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Críticas

Fuga de Nova York

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John Carpenter é um dos realizadores mais influentes de sua geração. Diretor referência para outros como Quentin Tarantino e James Cameron, ele é autor de clássicos como "Halloween" e "Enigma de Outro Mundo". Seus filmes, tirando importantes exceções, em geral não tem boa recepção de crítica e público, mas possuem uma legião fiel de fãs ao redor do mundo; e é quase consenso entre eles que seu melhor filme, ao lado de "Halloween", é Fuga de Nova York.

Fuga de Nova York surgiu no filão de filmes muito em voga nos anos 70 e 80 do século passado que retratam sociedades futuristas e distópicas, onde os instrumentos de lei e ordem tentam debilmente reprimir o caos e o clima de violência reinante, como "Os Selvagens da Noite", "Mad Max" e até "Laranja Mecânica". A história do filme se passa no ano de 1997 e Nova York não é a mesma: devido aos elevadíssimos índices de criminalidade e violência que assolam o mundo a ilha de Manhattan foi isolada por um muro de 12 metros de altura e transformada em prisão federal, na qual todos os criminosos e marginais do páis foram colocados e da qual não há maneiras de escapar. Acontece que o avião que transportava o presidente dos Estados Unidos (Donald Pleasance) cai dentro da ilha.

Nesse momento entra em cena o único homem capaz de resgatar o presidente com vida das mãos dos bandidos prisioneiros liderados pelo temido Duke (o falecido compositor Isaac Hayes): o mercenário Snake Plissken. Trata-se de um dos personagens mais lendários do cinema. Com seu tapa-olho, estilo misterioso, humor cínico e frases espirituosas, ele se tornou um ícone dos anos 80 e da cultura pop, e até foi parar no mundo dos games (quem joga Metal Gear conhece bem ele).

Por chantagem do diretor do presídio (Lee Van Cleef, grande ator de westerns), Snake parte nessa missão em troca de sua liberdade e para garantir a sua cooperação, um detonador é implantado no seu tornozelo e explodirá em 24 horas!

Seguindo o roteiro básico de um bom filme de ação, Fuga de Nova York é uma grande aventura pós-apocalíptica que tem como maiores qualidades a competente cenografia e ambientação sombria e desolada de uma Nova York tomada por bandidos, com construções abandonadas, cenários sujos e ruas cheias de lixo, dignos de um autêntico filme B.

A fotografia é pesada e até incômoda de se ver, mas se adequa perfeitamente a proposta do filme.

E a direção, como de costume nas obras de Carpenter é muito boa, destaque para cena que Snake chega de planador na cidade, excelente. Mas a cereja no topo do bolo é a presença de Kurt Russel como Snake Plissken, no papel de sua vida. Os outros nomes do elenco são de primeira, mas seus personagens não são bem desenvolvidos. Isso, aliado a um vilão meio apagado e umas partes meio arrastadas levam o filme a não alcançar o brilhantismo.

Quando lançado Fuga de Nova York alcançou uma boa bilheteria, a melhor da carreira do diretor, e ganhou até uma sequência (Fuga de Los Angeles). Hoje em dia, ganhou ares de filme cult e admiradores em todo o mundo. Apesar de não ser a melhor da carreira de Carpenter(se quiserem ver o melhor do diretor assistam "Halloween" e "Eles Vivem") é um ótimo entretenimento oitentista e um excelente filme de ação.

Críticas

Ó Paí, Ó

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Apesar dos "apesares", o filme da diretora Monique Goldenberg é uma sopa de gêneros e mostra muito além da Bahia do carnaval e dos moleques de rua.

Em uma história bastante conturbada pelos problemas sociais, 'Ó Paí, Ó' mostra o cotidiano derradeiro do baiano extrovertido Roque (Lázaro Ramos) e de sua forma de levar a vida. Como cenário para uma história cheia de contrastes, a cidade de Salvador, mais precisamente o Pelourinho, um dos mais importantes e procurados pontos turísticos da cidade também é palco de muita diversão, alegria, sentimentos e características comuns dos baianos. Mas não é de carnaval, folias de rua, personagens trabalhadores com um sotaque nordestino carregado, comidas típicas e tradições, ou seja, do que atrai os turistas, que Salvador é feita, e talvez esse seja um dos mais poderosos trunfos do filme: mostrar a realidade, nua e crua.

Filmes nacionais realistas (e de qualidade) é o que mais se vê agora, vide os ótimos 'Cidade de Deus' e 'Tropa de Elite'. 'Ó Paí, Ó', obviamente, não chega aos pés desses dois, mas também não faz feio ao retratar subtemas tão comuns, como o preconceito, a prostituição, a religião de maneira sagaz e prática. A falta de condições melhores de vida, a violência, a pobreza, tudo é devidamente retratado neste longa nacional, mas não poderia deixar de ter, a extravagância e o bom humor baiano, marca registrada de um povo tão alvo de preconceitos racistas, mas que nem por isso deixaram de lutar na vida. Um dos momentos que mais causou impacto foi a cena em que o personagem Roque desabafa aos berros, uma tirada racista vinda de Boca (Wagner Moura), quando ele usa de comparações para demonstrar a sua raiva interior, de ser julgado por sua cor de pele e de não poder TER os mesmos direitos que os brancos têm, apesar de ter, como o prórpio Roque disse, dois braços, duas pernas, dois olhos, uma boca, de precisar dos mesmos remédios que os brancos, de precisar da mesma comida, de ter o sangue jorrado para fora do corpo quando são atingidos por uma bala.

O filme também aproveita para criticar o comportamento dos baianos durante as épocas de carnaval, sempre sendo julgados como encarnações do demônio pelos homens e mulheres devotos à Cristo, como é o caso de Dona Joana (Luciana Souza), uma espécia de síndica de um cortiço bem na ladeira do Pelourinho, que obriga seus dois filhos a andarem com suas bíblias nas mãos.

'Ó Paí, Ó' não é só feito de realistas problemas sociais em meio ao carnaval baiano, é engraçado por mostrar e abusar dos costumes dos moradores de Salvador, os sotaques, os xingamentos, o modo de se comportar, o jeito de levar a vida, tudo é motivo de festa para eles e nem seus piores problemas são capazes de abalar esse bom humor.

Falando-se de um povo animado e autoastral, deve-se falar também do excelente elenco aqui reunido para interpretar essas figuras. Roque é Lázaro Ramos, o sempre extrovertido e radiante ator Lázaro Ramos é um dos melhores do elenco, que tem um grande dote artístico, ele canta e dá seus gritos, nunca exagerado, somente o seu jeito baiano de ser, natural de ser. O elenco é em sua grande parte baiano, mas a atriz Dira Paes, que só aparece no filme após algum tempo tem suas raízes no Pará e o seco e razoável Stênio Garcia é natural do Espírito Santo. Já o ator, um dos melhores e mais completos do Brasil, Wagner Moura é soterapolitano, e está como sempre, soberbo, engraçado e eficiente ao extremo, de longe o melhor do elenco. Ele e Lázaro Ramos juntos formam uma dupla pra lá de talentosa. Em relação ao restante do elenco, todos estão muito bem, Luciana Souza é um destaque dos coadjuvantes. Até mesmo aqueles que fazem uma ou duas pontas no filme dão conta do recado, até porque estão interpretando praticamente eles mesmos, mas mesmo assim não deixam de fazer um trabalho bem feito, por mais danificado pelo casual que seja.

Monique Gardenberg, apesar de dirigir apenas seu segundo filme, não faz feio, muito pelo contrário, é competente o bastante para misturar gêneros, que vão desde a comédia espalhafatosa até a tragédia em um dos minutos finais e mais emocionantes do filme. Monique já sabe como comandar um elenco com afinco, agora só falta apelar menos para alguns estereótipos e trabalhar com um pouco mais de independência, livrando-se de momentos musicais inadequados e mostrando mais do Brasil para o mundo. Mas seu roteiro, baseado na peça teatral de Márcio Meirelles também constroi personagens interessantes como a Psilene, que foi para a Europa e logo o espectador percebe com que objetivo, ou sonho. Indiretamente, o problema da personagem vivida por Dira Paes é justamente o modo como as mulheres são enganadas quando chegam ao exterior, mas mesmo assim, não querem trocar a vida de luxo e passeios de avião pelo tão pouco que a Bahia oferece, mesmo se tiver que se prostituir pelo resto da vida.

Gostar ou não de 'Ó Paí, Ó' é de cada um. Tem aqueles que se sentem atingidos em cheio pelos problemas de um roteiro cheio de falhas e passagens banais, outros pouco se importam com tentativas fracassadas de fazer algo melhor e o que só lhe interessam é o que está por trás, as intenções de mostrar a realidade em meio à música, ao modo como os baianos são obrigados a levar a vida, com o medo de sair de casa, as drogas. E consegue passar a sua mensagem e é isso que mais interessa, sem contar o que já é farto de se repetir sobre filmes brasileiros. Este não mostra apenas um lado da vida baiana, a Bahia das tradições e dos costumes, das comidas típicas e dos sotaques carregados, das belas e incríveis paisagens, mas também mostra a Bahia da dificuldade, do preconceito, da violência, das drogas, da prostituição e da pobreza, enfim, a Bahia dos baianos, a Bahia que nos acostumamos a conhecer.

Críticas

Troca, A

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Changeling representa a busca pela justiça e pela verdade, numa obra de Clint Eastwood!

Primeiramente, gostaria de falar sobre o tratamento que a crítica tem dado a este filme. Li em inúmeras revistas e críticas pela internet que Clint Eastwood não está à altura de seus últimos filmes. Discordo plenamente. É justamente o diferencial, a maestria de Eastwood que se sobressai de maneira gritante.

Registro aqui uma pequena discórdia da grande parte dos críticos cinematográficos que rodeiam os nossos meios de comunicação. O tratamento, geralmente, comparativo utilizado não seja talvez o melhor meio de criticar uma obra e, também, o olhar negativo sobre o que deveria ou não ser feito não cabe à grande parte desses leigos (ainda que achem que não o são) jornalistas, cinéfilos ou seja lá como se consideram. É aqui que me refiro: não se deixe influenciar por qualquer crítica que tenha lido antes de ver por si próprio o filme, que pode ter visões e apreciações diferentes da obra, o que a meu ver pode ser, com certeza, absolutamente pessoal em grande maioria das vezes. Por essas razões não me deixei abalar sobre a qualidade duvidosa de A Troca, e fui assistir com a devoção que eu tenho pelo diretor, produtor e ídolo Clint Eastwood. Confesso que fui com um pé atrás devido às críticas, mas me surpreendi positivamente sobre o talento de toda a equipe envolvida.

Voltando ao estilo policial, apesar de o filme iniciar sob um prisma absolutamente dramático, este novo trabalho de Eastwood relembra bons passos de Sobre Meninos e Lobos, indiscutivelmente.

O roteiro, muito bem escrito por J. Michael Straczynski, possui alguns altos e baixos, mediando entre a calmaria e a tensão desenvolvida pela estória. A estória conta a situação trágica real que aconteceu a Christine Collins (Angelina Jolie), em que seu filho, misteriosamente, desaparece num dia qualquer. Sob o auxílio das autoridades policiais encontram um menino, que na verdade não é o seu filho. A situação, marcada pela corrupção da polícia, torna-se uma briga pela busca de seu verdadeiro filho e pela manutenção de uma mentira por parte do governo. O mais interessante da trama vem justamente com a introdução de um ato policial, que envolve o sumiço da criança. Até então o filme tinha ares de um desenlace qualquer, o que altera instantaneamente de uma hora pra outra. Não devo me ater a detalhes, eis que poderia estragar o prazer de assistir a esta estória um tanto pesada.

O grande destaque dado pela crítica vem da belíssima atuação de Angelina Jolie. De fato é um grande trabalho, digno de premiações. Porém, ainda que brilhante, a sua interpretação não me convence por completo, soando às vezes a situações forçadas. Parece não ter convencido de forma unânime também aos críticos internacionais de Los Angeles, uma vez que atribuíram o prêmio de melhor atriz a Kate Winslet. John Malkovich é um excepcional ator em qualquer papel que desempenhe, contudo, o seu personagem é bastante restrito na trama, o que faz seu brilho ser, da mesma forma, um tanto apagado. Grande destaque aos demais coadjuvantes, tais como Jeffrey Donovan como o comissário Jones e Jason Butler Harner como o serial killer Gordon Northcott.

A trilha sonora, feita pelo próprio Clint Eastwood, é realmente perfeita. O clima de tensão, diferente de outros filmes, criado pela sonoridade musical juntamente com a recriação histórica de Los Angeles, de maneira realmente esplêndida, planifica o terreno para as mãos pesadas e técnicas do diretor e de um elenco de muito potencial, transformando este trabalho numa obra sensacional e não menos atemporal.

Ainda que não tenha força de receber grandes prêmios, creio que uma indicação de Clint Eastwood novamente à estatueta de ouro de melhor direção não seria nenhum exagero e tampouco desmerecida.

Creio que uma frase de Martin Luther King possa se enquadrar perfeitamente nesta estória. Diz o seguinte: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”. E, com certeza, Christine Collins, personagem da vida real, enfrentou o que foi preciso enfrentar em busca da verdade, justiça e paz de espírito.

Um filme forte, psicológico como tecnicamente arrebatador, mais pelo talento de Clint Eastwood do que qualquer outra coisa!

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Cidade dos Amaldiçoados, A

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Em 1995, o mestre do terror John Carpenter inventou de fazer uma versão do filme britânico de Wolf Rilla, 'A ALDEIA DOS AMALDIÇOADOS' (1960). Não sei se esse original é legal, pois nunca tive a oportunidade de assistí-lo. Mas se for pior que essa porcaria de Carpenter (onde creio que não), então aqui está um exemplo de remake que supera o original.

Na pequena cidade de Midwich, uma coisa muito estranha acontece entre os seus limites de território: há uma espécie de blackout em que toda a população desmaia, sejam pessoas ou animais. E que depois do fato, 10 mulheres engravidam; surpreendentemente todas no mesmo período de gestação. E mais surpreendentemente ainda, todas dão a luz no mesmo dia (todas dentro de um celeiro cheio de médicos e enfermeiros, com gemidos e gritos insuportáveis – argh!) e todas as crianças ao nascerem possuem um comportamento estranho e poderes psíquicos, além de todas terem cabelos brancos. Daí o governo manda cientistas a cidade para estudar as crianças, e quando a situação sai do controle, o mandado é exterminar todas.

A história realmente dá curiosidade. Pois crianças vilãs em filmes de terror pregam um bom medo. Não viram como foi o clássico ‘A PROFECIA’ (1976) e o atual ‘JOSHUA – FILHO DO MAL’ (2007). Mas nesse filminho de Carpenter aqui, o medo não prevalece em momento algum. Há única coisa que dá mesmo é sono. ‘A CIDADE DOS AMALDIÇOADOS’ tem cenas despropositais, diálogos sem precisão e atuações forçadas. Grandes e conhecidos nomes do cinema dão as caras aqui: Kirstie Alley de ‘JORNADA NAS ESTRELAS II - A IRA DE KHAN’, Mark Hamill de ‘Star Wars’ e até Christopher Reeve, o memorável “Superman” (‘A CIDADE DOS AMALDIÇOADOS’ foi o último filme antes do acidente que o deixou tetraplégico). Eles tentam dar o melhor em seus personagens, mas o roteiro não ajuda. Já as crianças são insuportáveis por seus papéis grotescos. Com suas perucas nada disfarçáveis, passam o filme quase todo lendo e comandando os pensamentos dos adultos através do brilho dos seus olhos (um efeito visual descarado) e andando em grupos, um por trás do outro, tipo aquelas filas do tempo do jardim de infância.

Um filme chato e sem propósito. Recebeu até uma homenagem do desenho dos “Simpsons” em um de seus episódios. Bom, não sei se foi uma homenagem ou uma oportunidade de caçoar. Mas vindo dos “Simpsons”, a idéia de caçoar é a mais provável. E com razão.

Críticas

Babel

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Embora eu tenha gostado muito de "Os Infiltrados", eu acharia mais justo "Babel" ter vencido o Oscar de Melhor Filme. E eu explico os meus motivos:

Babel é um filme com histórias paralelas e núcleos totalmente diferentes. Por conta disso, fica muito difícil encaixar essas histórias de maneira que todas venham a ter um atrativo junto ao telespectador nesse sentido, e o diretor Alejandro González Iñárritu foi muito feliz nesse aspecto, fazendo todas as histórias passarem com exatidão os seus objetivos e suas cargas dramáticas. O mais interessante é ver durante o filme as mudanças de núcleo acontecerem de uma forma tão leve e natural, que o telespectador sequer se dá conta disso. É de fato impressionate!

Muitos insistem em afirmar que a história da ótima "Rinko Kikuchi - Chieko" não tem muito haver com os acontecimentos atuais que vão ocorrendo na história. No entanto a arma que dá início a toda a história, pertencia ao pai dela... Então é óbvio que existe uma ligação, mesmo que indireta. Achei mais do que justa a criação do polo japonês em Babel, mesmo porque esse é um tipo de filme que deixa muitas lacunas em aberto. A jovem Chieko é uma jovem complexada por ser muda e surda e sofre por conta da morte da mãe. No entanto, a morte da mãe de Chieko não é bem explicada no filme, daí é que entra a nossa imaginação, afinal sabe-se lá qual é o real histórica dessa arma... A julgar pela inteligência do filme e por tudo que fica nas entrelinhas, eu acredito numa ligação bem séria entre a arma, o pai de Chieko, a mãe de Chieko e a razão de todo o sofrimento da jovem. Seja como for, o fato é que o núcleo japonês explica a origem da arma, assim como dá as deixas de um crime muito pouco esclarecido para os telespectadores. Uma jogada genial para mexer com a cabeça das pessoas, fazendo-as pensar em todas as possibilidades possíveis. Por fim, Chieko passa um bilhete misterioso para um Detetive local, bilhete esse que "coincidentemente", como os demais mistérios desse núcleo, não tem sua mensagem revelada para os telespectadores. O que haveria naquele bilhete? Porque a expressão de pena do Detetive ao lê-la? Seria algo relacionado a mãe de Chieko, a ela própria, ao pai ou a tão falada arma? Mistérios que só engradeçem esse maravilhoso filme e que nos fazem refletir, afim de juntar as peças desse misterioso quebra-cabeça.

As atuações nesse filme são espetaculares. Rinko kikuchi e Adriana Bezarra deram um verdadeiro show. Brad Pitt e Cate Blanchett também tiveram atuações impecáveis, assim como Gaëll Garcia Bernal e os meninos do núcleo Marroquino. Uma aula de interpretação da parte todos!

É até engraçado, mas confesso que não consigo me lembrar da trilha sonora vencedora do Oscar desse filme. O filme é tão intenso e envolvente nas passagens de núcleo que eu não me dei conta da trilha sonora. Mas não me lembro de ter escutado nada desagradável, pelo contrário, a trilha sonora caiu perfeitamente com todas cenas, logo eu acredito que o prêmio seja justo.

Para finalizar, falarei sobre limites superados por alguns personagem nesse filme: Chieko lutava contra os limites físico-corporais, afim de se tornar mais aceita pela sociedade; Cate Blanchett lutava contra a o limite da vida, afim de evitar a morte; Adriana Bezarra tinha teve pela frente os limites geográficos e as consequências desses; por fim os meninos marroquinos são enlaçados pela linha tênue que os separa da incosequência e da responsabilidade.

É super aconselhável assistir Babel. O filme é muito bem elaborado,super bem dirigido e de grande inteligência. Um quebra-cabeça que vale muito à pena assistir.

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Estranhos, Os

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Fazia tempo que eu não via um trailer de filme de suspense/terror tão bom quanto o de "Os Estranhos", filme do Texano Bryan Bertino. Um trailer assustador e que parece prometer uma história excelente do gênero, que chegou a me deixar ansioso para ver. Mas nem tudo foi do jeito que eu esperava.

A história do filme é simples: um casal, James (Scott Spedman) e Kristen (Liv Tyler), vai para uma casa isolada. O clima entre eles já estava meio tenso, já que James a pedira em casamento mas ela recusara. A coisa piora muito mais quando o casal começa a ser aterrorizado por um trio de mascarados, tornando aquela noite num inferno.

Ok, ok. O filme inicia diferente dos demais, evitando os clichês. Começa com os dois no carro esperando o sinal abrir para ir para a casa. O clima entre eles não está bom. Enfim, chegam na casa, passa-se algum tempo e aí a coisa desembucha. É desses filmes que tomamos vários sustos, devido as cenas impactantes e repentinas, com aquele "tchã!" de fundo. Estava, de fato, dando aquele certo desconforto dos filmes do gênero. Estava tudo muito interessante, mas foi da metade para o final que o filme desandou.

Os clichês que anteriormente conseguiram evitar começaram a aparecer. Por exemplo, um dos mascarados sofre da doença de Jason: em uma cena, ele cutuca James, que está no carro, ele se vira, e a pessoa não está mais lá! E mesmo se ela fizesse tudo muito rápido, ainda daria de vê-la. Um defeito. Outro foi quando a personagem de Liv Tyler foi para o celeiro cheio de objetos pontiagudos, que sabemos ser uma idéia ruim. E mais: quem não sabe que celulares funcionam plugados na energia elétrica?

Depois do filme acabar, mistérios ficaram pairando pelo ar: quem diabos era "Tamara"? Pois certa hora do filme, antes dos ataques dos mascarados, uma loira de rosto oculto pelas sombras bateu na porta indagando sobre uma tal de Tamara. E no fim, nada de explicação. Os rostos do trio de máscara ficou desconhecido e o motivo de estarem fazendo tudo aquilo também.

Mas não quero dizer que isso seja ruim. O filme ter terminado sem nem uma explicação foi interessante, principalmente os rostos. Ficou melhor eles permanecerem ocultos e nos lembrarmos deles somente com as máscaras.

Mas houve uma coisa que descobri ser falsa. "Inspirado em fatos reais"... parece que não havia fatos reais ali, e a frase foi usada devido à um dia que bateram na porta do diretor, quando criança, perguntando sobre alguém inexistente ali. No caso do filme, "Tamara". E só. De resto é tudo criação da caixola de Bryan Bertino.

Apesar de tudo, Liv Tyler interpretou super bem a mocinha Kristen. Scott não foi tão bem quanto ela, mas fez algo aceitável.

Enfim, o filme não é muito bom mas também não é muito ruim. É uma boa opção para quem quiser ver algo com uma atmosfera perturbante e que dê sustos.

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007 - Cassino Royale

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Filme nota 10 e disso eu tenho certeza. Disparado o melhor dos vinte e dois outros filmes da série 007. É um filme mais realista, se comparado com os antecessores, que continham "brinquedinhos" mil e uma utilidades e impossíveis de Q.

Em Cassino Royale, James Bond (Daniel Craig) nos é apresentado antes de ter sua licença para matar, mas nem por isso ele é menos perigoso , e após dois assassinatos profissionais Bond é elevado à "00". "M" (Judi Dench), chefe do Serviço Secreto Britânico, envia seu recém promovido 007 para sua primeira missão, que o levará para Madagascar, às Bahamas e eventualmente à Montenegro, onde irá enfrentar em um jogo de poker Le Chiffre (Mads Mikkelsen), um financiador do terrorismo. "M" coloca Bond sobre o olhar vigilante de uma representante do Tesouro Nacional, Vesper Lynd (Eva Green).

Aí está a trama do filme. Já assisti Cassino Royale esperando um bom filme, pois de cara me identifiquei com a sinopse, uma vez que jogo muito poker e fui gostando do rumo que a coisa estava indo. E não me decepcionei nem um pouco quando finalmente o assisti, nem um pouquinho. Ao contrário, superou minhas altas expectativas. O único passo atrás que eu tive com a nova franquia era o novo James Bond, Daniel Craig, porém logo meu passo atrás foi muito para frente.

O Bond de Daniel Craig é sem dúvidas o melhor Bond de todos. Ele está mais humano, é igual ao dos livros, consegue fazer um perfeito agente secreto em ação. Parece que Craig não foi muito bem aceito para vários, mas sou um dos que reconheci seu talento e sei que está fazendo um belíssimo trabalho como 007.

A bela Vesper Lynd estava lá sendo uma das melhores Bond girls, se não a melhor. Irônica, atrevida e inteligente. E arregalamos os olhos ao ver que ela não era bem o que parecia.

Le Chiffre, o vilão que Bond enfrenta no cassino, é um dos mais interessantes da série, com seu jeito, cicatriz e lágrimas de sangue.

A trama do filme foi passando da melhor forma possível, nas primeiras partes, no jogo de poker, e no final. Um dos melhores filmes de ação, inteligente e com um final daqueles que o filme termina e nos sentimos satisfeitos. No fim, o reboot deu certo. Não há dúvidas que todas as escolhas feitas para Cassino Royale deram mais que certas, e resultou no melhor filme da série 007

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Hannibal

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Após dez anos do lançamento do Silêncio dos Inocentes, chegou, em 2001, sobre a direção de Riddley Scott, o melhor filme da "saga Hannibal Lecter", sobre o simples titulo de "Hannibal".

Genial, cruél, essencial. Talvez se for necessário descrevê-lo em três adjetivos seriam esses. Porque essencial? Porque este filme nos mostra o quão terrível é o Dr. Lecter, o quão cruél e frio, digno do posto do melhor vilão do cinema. Nos mostra a essência de Hannibal Lecter, que voltou às telonas com a perfeita atuação de Anthony Hopkins. Mostra a sua capacidade de unir num só corpo um cavalheiro e ser anormal sem adjetivos.

Na trama, Hannibal Lecter (Hopkins) está foragido há anos, vivendo tranquilamente na Europa. Clarice Starling (Juliane Moore) se surpreende ao receber uma carta dele após tanto tempo, que agora vê-se obrigada a capturá-lo. E neste meio tempo, o rico Mason Verger (Gary Oldman), uma antiga vítima sobrevivente do canibal, todo deformado, planeja sua vingança contra o Dr. Lecter, e usará Clarice Starling como isca.

Falando em Clarice, todos já sabem que neste filme ela foi interpretada por Juliane Moore, pois Jodie Foster não concordou com os rumos tomados pela personagem. Muitos preferem a antiga Clarice do Silêncio dos Inocentes, mas eu sinceramente fico em dúvida. A Starling de Juliane Moore foi tão boa quanto Foster, conseguindo ser a mesma agente brava e competente mostrada em Silêncio dos Inocentes, e em Hannibal até mais séria do que antes.

Gary Oldman conseguiu nos convencer que é um sujeito que vive graças aos equipamentos e parafernalhas, com um passado trágico que lhe custou danos corporais. É possível ver em seu olhar a tristeza mesclada com o desejo de vingar-se do Dr. Lecter.

As cenas em Florença, com Hannibal Lecter e o Inspetor Pazzi foram uma das melhores partes. A frieza do Dr. Lecter quando descobre que Pazzi quer detê-lo é assustadora. A forma como ele o mata é mais ainda. Ali nos convencemos de como aquele Dr. é malígno a ponto de subir no pódio dos melhores vilões. E mais outra prova disso é nas cenas finais do filme, onde ele abre a tampa da cabeça de Paul Krendler (Ray Liotta), e chega até a ser nojento, mostrando mais o seu conhecimento médico e canibal.

E eu não consigo pensar em um final melhor do que aquele. Recentemente li o livro, e, sinceramente, o filme é muito melhor. No livro, Clarice e Lecter fogem JUNTOS para Buenos Aires. Que é isso! Ficou treze vezes melhor Lecter beijá-la, cortar-se ao invés de cortá-la (quando ela o algemou) e fugir de avião para sabe-se lá onde. E ainda mais enfiando goela a baixo do garotinho um pedaço de cérebro, e então as cortinas se fecharem mostrando apenas o seu olhar... Perfeito! Um final com chave de ouro, disparado o melhor filme da trilogia. Quem viu o Silêncio dos Inocentes e Dragão Vermelho não pode perder "Hannibal", um filme que completou a trilogia da melhor forma possível.

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Kill Bill - Volume 1

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Kill Bill - Volume 1 é um dos melhores filmes que eu ja olhei na minha vida. Quentin Tarantino, como muitos dizem, mais uma vez brinca de fazer cinema, só que dessa vez ele passa por inúmeros gêneros. Seja em uma cena passada em uma pequena igreja do Texas ou quando uma assassina de um olho só entra em um hospital assobiando o tema de Bernard Herrmann, Tarantino nos mostra, mais uma vez, que é um gênio.

Vingança. Pode parecer que não seja um tema muito original, mas a forma como Tarantino nos mostra a vingança de uma assassina que foi traída por sua gangue é totalmente fantástica, empolgante, deliciosa. Isso se deve aos moldes que Tarantino dá ao filme. Aspectos que só um Diretor com D maiúsculo como ele consegue fazer com maestria.

A história de Kill Bill - Volume1 nos é contada totalmente fora de ordem cronológica, indo e vindo no tempo. Característica já conhecida do diretor e que caiu como uma luva nesse filme.

Tarantino, como ele mesmo disse, se testou nesse filme. Nele temos cenas de velho oeste, "plantão-médico", anime japonês e, claro, as inúmeras lutas de artes marciais.

Outro fato que chama atenção são as inúmeras referências aos filmes que Tarantino provavelmente assitia quando trabalhava na locadora. Filmes japoneses de artes marciais, filmes de kung-fu dos anos 60 e 70 , filmes trash. É muito divertido ver quando alguma cabeça, braço, perna é decepado ou até mesmo uma pessoa é cortada ao meio, verdadeiros chafarizes de sangue jorrarem para tudo quanto é lado.

A trilha sonora de Kill Bill vol1 é perfeita. Músicas retiradas do fundo do baú e que fazem toda a diferença para qualquer cena. A fotografia está muito boa também. É notável a preocupação com a beleza visual do filme. Sim, apesar de todo o sangue, temos cenas belíssimas visualmente. Esses dois fatores - trilha sonora e fotografia - dão às lutas um ar todo especial. Movimentos combinando perfeitamente com a música e uma iluminação soberba não deixam as batalhas de Kill Bill serem apenas batalhas. São espetáculos.

Uma Thurman está maravilhosa no papel da Noiva. Teve que aprender a lutar, aprender japonês, quase se tornar uma samurai, e fez isso muito bem. Consegue interpretar uma mulher que sabemos que quer vingança, mas não conhecemos os seus reais sentimentos. A atriz expressa isso muito bem. Parabéns, Uma.

Bom... Kill Bill - Volume 1 é rico em detalhes, diferenciais, muito diferente de qualquer outro filme de vingança. Méritos todos de Quentin Tarantino, o cara. Cada vez mais me faz ter uma certeza maior da resposta quando sou perguntado qual é o meu maior ídolo...

É QUENTIN TARANTINO!

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Iluminado, O

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Vendo e revendo este filme eu chego muitas vezes a pensar em como o terror regrediu. São tantas apelações, tanto sangue e tripa, fantasmas e absurdos que acabam esquecendo do principal: do terror. O Iluminado mostrou que não precisamos ver cabeças rolando, tripas voando, fantasmas aparecendo e criaturas horrendas para nos perturbar.

O Iluminado não é um filme de sustos ou de se encolher no sofá, mas é de perturbar, de temer do que uma pessoa é capaz, de pensar que um homem que sempre nos amou e protegeu pode se transformar em um insano querendo nos matar.

A trama do filme gira em torno do psicológico, com uma pitada de sobrenatural. O lendário Jack Nicholson interpreta Jack Torrance, um escritor que aceita ser zelador de um grande hotel do Colorado em pleno inverno e leva a esposa, Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd) juntos. No hotel, houve no passado um episódio trágico em que um homem sofreu da "febre da cabana" e matou suas filhas com um machado. Torrance soube desta história mas ignorou. E com o passar do tempo, devido à baixa temperatura e ao isolamento, a sanidade de Jack Torrance começou a degradar, tornando-o aos poucos mais agressivo e perigoso.

Em grande parte dos casos, quando um filme é baseado em um livro/conto/quadrinho, exige-se muito para que consiga igualar-se à obra original. Exige-se mais ainda para superar; uma árdua tarefa, que poucos diretores conseguem. "O Iluminado" é um destes raros casos, baseado em um dos primeiros livros de Stephen King, com o mesmo nome.

Stephen King consegue criar histórias de horror que funcionam em folhas de papel, devido ao nosso campo de imaginação, mas, convenhamos, que ao passá-las para as telas as suas obras tornam-se trash e dificilmente nos assustam, muitas vezes até provocando gargalhadas (vide "Fenda no Tempo" [The Langoliers-1995]). O livro "O Iluminado" envolvia muito mais o sobrenatural e fantasmas, e para os fãs de King é considerado uma de suas obras mais assustadoras.

Kubrik disse que gostava de apanhar uma obra medíocre e transformá-la e um filme, que resultaria em algo bom. Isso pode se adequar ao caso do Iluminado. Kubrik retirou todos os fantasmas e monstros que continham no livro e concentrou-se mais na queda de Jack Torrance, no perigo crescente de suas atitudes, de suas confusões mentais e alucinações. Algo mais psicológico e realista, e motivo este que faz com que os fãs de King desaprovem a adaptação de Kubrik, que creem ser infiél ao livro. Nem o próprio escritor aprovou.

O filme, como já dito antes, não é dos sustos e dos sangues, mas sim da perturbação. Era necessário um ambiente e um clima certo para nos convencer à ver Torrance perdendo a sanidade. E nada melhor que aquele hotel. Os lugares longos, grandes e vazios contribuíam para o suspense, e cada vez ficamos mais admirados com as atitudes de Torrance, que começa a enlouquecer. Nós podemos acompanhar a sua loucura durante o filme, e foi tão bem feito e tão convincentes que passamos a temê-lo.

Talvez nem seja necessário mencionar sobre a atuação de Jack Nicholson. Está perfeito, melhor impossível. Um dos melhores trabalhos na carreira deste memorável ator, transparecendo a insanidade e a loucura do personagem da forma mais convincente possível.

Shelley Duvall fez algo aceitável, mesmo depois de levar várias e várias broncas de Stanley Kubrik, que chegou a filmar mais de 100 vezes uma cena até conseguir ficar bom.

O filme tem a pitada de sobrenatural, nas cenas com o garoto Danny, o qual tem visões, previsões do futuro e até conversa com o Tony, seu "amigo imaginário" no indicador.

Em 1997, o escritor Stephen King refilmou O Iluminado, sendo esta, segundo ele, a "versão definitiva e fiél", para a sua alegria e a de seus fãs também. Porém, preciso mesmo dizer qual foi a melhor versão?

O Iluminado é um caso raro. Baseado em um livro, conseguiu superá-lo mesmo com grandes alterações e infidelidades. Alterações estas que fazem o filme ser o que é. Certamente, uma das melhores obras não apenas de Kubrik, mas também de todo o suspense/terror do cinema. Indispensável e obrigatório para todo o cinéfilo.

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