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Críticas

Deu a Louca em Hollywood

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Dizem por aí que o verdadeiro bom crítico é aquele que não desmerece o trabalho do artista, neste caso, o filme como um todo. Mas, como vamos criticar Deu a Louca em Hollywood sem escrever sobre as abomináveis tentativas de fazer rir, sobre um elenco muito abaixo do medíocre e um roteiro esdrúxulo, risível e mais abominável ainda? Desculpas aos justos, mas neste caso, deve-se abrir uma excessão, afinal estamos tratando de uma verdadeira bomba cinematográfica.

Há quem goste, por incrível que possa parecer. E é justamente esse o grande motivo pelo qual anualmente aparecem aberrações aos quais algumas pessoas ousam chamar de "filme". O público mais descompromissado, em média, os pré-adolescentes e as pessoas de adolescência já em andamento são os que mais apreciam paródias como esta, que contém piadas de extremo mal gosto, apelando para o preconceito nítido e insinuações maldosas a deficientes, negros, asiáticos, e outras raças. Logicamente, a procura de algo leve e "provavelmente" engraçado, os jovens invadem as salas de exibição desse "filme" e continuam dando gás a comediantes sem neurônios, que não param de fazer produções assim, sabendo que haverá retorno financeiro. E quem paga por isso são os apreciadores da sétima arte, que não inclui somente aos críticos, mas também a todos aqueles que não querem ver seus cinemas poluídos por escórias de produções, cinemas que optam por exibir paródias desnecessárias a filmes bons, premiados e com um elenco renomado ou pelo menos, de um diretor de respeito e elogiado pela crítica internacional.

Tanta revolta cabe a uma simples e breve explicação: 'Deu a Louca em Hollywood' é uma bomba, e das grandes. Por quê? Eu acho que somente os nomes de Jason Friedberg e Aaron Seltzer podem lhe responder. Diretores de outras bombas depois desta, talvez tão grandes quanto, como Super Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões, a dupla também já foi responsável pelos roteiros de Uma Comédia Nada Romântica e do engraçado Todo Mundo em Pânico (pois é, um dia eles fizeram rir de prazer e não de desgosto). Friedberg e Seltzer demonstraram como não sabem fazer cinema, apelando e tentando fazer graça com insinuações preconceituosas, que nem perto de humor negro chega, e sim ao extremo mal gosto, que acompanha o filme não só na péssima direção, mas também em todos os quesitos técnicos, desde a maquiagem grotesca até a direção de arte mal trabalhada e plagiada.

A história, assim como todas as paródias, procuram esculhambar produções que fizeram sucesso, em geral os blockbusters. Para os mais desavisados, as paródias como esta são sinônimo de inveja das outras grandes produções, pois já que não fizeram tanto sucesso, picham toda a imagem do original (embora eu pense que é pura e sofisticada incompetência mesmo). Em "Epic Movie", as vítimas da vez foram As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Super Nacho, A Fantástica Fábrica de Chocolate, algum dos três filmes de Piratas do Caribe, Serpentes a Bordo, O Código Da Vinci, X-Men, qualquer um de Harry Potter e outros. O roteiro, assinado pela dupla de diretores passa por todas esses pedaços de filmes da maneira mais ridícula e bizarra possível. Unindo quatro órfãos (quatro péssimos atores), um que saiu de um avião onde foi atacado por uma serpente, outro que é um mutante com asas de galinha, outro um lutador de luta libre e um funcionário do Museu do Louvre. Todos fazem referência a alguma produção e são todos, do nada, convidados para entrar na Fábrica de Chocolate de um proprietário insano onde, "misteriosamente" encontra-se um armário que dá acesso às terras de Gnárnia (com G mudo, exatamente), onde acabam conhecendo Harry Potter e seus amigos, um Jack Sparrow depois da guerra e outras criaturas ridículas, que se juntam para derrotar a bruxa, interpretada pela sempre péssima Jennifer Coolidge.

Bem, uma vez já comentado o roteiro, ou um monte de páginas com conteúdo absolutamente descartável e para o bem maior, reciclável, cujo nome fora atribuido como "roteiro", é a hora de destroçar o que sobrou do elenco de 'Deu a Louca em Hollywood'. Sem dar atenção aos mais incompententes, vamos generalizar e desta vez, sem nenhuma culpa, o elenco como um todo de irresponsabilidade, inexpressão, fracasso e total falta de capacidade para se atuar um personagem com uma mínima margem de precisão. Certo, nenhum dos componentes do elenco possui algo que se possa aproveitar, nem mesmo uma única cena que conseguir extrair uma risada básica de algum espectador bem humorado, e vamos dizer, otimista. As únicas risadas que consegui dar durante este filme foi justamente para não cair em lágrimas, como diz o ditado, "é melhor rir para não chorar", tamanho o desespero de ver tanta repugnância centralizada em um único projeto.

Paródia desnecessária, de conteúdo risível e revoltante, e que deve ser descartada o mais breve possível da sua lista de pendentes.

Críticas

Hannibal - A Origem do Mal

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"Você já conhece seu NOME e seus MÉTODOS.

Descubra agora como tudo COMEÇOU..."

Sua primeira aparição no cinema foi em 1986 em "Caçador de Assassinos", na pele de Brian Cox. Porém, a fama do psiquiatra-canibal Dr. Hannibal Lecter surgiu, realmente e merecidamente, em "O Silêncio dos Inocentes" (1991), interpretado impecavelmente por Anthony Hopkins. Sua crueldade, olhar fixo e penetrante, diálogos geniais e seu cérebro nos convenceu que aquele homem era vilão e tanto. Com um intervalo de dez anos, em 2001, é lançado outro filme com o canibal, dessa vez com o simples título de "Hannibal". Anthony Hopkins mais uma vez foi a escolha perfeita para o personagem. E em 2002, é a vez de "Dragão Vermelho", uma "refilmagem" de "Caçador de Assassinos", baseado no livro "Dragão Vermelho" de Thomas Harris. À estas alturas, nós já estávamos mais do que convencidos de que o Dr. Hannibal Lecter era o maior vilão de todos os tempos.

Porém, ainda sobrava um espaço possível de se preencher na série Lecter, que seria o seu passado, explicando o seu comportamento. Até porque no filme e livro de "Hannibal", Lecter falava de Mischa, sua misteriosa irmã. E em 2007 este espaço é preenchido, com "Hannibal-A Origem do Mal".

A Origem do Mal nos conta a trajetória de Lecter desde sua triste infância na Lituânia, sua adolescência, e sua transformação no maior vilão de todos os tempos. O próprio título já nos diz. Desta vez, porém, o próprio criador e escritor Thomas Harris escreveu o roteiro do filme. Hannibal Lecter, porém, desta vez, não é mais Anthony Hopkins, é o francês Gaspard Ulliel.

Porém, "A Origem do Mal" comparado com seus antecessores é de longe o mais fraco da série. Lecter, no filme, sofre por causa da Segunda Guerra Mundial, e, mesmo indo se esconder com a família numa casa do mato, os alemães os encontram e invadem. Sobram os pequenos Hannibal e sua irmã Mischa. Mas Hannibal assiste sua irmã ser morta brutalmente pelos alemães, e este passa oito anos remoendo-se de culpa guardando ódio e trauma no peito, e agora está num orfanato soviético.

Ele foge para Paris tentando encontrar seu tio, mas encontra a viúva Sra. Murasaki (Gong Li) que o acolhe. Lecter se torna um estudante de medicina, principalmente anatomia, e ao mesmo tempo em que o sangue e a raiva tomam-lhe a cabeça, ele vai planejando um plano vingativo contra os alemães que assassinaram sua irmã Mischa.

Não sei se foi uma boa idéia. Hannibal era interessante pois era um vilão diferente. Era vilão, aparentemente, por uma "força da natureza". E, além disso, cultura, inteligência, crueldade e frieza era o que não lhe faltava.

Gaspard Ulliel, porém, se esforçou e fez um excelente trabalho na pele do jovem Hannibal, transparecendo seu trauma e seu desejo de vingança. Gong Li, a única personagem mulher na trama, fez seu papel sensível de uma forma aceitável.

Mesmo com a boa atuação do francês Ulliel, o filme A Origem do Mal não possui todo aquele gás e energia que Dragão, Silêncio e Hannibal possuíam. Um filme bem inferior aos outros da série, cheio de coisas manjadas, como o fato de ter se passado na Segunda Guerra Mundial. Além do mais, já estamos cheios de filmes sobre vinganças pessoais. E Origem do Mal é exatamente isso, a vingança de Lecter contra os alemães que mataram sua pobre irmã Mischa.

A Origem do Mal é o mais fraco da série Lecter, se analisarmos sua trama e desenvolvimento. O filme em si, apesar dos clichês, não é de todo o mal, mas consegue ser um bom suspense para se assistir quando você não estiver muito exigente consigo mesmo.

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Batman Begins

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Batman Begins é o primeiro sopro de Chris Nolan de tentar reviver o Batman, garantindo-lhe intensidade, criando bem sua personalidade, situando toda a "psicologia coletiva" de Gothan City, o que faz de Batman um herói de extrema grandeza é a sua capacidade de ser uma simbiose de reflexos, da ideologia punitiva do governo norte-americano e das angústias universais presentes na moralidade de cada ser humano. O begins é um bom filme, não é melhor devido a sua história, onde o vilão é um tanto caricato, bem como também o visual de Gothan - algo que bebesse mais de fontes como o Expressionismo alemão mergulharia o filme em um clima onde a cidade seria um personagem denso, não como nesse visual "leve", onde a "escuridão" de Gothan é apenas no boca-boca de super-heróis e vilães do filme. E, principalmente, o excesso de maneirismo de Nolan quanto a linguagem do filme, o que pode ser interessante no começo, acaba tornando repetitivo o fato de a cada minuto um personagem disparar uma frase de efeito, ou resaltar seu tom irônico para com o outro utilizando algo que esse mesmo tinha dito a ele.

O morcegão andava com a imagem um tanto queimada devido as peripécias carnavalescas imputadas pelo medíocre Joel Schumacher, Nolan era um diretor que destacara-se anos antes ao fazer um filme com ares de culto e cult, a saber, Memento (Amnésia). Em Batman, Nolan coloca todo seu estilo, revitaliza o Batman, da-lhe moral, densidade, o faz um super-herói que se questiona enquanto tal.

Todavia, o Batman de Nolan, tanto o Begins, quanto o cavaleirodas trevas está imputado até o talo de ideologia política, claro, super-heróis podem facilmente serem entendidos como alter-egos da população norte-americana, e com o pega-pra-capar rolando solto no Iraque, ficaria impossível que o Batman, um dos grandes super-heróis dos EUA não levasse para as telinhas parte dessa paranóia de guerra, isso seria impossível de não acontecer. Visto isso, nós, cinéfilos, ficamso em uma espécie de corda-bamba tentando nso equilibrar entre a crítica a essas "intenções" por trás do morcegão e o cinema em si, mandando pro inferno toda e qualquer possibilidade de preocupação com o conteúdo polítoco e ideológico do filme.

Batman é um porta estandarte da doutrina punitiva - justiceira, como entenda- norte-americana. Ele sempre está em busca daquilo que julga ser justo, a qualquer preço, ele se dá ao luxo de julgar todos os vilãos, sempre sendo (ou tentendo) ser um boa praça, a compaixão é sua marca. Como o governo americano, Batman sempre será bem visto por poucos, os verdadeiros amigos, temido por uns e odiado pela maioria. Ele também sempre uzará da tecnologia para vencer o mal, armas de última geração será seu instrumento básico na luta contra o "Eixo do mal". Também utilizará de auto-propaganda para ficar sempre nos holofotes da justiça, afinal, um herói é também um marketeiro, e todos os intrumentos "teatrais" do Batman servem tanto como auto-confiança, como marca de identidade, um herói tem que ser fardado. Mas, principalmente, o Bataman utiliza à força sua justiça, masmo que as pessoas não a julgue necessário, não a queiram, o Batman se acha o slavador do planeta contra o mal, ele não é intitulado o salvador em potencial, ele mesmo se auto-intitula.

Tais características são a essência do Batman, todas elas estão presentes em todos os Batmans, no de Nolan, no de Burton, no de Schumacher, o que varia será apenas a intensidade de tal essência, e em que contexto ela será colocada, e com que sentido.

Em Batman Begins, Nolan dá o seu sentido ao Batman, embora sua direção e roteiro - em parceria com David S. Goyer - escorregue me vários pontos podemos dizer que foi um bom retorno, um primeiro bom passo rumo ao brilhante e extremante perspicaz Cavaleiro das Trevas, 3 anos depois.

Begins contará a origem da vontade por fazer justiça de Batman. Começando com o assassinato de seus pais, o filme salta alguns anos e vemos Batman em algum lugar do mundo buscando conhecimento da mente criminosa. Após tal episódio, onde fica o grande destaque a bela Fotografia das gélidas montanhas por onde Bruce Wayne passava, além da intensa contrução psicológica de Wayne, o que corrobaria em sua volta a Gothan e no surgimento de seu alter-ego, Batman.

Nessa nova empreitada, a escolha do elenco deveria ser minuciosa, visto que com Schumacher a série ficou um tanto palhaça devido a presença ora de Schwarzenegger, ora de Jim Carrie, um, passou-se por palhaço sem querer, o outro, decididamente imputou parte da pesonalidade de Ace Ventura no pobre Charada.

Nesse sentido, fora de extrema felicidade as escolhas de Nolan. Seja na consistente atuação de Christian Bale como Bruce Wayne/Batman, seja na presença de respeito de Michael Caine como o mordomo Alfred, Gary Oldman e Morgan Freeman, respectivamente, Det. Gordom e Lucius Fox, todos os atores cumprem bem seu papel. A bela Katie Holmes como a mocinha da história, Rachel Dawes, além de Tom Wilkinson como o vilão Carmine Falcone se dão bem, todavia, o grande destaque entre os coadjuvantes fica por conta de Cillian Murphy, como o corrupto Dr. Jonathan Crane / Espantalho.

Tecnicamente, o destaque fica pela bela Fotografia fora de Gothan City, no local para onde Wayne fora atrás conhecimento, há esfeitos especias comuns a filmes do gênero, além de explosões a todo gosto. Nada do qual tenha muito a comentar. A Trilha Sonora é bem colocada, além da eficiente Edição frenética do final do filme.

Enfim, apesar de ser um bom começo, Begins fica bem abaixo de Cavaleiro das Trevas. Serve mais como um bom recomeço, que não pode ser esuqecível, obrigatório para fãs de super-heróis, essencial para quem acredita que a imagem de filmes do gênero tenha mudado, alguns dizem que parte disso foi com esse Batman Begins, outros dizem que foi com Sin Sity, todos concordam que foi Batman - O Cavaleiro das Trevas a afirmação de tal possibilidade.

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Dragão Vermelho

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O filme começa. AH! Música erudita e Lecter na platéia. Um flautista desafinado. Um olhar de desaprovação de Lecter. O cenário muda. Estamos na casa de Lecter e ele, mesmo esbanjando classe, elegância, cultura, está servindo o corpo do flautista aos desavisados convidados. Will Graham chega. Os dois conversam como velhos amigos. Will conta que o assassino que ambos estão caçando é um canibal. Logo em seguida, descobre ser Lecter o próprio assassino. Os dois brigam e tombam, feridos quase mortalmente, um pelo outro. Lecter, caído, baleado, de olhar vidrado, encara a câmera. Entram os créditos.

Pronto. Estamos conquistados.

Com essa rápida seqüência de abertura, o filme já valeu a pena. O filme JÁ É bom. Nós nos convencemos disso ALI, com aquele começo.

Depois dele, quando a história realmente começa, essa impressão se mostra verdadeira.

O filme é uma seqüência (que se passa ANTES) que está, decididamente, à altura dos outros dois filmes da série.

Como trata-se do mesmo roteirista de O Silencio dos Inocentes, o filme é tão fiel ao seu livro de origem quanto O Silencio dos Inocentes foi.

Novamente, apenas partes completamente desnecessárias foram cortadas e resumidas e os fatos mudados foram mudados para melhor (como exemplo, a própria captura de Lecter, muita mais interessante e impressionante no filme).

Com a série já tendo outros dois filmes, neste já sabiam o que agradava e o que não agrava aos fãs.

Por isso, Anthony Heald e Frankie Faison voltam aos seus mesmos personagens de O Silencio dos Inocentes, em divertidas “pontas” e a violência exagerada que vimos em HANNIBAL é completamente esquecida aqui.

O suspense e a tensão (ajudada pela sempre deliciosa trilha sonora de Danny Elfman) neste filme são maiores que nos outros dois. O que torna, assim, Dragão Vermelho o filme mais assustador e sombrio da série.

Os três personagens de maior destaque estão impecáveis.

É bem verdade que o Will Graham de Edward Norton é um tanto inexpressivo e apagado. A profundidade do personagem, que beira à loucura no livro de Thomas Harris, foi deixada de lado. Nem por isso ele foi mal explorado. Ele é o único personagem tão inteligente quanto Hannibal Lecter e isso é deixado claro no filme.

Depois temos o Francis Dolarhyde de Ralph Fiennes. A atuação está na medida certa. Ele é um personagem tão PESADO, tão PODEROSO em cena, que consegue realmente dar MEDO.

E por fim, temos o próprio Lecter. Novamente interpretado por Anthony Hopkins, o maior vilão do cinema continua como sempre: sem um único defeito. A atuação de Hopkins como Hannibal atinge o nível máximo aqui e certamente merecia outro Oscar. De Ator Coadjuvante, dessa vez.

Sim, porque Hannibal está cuidadosamente disfarçado de “coadjuvante de luxo” neste filme. Aparecendo e tendo muito menos destaque do que nos dois outros filmes.

Não que ele não tenha importância. Pelo contrário, é fundamental para o desenrolar e desfecho da história. Ele está para DRAGÃO VERMELHO o que Palpatine está para STAR WARS.

Enquanto ajuda Will a caçar o Dragão, ele também atiça o Dragão contra Will, passando-lhe importantes informações sobre o agente.

A relação Will/Lecter é muito complexa; uma mistura de ódio, admiração e amizade. É mais interessante que a de Lecter com Clarice Starling.

A atuação dos coadjuvantes Harvey Keitel, Emily Watson, Mary-Louise Parker, Philip Seymour Hoffman também não decepciona em nada.

Como nos outros dois filmes da série, Dragão Vermelho não tem um final que possa ser definido como “feliz” ou “triste”.

Passado o filme todo, temos uma agradável surpresa, nos últimos momentos... um final GANCHO que acaba exatamente onde O Silencio dos Inocentes começa, unindo a série, de forma muito criativa.

Uma ótima idéia, que poderia ter fechado a trilogia com chave de ouro...

...Infelizmente, não foi este filme que fechou a série...

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Doutores da Alegria

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É muito comum no Brasil o inivíduo "torcer o nariz" ao saber que o gênero de determinado filme é documentário. Este é o principal motivo por este tipo de filme ser tão pouco valorizado e por seus realizadores serem realmente pessoas corajosas, que se dedicam a um trabalho mesmo sabendo que o reconhecimento de público deverá ser pequeno. O maio nome dos documentários brasileiros é Eduardo Coutinho, que já realizou obras-primas como "Edifício Master". Porém, outras produções também vêm se destacando, como "Santiago" e este "Doutores da Alegria", de Mara Mourão.

O filme de Mara procura mostrar a importância e a acomplexidade do trabalho do palhaço, principalmente a partir deste grupo de atores chamado "Doutores da Alegria", que procura levar alegria e esperança para crianças em hospitais, muitas em situação de saúde realmente complicada. A partir dos "Doutores", Mara procura mostrar como a figura do palhaõ deveria ser mais valorizada.

O filme é um trabalho de extrema delicadeza. Isso já pode ser constatado nos créditos iniciais, com imagens de palhaços e bobos da corte de diversas épocas de uma beleza impressionante, ao embalo de uma trilha sonora fantástica que percorre toda película. O roteiro é muito bem "amarrado", assim como a direção de Mara Mourão. A montagem é precisa, revezando depoimentos dos atores que compõem o grupo "Doutores da Alegria", com imagens de seu trabalho nos hospitais e falas de alguns especialistas em psicologia, parentes de crianças ou ainda médicos "de verdade".

Muitos depoimentos são alegres, outros bem tristes, mas em nenhum momento "Doutores da Alegria" derrapa para a comédia ou para o melodrama. É muito tocante ver o trabalho destes artistas de corpo e alma, que dedicam o seu ofício a levar alegria para crianças que se encontram em situações extremamente delicadas e, que, por elas, estariam brincando em outro lugar. São muito curiosas as falas de artistas que contam histórias realmente inacreditáveis que eles já presenciaram, histórias estas que envolvem gnomos (!) ou até a própria morte. A única ressalva fica para a escolha de determinadas locações onde os depoimentos foram gravados; algumas são realmente belíssimas, como é o caso da Urca, no Rio de Janeiro, outras inusitadas, como um carro, mas fica uma sensaçao quase de artificialismo na tentavia de mostrar estes artistas sem sua máscara (o nariz) em atividades cotidianas. Mas nada que prejudique o andamento do filme.

Enfim, "Doutores da Alegria" é mais um filme de uma ótima safra que vêm recuperando (ou pelo menos tentando recuperar) o prestígio do gênero documentário no nosso país. Um filme muito bem dirigido, extremamente delicado, que nos faz sorrir e se emocionar na medida certa. Uma obra rara.

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Dragão Vermelho

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Na verdade, foi em "Caçador de Assassinos" ("Manhunter", 1986) que o famoso psiquiatra-canibal Dr. Hannibal Lecter apareceu nas telonas, na pele de Brian Cox, e não em "Silêncio dos Inocentes" (1991). Tal filme também era baseado no livro de Thomas Harris de 1984, cujo o título era "Dragão Vermelho". E o FILME "Dragão Vermelho", de 2002, é uma nova versão deste de 1986. E, obviamente, muito melhor.

Apesar de ter sido lançado apenas em 2002, após Silêncio dos Inocentes e Hannibal, a trama de Dragão Vermelho se passa antes.

O filme inicia quando o agente Will Graham (Edward Norton) é atacado pelo Dr. Hannibal Lecter (Hopkins), que anteriormente o ajudava nas investigações. Graham consegue detê-lo e prendê-lo. Ferido, o agente se aposenta. Nesta introdução já vemos as mudanças em relação ao livro de Harris, uma vez que tais cenas eram contadas apenas mais para o meio.

Eis que, depois de Graham estar anos afastado do FBI, seu antigo chefe, Jack Crawford (Harvey Keitel) lhe procura em sua casa para pedir ajuda em um caso de um serial killer conhecido como "Fada do Dente" que assassinou duas famílias, deixando a marca de sua dentadura postiça nas vítimas (por isso o seu nome). Will Graham acaba indo pedir ajudas para o Dr. Lecter em sua cela sombria para tentar entender a mente do assassino em série. Aceitando a dar pistas sobre o comportamento do dito cujo, Lecter consegue entrar em contato com o Fada do Dente e pedir com que ele passe um corretivo em Graham e sua família, em vingança de sua prisão.

Porém, neste filme, o Dr. Hannibal Lecter fica como um coadjuvante de luxo. Ele divide a cena com Francis Dolarhyde (Ralph Finnes).

Francis Dolarhyde é o assassino mais assustador da série. Seu comportamento, ao longo do filme, é explicado: cresceu traumatizado, com sua avó o maltrando quando ele urinava no colchão da cama. Mais tarde, ele é conhecido como "Dragão Vermelho" por sua fixação e tatuagem extensa nas costas inspirada na obra de William Blake. Temos também algumas subtramas no filme que o envolvem: o seu caso com a cega Reba, que é muito bem interpretada por Emily Watson. A cena que Dolarhyde "conversa" com o Dragão é aterradora.

O Dr. Hannibal Lecter, mesmo como coadjuvante, continua assustador e frio como sempre, impecavelmente interpretado por Anthony Hopkins, que soube pela terceira vez encarnar de corpo e alma o personagem.

"Dragão Vermelho" é um dos melhores filmes de suspense/policial já feitos, e com a direção precisa e impactante de Brett Ratner e o roteiro excelente de Ted Tally, tem o mesmo gás de Silêncio dos Inocentes e Hannibal, competindo lado a lado. Um filme que prende nossos olhos à tela de início ao fim. Com certeza, se você estiver caçando um filme inteligente, intrigante, assustador e prendedor, não perca Dragão Vermelho.

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Crepúsculo

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As adaptações literárias estão invadindo as telas do cinema todos os anos. E isso é bom, visto que o universo dos livros é fantástico e perfeito para se transformar em película, mas o problema é que, ultimamente, poucos valem o ingresso.

"Crepúsculo" é mais um dos best sellers que são adaptados para o cinema, ou melhor, ele não é qualquer best seller, ele é comparado ao fenômeno "Harry Potter", pois superou a marca de 25 milhões e com expectativa de vender mais após o filme ser lançado. Porém a comparação é esdrúxula, visto que as histórias são de universos muito diferentes e “Crepúsculo” ainda está muito longe de alcançar "Harry Potter" em números.

Bella (Kristen Stewart) decide mudar-se para a pequena cidade de Forks, para morar com seu pai. Quando ela chega em sua nova escola, apaixona-se por Edward (Robert Pattinson). Ela descobre que seu novo amor é, na verdade, um vampiro.

A principal questão sobre "Crepúsculo" é porque o livro fez tanto sucesso? Sinceramente, não sei responder, pois após ler o livro fiquei com a ligeira impressão de ter lido uma história de amor sem nada de original. Não posso dizer que o livro é ruim; é bom até. Mas passa longe de muitos best sellers da década. A resposta pode ser que o público tenha ficado menos exigente (bem menos exigente).

Depois de tanto inexplicável sucesso, "Crepúsculo" foi adaptado para o cinema, e aí a coisa piorou de vez. O filme tem tantos erros que é difícil enumerar. Mas o primeiro e mais graves de todos são os efeitos especiais, que beiram ao ridículo e o ultrapassa em alguns momentos, o que se torna patético para um estilo de filme que exige um bom trabalho nesse quisito.

Para quem leu "Crepúsculo” é nítido que não é um livro difícil de se adaptar, ou melhor, aproveitando um pouco das comparações com “Harry Potter, não exige o mesmo grau de dificuldade da série de J.K. Rowling, mas a roteirista conseguiu mesmo assim levar para as telonas as piores cenas.

O elenco é bom, o casal principal tem muita química, talvez o único ponto a favor do filme, porém devo ressaltar que Kristen Stewart foi mal na sua interpretação, ela não chega nem perto da personagem Bella Swan, e isso decepciona, visto que grandes nomem acham que ela é uma atriz promissora. O destaque positivo é Robert Pattinson, que vai muito bem e consegue passar todos os sentimentos e expressões de Edward Cullen, apesar de fisicamente não ser ideal para o papel.

"Crepúsculo" foi um filme precipitado, mal produzido, mal adaptado, que não é digno de ser comparado nem aos fracos filmes de "Harry Potter", e em minha humilde opinião, muito menos aos ótimos livros da série. Ou seja, "Crepúsculo ainda vai ter que melhorar muito para ser considerado uma adaptação literária. Espera-se que Chris Weitz (A Bússola de Ouro) consiga fazer um trabalho melhor do que foi feito neste 1º filme da saga de” Crepúsculo“ e o diretor faça melhor do que fez em seu último filme, pois "A Bússola de Ouro" apesar de visualmente lindo e com efeitos especiais de tirar o fôlego é terrivelmente entediante e descartável.

A série de Stefanie Meyer tem tudo para fazer sucesso e até já faz, pois é simples e tem um amor impossível, o que é bem atraente para a maioria de seu público alvo, porém mesmo que a história não exija tanto sacrifico para ser transportada para o cinema, o mínimo quer o filme dever fazer é ser melhor produzido, pois o cinema não é só composto por adolescentes que gostam de ver um casal bonitinho enfrentar barreiras para ficar juntos e depois serem felizes para sempre, no caso de "Crepúsculo", literalmente.

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Segredo de Brokeback Mountain, O

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Um drama suave e livre de preconceitos, honesto ao extremo e embalado por atuações poderosas.

Quem pensa que o mundo continua na mesma época decadente de décadas atrás, onde qualquer pessoa que seguisse um comportamento alternado da maioria era julgado e condenado como pecador, está muito enganado. Felizmente, o século 21 chegou e abriu os olhos de pessoas que foram forçadas, perante à sociedade, a saberem aceitar as diferentes personalidades e facetas de diversas populações, e em todo o lugar do mundo. O Segredo de Brokeback Mountain, é para muitos, o símbolo da liberdade homossexual, que foi sempre oprimida pela maioria conservadora. Embora este comentário não se trate explicitamente de uma crítica ao preconceito, é imprecindível que esse problema atual seja comentado, uma vez que o filme tem justamente o tema GLS envolvido. O fato é que ainda existem tipos que acham que se encontram em um patamar acima dos negros, homossexuais, asiáticos e judeus. E na minha sessão, onde algumas criaturas ficavam berrando exclamações preconceituosas, pude perceber como a ignorância do povo não acompanhou a passagem do século, e por sinal, de um milênio também.

Mas enfim, tratando-se de um filme de Ang Lee, diretor de Tempestade de Gelo, o ótimo Razão e Sensibilidade e o seu mais último e competente trabalho artístico em O Tigre e o Dragão, pode-se perceber que o homem tem contrastes, como o seu próprio filme reflete, sensíveis e com este 'Brokeback Mountain' fica claro que ele optou mais uma vez para o seu melhor lado de diretor. Disputando o seu segundo Oscar, mas desta vez, ganhando, Lee pôde comprovar o seu talento atrás das câmeras e tanto os resultados fabulosos do elenco até os da parte técnica, que inclui a abatida fotografia e a trilha sonora de cordas de Gustavo Santaonella mostram isso.

A história é, ao mesmo tempo simples e complexa. Simples por se tratar de uma história de amor, com seus limites, e complexa por se tratar de um amor entre dois homens. Interpretados pelo falecido Heath Ledger e por Jake Gyllenhaal, de O Dia Depois de Amanhã, Ennis Del Mar e Jack Twist, respectivamente são dois personagens dramáticos e de carga extremamente profunda e pesada. Ennis, que em língua indígena que dizer "ilha" é um típico homem texano que vai em busca de trabalho nas colinas do interior dos Estados Unidos, onde a montanha Brokeback se sobressai com suas paisagens exuberantes, onde a neve cai sobre os cedros durante o inverno. Ele, que é logo aceito para o cargo de pastor de ovelhas, conhece Twist, um futuro novo-rico, mas que ainda tinha de lutar para conquistar sua vida. Os dois então, passam a trabalhar juntos e isolados do mundo, comaçam a sentir atração um pelo outro. É o ponto de partida para uma história de amor entre duas pessoas do mesmo sexo, onde o preconceito, a ilusão e a separação ficam evidentes perante às câmeras de Ang Lee.

O roteiro assinado por Larry McMurtry e Diane Ossana, baseado no conto de Annie Proulx é extremamente bem sucedido, sem exageros e sem partir para o sentimentalismo cínico. Tanto as passagens finais, que demonstram maior sensiblidade não são de maneira alguma um misto de gêneros típicos de uma história de amor batida e clichê, mas muito pelo contrário. A adaptação conseguiu se formar muito bem perante às exigências da sociedade atual, que embora injustas, devem ser seguidas especialmente em um caso de filme, com cenas que não escondem aquilo que todos devemos nos acostumar, mas que ainda não se firmou.

Heath Ledger é de todos, o que mais brilha. Nascido da Australia, e agora há pouco, mostrando seu infinito talento como o Coringa de Batman - O Cavaleiro das Trevas, ficou ainda mais evidente a falta que um ator do gabarito dele fará para o cinema, depois de sua morte acidental, provocada pela overdose de remédios.. Ele simplesmente está sensacional na pele de Ennis Del Mar e tanto Ledger, quanto Gyllenhaal surpreendem pela incrível coragem e determinação, dispostos a tudo para alavancar suas carreiras. Michelle Williams, que se casou com Ledger pouco depois do término das filmagens do filme, também brilha e sua mais do que merecida indicação ao Oscar, poderia muito bem ter premiado a jovem e novata atriz com o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante.

Falando em Oscar, este mais uma vez completou o seu tabú contra filmes independentes. Com a vitória de Crash - No Limite na categoria principal, a Academia provou que ainda sabe premiar filmes bons, mas sem grande reconhecimento internacional. O Segredo de Brokeback Mountain poderia ser sim, o grande favorito da noite, mas a qualidade de Crash é maior e o filme tem resultados bem mais positivos, graças ao roteiro. O filme de Ang Lee, entretanto, venceu em três categorias, incluindo Melhor Diretor, Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora, para a simples e bem sucedida música de Gustavo Santaonella, feita em sua maioria de cordas e violão.

'Brokeback Mountain' é um filme livre de preconceitos e que deve ser encarado como uma aula de se fazer cinema, demasiadamente longo, porém corajoso e muito bem feito. Atuações magestrosas de um elenco em construção (agora nem todos), com um roteiro e diretor acima da média que fazem a diferença.

Críticas

Wolf Creek - Viagem ao Inferno

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Filmes de terror que se agarram a um mesmo tema, explorando-o até a última oportunidade, são vistos constantemente no cinema. Até a proposta é a mesma. Ou é remake do sucesso tal, ou supostamente baseado em fatos reais...

Com "Wolf Creek - Viagem ao Inferno" não é diferente. À princípio a estória é semelhante a de muitos filmes do gênero, o que poderia ter feito o mesmo passar desapercebido, pois, a polêmica gerada em torno de massacres em países específicos já foi levantada em alguns filmes, como em "O albergue" e "Turistas". Entretanto, mesmo sendo produzido às escuras e sem muito marketing, esta projeção conseguiu criar alvoroço entre críticos e público, em que as divergentes opiniões eram inevitáveis.

Eu não posso deixar de fazer tal comentário: "Wolf Creek" é com certeza mais inteligente do que os filmes convencionais do gênero. Com cara de documentário, mas com uma qualidade superior, o filme australiano é assustador. E mesmo possuindo alguns clichês, os mais reles e habituais são evitados aqui, até surpreendendo em algumas tomadas.

Pra mim, a maior façanha do diretor junto ao roteiro, foi prolongar a exposição dos personagens com seus diálogos dispersos no início do filme, fazendo com que o público crie uma certa empatia para com eles. E melhor, sem deixar escapar qualquer hipótese de quem (e como) morrerá.

O filme mesmo não sendo original, muito menos inovador, conseguiu ser notável, mesmo sob o efeito de um enredo requentado. Isso se deve a forma competente e convincente das interpretações.

A sinopse apresenta Liz Hunter (Cassandra Magrath, ) e Kristy Earl (Kestie Morassi) e Ben Mitchell (Nathan Phillips), três jovens que viajam para a Austrália. Ao chegarem no Parque Nacional Wolf Creek, eles conferem a segunda maior cratera do mundo. Ao entardecer eles decidem retomar a viagem, mas o motor do carro teima em não funcionar. Os três agora apreensivos só se acalmam quando obtêm a ajuda inesperada de um motorista de caminhão que estava ali por perto.

Sem um personagem central, mas com um foco sobre as duas moças, o motorista caipira revela-se um sádico de marca maior, responsável por horas de pânico e tensão, muito bem representados pelos atores. O clima angustiante da estória causa uma certa aversão ao público. O filme mesmo não sendo o mais explícito no quesito "tortura", consegue intimidar.

Por ser filmado em vários cenários desérticos, todo o isolamento dos jovens é retratado com naturalidade, o que perturba ainda mais.

As interpretações supracitadas, sem dúvida, foram responsáveis pelo impacto que o filme causou. Foram as mais verossímeis possíveis, o que pra mim foi um feito, já que a canastrice impera em filmes de terror adolescente.

Concluindo,"Wolf Creek" foi um dos poucos filmes que me incomodou como espectador. A sensação de ver o desamparo dos personagens, cruelmente tormentados fisica e psicologicamente por alguém improvável, foi a mais desagradável (num bom sentido para a espécie do filme). Com isso, o filme atinge seu objetivo, pois não é qualquer pessoa que conseguirá ficar indiferente diante desse longa.

Eu esperava mais um passatempo dispensável ao julgar pelo tema, mas me deparei com algo bem produzido. As paisagens obscuras, a manipulação e belos ângulos capturados pela câmera; a ótima fotografia; cenas cruas quase sem corte... Tudo isso trouxe um realismo como nunca vi num terror.

Críticas

Sex and the City - O Filme

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O sucesso deste filme se dá basicamente por reviver personagens que fizeram a cabeça da mulherada nos EUA ao longo de seis temporadas num seriado bombástico (estou entrando no clima) por volta dos anos 90.

Intitulado como "Sex and the city", este ditou moda, levantou assuntos típicos do universo feminino sem pudor e pieguismo; foi marcado por suas personagens de atitudes ousadas, contribuidas também pelas tórridas cenas de sexo, além de seus temas variados e romances nada açucarados. E isso é só um vislumbre dos ingredientes que compunham a série.

No entanto, algo é certo em relação ao filme: o agrado do público só virá diante desta película, se os espectadores forem no mínimo fãs da extinta (e ainda vívida na memória) série. Quem não conhece a estória irá apenas se deparar com um filme recheado de esteriótipos, clichês, um roteiro balanceado pelo machismo em contrapartida ao feminismo, protagonizado por senhoras quarentonas super consumistas e extravagantes.

Eu particularmente, por ter como meu hobby favorito, acompanho séries de teor cômico, portanto, assisti várias vezes as aventuras das quatro amigas de "Sex and the city". Só que devido ao seu enfoque relativamente feminino, a série não me atraia muito. Às vezes os questionamentos soavam banais demais, o que era perfeito para atingir seu público especificamente formado por mulheres. Público este que consegue captar o mais profundo sentimento no mais profuso assunto.

Em sua adaptação como longa para o cinema, eu percebi que mesmo após o fim da série há quatro anos, Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis e Cynthia Nixon, continuam perfeitas em comporem seus personagens, mantendo intácta a química do quarteto (apesar da especulação de brigas entre o elenco na vida real).

Como eu conheço um pouco da história do seriado, pode-se dizer que o roteiro, sem deixar detalhes pendentes e com certa inspiração, parte exatamente de onde a série parou.

E não relevando toda a futilidade do universo novaiorquino delas, a maior decepção que tive foi ver que ao focarem a maturidade das personagens e as novas contestações pessoais que giram em torno do futuro, da felicidade plena, de um casamento onírico e blá, blá, blá... se desfigurou vagamente a personalidade das mesmas por elas não se aparentarem experientes como o esperado, e sim, envelhecidas e esgotadas.

Miranda (Cynthia Nixon) que era independente e não se subordinava a vontade masculina, agora mostra dificuldade de conciliar casamento, carreira e filho da forma mais comum possível.

Samantha (Kim Cattrall), uma ninfomaníaca incorrigível, agora fiel ao relacionamento, pacata, contentando-se com a companhia de um cachorro?!

O pior é ver que depois de seis anos e tantas colunas para um jornal, Carrie (Sarah Jessica Parker) não aprendeu nada sobre relacionamento, passando pelos mesmos conflitos com Big (Chris Noth).

Bom, ainda assim, ignorando esses pormenores, não posso negar que a atmosfera do filme se manteve fiel à serie.

Agora, um detalhe à parte aqui são os figurinos do filme, ou como prefiro classificar, a essência gritante do que há de mais excêntrico!

Os modelitos são super modernos sim, porém, de um mal gosto terrível! E por tal motivo, o glamour natural das personagens ficou comprometido.

E pra completar o quadro dos detalhes supérfluos, temos a presença desnecessária da ganhadora do oscar por "Dreamgirls" Jennifer Hudson, que nada fez no filme. Se pelo menos ela tivesse cantado, faria algum sentido sua escalação.

Falando em música, a trilha sonora varia de clássicos à sucessos atuais. Nada que demonstre má escalação, mas ficou confusa.

Sem mais, "Sex and the city - O filme", Como na série, tem Sarah Jessica Parker à frente da produção executiva e a direção por meio de Michael Patrick King. Sua duração é de 2h30, com algumas cenas engraçadas e um dramalhão mais apurado que na série, o que na verdade é um banquete para quem curtiu o seriado. Já para quem não o conhecia, infelizmente só restará a dúvida do porquê de tanto burburinho em torno de tal projeção.

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