurado por seu amigo-quase-primo, intepretado por Bigg, para dar um encontro horrível a personagem de Kate Hudson, moiçola de seu trabalho que não corresponde a sua paixão.

O resultado é Dane se envolvendo com o amor de seu amigo, sem mostrar a menor consideração - daí o título do filme, apropriadíssimo!!

O pior defeito de Howard Deutch na direção foi deixar o elenco improvisar, principalmente Dane Cook. O diretor de “Meu Vizinho Mafioso” imprime um bom ritmo com a ajuda da edição de Seth Flaum, mas já a parte do roteiro e seu contexto pelo desconhecido Jordan Cahan acaba não agradando quem realmente busca algo mais consistente num filme, mesmo sendo cômico.

As cenas mais vexatórias são as que o diretor faz Alec Baldwin e Dane Cook interagirem como "pai e filho", dando a impressão de que tudo não passa de uma grande brincadeira descompromissada de elenco em estúdio.

Como não podeira ser diferente, "Amigos, amigos, mulheres à parte" foi considerada por mim uma das comédias mais misógina de todos os tempos, resvalando por toda uma esfera extremamente machista. Afinal, o filme busca difundir justificativas às investidas cafajestes de alguns homens, como se as mulheres fossem as vilãs por gostarem de caras assim, incentivando com isso tal comportamento.

Fica ainda mais insuportável quando se percebe toda a manipulação barata, regada de clichês esquemáticos utilizadas pela direção, para confirmar a tese do roteiro.

Todas as cenas que tentam promover o riso no filme são escrachadas e exageradas, apelando para gestos obscenos, amassos tórridos, assunto sobre masturbação, palavrões ao léu, sexo fácil e descompromissado, mulheres interesseiras e vulgares, homens velhos com libido de adolescente...

Sem contar com o merchadising explícito da indústria do cigarro através dessa projeção, com direito a close nos maços para que fique evidente a marca do tabaco.

Pra concluir, é uma comédia descartável que prefiro esquecer as horas perdidas ao assistí-la.

Pode ser que haja esse ou aquele que venha curtir esse longa frustrado, no entanto, isso não será suficiente pra torná-lo divertido.

E pra não dizer que o filme foi de todo perdido, destaco uma única cena em que ri ao ver Dane Cook chorando ao assistir "Ghost - Do outro lado da vida", exclamando pra si: "eu sou uma bicha."

Foi unicamente o que valeu, de resto...

Críticas

Batman - O Retorno

0,0

Após assistirmos "Batman" (1989), ficamos com boas expectativas para assistir sua sequência. Na época o filme teve um grande sucesso, e rendeu uma óbvia e necessária continuação, esta chamada de "Batman-O Retorno" (1992), um filme perfeito, como o anterior.

Mas Tim Burton voltou à dirigir outro filme do Morcego com a condição que possuísse a liberdade de impôr suas idéias e seu estilo na obra, e a Warner Bros concedeu, fazendo com que, assim, fosse feito o filme mais sombrio e pesado da série.

Batman Returns nos trás os vilões Pinguim e Mulher Gato, e, assim como o Coringa de Jack Nicholson, ganharam tanto foco a ponto de ofuscar o protagonista, Batman, e também tiveram suas origens modificadas dos quadrinhos. Para melhor, diga-se de passagem.

Pingüim tornou-se um pingüim literalmente. Deixou de ser um mafioso elegante e virou em um ser que nasceu deformado, uma verdadeira aberração, e seus pais cruelmente decidiram se livrar do filho, o jogando no rio que dava num esgoto. A atuação de Danny DeVitto como o vilão é soberba, incrível, arrebatadora, escolha perfeita para o papel, melhor impossível. Chega a ser perturbador.

Do outro lado, a bela e sensual Mulher Gato de Michelle Pffeifer, que não é mais uma mulher crescida nas ruas com gatos. Não, agora tornou-se Selina Kyle, uma atrapalhada e esquecida secretária, que acaba tendo relacionamentos com Bruce Wayne (Michael Keaton), e que quase acaba morta pelo seu chefe por saber de seus planos malígnos. Mas ela não falece, e desperta furiosa, dando origem a melhor e eterna Mulher Gato, que rouba todas as cenas em que aparece miando, saltitando e lutando, trajando aquela sensual roupa de couro negra e colada.

Porém, além destes dois, há um sujeito malígno, interessante e milionário, chamado Max Shrek, interpretado por Christopher Walken. É o criador da Mulher Gato; foi ele quem quase a assassinou a jogando da janela. Sua aparência já é exótica: cabelos grisalhos enormes penteados para trás e sempre trajando ternos e roupas sociais elegantes. Um vilão criado por Burton, mas é tão interessante e criativo que poderia ter existido nas páginas de histórias em quadrinhos de Batman. Ele, além de tudo, ajuda a Pinguim eleger-se prefeito para poder então manipular toda Gotham de sua maneira.

Batman/Bruce Wayne é novamente muito bem interpretado por Michael Keaton, trazendo mais uma vez consigo um olhar perdido devido ao trauma de seus pais e seu lado heróico, mas dessa vez mais... violento. Batman, o vigilante noturno, chega a matar os criminosos de Gotham neste filme, com o fogo de seu Batmóvel e jogando um sujeito amarrado à sua bomba.

Falando em Gotham City, esta volta para as telas mais sombria e perfeita do que nunca, tomada pela corrupção, caos e criminosos. Sem contar com um detalhe notável: toda a trama se passa de noite. Sim, isto mesmo. O filme todo é rodado na noite gótica e com as ruas cobertas de neve. Exagero de Tim Burton? Talvez, mas é inegável que tais coisas encaixaram-se como uma luva para a trama, ajudando a criar aquele clima denso e característico de Burton.

Entre os coadjuvantes, Michael Gough volta a "vestir a pele" de Alfred Pennyworh, o bom e velho mordomo de Bruce/Batman, mais uma vez atuando impecavelmente. Pat Hingle, mesmo com poucas aparições, cumpriu competentemente seu papel como o Comissário Gordon.

Batman Returns é um filme perfeito, como seu antecessor, com uma pitada um pouco maior de violência e goticismo. Tirando as origens (melhoradas) dos vilões, a obra é fiél aos quadrinhos, além de muito inteligente, envolvente e com um elenco incrível. Filme nota 10, certamente. Obrigatório a fãs do Cavaleiro das Trevas.

Porém, para Warner Bros, Tim Burton exagerou no goticismo, escuridão e violência, o que afastou o público alvo da época: as crianças. Certamente, este filme não foi muito adequado para elas, devido às mortes, exposição de cadáveres e clima sombrio de mais. Portanto, era hora de, infelizmente, trocar de diretor e atrair novamente a molecada para as salas de cinema.

A partir daí, a coisa tomaria um rumo drasticamente diferente...

Críticas

Curioso Caso de Benjamin Button, O

0,0

David Fincher parece ser daquelas pessoas difíceis de lidar. Egocêntrico, teimoso e perfeccionista - o que pode ser considerado uma qualidade tratanto-se de um cineasta. Ao longo de sua carreira, Fincher nos apresentou obras de extrema qualidade.

Seu primeiro grande trabalho foi o excelente suspense "Seven - Os Sete Crimes Capitais" (1995); despontava aí um jovem e competente diretor. Com o passar dos anos, Fincher se aperfeiçoou, amadureceu e conseguiu lançar sua obra-prima, tida como uma das melhores da história do cinema. "Clube da Luta" fez pouco alarde no ano em que foi lançado (1999), passou longe das premiações e não teve uma bilheteria arrebatadora; no entanto, o reconhecimento veio alguns anos depois.

Mantendo a regularidade da carreira - que aliás é invejável - Fincher lançou em 2007 o competente "Zodíaco". Criticado por uns e adorado por outros - assim como seu diretor - "Zodíaco" foi considerado pela crítica mais um ótimo filme do cineasta. Mesmo suas obras mais descontraídas e "bobinhas" são interessantes - caso de "O Quarto do Pânico", que apesar de ideologicamente nulo, transmite certa tensão.

"O Curioso Caso de Benjamin Button" era um filme muito aguardado. Muita expectativa se criou por ser o novo trabalho de David Fincher e por contar com dois atores em excelente fase no elenco principal. Tanto Brad Pitt quanto Cate Blanchett tem emplacado grandes filmes em sequência, o que lhes credencia como dois dos principais ícones da Hollywood atual.

Cartas na mesa, o longa tinha tudo para ser um grande sucesso - e realmente foi. A principio, as quase três horas de filme podem assustar alguns; e de fato, um roteiro ruim dificilmente conseguiria mantêr o nível durante tanto tempo. Com tanta história pra contar, confesso que senti uma pequena quebra de ritmo pouco antes da trama atingir sua metade - absolutamente normal. No entanto, a tal quebra passa despercebida diante de tanta beleza e sensibilidade empregadas na obra.

"O Curioso Caso de Benjamin Button" é uma fábula de amor encantadora e muito bem contada; a história é daquelas que nos faz pensar sobre a vida e refletir diante de nossas conquistas, atitudes e capacidades. Nada é impossível aos olhos de quem ama e acredita - e por mais que isso soe piegas, é contado de uma maneira maravilhosa e emocionante.

O elenco, como já era de se esperar, tem desempenho de primeira. Contudo, nenhum dos superstars rouba a cena. Brad Pitt mantêm o nível de sempre, embora ao meu ver, ache que foi aquém de outros trabalhos - sendo assim, creio que ele caiu de pára-quedas na disputa da estatueta de melhor ator. Cate Blanchett também esbanja o talento e a beleza de sempre - pena que ela aparece somente na metade final da trama. Quem rouba a cena, no entanto, é a menos conhecida Taraji P. Henson. Na pele da hospitaleira Queenie, Henson simplesmente dá um show em cena, dá gosto de vê-la atuar e cada vez que ela aparece é como se fosse um colírio para os olhos do espectador - sem dúvidas foi merecidíssima sua escolha para disputar o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

David Fincher surge com uma nova obra e mais uma vez ele brinda os cinéfilos com um excelente trabalho. Talvez um pouco superestimado mas ainda assim um dos melhores filmes que eu vi nos últimos tempos. É praticamente impossível ver o longa sem se emocionar; é praticamente impossível sair ileso em meio a essa fantástica história de amor e vida.

www.moviefordummies.wordpress.com

Críticas

Batman - O Retorno

0,0

Após o enorme sucesso do premiado BATMAN, de 1989, uma continuação tornou-se não só óbvia, como também obrigatória.

Já acertaram com a estratégia pra chamar a atenção do público para a franquia: a WB produziu o desenho BATMAN THE ANIMATED SERIES, que revolucionou as adaptações de quadrinhos para cartoons.

E assim, Tim Burton volta para seu segundo filme do Homem Morcego. Segundo o próprio, que não é de fazer continuações, ele só voltou com a condição de poder ser mais ELE nas filmagens; ele queria mais liberdade para impôr seu próprio estilo no filme e, se tivesse isso, voltaria.

A WB lhe deu essa liberdade e assim nasceu o filme mais sombrio já feito do Homem Morcego.

Burton usou de seu estilo gótico em tudo. O visual, o roteiro, a trilha de Elfman... o resultado foi um filme muito mais violento, perturbador e sinistro que o de 89.

O roteiro também tem uma grande diferença em relação ao filme anterior. Enquanto no primeiro BATMAN tínhamos um duelo Batman VS Coringa durante o filme inteiro, em Returns nós temos vários "duelos", muito mais vilões e subtramas.

A impressaõ que se tem é de se estar realmente em uma cidade perdida nas trevas da loucura e criminalidade. Você não pode confiar em ninguém. Os vilões matam-se e ajudam-se e o herói não parece muito mais equilibrado que eles, pelo contrário...

O perturbado Batman de Keaton, apesar de ser o que menos aparece entre os personagens principais, é mais aprofundado aqui do que no primeiro filme. Ele é o suposto herói, o vigilante da cidade, ele vem quando chamam-no, mas seus métodos saõ violentos e reprováveis.

Ele se envolve, então, com uma secretária chamada Selina Kyle. Selina, aparentemente "normal", acaba descobrindo mais do que devia sobre seu chefe e quase é morta.

O incidente a enlouquece. A estranha cena em que ela é lambida por gatos até acordar é perturbadora. E aí começa a incrível atuação de Michelle Pfeiffer como Mulher-Gato.

Saltando, lutanto, miando, explodindo coisas, ela rouba todas as cenas em que aparece. Ela fez o impossível: ela transformou uma personagem de quadrinhos que já era boa em algo muito melhor.

Enquanto isso, temos a trágica figura singular do Pinguim de Danny DeVito, e sua aparente busca por família e identidade. Neste aqui o nome TIM BURTON está escrito na testa.

Ele não é o elegante mafioso que dirige cassinos e clubes noturnos, como o personagem dos quadrinhos. Ele é uma aberração, um homem que foi abandonado ainda criança, por ser diferente, e teve que crescer num circo, sendo chamado de O Incrível Garoto Pinguim, ou coisa assim.

Novamente, Burton escolheu o ator favorito para o papel do "vilão-mor". Apesar de não muito elogiada, a empolgada atuação de DeVito convence, tanto que até hoje influencia as novas versões do personagem para cartoons...

E, enquanto os mamíferos e aves degladiam-se, temos um vilão muito realista, muito humano, por trás de tudo. Manipulando a opinião pública, manipulando o Pinguim, visto como O Pai da cidade, Max Shreck (feito por Christopher Walken, que não poderia deixar de se sair impecável em mais um vilão) revela-se um vilão tão memorável quanto os que nasceram nos quadrinhos.

No filme, o maligno empresário faz de tudo;um plano genial para roubar energia da cidade, cria a Mulher-Gato, manipula o Pinguim, desacredita o prefeito, mata...

Mas, no fim do filme, ele sacrifica-se por seu filho. Mostrando-se um vilão muito humano, apesar de tudo.

Ficam excluídos de toda essa loucura apenas o irônico e conselheiro Alfred de Michael Gough, que repete seu personagem aqui, em uma participação maior e mais divertida, e o Comissário Gordon de Pat Hingle, que, apesar de interpretado corretamente, aparece menos ainda do que no filme anterior.

O resultado final de Batman Returns foi uma sequencia tão boa quanto o filme anterior.

Infelizmente, com o nível de violencia e "goticismo" maior ainda do que no primeiro filme, ele não agradou o público alvo da WB: as crianças (e seus pais).

Com isso, a WB achou certo que Tim Burton saísse da franquia. Afinal, as crianças é que deviam ser agradadas, eles tinham até feito o desenho para chamar-lhes a atenção sobre o filme... Que criança ficaria feliz em ir ver um filme onde um vilão vomita gosma preta antes de cair morto, ou onde outro vilão torra e seu cadáver é exposto? Ou com palhaços matando pessoas com penas e rindo na cara dos cadáveres? As crianças não queriam isso.

Por esses motivos, Tim Burton foi chutado da franquia. Por dar aos fãs do verdadeiro Batman o que eles queriam.

E a WB resolveu, então, contratar um diretor que se comprometesse a NÃO ESQUECER das criancinhas. Foi o que eles fizeram. E arranjaram um perfeito.

O nobre Joel Shumacher fez corretamente o que lhe foi pedido, de fato, e destruiu a imagem séria e sombria do Batman, que Tim Burton havia resgatado de volta com muito esforço...

Críticas

À Procura da Felicidade

0,0

Baseado em uma história verídica, "À procura da felicidade” ("The Pursuit of Happyness"), apresenta Chris Gardner, um simpático vendedor com sérios problemas financeiros, interpretado pelo elogiável Willl Smith.

O diretor Gabriele Muccino quis transmitir a angústia do momento vivido pelo personagem central, transpassando tudo de forma bem clara, intensa e realista. Por isso o decorrer da estória se torna mais incômodo do que emocionante, enquanto a inquietação causada no espectador por intermédio da situação desfavorável pela qual Chris passa, chega a indignar.

A impressão que fica é que o mesmo foi amaldiçoado por todo o azar do mundo, o que faz a torcida por Chris, por mais previsível que seja seu positivo desfecho, ser inevitável.

Alguns dos pontos altos do personagem principal se dão junto às cenas diretas com o filho Christopher, vivido pelo pequeno e estreante Jaden Smith.

Para quem não sabe, Jaden é filho de Will Smith na vida real. Obviamente por isso a química entre pai e filho na ficção ficou perfeita.

Inclusive, o menino em termos de atuação não decepciona e consegue até mostrar segurança junto ao personagem. Ele que também participa mais tarde do fiasco "O dia em que a terra parou", provando aí que seu potencial não está engessado à aba do pai.

Já Will se mostrou um promissor ator de comédia a partir do extinto seriado cômico em que estrelava "The Fresh Prince". Desde então, ele tem sido bem sucedido em gêneros variados do cinema como: ação, comédia romântica, aventura, suspense e agora, drama.

Portanto, sem sombra de dúvida, estamos diante de um dos mais versáteis atores de Hollywood.

Voltando-se ao filme em questão, contamos ainda com uma ponta de Thandie Newton interpretando a esposa de Chris, provando ela ter fôlego para encarar personagens bastante densos, habilidade descoberta em “Crash – no limite”, filme no qual ela brilha involuntariamente.

Nos poucos minutos em que aparece, Thandie consegue irritar consideravelmente, devido a sua personagem abandonar o mocinho da estória logo que a situação financeira começa a desmoronar.

Está certo que depois disso não nos lembramos mais dela, no entanto, ainda assim seu trabalho foi bem feito, pois se o objetivo era causar antipatia, ela conseguiu.

Bom, quanto ao roteiro, este é bastante simples e não oferece muito a ser explorado, além das tentativas frustradas de Chris em conquistar seu objetivo profissional em busca de estabilidade para criar o filho.

Na verdade, as situações com as quais ele se depara são dignas de um dramalhão mexicano, transitando-se por todo tipo inimaginável de problema.

E como resultado ele e o filho terminam desabrigados, possuindo apenas a roupa do corpo. Sendo assim, as inevitáveis cenas carregadas de drama e lágrimas vêm aos montes. Entre essas eu destaco especificamente uma em que ele, por meio de um choro sufocado dentro de um banheiro público com o filho nos braços, tenta exprimir seu desespero pelo fracasso... Impossível não sentir nada diante de tal situação. Ainda mais por tantas dificuldades não serem notadas pelos colegas e pessoas com as quais ele convive. Seres esses tão condicionados, que se tornaram pessoas automatizadas.

Mas é certo que “À procura da felicidade” ao retratar uma história real comprova que nem assim os exageros e os típicos clichês para conseguir comoção são medidos ou economizados.

Contudo, ao ver a performance de Will Smith tão preparada, madura e compenetrada, conduzindo uma história tão motivadora, contando ainda com a presença de seu filho numa atuação tão sincera, a experiência não poderia ser mais gratificante.

E o mais importante é que a mensagem do filme, sem dúvida, é passada com total beleza e precisão: lutar incondicionalmente por seus objetivos.

Nesse caso, a intenção, por sua vez, supera os furos, ratificando aqui que é possível um filme ser encantador, independente da originalidade.

Em sequencia, o desfecho mostra Chris alcançando seu ideal através de um estágio a principio não remunerado, após sua luta diária em torno da única vaga disponível.

O nó na garganta formado pela emoção e o alívio foi inevitável em mim nesse momento, mesmo já esperando por tal final.

Sem mais, na carreira de Smith, “À procura da felicidade” deve ter sido um marco,

afinal, o sucesso de público foi notório (o longa arrecadou no primeiro final de semana de exibição US $27milhões) e sua atuação foi indicada ao Oscar.

Por tantos méritos, só me resta recomendar este longa que não é nada mais nada menos que uma lição de vida, acompanhada de uma comovente representação.

Críticas

Fantasma da Ópera, O

0,0

Joel Schumacher já provou diversas vezes ser um diretor medíocre. Quem não se lembra de suas "pérolas" "Batman Eternamente" e "Batman & Robin"? Após realizar diversos filmes fracos, parecia que, em 2004, Schumacher iria encontrar a redenção na adaptação do musical mais famoso de todos os tempos para o cinema, "O Fantasma da Ópera". Mas o resultado ficou bastante abaixo do esperado.

O filme se passa no fim do século XIX, em Paris. Diva da cidade, La Carlotta (Minnie Driver) desiste de atuar na ópera "Hannibal" no dia da estréia, e os novos diretores do teatro, o senhor Andre (Simon Callow) e o senhor Firmin (Ciarán Hinds) dão uma oportunidade a Christine Daae (Emmy Rossum), que foi criada pela diretora do local, Madame Giry (Miranda Richardson). Porém, Christine possui um protetor misterioso, que lhe ensinou a cantar e exige constantes pagamentos para não causar desastres ao teatro. Ele é conhecido como o Fantasma da Ópera (Gerard Butler).

A história poderia render um belo filme, com as mágicas canções da ópera. Porém, o roteiro é realmente muito ruim. Quase todos os personagens, com a possível exceção de Christine, são mal constrídos, sem profundidade alguma. O pior caso é o da Madame Giry, a qual não sabemos de que lado está e não acresecenta absolutamente nada ao filme, além de contar a origem do fantasma. Os diálogos são sofríveis na maior parte do tempo, especialmente aqueles entre Christine e o Visconde Raoul (Patrick Wilson), o "casalzinho" do filme.

Pior mesmo que o roteiro são as atuações, que devem entrar entre as piores da década. Gerard Butler não convence como o Fantasma, criando um personagem extremamente caricato, que em momento algum lembra um ser ameaçador. Além do mais, apesar de não cantar mal, sua voz "sensual' quase estraga algumas das canções mais famosas de todos os tempos. Patrick Wilson está absolutamente patético com Raoul, o grande amor de Christine e o bom moço , e suas cenas são as piores de todo o filme. Emmy Rossum é completamente inexpressiva e, apesar de ter uma voz doce, parece mais um "boneco de cera" na maior parte da película. Miranda Richardson, que já esteve ótima em filmes como "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" e "As Horas", é prejudicada pelo vazio de sua personagem e nos brinda com a pior atuação de sua carreira.

Os coadjuvantes se saem um pouco melhor. Simon Callow e Ciarán Hinds, nos papéis dos donos do teatro, se esforçam para conferir algum humor a trama. Na maior parte do tempo, são acompanhados em cena por Minnie Driver, a única que foi dublada nas cenas musicais. Ao contrário do que muitos dizem, Driver é a melhor do elenco, pois constrói uma atuação caricata na medida certa para interpretar La Carlotta.

As canções insesquecíveis estão lá, mas são muito prejudicadas pelo desempenho dos atores. A cena de Christine e Raoul no telhado soa absolutamente ridícula. A seqüência do cemitério também, com Raoul cavalgando em um cavalo branco (que clichê!) para salvar Christine das mãos do malvado e sedutor Fantasma!. O que salva "O Fantasma da ópera" do desastre total, acretem se quiser, é Joel Schumacher! Auxiliado por uma ótima direção de arte (embora irregular em determinadas seqüências) e pela bela fotografia, Schumacher consegue criar bons momentos, como o Baile de Máscaras, a melhor cena do filme, ou a cena inicial, relamente muito bonita quando saímos do preto e branco para o luxo do teatro.

Enfim, "O Fantasma da Ópera" é mais um filme ruim para a carreira de Joel Schumacher. Uma pena, porque um diretor mais competente (claro, tendo um roteiro melhor em mãos) poderia ter criado um clássico, uma obra-prima. Só há uma palavra para defenir este filme: decepção.

Críticas

Lobisomem Americano em Londres, Um

0,0

“I see the bad moon arising”

Depois de dirigir a comédia musical "Os Irmãos Cara-de-Pau” (1980), sucesso de crítica e público, John Landis (bom diretor de comédias dos anos 70 e 80) recebeu carta branca dos estúdios e partiu para um projeto mais ousado e pessoal: reviver o mito do lobisomem nos cinemas, algo que já fora feito antes, mas agora de uma maneira mais autoral e cômica. Então com dinheiro e um bom roteiro (escrito por ele mesmo) nas mãos, boas idéias na cabeça, um elenco desconhecido e o melhor profissional de maquiagem cinematográfica (seu amigo Rick Baker) a sua disposição, Landis criou um pioneiro e genuíno representante do “terrir", gênero que mistura terror com boas doses de comédia. Assim nasceu "Um Lobisomem Americano em Londres".

"Lobisomem Americano..." conta a história de dois jovens americanos a mochilar pelo Velho Continente e que de uma hora para outra se veem envolvidos em uma maldição milenar que se manifesta nas noites de lua cheia. Como já foi comentado em vários lugares, os primeiros vinte minutos são uma verdadeira aula de como criar tensão e terror sem apelar para sustos fáceis ou o irritante volume sendo aumentado até níveis ensurdecedores, mas através do uso de elementos simples e eficientes, vindos daquelas velhas histórias de terror que costuma-se ouvir a beira da fogueira ou em reuniões de amigos, mas que nunca perdem força pela sua capacidade verdadeira de causar medo.

O filme começa com os dois jovens citados anteriormente, David e Jack (David Naughton e Griffin Dunne), pegando carona na boleia de um caminhão de ovelhas. Eles descem do caminhão e andam por uma estradinha conversando sobre a vida, namoradas e outras coisas (o interessante é que boa parte dessas falas foram improvisadas pelos próprios atores, por isso soam tão espontâneas). Continuam caminhando até o anoitecer quando chegam a um vilarejo incrustrado no interior da Inglaterra. Lá entram numa taberna de nome curioso-O Cordeiro Estraçalhado- e são recebidos com frieza pelos seus frequentadores, que parecem não gostar da presença dos forasteiros. Os dois por sua vez acham o lugar muito estranho e perguntam o porquê da presença de um pentagrama na parede (nessa hora é feita até uma referência ao filme O Lobisomem de 1941 com Bela Lugosi). É aí que o clima fecha de vez: depois de uma discussão os habitantes os expulsam do bar e lhes dão algumas sábias recomendações-sempre andar pela estrada e tomar cuidado com a lua-, mas como bons jovens americanos que são eles resolvem fazer tudo ao contrário e são atacados por uma criatura monstruosa. Jack morre e David fica ferido só não tendo o mesmo fim que seu amigo, pois alguns habitantes locais (os mesmos do bar) matam a fera antes disso e o salvam. Esta cena do ataque em especial é muito bem conduzida. Nada de câmera tremida, falsos sustos ou a trilha sonora assustadora típica desses momentos do filme. Não, tudo é muito cru e repentino, uma hora os dois estão caminhando tranquilamente e na outra estão sendo atacados, o que para mim tornou tudo mais crível e, portanto, mais assustador. Quando vemos Jack sendo estraçalhado pelo monstro, gritando socorro ao amigo, com este sem saber o que fazer é muito real, ponto para o filme.

Voltando a história, já em Londres onde David é levado para se recuperar, ele tem sonhos surreais e estranhos sobre o ataque que sofrera e é visitado pelo seu amigo morto Jack, todo ensanguentado e retalhado, ao contrário dos mortos de outros filmes que fazem suas aparições limpinhos, como se nada tivese acontecido a eles, o que convenhamos não é muito coerente. Pois bem, após o susto inicial, Jack comunica a David que ao sobreviver ao ataque da fera, que na verdade era um lobisomem, ele foi condenado a uma maldição e que ele próprio (David) se transformaria em um lobisomem toda noite de lua cheia. E mais, todas as pessoas mortas por David enquanto ele estiver no estado transformado serão vitimados ao estado de mortos-vivos, assim como Jack. Este então pede que David se mate antes que seja tarde, ou seja, antes que ele se transforme em lobisomem. Atormentado e ainda um pouco incrédulo com essas revelações, David sai do hospital e vai passar uma temporada na casa de Alex, a enfermeira que conheceu no hospital e com quem inicia um romance. O casal passeia por Londres e seus pontos turísticos e por um momento David esquece os acontecimentos terríveis por que passou. Mas em uma noite de lua cheia, enquanto Alex está de plantão, Jack volta a aparecer a David, só que mais putrefato e repugnante, e mais uma vez tenta o convencer a coisa certa: dar cabo a própria vida. Só que é tarde demais e ele começa a sentir coisas estranhas. Têm-se então o clímax do filme: a transformação de David em lobisomem.

Chega-se aí no ponto principal e ao verdadeiro feito do filme, aquele que o marcou para posteridade, para além do roteiro e da direção (ótimos também), que é a maquiagem cinematográfica, essa talentosa maquiagem que permitiu a impressionante e dolorosa transformação do protagonista em lobisomem, a melhor que o cinema criou até hoje. E dolorosa é a palavra certa para caracterizar essa transformação, pois o que vemos em tela é a pura representação de dor: ossos se alargando, crânio se expandindo, dentes crescendo, pêlos brotando, unhas surgindo, o próprio corpo quase não surportando tamanha mudança e gritos de horror. Tal dor e incômodo não ficou restrita ao personagem, o próprio ator que interpreta o protagonista passou por horas de maquiagem e implantes de próteses e lentes que o irritavam bastante, sem falar na fabricação dos moldes de gesso que despendiam dele outras várias horas completamente imóvel para não estragar a moldura. Todo esse exaustivo e engenhoso trabalho de maquiagem somado aos efeitos especiais e aos truques de direção e edição de Landis tiveram como resultado esta incrível cena de metamorfose que surpreende até hoje pelo realismo, muito melhor que a de lobisomens de filmes atuais como Van Helsing e Anjos da Noite, feitos de CGI e computação gráfica e que não inspiram um pingo de naturalidade. E o grande mérito dessa competente realização é de Rick Baker, um dos maiores maquiadores cinematográficos de todos os tempos, que fez o que pode se chamar sem exageros de um trabalho genial, que foi recompensado com um Oscar em uma categoria que acabara de ser inaugurada, a de Melhor Maquiagem em 1982.

O magnífico trabalho de Rick Baker acabou ofuscando a ótima direção de John Landis, que hoje em dia anda completamente esquecido. O roteiro escrito pelo próprio Landis quando ele tinha apenas 19 anos, é muito bem aproveitado no filme, principalmente no que diz respeito a presença de partes cômicas em perfeito equilíbrio com as partes assustadoras, ambas muito eficientes e não havendo sobreposição de nenhuma delas durante a história, o que tornaria o filme irregular e confuso. Aliás, a inserção de humor em um filme de terror foi pioneira e influenciaria muitos outros filmes como a trilogia Evil Dead, “Fome Animal”, e várias sequências das franquias “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo, que até tiveram um início “sério”, mas depois se renderam ao cômico. Outro ponto inteligente explorado foi o suspense, ao deixar para perto do final a aparição do monstro, a maneira de Spielberg em “Tubarão”.

A trilha sonora do filme é muito legal. Ela difere dos temas típicos de filmes de terror e é composta por várias músicas que falam sobre a lua (como “Blue Moon”, de Sam Cooke; “Bad Moon Rising” do Creedence; e “Moondance” do cantor Van Morrisson). Nada mais condizente a um filme de lobisomem e as músicas são muito boas. Quanto às atuações, elas não estão nada inspiradas, mas cumprem bem seu papel nas duas frentes do filme, horror e humor. A química entre os atores é muito boa também, principalmente dos dois protagonistas, que parecem ser amigos de verdade. Dos atores do filme nenhum vingou no cinema, tirando Griffin Dunne que fez o ótimo “Depois de Horas” do Scorsese.

Enfim, “Um Lobisomem Americano...” é um filme que criou conceitos e aprimorou as técnicas de efeitos especiais e maquiagem a outro patamar e um filme-referência dentro do sub-gênero de filmes de lobisomem, assim como “A Noite dos Mortos-Vivos” o é no gênero de zumbis. E para além dessas denominações é um ótimo filme de se ver, cinema de primeira qualidade, recomendado a todos que apreciam um bom filme de terror.

Críticas

Todos os Homens do Presidente

0,0

Em 1972 os EUA viam passar um dos maiores incidentes de corrupção na sua história política, o escândalo Watergate, no qual o gabinete do presidente Richard Nixon se envolveu em um complicado esquema de espionagem e difamação de candidatos democratas. Era o ano de 1976 quando o diretor Alan J. Pakula dirigia um dos mais instigantes thrillers de mistério e investigação política sobre o já citado incidente.

De forma ousada, o filme esmiúça os bastidores do escândalo através da história de dois repórteres do Washington Post, Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford), sedentos por uma boa matéria sobre o caso e determinados a irem até o fim para trazer à tona aquilo que o FBI, a CIA e o governo americano negam com veemência. Os dois jornalistas lutam incansavelmente para conseguir a aprovação de sua matéria pela direção do jornal, que vê com desconfiança o trabalho da dupla e teme que esta empreitada coloque o Post em uma posição delicada à opinião pública e aos chefões da Casa Branca.

Woodward e Bernstein são ambiciosos e sua determinação mais parece uma obsessão; em determinado momento eles pedem todas as comandas de retiradas de livro de um ano em uma biblioteca para saber se um dos envolvidos no Comitê para a Reeleição do Presidente procurou arquivos sobre os Kennedy; mostrando o lado humano destes “paladinos da justiça”. Em uma montagem impressionante eles se vêem cada vez mais enredados em uma linha de corrupção que chega até os mais importantes homens do partido Republicano. E quanto mais longe chegam nessa investigação, mais percebem que estão em um caminho sem volta.

É conhecido desse incidente o informante de Woodward, o Garganta Profunda, enigmático e profundo conhecedor do escândalo, avisa ao repórter que a vida deste pode estar em risco após cavar tão fundo. O que leva a uma angustiante cena em que o jornalista foge de um possível perseguidor em meio a desertas ruas nos subúrbios, de maneira que as feições de pânico de Robert Redford tornam a cena algo como o clímax do filme.

Este aliás é o ponto alto, as interpretações de Redford e Hoffman dão verossimilhança e carisma inaudito aos dois repórteres, o controlado e certinho Redford e o hiperativo Hoffman são o perfeito contraste, os dois lados da mesma moeda. Dois homens cumprindo o seu dever como parte da imprensa, mas com duas personalidades perfeitamente contraditórias, e ainda assim perfeitamente entrosados por conta de seu objetivo comum.

Todos os Homens do presidente é assim ao lado de Cidadão Kane, um dos mais geniais filmes sobre jornalismo já escrito. Mostrando a face policial da imprensa de dissecar os fatos com objetividade e ir até o fundo destes para mostrar ao público aquilo que não seria divulgado em qualquer outro meio. E neste caso, chegando a ponto de obrigar um presidente à renúncia.

Críticas

Babel

0,0

Não importa o lugar, não importa a língua, não importam as circunstâncias, não importam as pessoas. O problema da falta de comunicação existe e é sobre esse ponto de vista que o diretor mexicano Iñárritu convida o espectador a refletir sobre as diversidades culturais, a falta de informação, e o modo como a ausência da linguagem redunda em consequências impensadas.

Finalizando a trilogia que o diretor Alejandro González Iñárritu iniciou em 2000 com Amores Brutos e deu continuidade em 2003 com 21 Gramas, Babel manteve a qualidade dos outros dois filmes que lhe antecederam, mas foi o que mais obteve resultados em premiações, incluindo o Globo de Ouro de Melhor Filme Dramático, o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes e o Oscar de Melhor Trilha Sonora, além da indicação na categoria principal. A característica rasa dos filmes da trilogia de Iñárritu pode ser exatamente o roteiro, inspirado belissimamente em problemas culturais, sociais, econômicos, políticos e raciais gerados pela globalização, ou até mesmo, pela falta dela. E é sobre esse panorama do mundo atual, que o roteiro de Guillermo Arriaga constrói quatro histórias paralelas, cujo único nó se resume uma atitude irresponsável, causada principalmente pela falta de informação, que vai acabar levando cada núcleo até onde não queria chegar.

E é apresentando cada personagem ao público que o filme começa, englobando primeiramente um núcleo de Marrocos, outro nos Estados Unidos, no México e no Japão. Inicando a história de forma inversa, as primeras cenas mostram dois meninos marroquinos no alto de uma colina, manejando um rifle que o pai lhes deu para atirar em cabras. Brincando e disputando pra ver quem consegue atirar mais longe, um tiro acaba atingindo um ônibus de turistas, onde uma americana e seu marido viajavam juntos. Ela é atingida e a partir dai, esse ato impensado das duas crianças vai virar polêmica e causar conquências em todo o mundo, chegando ao México e também ao Japão, e exatamente nesse momento, o filme começa a ganhar vida por si só, explicando como aconteceu cada fato inicial.

Cada núcleo do filme está ligado a outro justamente pelo acontecimento do início do filme e todos eles vão aparentar também o mesmo tipo de problema, a ausência de comunicação entre os personagens do mesmo núcleo. Para explicar melhor cada um deles, vou optar por tópicos.

1. Richard e Susan

Interpretados por Brad Pitt e Cate Blanchett respectivamente, o casal americano estava enfrentando problemas sérios no casamento, causados principalmente pelo fato de não haver mais conversas entre eles, apenas discussões. Eles então, viajam juntos ao Marrocos para tentar reestruturar o casamento. Seus problemas começam quando estão em um ônibus de turistas a caminho de povoados marroquinos. Seu tour pelo país é interrompido quando o mesmo ônibus é atingido por um tiro, que acaba por ferir Susan. Em uma corrida para salvar a vida da mulher, Richard procura ajuda em um povoado mais próximo.

2. Amelia, Debbie e Mike

Esses três personagens possuem relações que embora, não íntimas, são muito amigáveis. Amelia (interpretada com maestria por Adriana Barraza) é uma babá mexicana carinhosa e de confiança de Richard e Susan, que estão viajando no Marrocos e deixaram seus filhos, Debbie e Mike nas mãos dela. A babá, entretanto, estava de partida de volta para o México onde o seu filho se casaria, mas quando recebe a notícia que a patroa foi baleada durante a viagem, ela fica proibida de deixar as duas crianças sozinhas. Não tendo com quem deixar os filhos dos patrôes, ela decide levá-los junto até o México. O problema que ela terá que enfrentar é na volta, que não possui a carta de autorização da família das crianças e por isso, é acusada de sequestro.

3. Ahmed e Youssef

Os dois meninos marroquinos, que enquanto caçavam cabras no alto de uma colina, acertaram o ônibus onde Susan estava. Eles, que vivem com medo de contar ao pai o que fizera, tem de disfarçar e se livrar dos problemas que viriam ao encontro deles, fruto de consequências de todo o mundo.

4. Chieko e Yasujiro

O núcleo japonês envolve basicamente a adolescente surda-muda Chieko (Rinko Kikushi, indicada ao Oscar) e pelo seu pai, Yasujiro (Kôji Yakusho). A falta de comunicação aqui é clara, o simples fato de Chieko não poder ouvir, portanto~também não pode falar, mas não é somente isso. Ela e seu pai também não se entendem desde que a mãe dela morreu. Chieko tem alguns problemas de comportamento, especialmente pelo fato de ser a única menina virgem da turma dela e também por ser sempre vítima de preconceitos. Esse núcleo mostra toda a tecnologia japonesa, o mundo das drogas e como alguém que não escuta encara a realidade das pessoas sem problemas auditivos.

Todos esses núcleos vão se enterligar por outros motivos, cada um revelando alguma coisa de nova para a história. Esse é o grande trunfo do roteiro de Arriaga, que é fazer pensar e refletir sobre os atos de cada pessoa e no que resultaria caso alguma coisa desse errado, o que no caso, deu.

As interpretações estão todas acima da média, em destaque está Adriana Barraza, de longe a melhor do elenco e a única que brilha neste campo. Kikushi, embora indicada ao Oscar está muito bem, correta e revoltada. Brad Pitt, que fora indicado ao Globo de Ouro, consegue passar segurança no seu papel, assim como a sempre competente Cate Blanchett. O filme conta com a participação de Gael Garcia Bernal que participou da primeira parte trilogia de Iñárritu, a qual foi também o seu priemiro filme.

Alejandro González Iñárritu é sempre coeso e muito inteligente durante todo o seu trabalho como diretor em Babel. Entre sacadas de imagens brilhantes, e golpes de câmeras, assim como o modo como ele lida com o roteiro, é tudo muito interessante e bem pensado. Caso 2006 não fosse o aguardado e merecido ano de Martin Scorsese, que ganhou finalmente o Oscar de Diretor por Os Infiltrados, ele certamente levaria o prêmio.

Falando em Oscar, o filme só levou o prêmio de Trilha Sonora, o segundo prêmio consecutivo de Gustavo Santaonella, que ganhou no ano anterior pela trilha de O Segredo de Brokeback Mountain, e usou o mesmo artífio daquela vez, que inclui uma sequência de músicas ampliada por uma simples e singela composição de cordas, que engrandecem o longa.

Para finalizar, 'Babel' é um grande filme, com um tema inteligente, um roteiro magnífico e boas atuaçõs comandadas pelo excelente e cada vez mais promissor direotr Iñárritu. Filme bastante pretencioso, chega a ser demasiadamente cansativo e enrolado, mas que garante muito bem bons 142 minutos de drama pesado misturado com adrenalina. Uma ótima chance pra se conferir um filme tão diferente e diversificado como este.

Críticas

Fome Animal

0,0

Peter Jackson ficou reconhecido mundialmente ao adaptar para os cinemas, no início do século XXI, a trilogia "O Senhor dos Anéis" com extrema ousadia e competência. Porém, esta ousadia já estava presente em trabalhos anteriores do diretor, como "Fome Animal", um filme trash, misto de comédia e terror, lançado em 1992.

Como todo flme trash, a história á absolutamente absurda de propósito. Em "Fome Animal", nos encontramos em uma cidade pequena na Nova Zelândia da década de 1950. Lionel (Timothy Balme), um tímido garoto local, acaba se apaixonando por Paquita (Diana Peñalver), uma latina que trabalha no mercado da cidade. Cero dia, eles decidem visitar o zoológico, porém tudo muda quando a mãe controladora de Lionel (Elisabeth Moody) é mordida por um estranho macaco e começa a se transformar em um zumbi canibal. Conforme Lionel tanta esconder da população a situação de sua mãe, outros acabam sendo "contagiados", espalhando a doença.

Em um filme com uma história tão "estrambólica", uma brncadeira com o cinema trash e os filmes de zumbi, situações completamente inusitadas acontecem, como zumbis transando e até tendo filhos! Porém, mesmo levando-se em conta que os absurdos são propositais, Peter Jackson peca pelo exagero. Há cenas constrangedoras de tão ruins, como o padre "karateca" que resolve atacar os mortos-vivos, ou a destes comendo sentados em volta de uma mesa. Outras, ao contrário, são muito divertidas, como a infestação de aumbis dentro da casa de Lionel, e a luta deste e de Paquita pela sobrevivência. O romnce dos dois, aliás, incomoda um pouco, e o filme só avança da metade para o final.

Ténicamente, não pode-se esperar perfeição de um filme B. Pelo contrário, tudo é feito de uma forma tão tosca que diverte. O elenco, inteiramente desconhecido do grande público, entra na brincadeira e cumpre bem seu papel. Os destques vão para Elisabeth Moody, no papel da mãe que se torna quase uma "zumbi-mor", e Ian Waltkin que interpreta o interesseiro Tio Les, uma interpretação caricatual que caiu como ma luva no filme. Também vale destacar a presença do bebê zimbi, responsável por algumas das cenas mais engraçadas.

"Fome Animal" está longe de ser uma obra-prima, mas foi um trabalho ousado de Peter Jackson, já indicando o talento deste gênio que nos trouxe "O Senhor dos Anéis". Mesmo exagerando em excesso em alguns momentos, "Fome Animal" diverte em sua "tosqueira". Mas é bom o espectador ter resistência a cenas nojentas, com tripas e sangue por todo lado, senão é melhor passar longe deste filme!

Páginas