Dizem por aí que o verdadeiro bom crítico é aquele que não desmerece o trabalho do artista, neste caso, o filme como um todo. Mas, como vamos criticar Deu a Louca em Hollywood sem escrever sobre as abomináveis tentativas de fazer rir, sobre um elenco muito abaixo do medíocre e um roteiro esdrúxulo, risível e mais abominável ainda? Desculpas aos justos, mas neste caso, deve-se abrir uma excessão, afinal estamos tratando de uma verdadeira bomba cinematográfica.
Há quem goste, por incrível que possa parecer. E é justamente esse o grande motivo pelo qual anualmente aparecem aberrações aos quais algumas pessoas ousam chamar de "filme". O público mais descompromissado, em média, os pré-adolescentes e as pessoas de adolescência já em andamento são os que mais apreciam paródias como esta, que contém piadas de extremo mal gosto, apelando para o preconceito nítido e insinuações maldosas a deficientes, negros, asiáticos, e outras raças. Logicamente, a procura de algo leve e "provavelmente" engraçado, os jovens invadem as salas de exibição desse "filme" e continuam dando gás a comediantes sem neurônios, que não param de fazer produções assim, sabendo que haverá retorno financeiro. E quem paga por isso são os apreciadores da sétima arte, que não inclui somente aos críticos, mas também a todos aqueles que não querem ver seus cinemas poluídos por escórias de produções, cinemas que optam por exibir paródias desnecessárias a filmes bons, premiados e com um elenco renomado ou pelo menos, de um diretor de respeito e elogiado pela crítica internacional.
Tanta revolta cabe a uma simples e breve explicação: 'Deu a Louca em Hollywood' é uma bomba, e das grandes. Por quê? Eu acho que somente os nomes de Jason Friedberg e Aaron Seltzer podem lhe responder. Diretores de outras bombas depois desta, talvez tão grandes quanto, como Super Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões, a dupla também já foi responsável pelos roteiros de Uma Comédia Nada Romântica e do engraçado Todo Mundo em Pânico (pois é, um dia eles fizeram rir de prazer e não de desgosto). Friedberg e Seltzer demonstraram como não sabem fazer cinema, apelando e tentando fazer graça com insinuações preconceituosas, que nem perto de humor negro chega, e sim ao extremo mal gosto, que acompanha o filme não só na péssima direção, mas também em todos os quesitos técnicos, desde a maquiagem grotesca até a direção de arte mal trabalhada e plagiada.
A história, assim como todas as paródias, procuram esculhambar produções que fizeram sucesso, em geral os blockbusters. Para os mais desavisados, as paródias como esta são sinônimo de inveja das outras grandes produções, pois já que não fizeram tanto sucesso, picham toda a imagem do original (embora eu pense que é pura e sofisticada incompetência mesmo). Em "Epic Movie", as vítimas da vez foram As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Super Nacho, A Fantástica Fábrica de Chocolate, algum dos três filmes de Piratas do Caribe, Serpentes a Bordo, O Código Da Vinci, X-Men, qualquer um de Harry Potter e outros. O roteiro, assinado pela dupla de diretores passa por todas esses pedaços de filmes da maneira mais ridícula e bizarra possível. Unindo quatro órfãos (quatro péssimos atores), um que saiu de um avião onde foi atacado por uma serpente, outro que é um mutante com asas de galinha, outro um lutador de luta libre e um funcionário do Museu do Louvre. Todos fazem referência a alguma produção e são todos, do nada, convidados para entrar na Fábrica de Chocolate de um proprietário insano onde, "misteriosamente" encontra-se um armário que dá acesso às terras de Gnárnia (com G mudo, exatamente), onde acabam conhecendo Harry Potter e seus amigos, um Jack Sparrow depois da guerra e outras criaturas ridículas, que se juntam para derrotar a bruxa, interpretada pela sempre péssima Jennifer Coolidge.
Bem, uma vez já comentado o roteiro, ou um monte de páginas com conteúdo absolutamente descartável e para o bem maior, reciclável, cujo nome fora atribuido como "roteiro", é a hora de destroçar o que sobrou do elenco de 'Deu a Louca em Hollywood'. Sem dar atenção aos mais incompententes, vamos generalizar e desta vez, sem nenhuma culpa, o elenco como um todo de irresponsabilidade, inexpressão, fracasso e total falta de capacidade para se atuar um personagem com uma mínima margem de precisão. Certo, nenhum dos componentes do elenco possui algo que se possa aproveitar, nem mesmo uma única cena que conseguir extrair uma risada básica de algum espectador bem humorado, e vamos dizer, otimista. As únicas risadas que consegui dar durante este filme foi justamente para não cair em lágrimas, como diz o ditado, "é melhor rir para não chorar", tamanho o desespero de ver tanta repugnância centralizada em um único projeto.
Paródia desnecessária, de conteúdo risível e revoltante, e que deve ser descartada o mais breve possível da sua lista de pendentes.