Caros leitores,
Mais um filme da série Velozes e Furiosos nos cinemas, e isso definitivamente não costuma agradar a muitos críticos e telespectadores, principalmente aqueles que torcem o nariz para uma das franquias mais badaladas dos anos 2000, por conter sempre a mesma receita, como carros espetaculares, belas mulheres , músicas que dão personalidade própria ao filme, e o que mais desagrada aos críticos, histórias pouco marcantes para quem não gosta da série.
Antes de iniciar meu comentário, deixo claro que aqui escreve um fã e admirador incontestável da franquia como um todo, mas, mesmo me simpatizando pela série, jamais deixo de destacar os aspectos negativos, senão, seria mais um cara“mente vazia” que resume sua opinião em: “nossa, o filme é perfeito, é o melhor, é muito louco”, não é assim que funciona, então, gosto também de destacar aquilo que o filme ficou devendo, o que poderia ser melhor dentro daquilo que foi a proposta inicial do trabalho.
Velozes e Furiosos 4, ou simplesmente, Fast & Furious nos EUA, se passa 5 anos após os acontecimentos do filme original, de 2001, e pouco antes da terceira parte, o Tokyo Drift, de 2006.
Muita expeculação antes da estréia envolveu um público que jamais imaginou que um dia veria novamente os carismáticos personagens do primeiro filme, Dominic Toretto ( Vin Diesel), e Brian O´Conner ( Paul Walker )juntos. E não é pra menos, afinal, Justin Lin conseguiu essa façanha e de quebra, quis fazer seu nome e deixar sua marca de diretor na franquia já cansada de ver sempre a mesma coisa, e assim como fez em Tokyo Drift, mudando totalmente a cara do filme, mas uma mudança não tão radical como a que ocorre nesse filme, Velozes e Furiosos 4.
Na falta de necessidade de apresentar e desenvolver os principais personagens, Justin Lin só tem então o trabalho de unir os dois, Dom e Brian,e usar uma grande desculpa por trás disso, nesse caso, o tal traficante Braga, e uma confusa historia policial.
Fica óbvio que o maior, senão o único objetivo do filme é reunir esses dois personagens, e tambem dar continuidade e explicações que o primeiro filme ficou devendo aos fãs.
A grande ponte de ligação entre o primeiro filme e esse é o aspecto positivo desta película, seu grande diferencial, o maior acerto de Justin Lin.
Cenas que lembram acontecimentos do filme original, detalhes e diálogos que servem como um flashback, como na cena em que Mia, Dom e Brian estão na mesa de jantar e ao tocar primeiro na comida, Dom ouve Mia pedindo para que ele faça a oração, o cara ainda ousa em beber a cerveja antes de iniciar a tal oração(ao som da mesma música que tocou no Tokyo Drift quando ele fez uma ponta no final). Outro detalhe como a jaqueta marrom usada por Dom, praticamente a mesma do primeiro filme, e Brian dizendo que agora Dominic é quem deve a ele um carro de dez segundos, tudo isso, e varios outros momentos que ressucitam o filme original.Até a casa deles foi a mesma.
Após oito anos mais velhos ( e cinco anos dentro do contexto ), nota-se um certo cansaço dos atores, mas isso é um processo natural, ocorreria em qualquer filme, mas aqui, vai um pouco mais longe.
Apesar de respeitar os filmes anteriores, Justin Lin mete a mão na personalidade dos personagens, nota-se uma mudança brusca no comportamento de Dom , que começa a estória de forma tão calma e tranquila, seria normal se ele não estivesse no meio de um assalto a um caminhão. Quando pede para Letty segurar firme no caminhão desgovernado, parece que está pedindo para ela fazer uma pose para uma foto.Não é exatamente o Toretto apresentado no filme de 2001.
Vin Diesel se expressa menos nesse filme, e nos mostra um Toretto que ironiza todas as situações, mas usa poucas palavras e diálogos, e tem especto “ triste” o filme inteiro, ocasionado pela morte de Letty. Mas mesmo com esses aspectos negativos, ele é o único a roubar a cena e todo o rumo da história gira em torno dele.
O policial Brian O´Conner é nitidamente o que tem a personalidade mais prejudicada nesse filme. Menos paparicado que seu amigo, as vezes ele parece um coadjuvante. Sua investigação policial fica em segundo plano, as vezes fica difícil saber o que o FBI realmente está querendo, pegar o traficante Braga, ou prender o fugitivo Toretto. Mas na tentativa de unir os dois objetivos, o roteiro falha, principalmente na cena em que Brian diz que vai prender o Braga com a ajuda do Toretto, mas como preço, quer a liberdade do seu amigo. Fica então uma dúvida ali, já que ao prender o Braga, mesmo que em território fora dos EUA, o tal acordo de soltar o Dom não resolve em nada, e ninguém mais fala no assunto, exceto o juiz que decreta a prisão a ele no final.Faltou objetividade nesse contexto.
O romance entre Brian e Mia se resume em um beijo com clima de “não devo mais acreditar em voce, mas não resisto” na cozinha. E a personagem de Mia foi apenas para somar ao recheio do filme, que era mesmo reunir os principais personagens.
Michelle Rodriguez, como Letty, interpreta muito bem, seu potencial bem evoluído impediu que as mãos do diretor Justin Lin modificassem a estrutura da sua personagem, que é praticamente idêntica à Letty do primeiro filme. Ousada, ela é quem faz o trabalho mais difícil , insatisfeita em passar por baixo de caminhões, nesse filme ela vai além, sobe nos perigosos containers e executa o trabalho,com direito a algumas piadinhas com os seus comparsas mexicanos que dirigem o outro veículo. É uma pena que ela tenha morrido, foi muito pouco aproveitada, mas, infelizmente foi isso que uniu os dois protagonistas.
E por falar em veiculo dos comparsas da Letty, lá está ele, Han Lue, com o mesmo jeitão carismático, foi ele o principal personagem do filme anterior, sua aparição logo no início serve para desvendar a mal explicada amizade entre ele e Dom ( olha o Dom aqui mais uma vez, viram como tudo gira em torno dele? ).
Em geral, vemos então, caros leitores, um filme bem diferente dos anteriores, que une elementos principalmente do primeiro, mas tambem do terceiro, e que funciona como um “Rocky Balboa” na franquia aqui comentada.
Privilegiando cenas que lembram o primeiro, deixando a desejar em outros aspectos, como o carro Dodge Charger, o “Batmóvel” do Toretto, que aqui foi, mas uma vez, mal aproveitado como antes tambem fora.
Saí do cinema com a sensação de que não havia necessidade de destruir o carro que faz parte da personalidade do personagem principal , que foi tão magnificmente trazido de volta à franquia, reconstruído carinhosamente pela Letty e mais tarde ajustado pelo próprio Toretto, por que repetir a corrida dentro do túnel, já apresentada no início do filme, e ainda destruir o carro? Teria ficado contente se ele empinasse esse carro na hora que atropelou o Fenix, o cara responsavel pela morte da Letty, e não tivesse pegado um carro qualquer para fazer isso, ficou muito chato esse detalhe.
Ainda por cima, na cena final, Brian aparece dirigindo praticamente o mesmo carro, o filme não explicou se o Brian conseguiu consertar o mesmo que explodiu no túnel ou construiu outro identico, o que deixa ainda mais a desejar, ja que o carro destruido era exatamente o mesmo do primeiro filme, dentro da historia, e não merecia um final tão trágico.
Mas mesmo com esses detalhes, Velozes e Furiosos 4 se sobressai e atropela seus defeitos, ao contrário do que nosso amigo crítico escreveu, o filme agrada sim, aos fãs, mas principalmente aos que gostaram do primeiro filme, acredito que quem esperava muitos rachas e carros exóticos, se decepcionou, e esse não foi o meu caso, e creio que nem do público responsável pela já enorme bilheteria acumulada atá agora, esse filme com certeza vai bater os recordes da franquia.
Velozes e Furiosos 4 se sobressai porque consegue, principalmente , ressucitar a essência do foco nos personagens, mesmo que alterando suas personalidades, mas explicando fatos importantes dentro da franquia.
Uma pena eu ter sido obrigado a ver o filme dublado, já que a tendencia das pessimas distribuidoras nacionais é trazer blockbusters em massa para o preguiçoso público brasileiro, que acha difícil ler uma legenda em um filme numa tela de mais de 300 polegadas. A versão legendada na minha cidade só na semana que vem, e não é fácil ver que a voz dos personagens muda a cada filme na franquia, nesse , embora o Dom e a Letty tiveram os mesmos dubladores, Mia, e principalmente o Brian, foram os que tiveram as vozes mais alteradas. Isso tira a essencia do personagem.
Minha opinião final:
O filme foi o melhor da série depois do primeiro, superou minhas expectativas mesmo que tenha ficado devendo em alguns detalhes primordiais, não é um filme digno de OSCAR, nem tem naipe para isso, mas não se limita em ficar mostrando rachas e outras coisas já tão repetitivas nos filmes anteriores, se fosse assim, muita gente criticaria dizendo que é so mais um filme igual os outros , mas aqui, Justin lin ousou em fazer um filme mais voltado para os personagens, mesmo que para isso, tenha sacrificado aquilo que mais consagrou a série.
Que o final fica aberto para uma continuação, é óbvio como um mais um são dois, o resultado nas bilheterias, mais do que o final do filme em si, já começa a anunciar essa possibilidade.
Vin Diesel já disse em entrevista que tem interesse de fazer pelo menos mais duas sequencias, isso só depende da Universal Pictures.Pra mim, a série deveria parar por aqui.