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Críticas

Mamma Mia!

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Neste século XXI, estamos assistindo à volta do gênero musical, que ficou meio adormecido nas décadas de 1980/90. Esta volta começou com o fantástico "Moulin Rouge-Amor em Vermelho", em 2001, e daí em diante surgiram boas produções como "Chicago", "Hairspray- Em Busca da Fama", "Dreamgirls" e "Sweeney Todd". E, em 2008, chegou aos cinemas um musical inteiramente com músicas do grupo ABBA.

O filme, adaptado de uma peça homônima, tem um roteiro bem fútil: Sophie (Amanda Seyfrield), que vive em uma ilha grega junto com sua mãe Donna (Meryl Streep) está prestes a se casar e, ao ler um diário secreto da mãe, descobre que pode ter três possíveis pais: Sam (Pierce Brosnan), Bill (Stellan Skarsgaard) e Harry (Colin Firth). Então, ela traça um plano e convida os três para irem à ilha (sem Donna saber) e assim descobrir qual deles é seu pai.

Apesar da premissa ser ruim, Mamma Mia! consegue envolver o espectador e, sem dúvidas, diverte. Pyillida Lloyd, egressa do teatro, tem uma direção esperta, especialmente nas cenas musicais. As coreografias são muito interessantes, com algumas poucas exceções. Em aspectos técnicos, o filme se sai bem; somente em alguns momentos a fotografia parece um pouco exagerda e fica muito artificial.

Grande parte do sucesso de Mamma Mia! se deve ao esforço do elenco. Nenhum dos atores é cantor, e tiveram que se esforçar muito para interpretarem as difíceis músicas do ABBA. Meryl Streep se destaca, como de costume. Apesar de não interpretar uma personagem complexa, a atriz mostra seu talento nas enas musicais, especialmente quando interpreta "Slipping from my fingers" e, principalmete, "The Winner takes it all", gravada ao vivo em cimda de um penhasco. Também merecem destaque Julie Walters e Christine Baranski, que vivem respectivamente Rosie e Tanya, que juntamente com Donna formavam o grupo "Donna e as Dínamos". Ambas interpretam muito bem canções como "Chiquitita" e "Dancing Queen". Amanda Seufrield destoa um pouco no conjunto do elenco feminino, mas sua voz doce acaba compensando sua falta de talento.

Quanto ao elenco masculino, não recebe muito destaque no filme. Colin Firth e Stellan Skarsgaard apenas cumprem seus papéis com exatidão. Destaque quando ambos interpretam, juntamente com Pierce Brosnan, "Our Last Summer". Já Brosnan, que já provou ser um bom ator, está absolutamente canastrão. Isso sem contar sua voz, que quase destrói canções como "SOS". Também é bom destacar a fraca interpretação de Dominic Cooper, o noivo; a sorte é que ele aparece pouco.

Enfim, como entretenimento Mamma Mia! funciona muito bem. É muito difícil não se contagiar com as canções do ABBA, muito bem cantadas pelo elenco e dirigidas. É um bom filme, que cumpre aquilo a que se proõe: pura diversão. Infelizmente, não é uma obra-prima que ficará guardada em nossa memória, mas é uma garantia de aumentar o bom humor.

Críticas

Dama na Água, A

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Desde o lançamento do “Sexto Sentido” que parte da crítica e o público vem se dividindo em relação ao cineasta M. Night Shyamalan. Todos esperam que ele repita a mesma fórmula que rendeu milhões de dólares nas bilheterias. Shyamalan não cederá a essa pressão. Ele possui muitas histórias ecléticas para contar e não será por convenção popular que mudará seu estilo. A Dama na Água (Lady in the Water, 2006), que chega ao circuito hoje, comprova mais uma vez a excelência de seu autor. O filme é com certeza um dos melhores do ano.

A história começa com uma fábula. Usando imagens animadas como se fossem pinturas em uma caverna, Shyamalan cria o pilar de sustentação de um conto de fadas num complexo de apartamentos em Filadélfia chamado de The Cove (se acrescentarmos um n no final torna-se coven, grupo de pessoas que seguem a Wicca). Depois dessa introdução conhecemos Cleveland Heep, uma espécie de zelador do complexo. Alguém tem usado a piscina à noite e Cleveland está determinado a descobrir quem é. Ele encontra Story, uma narf (uma ninfa da água), membro de uma civilização aquática conhecida como Blue World. Segundo a fábula de séculos atrás, narfs e humanos tinham uma conexão, mas perderam contato. Agora as narfs voltaram para salvar a humanidade de sua autodestruição. Para isso a narf precisa encontrar um escritor que esta sofrendo um bloqueio criativo. Desse encontro surgirão mudanças que levarão a paz mundial. Story encontra o escritor, mas para que os eventos aconteçam de forma positiva, Story precisa retornar a Blue World nas asas de uma águia gigante.

Os scrunts são bestas caninas de pele coberta de grama, que os ajuda a se camuflarem sem que os humanos percebam. Essas criaturas só existem para impedir que as narfs retornem ao seu mundo. Existem leis que previnem isso, mas tem um scrunt raivoso que não quer deixar Story retornar a Blue World. Scrunts podem ser impedidos por tartutics, criaturas que vivem nas árvores e parecem macacos. Tudo isso é explicado para Cleveland pela mãe de Young-Soon Choi, suas vizinhas. Inteligentemente, todas essas informações e outras mais são contadas pela mãe de Young-Soon Choi conforme vão surgindo dúvidas de como agir por parte de Cleveland. Shyamalan cria um verdadeiro quebra-cabeças que a cada cena uma nova peça é colocada. A trama consiste nas tentativas de Cleveland ajudar Story em seu objetivo. Ele acaba convocando vários auxiliares para sua tarefa. Essas pessoas também terão papel determinante na narrativa. Descobrir quem é quem é mais uma entre as ótimas sacadas de Shyamalan. Contar mais seria estragar as surpresas do roteiro.

Shyamalan mantém as coisas claras e concisas. Talvez seja seu filme mais simples. O suspense é genuíno e os sustos acontecem sem os habituais clichês. E pela primeira vez ele acrescenta bastante humor na história. Todos os elementos shyamalanianos estão aqui. Temas como fé, propósito, auto-conhecimento, espiritualidade e liderança. Até seus habituais personagens e suas características se fazem presentes. As figuras dramáticas de Shyamalan sempre recebem uma inerente responsabilidade de serem líderes no mundo. Seus deveres pesam e os assustam. Percebemos isso em Story. Ela questiona porque foi a escolhida para a ser a madame narf, a líder e porta-voz de seu povo. Ela não se acha a mais inteligente ou corajosa. Ela avança em seu caminho com apreensão e dúvida. Isso acaba dando uma dimensão de merecimento, importância e emoção no filme. Outra particularidade em seus filmes é o personagem ferido que é arrastado para enfrentar seus medos, superar suas feridas profundas e cumprir seu destino. Interessante que até a campanha de marketing da produção foi pensada. Eles deram muito mais atenção a bela narf. Na verdade a narrativa é sobre a luta de Cleveland em acreditar que ele esta vivendo um conto de fadas, sua tentativa frenética em se comportar com responsabilidade e sua realização que tudo isso o está levando para resolver um pesado sofrimento de seu passado.

No elenco temos o fantástico Paul Giamatti no papel de Cleveland Heep. Ele cresce a cada novo personagem. Seus olhos têm uma enorme expressividade. Todas as nuances necessárias estão lá. É de se imaginar quantos Oscar já teria ganho, se tivesse os padrões de beleza exigidos por Hollywood. Bryce Dallas Howard interpreta Story. Percebemos uma atriz em ascensão. Ela já tinha nos apaixonado em “A Vila” interpretando uma cega. Aqui ela tem uma tarefa ainda mais complicada. Por se tratar de um personagem misterioso, sua performance se concentra no olhar e em poucos gestos. Seu lindo rosto angular se encaixa com perfeição. Os coadjuvantes também cumprem com extrema habilidade seus papéis. Com destaque para Bob Balaban interpretando o crítico de cinema Mr. Faber. Fica claro que o personagem é uma provocação aos críticos que detonaram “A Vila”. Independente da afronta, realmente existe gente como Faber, que vive enamorado com seu intelecto e se julga o dono da verdade. Isso já seria motivo suficiente para incomodar os críticos. Mas Shyamalan deferiu o golpe de misericórdia quando se escalou como o escritor visionário que será o catalisador da salvação global. A crítica especializada norte-americana não perdoou e massacrou como pode o filme.

Polêmicas a parte, é inquestionável o talento de Shyamalan como diretor. Existem muito poucos cineastas (Steven Spielberg e Martin Scorsese entre eles) que a cada tomada consegue colocar a câmera no lugar mais interessante para o olhar do espectador. Aqui, ele encontra formas encantadoras de filmar um velho e pouco atraente prédio velho de apartamentos. Temos como exemplo, Cleveland recolhendo o lixo em três andares ou mesmo quando ele extermina um inseto sem mostrá-lo. Sua assinatura no suspense tem uma inclinação especial para cenas noturnas sombrias. Ele tem extrema habilidade em usar imagens sutis para criar cenas aterrorizantes, sem bombardear o público com personagens CGI. O trabalho de fotografia foi realizado pelo extraordinário Christopher Doyle.

O filme foi lançado erradamente como um típico produto do verão e não fez o sucesso sonhado nas bilheterias norte-americanas. As produções que costumam arrecadar milhões de dólares apresentam elenco estelar, fórmulas, romance, cenas nababescas de ação e efeitos especiais de última geração. Esses elementos você não encontrará em A Dama na Água. O resultado é um filme artístico vestido de conto de fadas. Como em seus trabalhos anteriores o que importa é a viagem e não o destino. E a jornada aqui é coberta de graciosidade e muita imaginação. Mas para se entreter com o filme é necessário deixar o cinismo na entrada do cinema e não perder tempo questionando o roteiro. Feito isso, o público será recompensado com uma experiência encantadora e mística.

É a mesma fé cega que impulsiona os personagens de Shyamalan. A história é uma fábula criada por ele para contar para suas filhas antes delas dormirem. E vale lembrar que fábulas não possuem comprometimento com a realidade. Pelo menos a mensagem é bastante real. Percebemos isso na piscina em formato de coração. Shyamalan quer nos dizer que as verdadeiras mudanças surgem do coração e na nossa habilidade de amarmos uns aos outros. Ao mesmo tempo ele mostra reportagens na TV sobre o Iraque, nos lembrando de como o mundo está violento. Ele acredita que todos têm um papel nessa vida, mesmo que não saibamos qual seja. E talvez nunca percebamos a influência de nossos atos de amor e carinho.

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Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian, As

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As Crônicas de Nárnia: Principe Caspian não acrescenta muitas possibilidades de amadurecimento da série, além de que a fraqueza de todos seus personagens, seja por falta de profundidade, seja por falta de carisma, aumenta ainda mais a limitação da série. E mais, nessa segunda jornada até a direção de arte é inferior à primeira, ou seja, a Disney foi esperta em cair fora das sequências da série, que se for continuar da maneira que está, tenda ao fracasso nas Crônicas subsequentes.

A Direção do newzelandês Andrew Adamson, que também dirigiu Shrek 1 e 2, prende-se a clichesinhos basicos até de mais, continua a não aprofundar-se na personalidade das crianças que protagonizam a série, e mais, não acerta na forma de como criar o universo paralelo de Narnia, bem como também, e isso é um contributo para a falta de profundidade dos protagonistas, simplismente esquece, nessa segunda crônica, de mostrar como era a vida desses jovens em seu mundo "real", sua relação com pais e amigos, etc.

Baseado em famoso livro de C. S. Lewis, a história tem um pouco do estilo da mitologia de Senhor dos Anéis - só que esse é bem superior à série de porcaria com crianças em aventuras, escritas por qualquer um que se juga no direito de escrever porque lera Senhor dos Anéis uma ou duas vezes. Mal roteirizado como de praxe, a história não tem força alguma tanto no começo como no meio da trama, as lutas não são bem introduzidas, sendo os motivos para as mesmas, digamos, mal explicados.

Um ano terrestre depois de terem vencido à feiticeira, ou seja, 1300 anos narnianos, os reis de Nárnia voltam e encontram seus dominios sob o jugo dos Telmarines, comandados pelo temível Miraz, que deu um golpe e tomou o trono do verdadeiro herdeiro, o principe Caspian, que agora é perseguido por Miraz. A aventura será então, tirar Miraz do trono e restaurar a paz em Nárnia, isso, claro, sem antes sentir o cheiro da juba leonina de Aslan.

As atuações não merecem nenhum destaque em especial, as crianças saem-se na média, apenas o rapaz Ben Barnes, que interpreta o Principe Caspian mostra-se bem fraco quanto à expressões facias, um ator bem limitado, que tenda a ser renegado a filmes B.

A parte técnica seria o alívio obvio para o filme, o que não acontece. Como já dito, a Direção de Arte está bem inferior ao primeiro filme, os efeitos especiais só se mostram belos e convincentes no final. A Trilha Sonora é eficiente, bem trabalhada e bem colocada, e a Fotografia, também inferior a do primeiro filme cumpre um bom papel em algumas cenas, especialmente a final, destaque também para a boa parte sonora do filme.

Enfim, As Crônicas de Nárnia tem muito ainda a crescer em quanto série, precisa também dar força a seus protagonistas, mergulhar um pouco mais no mundo real das crianças - fato qe foi bem trabalhado no primeiro filme. Como o filme é mais do mesmo, não é tão bem indicado, pra quem gosta de séries fica devendo bastante. A Terceira crônica tem que ser bem superior se não quiser que a história perca força.

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Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian, As

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Um filme que já começa de uma maneira muito interessante mas um pouco confusa: uma criança nascendo (que depois fica claro ser o filho de lord Miraz, tio do principe Caspian), um senhor vido avisar Caspian de algo e depois ele fugindo dos capangas de seu tio. No começo fica um pouco dificil saber o porque seu tio queria matá-lo, mas com o desenrolar da historia tem como saber.

Um ano "terrestre", 1300 narnianos, depois de tanto tempo os quatro reis e rainhas de Nánia estão de volta para enfrentar uma guerra que eles nem sabiam quem era seu inimigo. Quando voltam são acusados de abandonarem Nánia.

Mais uma vez Lúcia tem razão e mais uma vez seus irmaõs não a ouvem. "Eu não pensei té-lo visto, eu o vi", é assim que ela se refere quando aponta para o nada e diz que viu Aslan.Todos olham, mas nada vêem. A única que acredita, mas confessa quando todos estão dormindo (parece que tem medo de também pensar ver alguma coisa que na opinião deles não está ali), é Suzana sua irmã mais velha.

Quando Caspian está fugindo, das garras dos soldados de seu tio, acaba caindo de seu cavalo. Para na frente de uma casa que parece está dentro da árvore. Dentro dela saem "pessoas" um tanto pequenas que pensam que ele é um soldado da chamada Telmar, inimigos dos narnianos. Mas antes de atacá-lo um anão que havia saido da casa ve um objeto que pertence a Nárnia, a trompeta de Suzana, que serve para chamá-la junto com seus irmãos.

O anão que vai atacar o Prícipe Caspian é o Trumpkin, que no começo achamos que ele não seja tão bom assim, mas depois nos enganamos, e vemos que o verdadeiro vilão era outro que nós nunca imaginamos. Trumpkin vira amigo de Lúcia, a irmã mais nova dos quatro reis e rainhas (essa menina sempre arranja um amigo um pouco incomum), e é muito útil no ataque ao castelo de Miraz, onde ele acaba morrendo mas é salvo pela poção resulsitadora de Lúcia. Também é útil na guerra que tem no final do filme. Ele tem um temperamento forte, mas é uma boa pessoa.

Outro personagem muito interessante é o Reepicheep, um rato (ele não gosta de ser chamado assim) que acha que é um nobre e exige ser tratado como um. No final ele acaba perdendo o seu precioso rabo, que serve para várias coisas como por exemplo pegar a mini-espada que fica pendurada na sua cintura, mas acaba ganhando-o de volta graças a Aslan. Ele a usa muito bem durante o filme, conseguindo ajudar muitos personagens.

Mas agora vou parar de falar de personagens e começar a falar da parte técnica do filme. Os efeitos especiais na minha humide visão são muito bons, sem deixar sinal de que foram feitos no computador, não fica com aquelas falhas que ás vezes nós vemos em algums filmes. Um dos efeitos especiais que eu gostei muito foi a da água destruindo a ponte e levando todos que estavam nela e que estavam nadando pelo rio para chegar no outro lado.

Os atores estavam muito mais consentrados nesse filme no que no outro, fizeram um trabalho muito bom, interpretando de maneira convicente.

E para terminar vou falar de uma novidade que apareceu nesse filme: o primero romance. E ele é feito nada mais, nada menos do que pelo Príncipe Capian e a Rainha Suzana. Eu gostei muito porque eles realmente combinavam, e davam a enteder que se gostaram desde o primeiro olhar, quando ele estava brigando com o irmão dela, Pedro. Amor à primeira vista, que lindo! E o beijo mesmo sendo rápido e demorado para acontecer (só foi no final, depois de muitas indiretas e olhares) foi muito romântico.

Eu recomendo esse filme para todas que gostam de aventura e romance de uma maneira simples mas objetivo.

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Curioso Caso de Benjamin Button, O

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O Curioso Caso de Benjamin Button sobrevive por causa de sua história e perde força devido a tantos vacilos de seu diretor David Fincher. Ainda assim é um bom filme, de visual esplêndido e vai para o Oscar de 2009 prometendo ser o grande arrasa-quarteirões nas premiações de quesitos técnicos.

Com argumento de Robin Swicord e roteiro de Eric Roth, o mesmo roteirista de Forrest Gump, o filme não caminh por um lado mais original, digamos, encaminhando-se na estrutura do própio Forrest, só que utilizando demasiadamente narrações em off. Outro grave problema de grande responsabilidade da Direção de Fincher, foi o excesso de didatismo da película, ebm como também o fato de, assim como foi feito em Forrest, mostrar a situação política da ocasião ao lado da vida do protagonista, todavia, em Curioso Caso de Benjamin Button, o que começa fluentemente bem acompanhado pelo fluxo narrativo, e relegado ao quase total esquecimento perto do final da película. Além de que, Fincher diversas vezes ignora o semblante do personagem em detrimento de imagens, belíssimas por sinal.

A construção de cada personagem varia. Eu, por exemplo, não consigui entender muito bem Benjamin, acabou que ele me passou uma imagem meio que de "playboy", que devido a sua condição enquanto "diferente" decide aproveitar sua vida de maneira mais intensa - intensidade de vida não falta aos personagens dos filmes de Fincher. Daisy é de fato um personagem intenso e bem construído por Fincher, que tenta seguir seu sonho e não se afasta daquilo que gosta mesmo após estar impossibilitada de fazê-lo da melhor forma. O mesmo também vale para Elizabeth Abbott, personagem que representa uma das belas e verdadeiros mensagens transpostas por Fincher.

Grosso modo, o filme trata da vida de um cara Benjamin, que nasce com corpo de velho e mente de criança e que por isso, viverá sua vida ao contrário, o que já é um prato cheio para qualquer diretor hoje em dia, cientes do "tema da moda": o tempo e seus nuances.

O que de fato foi feito com maestria por Fincher durante boa parte do período intermediário do filme. Há, de fato, belas frases, de nos fazer refletir por um bom tempo, soltas em momentos essencias, o que para uns possa ser um certo preciosismo por parte do diretor, e na verdade o maior fruto a extrair-se de Curioso Caso de Benjamin Button.

Quanto às atuações, acredito que a de Bradd Pitt sobreviva mais por causa da força de seu personagem, todas suas mutações durante a película geram um tanto de respeito. Indicado ao Oscar, muito provavelmete não ganhe, já que há outros concorrentes que pegaram desafios maiores, que os exigiram bem mais- Rourke e Sean Pean.

Cate Blanchet também está muito bem como de praxe, revelando-se ser uma das melhores atrizes atuais ela encaixa-se muito bem em um papel dificílimo. Tilda Swinton, igualmente eficaz, mostra-se contudente no pequeno período que aparece. Todavia, que terá fora indicada surpreendentemente ao Oscar fora Taraji P. Henson, atriz que faz o papel de mãe adotiva de Benjamin e que demostra extrema desenvoltura no papel da mulher negra,Queenie, extremamente religiosa e que vê o caso de Benjamin com uma provação divina. Destaque-se também o desempenho de Jared Harris como Capitão Mike, personagem interessante da película.

Tecnicamente, o fato de o filme só não ter sido indicado a categoria de Edição de Som, serve como referência adizer que trata-se de um dos filmes mais bem trabalhados dos últimos anos, vai levar várias premiações na certa. O grande destaque é mesmo a Fotografia de Claudio Miranda, além da Direção de Arte e dos Efeitos Visuais - a grande batalha será contra os efeitos magnificentes de TDK, já que Homen de Ferro não tem força contra os dois, já que estes uzaram tal recurso por mais tempo e com maior frequência.

Enfim, é um filme que promete muito, não é uma obra-prima, mas tá de bom tamanho para o que é feito hoje em dia, e indicado mais por causa da parte técnica, já que na história, a Direção de Fincher, surpeendentemente prende-se a clichês e desperdiça a chance de fazer de seu filme uma obra-prima.

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Marley e Eu

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Eu diria que o filme já vale à pena por conter a presença de Jennifer Aniston (efeito de meu vício pelo saudoso "Friends").

Confesso que ao ler o livro que inspirou o filme, um sucesso editorial mundial, senti uma necessidade de compactar alguns pontos do mesmo, devido a narrativa extensa em algumas banalidades que, quase prejudicam o brilho da conturbada e dinâmica vida do charmoso Marley. Então veio o filme para sintetizar o que era necessário no livro.

Focando não só o cachorro e suas peripécias, "Marley e Eu" consegue, de forma criativa e simples, apresentar os conflitos de Jenny e John Grogan.

Filmes de cachorros geralmente possuem roteiros irrisórios, que apelam para sentimentalismo barato, conseguindo fazer com que todos sejam igualmente descartáveis, até agora.

"Marley & Eu" conseguiu alcançar um patamar até então "virgem" no gênero.

David Frankel como diretor, optou em ser fiel ao texto do livro, sendo que a literatura que inspirou o filme, na verdade não é ficção. Inteligente da parte dele.

Pouca ousadia com algumas mudanças quase imperceptíveis, Frankel consegue com beleza transmitir a intensidade da relação entre si da família Grogan. Devido já a experiência em adaptar "best sellers" em produções cinematográficas, depois de "O Diabo veste Prada".

O cão labrador que "interpreta" Marley é a atração principal, não por apenas ser parte do título, mas por parecer realmente atuar. As tomadas com o personagem canino são encantadoras (destaque para os momentos finais). Graças ao excelente trabalho de adestramento coordenado por Mark Forbes.

Jennifer e Owen, não decepcionam; acredito que devido ao resultado final, ou seja, o filme pronto, não conseguiria pensar em atores mais propícios para fazê-los. Jennifer, consegue de forma real passar a imagem bela e meiga de Jenny, assim como Owen (que nem sempre acerta), fica confortável no papel de John. Na verdade o roteiro não exige muito deles, o que faz suas atuações serem merecedoras de elogios, já que em meio ao comum, conseguiram emocionar o espectador.

Owen Wilson ainda é figurinha fácil no gênero comédia, apesar de não ser exatamente bom, contudo, nesse filme de contexto familiar, que ao desenrolar pende para o drama, ele se mantém no ritmo.

Jennifer Aniston, ainda lutando para estabilizar seu lugarzinho em Hollywood, consegue apresentar um personagem convincente. De longe as cenas mais emocionantes estão relacionadas a ela, exceto Owen com Marley sobre a mesa do centro veterinário.

Senti um pouco a falta das "importantes lições" que o casal aprende com Marley. Na verdade vemos um drama que aborda maturidade, responsabilidades, sonhos, frustração, mas a participação de Marley quase se limita a coadjuvância visual.

De alguma forma, através das colunas escritas pelo personagem de Owen, terceiros apontam as mudanças que Marley causou na vida do mesmo, mas faltou mostrar de forma mais contundente e expressiva a importância do cachorro nas decisões do dono. Um ponto negativo no explorar demais os conflitos "existenciais" do casal Grogan. Mas isso não interfere na sensibilidade e objetivo do filme.

As cenas finais, mesmo que previsíveis, devido ao livro, conseguem traspassar toda a emoção que rende o livro. Difícil ficar indiferente diante de uma situação tão verossímil.

Ainda que não livre dos clichês típicos do gênero, o filme é superior a mesmice.

Uma ótima diversão para toda a família, e com certeza uma inspiração para todos os amantes de cães.

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Colegiais em Apuros

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Esse filme é um amontoado de todos os recursos exaustivamente explorados no gênero, e por sinal, todos de mau gosto.

Analisando a premissa, mais uma vez temos um trio jovem masculino com personalidades estereotipadas - um gordo metido de boca suja, um certinho curioso e um "nerd" no mais puro sentido do termo - que desfrutam de uma amizade colegial e a incessante vontade idônea de irem a um lugar onde sexo e bebidas rolam sem pudores: a faculdade.

Como estudantes ainda do ensino médio, eles optam por conhecerem sua futura faculdade num fim de semana, embanhados pela esperança, divulgada por um outro amigo que experimentou, de serem recepcionados por um "paraíso" de peitos, sexo, festas e tudo que há de carnal... muito inovador por sinal (sinta a ironia).

Com cara de paródia de "Super Bad", o filme é simplesmente um enredo repetido; nada há de novo, nada a acrescentar, nada diverte... e com o passar dos anos isso só tende a piorar.

Na verdade, "Colegiais em apuros" é simplesmente um dos filmes à la "American Pie" menos engraçados que já vi. O máximo que encontramos são cenas avulsas, com muita apelação sexual.

E não é só nas bebidas que os personagens excedem, mas também na falta de originalidade. Só tem cenas constrangedoras (inclusive para os atores) e piadas escatológicas que abusam de elementos como porcos e cocô.

E pra piorar, ainda tem uma "cerimônia" que se consistia em ingerirem bebida alcoólica sobre o corpo de um cara peludo e nu.

Prosseguindo, os três tentam se "arranjar" com as garotas, até que o personagem , digamos, mais pudico do trio, conhece uma menina tão convencional quanto ele. Ela, inclusive, tem direito a uma entrada em câmera lenta quando os dois se conhecem (aff). Mais clichê, impossível!

A idéia de que tudo dá errado para os meninos, com direito a uns carinhas playboys meio sádicos que se deliciam ao aprontarem com eles, guinando para a reviravolta dos três patet... quero dizer, amigos, vingando-se da forma mais previsível possível, é só um feito nada inventivo, que é apresentado como se o roteiro banal recheado de diálogos rasos não fossem relevados pelo público.

Está certo que adolescentes não são tão exigentes quanto a temática (afinal tem peitos e bebidas), mas o resultado requentado deste longa subestima demais a inteligência.

A impressão que fica é que falar do universo teen no ramo cinematográfico não tem muito ecletismo. Coloque mulheres peladas, caras sarados, música rock e bebida... pronto! Temos um filme!

Superficialidade, futilidade, irracionalidade e conceitos distorcidos, são o que compõem a imagem divulgada dos adolescentes no cinema. Agora basta saber se nesse caso a arte imita a vida, ou se ela influencia - em qualquer um dos casos, a questão é controversa.

Com isso eu concluo que o único filme do gênero que apresentou alguma novidade (em sua época), conseguindo ser um pouco engraçado, foi "American Pie", o que teria sido de bom tamanho ter se limitado ao original, sem suas incessantes continuações e sucessores que teimam em aparecer, mesmo que não haja mais um público tão cativo.

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Stardust - O Mistério da Estrela

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Stardust é um clássico conto de fadas moderno. Neste mundo de fantasia há bruxas más, em busca da fórmula da eterna juventude; fadas, piratas voadores, reis, príncipes traidores e muitos outros seres místicos. Adaptados para as telas do cinema, o filme brilha ao conseguir transpor todo o clima de magia que essa tipo de história deve ter.

Mas o ótimo ritmo de Stardust não se deve apenas ao roteiro. O grupo de atores escolhidos para viverem os mágicos personagens também foram responsável pelo delicioso ritmo da história, porém eles brilham separadamente, o que até funciona para os atores secundários, mas é um terrível defeito para os protagonistas, pois Tristan (Charlie Cox) e Yvaine (Claire Danes) não conseguem ter tanta química que faça que o telespectador vibre e torça para eles.

Há os veteranos Robert De Niro, divertidíssimo no papel do Capitão Shakespeare; Michelle Pfeiffer, a bela e má feiticeira Lamia, que deseja o coração da indefesa estrela (e que por incrível que pareça está muito bem na película) e Peter O´Toole como o impiedoso rei à procura do melhor herdeiro para o seu trono.

Para viver o protagonista, o diretor escalou o novato Charlie Cox. Uma boa escolha, pois ele consegue mostrar com sucesso a enorme transformação de seu personagem. Claire Danes já é veterana, e prova que tem experiência, pois sua Yvaine é encantadora, pena que esse encantamento dela não ajudou no produto final do casal. Uma dica: fique atento às cenas dos príncipes, agora fantasma. Elas são hilárias.

Stardust não passa de um conto de fadas, mas por algum motivo é um filme que se destaca no meio de tantos outros contos de fadas, sua magia acaba por fazer o telespectador não sentir as 2 horas e 10 minutos aprox. de duração. Além de ter pitadas de comédia na dose certa. Se a procura é diversão, romance e mundo mágico com todos os clichês possíveis, Stardust – O mistério da estrela é o filme ideal, pois ele não se preocupa em ser mais do que isso, talvez isso faça dele um filme tão delicioso de se assistir.

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Troca, A

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Clint Eastwood é um grande diretor, e basta dar uma olhada em sua filmografia para comprovar este fato. O veterano já realizou grandes obras como "Os Imperdoáveis" e os recentes "Sobre Meninos e Lobos" e "Cartas de Iwo Jima". Porém, foi lançado nos cinemas brasileiros aquele que parece ser o seu filme mais fraco: "A Troca".

Desde o início da projeção, somos avisados que o filme é baseado em uma história real. Em 1928, na cidade de Los Angeles, Christine Collins (Angelina Jolie) sai para trabalhar e, quando volta para casa, desobre que seu filho Walter havia desaparecido. Ela nbusca auxílio da polícia que, após 5 meses de buscas, traz um garoto. Masa eis a surpresa: o garoto não é o filho de Christine. Ela parte, então, em uma luta, por vezes contra a própria polícia, para encontrar Walter. Nesta busca, ela recebe o auxílio do pastor Briegelb (John Malkovich), que há anos vinha tentando denunciar a violência e corrupção da polícia de LA.

Com este material, um grande filme poderia ter sido realizado. Mas "A Troca" esbarra em dois problemas fundamentais. O primeiro é o roteiro. No meio, o filme muda completamente de foco. Da luta de uma mulher contra o sistema para encontrar seu filho, passamos à procura de um serial killer que vinha atacando crianças e a alguns julgamentos. O filme acaba se perdendo no lugar comum. Personagens surgem e desaparecem do nada, e não justificam sua inclusão na trama.

O segundo grande problema é a escolha de Angelina Jolie para viver Christine. A atriz, em nenhum momento da projeção, consegue captar ou emocionar o espectador. Sua atuação é simplesmente fria, e não convence. Ela chora bastante, mas chorar não é garantia de um bom desempenho. Jolie simplesmente não transmite a carga emocional que aquela mãe deveria estar sentindo. Outros atores se saem melhor, como Amy Ryan (que faz uma breve participação como Carol Dexter que, como Christine, é colocada injustamente pela polícia num hospício). Porém, o filme é mesmo de Angelina, e seu desempenho fraco prejudica toda a película.

Em aspectos técnicos, "A Troca" é bastante completo, e Eastwood mostra que ainda sabe caprichar nestes aspectos.A direção de arte é muito boa, assim como os figurinos. Fica uma ressalva para a trilha sonora composta pelo próprio Clint. Apesar de bonita e bastante melancólica, de tão usada ela acaba "cansando" o espectador. A fotografia do filme é bem interessante, e dá o tom sombrio e dramático à obra.

Apesar de uma boa direção e tecnicamente quase impecável, "A Troca" escorrega em aspectos essenciais que poderiam torná-lo um grande filme. É uma pena. Um filme absolutamente morno. Que venha o próximo de Clint Eastwood; vamos torçer para que este grande diretor volte a "velha forma".

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Curioso Caso de Benjamin Button, O

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"My name is Benjamin, Benjamin Button. And I was born under unusual circumstances"

Demasiadamente extenso, O Curioso Caso de Benjamin Button é uma mistura de clichês e maneirismos com um plano de fundo acima da média, simplesmente brilhante.

Pra quem aprecia os trabalhos do diretor americano David Fincher, vai ter uma surpresa com "The Curious Case of Benjamin Button", que pode ser agradável para alguns, desagradável para outros. E não é à toa. Fincher, que já foi responsável por obras magníficas como Clube da Luta, Seven e os ótimos e mais recentes O Quarto do Pânico e Zodíaco com certeza vai estranhar a mudança repentina de um trabalho para este último. Com um tema bem mais leve e suave que os seus outros projetos sangrentos e tensos, o filme recebeu cinco indicações ao Globo de Ouro e é um dos fortes concorrentes ao Oscar 2009, principalmente nas categorias técnicas. E é justamente nesse ponto que O Curioso Caso de Benjamin Button acerta em cheio. Apesar do brilho que a equipe técnica transmite com a sua competência extraordinária, o filme possui defeitos dignos de um trabalho completamente estereotipado.

A história é fascinante. Benjamin Button é um homem que nasceu, como ele próprio disse, sobre circunstâncias incomuns. Essas tais circunstâncias se referem ao fato dele ter nascido velho, com catarata, artrose e várias características típicas de quem está à beira da morte. Apesar de os médicos já terem alertado que ele morreria logo, Benjamin não passa a envelhecer mais ainda, mas o contrário, a cada dia parece mais jovem. Ele vive com Queenie, uma mulher de um asilo que o acolheu quando ele foi largado recém nascido em sua porta. Lá, ele viveu sua "infância", sem poder sair para brincar com outras crianças e sem poder andar, mas falando normalmente. Com o passar dos anos, ele conhece Daisy, uma menina inteligente e logo passam a ser amigos. Apesar de terem praticamente a mesma idade, ele certamente aparenta ter uma idade suficiente para alcançar a avó da menina. Os anos vão correndo, o tempo vai passando, as pessoas vão envelhecendo, menos Benjamin, que ganha mais vitalidade, apetite sexual, cabelo e músculos torneados. Quando reencontra Daisy e suas idades são compatíveis, eles iniciam um romance, eterno enquanto dure.

A temática de O Curioso Caso de Benjamin Button é um dos pontos altos de toda a narrativa. O modo como o tempo é explorado, o fato de duas pessoas não poderem se amar porque suas idades não serão iguais para sempre, tudo é belissimamente retratado pelo trabalhoso roteiro de Eric Roth, que também escreveu o clássico dos anos 90, Forrest Gump - O Contador de Histórias, do diretor Robert Zemeckis e os ótimos O Informante e um dos melhores filmes de Steven Spielberg, Munique. Roth, infelizmente, caiu em desgraça ao misturar tantos plágios e clichês baratos em um roteiro de 160 minutos de duração (tempo excessivamente longo, especialmente para tantos clichês como neste caso). O fato é, existem muitas semelhanças entre este e Forrest Gump, inclusive a relação entre o personagem principal e outros que viveram ao seu redor, assim como também, entre o personagem e situações históricas, como a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Roth, que foi extremamente competente em seu primeiro trabalho, foi infeliz neste, já que tantas passagens e reflexões, em sua maioria sobre o fator determinante da história, o tempo, foram arbitrárias em relação à história em si, sem acrescentar nada ao contexto original, somente aprimorando diálogos e apelando, em algumas ocasiões, para o sentimentalismo.

Neste ponto, David Fincher também errou. Em meio a essa mudança drástica de "temperaturas", vamos dizer assim, o diretor se perdeu e comete erros dignos de um principiante. A duração já é um exemplo disso, uma vez que grande parte da duração de cada cena é devido à diálogos facilmente descartáveis, que acabam por arrastar certas partes até o momento seguinte. Vários minutos poderiam ter sido cortados da montagem final, não fosse Fincher e suas manias meneirísticas, sustentadas por argumentos fracos e uma história dificílima de ser adaptada para o cinema. O conto de F. Scott Fitzgerald, rico em detalhes, foi vítima dessa adaptação fiel, fiel até demais, diga-se de passagem. Cada detalhe, detalhes às vezes sem a menor utilização e de fácil exclusão, que entraram para o filme já finalmente montado.

E Fincher erra ainda mais além do abusar da sensibilidade do roteiro. Ele apela para clichês risíveis, como o fato da história d eBenjamin ser narrada a partir de um diário e haver uma pessoa em seu leito de morte envolvida na narração, além do off de Brad Pitt, completamente perdido em certas ocasiões em que o silêncio é a melhor saída. Cenas redundantes, além de envolverem o furacão Katrina na história, não se deram por satisfeitos e usaram e abusaram da história de amor impossível. Ou seja, é tudo uma sucessão de clichês, apesar da história fantástica, original da cabeça de Fitzgerald.

Apesar de todos os problemas no roteiro e na desorientada direção de Fincher, em algo pelo menos o diretor acerta. A arte é uma das mais belas e completas dos últimos anos, com cada setor competente ao extremo e ofuscando as interpretações. Desde a direção de arte perfeita do trio Kelly Curley, Randy Moore e Tom Reta , sob o comando do desenhista de produção, Donald Graham Burt até a fotografia diferenciada de Claudio Miranda, a maquiagem de cinco horas de Brad Pitt e Cate Blanchett é o que mais chama a atenção visualmente. Um trabalho realmente impecável também do Departamente de Efeitos Visuais, que conseguiram (não sei como), diminuir o tamanho de Pitt daquele jeito, uma verdadeira proeza cinematográfica. Alexandre Desplat, um dos mais respeitados compositores de trilhas para o cinema da atualidade é o responsável pelas belas faixas musicais de O Curioso Caso de Benjamin Button. O filme é uma verdadeira exposição e desfile de cenários e personagens interessantíssimos ambientados em uma das mais charmosas cidades norte-americanas, Nova Orleans. Antes, o palco para os acontecimentos desta "curiosa" história seria Baltimore, mas a pedido dos produtores, o diretor Fincher e o roteirista Roth decidiram se mudar para o local onde o furacão Katrina devastou uma cidade inteira. Infelizmente, essa mudança de cenário causou em um clichê assustadoramente ridículo.

É interessante notar na narrativa de Benjamin Button o modo como o tempo é visto, e de quantas formas diferentes alguém pode avaliar o que o tempo causa nas pessoas. Embora algumas cenas tenham sido infelizmente mal sucedidas ao embromar tantas falas e reflexões sobre esse tema tão cansativo, outras passagens são muito aproveitáveis. Uma das poucas cenas em que a narração de Button se mostrava necessária, o tempo tem o seu melhor ponto de vista avaliado. Por culpa (ou não) de pessoas comuns, pessoas que não estão ligadas diretamente aos protagonistas e coadjuvantes do filme, alguns fatos aconteceriam ou poderiam deixar de acontecer. Na cena em que Daisy é atropelada, por exemplo, a narração mostra diversas situações em que, se caso alguma coisa não tivesse acontecido, ou seja, se uma mulher não tivesse esquecido seu casaco dentro de casa, o resultado de suas ações, que dariam continuidade às pessoas que estariam ligadas ao atropelamento de Daisy, talvez tivesse evitado que o taxi a tivesse atingido em cheio. São simples ações do nosso dia a dia, que podem fazer toda a diferença em qualquer momento que seja. Essa reflexão é talvez, a mais bem construída do roteiro e merece uma atenção especial à discussão a cerca se existe realmente o destino ou se tudo é predeterminado, de uma forma ou de outra.

Em o que se diz respeito às atuações, todos convencem, mas ninguém brilha. Não há sinal de uma interpretação memorável, mas todos estão dignamente à altura de seus nomes. Portanto, não se deixe enganar que Brad Pitt tem o melhor papel de sua vida. Em Clube da Luta, pode estar muito melhor do que neste, depende do seu ponto de vista. O fato é que Pitt é realmente um ator de coragem, que está determinado a fazer com que seja mais conhecido por seu talento, não por sua aparência física. Por enquanto, ele precisará se esforçar muito mais para conseguir tal feito. Quanto à intérprete de Daisy, não são necessários quaisquer comentários. Todos já conhecem o talento imenso que Cate Blanchett usufrui, e sua beleza é somente um ponto a mais para a atriz. Taraji P. Henson está bem, igualmente, mas não se destaca e devo dizer que uma indicação ao Oscar seria demasiadamente injusta a essa altura do campeonato. Mas o filme também possui participações de um elenco bastante conhecido, como a nova Sabrina, Julia Ormond em um papel pequeno, mas muito importante.

Excessivamente longo, com belas imagens e orquestrado por uma trilha suave e genial, O Curioso Caso de Benjamin Button é um filme completamente diferente daqueles que David Fincher está acostumado a dirigir e este talvez, tenha sido o principal problema. A você, que é fã de Fincher, não vá ao cinema achando que vai encontrar mais um filme sobre pancadaria, sangue, lutas e muito menos cenas de tensão extrema. Este é um filme suave, com perspectivas muito mais artísticas do que qualquer outra coisa. E não se engane, não é porque o diretor mudou de temática que ele se sai melhor neste do que em qualquer outro filme, muito pelo contrário. Este é sim, bem inferior aos seus anteriores. Mas que tem o seu charme, um charme técnico, e que deve ser respeitado.

- How old are you?

- Seven, but I look like older.

- Are you sick?

- They sad I was gonna dye soon but, maybe not.

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