John Carpenter é um dos realizadores mais influentes de sua geração. Diretor referência para outros como Quentin Tarantino e James Cameron, ele é autor de clássicos como "Halloween" e "Enigma de Outro Mundo". Seus filmes, tirando importantes exceções, em geral não tem boa recepção de crítica e público, mas possuem uma legião fiel de fãs ao redor do mundo; e é quase consenso entre eles que seu melhor filme, ao lado de "Halloween", é Fuga de Nova York.
Fuga de Nova York surgiu no filão de filmes muito em voga nos anos 70 e 80 do século passado que retratam sociedades futuristas e distópicas, onde os instrumentos de lei e ordem tentam debilmente reprimir o caos e o clima de violência reinante, como "Os Selvagens da Noite", "Mad Max" e até "Laranja Mecânica". A história do filme se passa no ano de 1997 e Nova York não é a mesma: devido aos elevadíssimos índices de criminalidade e violência que assolam o mundo a ilha de Manhattan foi isolada por um muro de 12 metros de altura e transformada em prisão federal, na qual todos os criminosos e marginais do páis foram colocados e da qual não há maneiras de escapar. Acontece que o avião que transportava o presidente dos Estados Unidos (Donald Pleasance) cai dentro da ilha.
Nesse momento entra em cena o único homem capaz de resgatar o presidente com vida das mãos dos bandidos prisioneiros liderados pelo temido Duke (o falecido compositor Isaac Hayes): o mercenário Snake Plissken. Trata-se de um dos personagens mais lendários do cinema. Com seu tapa-olho, estilo misterioso, humor cínico e frases espirituosas, ele se tornou um ícone dos anos 80 e da cultura pop, e até foi parar no mundo dos games (quem joga Metal Gear conhece bem ele).
Por chantagem do diretor do presídio (Lee Van Cleef, grande ator de westerns), Snake parte nessa missão em troca de sua liberdade e para garantir a sua cooperação, um detonador é implantado no seu tornozelo e explodirá em 24 horas!
Seguindo o roteiro básico de um bom filme de ação, Fuga de Nova York é uma grande aventura pós-apocalíptica que tem como maiores qualidades a competente cenografia e ambientação sombria e desolada de uma Nova York tomada por bandidos, com construções abandonadas, cenários sujos e ruas cheias de lixo, dignos de um autêntico filme B.
A fotografia é pesada e até incômoda de se ver, mas se adequa perfeitamente a proposta do filme.
E a direção, como de costume nas obras de Carpenter é muito boa, destaque para cena que Snake chega de planador na cidade, excelente. Mas a cereja no topo do bolo é a presença de Kurt Russel como Snake Plissken, no papel de sua vida. Os outros nomes do elenco são de primeira, mas seus personagens não são bem desenvolvidos. Isso, aliado a um vilão meio apagado e umas partes meio arrastadas levam o filme a não alcançar o brilhantismo.
Quando lançado Fuga de Nova York alcançou uma boa bilheteria, a melhor da carreira do diretor, e ganhou até uma sequência (Fuga de Los Angeles). Hoje em dia, ganhou ares de filme cult e admiradores em todo o mundo. Apesar de não ser a melhor da carreira de Carpenter(se quiserem ver o melhor do diretor assistam "Halloween" e "Eles Vivem") é um ótimo entretenimento oitentista e um excelente filme de ação.