Woody Allen é um dos cineastas mais regulares em atividade nos dias de hoje. É impressionante o fato de ele lançar praticamente todo ano um novo filme, e, ao contrário de muitos que costumam produzir rapidamente e com muita frequência, mas não necessariamente com qualidade, Allen consegue nos brindar a cada ano com agradáveis surpresas.
Se "Match Point" foi um marco em sua carreira, com um roteiro inteligente e bem construído, capaz de intrigar o espectador até o seu final, o mesmo podemos dizer de "O Sonho de Cassandra", embora esse não goze do mesmo brilhantismo de seu antecessor e siga praticamente o mesmo modelo. Esses foram apenas dois exemplos de filmes recentes de Woody Allen que me chamaram bastante a atenção - ambos muito originais, intrigantes, apreensivos e surpreendentes.
Em "Vicky Cristina Barcelona", Woody Allen deixa de lado o suspense e o drama para mergulhar em um gênero bastante difícil de se fazer com originalidade - a comédia. O palco não poderia ser mais propício - as 'calientes' e belas cidades de Barcelona e Oviedo, na Espanha. Um fato curioso é que o cineasta hollywoodiano é um dos poucos que se arriscam fora dos Estados Unidos; seus últimos filmes foram todos filmados em solo europeu, utilizando-se assim de toda a beleza das cidades do 'velho continente'.
Os personagens foram escolhidos a dedo; Scarlett Johansson é novamente uma das protagonistas do diretor, e mais uma vez executa seu papel com excelência na pele da impulsiva Cristina. Contudo, não foi seu desempenho que me chamou atenção; Javier Bardem se consolida cada vez mais como um dos melhores atores dessa nova geração. Após fazer bonito no dramático e sensível "Mar Adentro", Bardem se tornou ainda mais conhecido do grande público ao interpretar o macabro vilão Anton Chigurh, no premiado "Onde os Fracos Não Têm Vez". No seu novo filme, o ator está na pele do esteriotipado Juan Antonio, típico espanhol sedutor e cativante, que, com seu charme e despreocupação, tenta levar as mulheres para a cama. Ao mesmo tempo em que é conquistador e carismático, ele vive em problemas com sua ex-esposa - a problemática Maria Elena, vivida pela outra grande chave da trama, a também espanhola Penélope Cruz. A personagem de Penélope é tudo que não se deseja em um relacionamento: neurótica ao extremo, doida, desconfiada e com tendências suicídas. Acostumada a ser dirigida pelo seu compatriota Pedro Almodóvar, a atriz se sai maravilhosamente bem nas mãos de Allen e faz uma atuação marcante - desde as divertidas discussões em espanhol com o ex-marido até a bela cena do beijo com Scarlett Johansson.
Em linhas gerais o filme é excelente, encantador do começo ao fim e muito bem dirigido. Para quem achava ou acha que Woody Allen está ficando velho e sem o mesmo talento de outrora, tenho certeza que está bastante enganado, pois dessa vez ele nos brinda com uma comédia de verdade e pra lá de original.
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