Saltar para o conteúdo

Críticas

Poderoso Chefão: Parte II, O

0,0

Segunda parte de uma das trilogias mais bem sucedidas da história do cinema. 'O Poderoso Chefão: Parte II' é inclusive melhor que o primeiro filme.

O impacto que 'O Poderoso Chefão' de 1972 causou foi tanto, arrecadou tanto dinheiro nas bilheterias que esta segunda parte da trilogia de Francis Ford Coppola é reflexo do sucesso que o primeiro fez em todo o mundo, conquistando prêmios e prestígio. 'O Poderoso Chefão: Parte II' é complexo, dirigido com excelência, escrito brilhantemente, interpretado como poucos filmes e belíssimo em quesitos de arte. Reclamações? Nem a extremamente extensa duração atrapalha o andamento do filme, deixando a sensação de que cada minuto é precioso para um espectador atento, que não desgrudou os olhos da tela um minuto sequer. As chances desta continuação dar errado eram enormes, mas a classe de Coppola contornou todas as desconfianças e produziu e dirigiu, assim como ajudou a escrever mais um belo e maravilhoso filme, melhor que o primeiro (algo que parecia completamente improvável) e fez desta, a primeria sequência a gnhar o Oscar de Melhor Filme.

Agora já nos anos 50, e depois da morte de Don Vito Corleone no final do primeiro episódio, é a vez de Michael Corleone, o terceiro e único herdeiro do pai que deve comandar os negócios das "família" de mafiosos que contornam a sua. Mas desta vez, as coisas não seriam tão fáceis como foram há 10 anos. Depois da guerra que se estabeleceu entre as famílias quando seu pai era vivo, agora ele vê o império que Vito construiu começar a cair. Tentando expandir os negócios da família a Las Vegas e Cuba, ele descobre que um antigo amigo de seu pai está tentando matá-lo. Atentados contra a sua família levam Michael a ficar cada vez mais paranóico, levando-o à problemas no casamento e traição de alguém perto, muito perto dele. Ao mesmo tempo, de volta ao início do século XX, conhecemos a trajetória de vida do ainda jovem (e vivo, por sinal) Vito Corleone, interpretado pelo talentoso Robert De Niro, vê seus pais serem mortos quando criança e parte para Nova York em um navio de imigrantes italianos. Lá, ele constroi sua família, adotando desde cedo o hábito de matar e negociar com as pessoas, sabendo agradecer os seus favores.

Aumentando o clima de suspense do primeiro filme, esta segunda parte abusa da tensão que se estabelece com mais intensidade devido a uma evidência de traição e tentativas frustrantes de morte ao principal líder da família Corleone. O roteiro, mais uma vez brilhante, é mais longo que o do primeiro, pelo menos 25 minutos a mais fazem muita diferença e são extremamente importantes para que duas histórias paralelas se sustentem equilibradamente. 200 minutos parecem ser exagerados até demais, mas sem eles, a história não seria tão bem sacada.

O elenco mais uma vez extrapola nas atuações. O destaque de agora fica por conta do jovem mais muito competente ator Robert De Niro que ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por este personagem. Para se preparar para o papel de Vito Corleone ainda jovem, De Niro viveu uns tempos na Secília, a fim de aprender bem o italiano, já que boas partes de suas falas no filme não são em inglês. Al Pacino brilha ainda mais desta vez. Se já estava ótimo no primeiro filme, ele se superou desta vez. Com um tom muito mais ameaçador e imponente do que costumava usar quando ainda era o caçula da família, seu personagem Michael Corleone demonstra em Pacino como o ator é talentoso. Capaz de ter segurança e verosemelhança com um verdadeiro mafioso, que não possuia na "parte um" da trilogia, por não estar à frente dos negócios ainda. Sua transformação para dez anos mais velho é espantosa. O ator até possui um tom de voz mais grave e rouco e uma aparência mais antiga, apesar das filmagens terem sido feitas dois anos após o lançamento do primeiro filme nos cinemas. O restante do elenco também está ótimo, abusando de uma experiência nova, sentiram-se seguros para desempenhar seus papéis da forma mais convincente possível, principalmente sabendo que tem mãos de ouro dirigindo-os.

Falando em diretor, Francis Ford Coppola é único e genial mais uma vez. Perdendo (injustamente) o Oscar de Melhor Diretor por 'O Poderoso Chefão' para Bob Fosse de 'Cabaret', ele ganhou desta vez, ainda mais merecido ainda. Seu trabalho se não é melhor que o primeiro, é tão bom quanto. Sentindo-se livre para fazer algumas extravagâncias, agora com um orçamento mais folgado, Coppola aproveitou para fazer algumas filmagens na República Dominicana, onde passaria a ser Cuba no filme. Já que não pôde fazer o que queria com os aspectos técnicos no primeiro filme, também por problemas de orçamento, agora ele abusou da criatividade do trabalho do mesmo desenhista de produção Dean Tavoularis, mas agora com um outro diretor de arte, o ainda mais competente Angelo P. Graham, vencedor do Oscar por este trabalho. A trilha de Nino Rota e Carmine Coppola foi vencedora do Oscar, depois da derrota injusta na cerimônia de 1973. E mais uma vez a fotografia brilhante de Gordon Willis brilhou nas telas, apesar de usar um tom mais sombrio e tenso que o seu trabalho anterior.

'O Poderoso Chefão: Parte II' é melhor que o primeiro episódio, por incrível que pareça e é responsável por mais um marco na história do cinema. Francis Ford Coppola mais uma vez surpreende com um filme sensacional e adquire mais e mais fama por ser diretor de filmes tão bem feitos. Perfeito em cada detalhe, cada letra do roteiro é bem aproveitada e as atuações se tornam mais uma vez memoráveis. Se você viu o primeiro filme, não deixe de ver esse. É tão obrigatório quanto e é sem dúvida, um prazer, um gosto.

Críticas

Poderoso Chefão, O

0,0

Um poderoso e inesquecível filme de Francis Ford Coppola.

'O Poderoso Chefão' é considerado por muitos um dos melhores filmes, senão o melhor já feito na história do cinema. Dono da segunda posição da lista dos 100 melhores filmes do AFI, a mais importante instituição do cinema norte-americano, o primeiro trabalho de Francis Ford Coppola no cinema rendeu vários prêmios ao redor do mundo, entre eles o Oscar de Melhor Filme, e mais as estatuetas de Melhor Ator para o genial Marlon Brando e Melhor Roteiro Adaptado, além de cinco Globos de Ouro, incluindo Melhor Diretor. 'O Poderoso Chefão' retrata fielmente o crime organizado, espalhado entre os Estados Unidos e a Itália durante os anos 40.

Don Vito Corleone é um italiano que veio para os Estados Unidos quando ainda era muito jovem. Construindo uma família ao lado de sua esposa e de seus quatro filhos legítimos e um adotivo, Vito se tornou um homem de respeito por liderar uma família de mafiosos, que costuma ser muito prestativa às outras pessoas, exigindo favores futuros. Quando as drogas começam a chegar na cidade de Nova York, onde a família reside, um "amigo" da família Corleone, Virgil Sollozzo pede a Vito que dê permissão e apoio político para a entrada de narcóticos no país. Vito se recusa a oferecer ajuda e sua família passa a ser vítima de uma série de atentados mortais, que têm como objetivo faze-lo mudar de lado. Esses inúmeros crimes contra os entes de Vito acaba gerando uma guerra entre as famílias.

Em quesito de direção, não há reclamações palusíveis contra Francis Ford Coppola. Em seu primeiro trabalho como diretor de longametragens, Coppola brilha tão intensimente por trás das câmeras que chega a ser até mesmo clichê elogiar o seu trabalho como diretor no filme. Realizando o feito de transformar uma reles adaptação do livro de Mario Puzo sobre o modo de agir da máfia na primeira metade do século XX em um filme absolutamente genial, com sacadas fantásticas de uma obra-prima de tamanhos inalcansáveis, Coppola se tornou na época uma das revelações mais especiais do cinema, capaz de dirigir verdadeiras obras-de-arte em forma de cinema. Comando com unhas e dentes um roteiro complexo de quase três horas de duração, o diretor, apesar de não poder ter certa folga e segurança para trabalhar como queria devido ao não tão extenso orçamento, conseguiu transformar este em um dos mais importantes trabalhos da história do cinema, com um elenco afiadíssimo que vai desde Marlon Brando até o ainda jovem Al Pacino, um roteiro realista e uma arte esplêndida de detalhes e classe.

Devo dedicar um parágrafo inteiro à interpretações do fabuloso ator Marlon Brando. O intérprete, que faleceu em 2004, fez um trabalho nada a mais nada a menos que s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l na pele do caridoso Don Vito Corleone. Em talvez a mais inesquecível atuação da história do cinema, com aquela cara triste e abatida, com uma voz amargurada e ressentida, Brando tem sacadas de um verdadeiro gênio. A cena em que ele está na cama de hospital, quando recebe a visista de seu filho Michael e a cena de sua morte são absolutamente chocantes, não por serem deliberadamente fortes e povoadas por violência explícita, que tem muito no filme, mas por sua delicadeza e capacidade do ator de interpretar tantas faces de um mesmo personagem em um mesmo filme. Enfim, coisa de gênio.

Não podemos ignorar o restante do elenco. Os destaques ficam por conta dos intérpretes masculinos, como o já brilhante Al Pacino em uma atuação memorável, James Caan como o filho mais velho, o cheio de classe Robert Duvall, todos possuem excelentes diálogos e cenas vibrantes. Entre os destaques do elenco feminino podemos dizer que Diane Keaton está linda como mulher e ótima como atriz. Talia Shire, que interpreta Connie Corleone também está divina. O elenco por um todo é brilhante e muito bem comandado pelas competentes orientações de Francis Ford Coppola.

O roteiro do filme, que por ser muito complexo, possui a sua genialidade camuflada. Talvez um dos maiores trunfos do filme, neste 'O Poderoso Chefão' fica-se provado como um roteiro é importância suprema para o sucesso de um determinado filme. Se o roteiro é bom, pode-se ter certeza que, se tiver um diretor talentoso por trás, algo de bom sairá. Neste caso não é diferente, acho que nunca foi tão possível identificar a beleza da realidade em um filme como nesta primeira parte da trilogia de Coppola. Choca, critica, mostra a mais dura e sombria realidade de como a máfia "fria" dos anos 40 resolvia os seus problemas. Embora tratassem desse "tema", Coppola e Mario Puzo, autor do livro que inspirou o filme, evitaram ao máximo citar a palavra "máfia" durante os 175 minutos de duração.

Por ser tão conhecido, é interessante saber a respeito dos bastidores de 'O Poderoso Chefão'. Al Pacino, por exemplo, quase não fez o papel de Michael Corleone. Atores de alto escalão como Warren Beatty, Jack Nicholson e Dustin Hoffman estiveram cotados para interpretar o personagem, mas todos recusaram. Somente depois Pacino foi escolhido para fazer um dos mais importantes personagens do cinema. Robert De Niro também esteve cotado para fazer o papel, mas não passou nos testes. Já para interpretar Vito Corleone, o ator Laurence Olivier era uma opção, mas também recusou.

Entre os problemas enfrentados pela produção do filme, o mais grave foi na cena em que o personagem de James Caan, Sonny Corleone espanca Carlo, interpretado por Gianni Russo. No filme, Caan joga Russo pra dentro de uma cerca, dá socos e ainda chuta as costas do outro ator. Segundo a produção, Caan realmente quebrou algumas costelas de Russo.

Na arte deste primeiro episódio de uma das trilogias mais conhecidas do cinema, a fotografia é o que mais impressiona. Optando por dar um tom mais escuro que o habitual nas cenas noturnas, o diretor de fotografia Gordon Willis foi extremamente eficiente, pois assim, já que algumas das várias cenas de tensão ocorrem à noite, a sensacional de apreensão e suspense aumenta. A direção de arte de Warren Clymer e do desenhista de produção Dean Tavoularis, pode-se perceber o retrato mais do que fiel aos cenários dos anos 40, principalmente a decoração escura e a presença de laranjas em algumas cenas, que indicavam que logo em seguida algum atentado aconteceria ou alguma morte seria provocada.

'O Poderoso Chefão' de Francis Ford Coppola é um primor de realismo e um filme excelente de diretor competente, elenco tão eficiente quanto e um roteiro esplêndido misturado a uma arte complexa e inteligente, cujo único defeito é demorar um pouco até onde quer chegar, deixando algumas cenas extensas demais ou até mesmo cansativas devido à ausência de diálogos, que seria um fator genial caso essas passagens não durassem tanto. Nada que atrapalhe o gigantismo que essa obra, uma das mais importantes da história, adquiriu com o passar dos anos e foi o impulso para a produção de mais duas partes. Imperdível e obrigatório, principalmente para quem é fã de cinema.

Críticas

Planeta Terror

0,0

Não se engane se você estiver assistindo PLANETA TERROR e achar que ele é um filme antigão de mortos-vivos, daqueles bem putaria, que só o cinema dos anos 70 e 80 valorizavam. A explicação pra isso é que ele foi feito por nada mais, nada menos que o americano nascido no Texas, Robert Rodriguez (UM DRINQUE NO INFERNO), que é conhecido por esse seu conceito que consiste em usar práticas antigas de filmes-B com muita nudez, violência e sexo; daqueles tipos que eram acostumados a serem exibidos em seções de drive-ins. E sem falar do seu baixíssimo orçamento. A fotografia do filme é tão antiga, mas tão antiga, que parece que você está vendo um filme do tipo daqueles feitos em rolos de fita cassete. O resultado foi um filme de muita ação, divertido, animador, nojento e extremamente violento.

Durante uma operação militar há alguns quilômetros de uma pequena cidadezinha, uma espécie de gás radioativo é liberado no ar, espalhando-se rapidamente por todos os lados, transformando quem entrar em contato com o gás, em verdadeiros monstros (que mais parecem os mortos-vivos de George A. Homero) sedentos por carne, sangue e cérebro (clichê já esperado, né?!). E à medida que o caos se espalha pelo lugar, um grupo de sobreviventes, de todos os tipos e camadas sociais, se junta para vencer esse grande mau.

Como todo humor negro, nada faz sentido. Porém se por um lado nada faz sentido, pelo outro muita coisa anima a quem está assistindo. PLANETA TERROR tem mortes exageradas, diálogos sem lógica alguma e situações hilárias e inacreditáveis. Uma ex-dançarina de stripper com uma perna arrancada, e no lugar dela uma metralhadora capaz de dar tiros bastante potentes; um policial que após perder seu dedo se preocupa em procurar sua aliança e ver se ela ainda servia no que é agora o resto de seu dedo; e um ex-fora da lei que usa como locomoção para escapar dos zumbis uma motocicleta que só é capaz de suportar uma criança de 5 anos pilotando; são exemplos das diversas situações de fazer rir que o filme apresenta.

O que causa surpresa é o elenco do filme; grandes e conhecidos nomes do cinema americano: Rose McGowan (PÂNICO), Marley Shelton (NUNCA FUI BEIJADA), Josh Brolin (O HOMEM SEM SOMBRA), o próprio Quentin Tarantino (KILL BILL – direção) e até Bruce Willis (DURO DE MATAR). Mostrando que Rodriguez realmente é um diretor respeitável, por conseguir dispor de um elenco tão de porte. Sem falar da cantora Fergie (ex ‘The Black Eyed Peas’), que antes de ter seu cérebro arrancado de seu crânio, tem seus dotes (seios e bumbum especificamente) bem focados pela descarada câmera.

Um filme que não dá pra se levar a sério. E que agora sei o porquê dele ser considerado por muitos internautas como um dos filmes mais divertidos de 2007.

Críticas

Escafandro e a Borboleta, O

0,0

Imagine-se dentro de uma prisão, onde por mais que você grite ou se debata contra as grades ninguém o ouve. Agora, mesmo que pareça surreal, imagine que essa prisão é o seu próprio corpo – uma fortaleza hermética e impenetrável – e sua mente está presa nela. Presa em termos, pois enquanto o corpo vegeta em nosso mundo material, a mente galga as paisagens mais incríveis e os pontos mais bucólicos da Terra.

Literalmente é isso que acontece com Jean-Dominique Bauby, o diretor chefe de redação da revista Elle, que em dezembro de 1995 tem sua liberdade de fala e de locomoção tolhidas por um A.V.C. ( Acidente Vascular Cerebral ). Essa fatalidade o confina a um estado letárgico chamado de Síndrome Locked-in ( Trancado por dentro ). O filme retrata muito bem o desespero do protagonista frente a tal mazela que o priva do contato social, e as cenas paralelas que mostram um mergulhador em desespero dentro de um pesado escafandro em meio a águas turvas complementam e metaforizam a idéia da síndrome.

Inicialmente, o personagem mantém uma postura de inconformação e pessimismo em relação a seu estado físico e a deterioração de suas funções motoras, já que ele perdera todo o glamour de outrora e só lhe restara encarar o mundo com apenas um olho e sem nenhum movimento. Psicologicamente, o ego de Jean-Do fora brutalmente machucado pela brutal fatalidade.

Porém esse empecilho não foi o bastante para assolar a obstinação de Jean-Do, pois com o auxílio de sua família, de amigos e principalmente com um fantástico método de comunicação desenvolvido pela simpática logopeda do hospital, literalmente, pontes e elos são estabelecidos entre o paciente e o mundo exterior. Alicerçado nessa simples, porém enfadonha técnica, ele parte para a difícil tarefa de escrever um livro que traduza seus sentimentos e pesares.

A utilização da câmera é um espetáculo à parte, pois ao invés de focalizar o paciente apenas exteriormente, a produção tenta nos mostrar a vida do mesmo sob um prisma quase desprezado pela medicina : O modo de ver o problema pelos olhos do enfermo. O espectador é levado a ver e sentir-se como o paciente que acorda do coma e está espantado frente à movimentação em seu quarto. Durante os primeiros minutos, a utilização desse recurso nos causa uma certa agonia, principalmente no momento em que o olho esquerdo de Bauby é suturado, pois há a sensação de que o nosso próprio olho está sofrendo tal procedimento. A câmera é posicionada para vermos o que o paciente vê em seu diminuto campo visual.

Sinceramente não consigo enxergar a possibilidade de outro ator ( como Johnny Depp que foi cotado para o papel, mas recusou-o devido o começo das gravações de “Piratas do Caribe – No fim do mundo” ) assumir a interpretação além de Mathieu Amalric, que está impecável ao reconstruir tanto a personalidade criativa quanto a fisionomia estática de Jean Dominique. Sua atuação é grandiosa e repleta de sentimentos, vimos como o ator se entrega à construção do personagem.

Um dos principais motivos para o sucesso da produção chama-se Junusz Kaminski, um experiente fotógrafo polonês que foi capaz de retratar lindamente o mundo interior do protagonista – repleto de questionamentos existenciais referentes aos pequenos erros de sua vida. Com um trabalho baseado em closes e utilizando cores fortes, vivas e brilhantes para representar as locações, o resultado só poderia ser esplendoroso, pois confere uma certa subjetividade à câmera.

Com toda essa gama de profissionais trabalhando e se esmerando ao máximo, “O Escafandro e a Borboleta” arrebatou prêmios em diversos festivais de cinema ao redor do mundo ( como Cannes – Melhor diretor; 2 Globos de Ouro – Melhor filme e melhor diretor ), além de 4 indicações ao Oscar.

Jean-Do nos dá uma lição de vida com o modo como lida com seu grave quadro clínico, ele é capaz de nos fazer refletir e repensar nossos valores. E depois de assistir toda a sofrida peleja de Bauby, uma frase de Sherlock Holmes me vem a mente : “Os caminhos do destino realmente são difíceis de compreender. Se não houver recompensa depois da vida, então o mundo é apenas uma brincadeira cruel.”

Críticas

Zodíaco

0,0

Uma obra-prima de um dos melhores diretores que o cinema tem disponível nesses anos.

David Fincher merece um oscar desde sua obra-prima CLUBE DA LUTA,mas mesmo assim foi injustiçado e até hoje não obteve a tão sonhada por muitos estatueta de ouro.Muito competente no que faz,Fincher sempre nos brinda com direções criativas e com discussões sempre maravilhosas.

E para ZODÍACO não foi diferente.O filme conta a história verídica de um assassino serial killer que aterrorizou os EUA por uma época,mas que nunca foi pego nem descoberto o verdadeiro assassino.Mas como fazer um filme em que o vilão não é pego nem descoberto pelos detetives?Se é justamente o que o público gosta de ver nas telas?O mocinho vencendo o vilão,e esse sendo descoberto antes de matar mais uma vítima.

Foi simples,reune-se uma grande equipe seguida por ótimos atores e um ótimo diretor,e,está aí,uma obra-prima de classe.E tudo está perfeito.Da direção de arte maravilhosa,à atuação de cada ator.

O filme tem uma premissa simples,se for contar a cronologia dos fatos ,eles acontecem realmente na ordem em que ocorreram de fato,tornando o filme um pouco mais simples dai.Começa quando um assassno misterioso mata um casal de jovens no 4 de julho e depois telefona contando o ocorrido.Só que na verdade ele só tenta matar pois do casal o jovem sobrevive,morrendo só a mulher que o acompanhava.Depois uma série de cartas começa a chegar em todos os jornais do país,a priomeira delas em código,onde ele delata seguredos e toda a cena do crime,do lugar até o calibre da bala usada.Em um desses jornais ,um cartunista,Robert Graysmith ,toma curiosidade pelo assassino e começa a investiga-lo.Dois detetives estão no caso oficialmente,e um deles,o Inspetor David Toschi,também assume uma espécie de obssessão pelo serial e de certa forma,começa a "conviver"! com ele dia-a-dia.

Todos os personagen ão bem construídos,e almejam muita força,não só física,o que quase nenhum tem,mas sim força cerebral,pois um dos gêneros do próprio filme é o NOIR,pois ao decorrer dele percebemos que não tem como definí-lo por apenas um gênero.E o jovem cartunista é um dos melhores personagens do filme,ele não só é interessante como tem manias e situações que são ótimas.Outro bom personagem é o Inspetor David Toschi,que,além de ser engraçado em certos momentos tem uma mania meio curiosa,adora comer biscoito de cachorro.Mas o melhor de todos fica por conta do jornalista Paul Avery.engraçado,popular,polêmico,doido.ele acaba se tornando o centroa das atenções do filme por alguns minutos.

E sendo assim,fica fácil para os atores interpretarem personagens que,por si só,já são carismáticos.Robert Downey Jr que o diga.Possuindo o melhor personagem de toda a trama,ele o conduz tão bem ,que ás vezes o carisma dfo personagem se diminui e acaba sendo encobrido pelo do ator.Mas Jake Gyllenhaal também está perfeito e cobre muito bem seu papel de protagonista na história.

O roteiro é maravilhoso,e tem vários detalhes que ele não deicha escaper em momento algum.Os lugares são tão bem retratados que parece até que estamos assistindo à um documentário em alguns momentos.Muito bem escrito,é nele que está o maior erra do filme,a mudança de uma cidade para a outra constantemente ,obrigando o diretor a sempre colocar legendas em baixo da tela.

A direção nem vou comentar muito.Está divina,e merecia ,pelo menos uma indicação ao oscar ,que não teve.Fincher está sempre competente,e neste aqui ele se supera.Em umas das cenas ele a conduz tão bem,que cheguei a me arrepiar a primeira vez que a vi.Quando Graysmith está sozinho no porão de um desenhista de cartazes de filmes que acaba virando suspeito,a cena é tão bem conduzia que de fato,arrepia.A muito tempo que eu não sentia medo em um filme.

A direção de arte,talvez seja o ponto mais forte do filme.Trazendo para as telas uma San francisco maravilhosamente bela e muito expressiva.A ponte é recriada com sussesso e cada cômodo de cada cena retratado está impecavelmente como na época,e muito bonitos.

A fotografia é outro dos tantos trunfos que o filme possui.Cria um toma amarelado para as cenas ,e sempre que pode,colabora na tensão que todos os personagens passa.Quando está fora de um edifícil ou casa,ela se torna azulada,e quando está em um lugar feito para dar "medo" cumpre muito bem seu papel.Ela em si,cria um clima maravilhoso e ganha personalidade no decorrer do filme.

Os figurinos estão perfeitos,cada roupa usada nos leva de volta aquela época e acaba por nos fazer reviver momentos em que aquelas roupas estavam na moda.

Com belos e grandes momentos de tensão,o filme que acaba por não possuir gênero,é perfeito em todos os gêneros que se propôe,e acaba se tornando uma obra-prima.Só não chega a ser perfeito por causa de alguns momentos que o deicha mais lendo e depreciativo para o grande público,mas mesmo assim,acaba sendo um filme para toda a família.

"i'm Zodiac."

Críticas

Não Estou Lá

0,0

Um filme extremamente poético que beira a perfeição,com cenas mais que marcantes e atuações perfeitas.

Quando fiquei sabendo deste filme,mal conhecia a obra de Bob Dylan,mas depois de assistí-lo,não consigo mais ficar sem ouví-lo.

Bob Dyla foi um cantor muito famoso,que desde pequeno já compunha suas músicas e que em determinada época fez muito sussesso marcando a vida de muitas pessoas.Ele também teve muitas faces diferntes,e nunca se contentou em sempre ser uma criatura "monótona".Por essas e mais outras acabou se tornando ícone não só da música Folk em que foi seu alge,mas também em diversos outros gêneros como o rock.Suas letras continham um profundidade nas discussões que propúnham maravilhosamente belas.Digamos que de certa forma ele pensava À frente de seu tempo,tanto que nem foi compreendido ao certo o que ele propunha em suas músicas,e isso é mostrado muito bem no filme.

Todd Haynes,um diretor ainda "novo" na índústria resolvel pegar mais uma história de um cantor que teve vários rostos,já havia feito isso em seu primeiro filme,Velvet Goldmine ,mas nesse ele resolvel pegar um ícone maior do uqe o de seu filme anterior,Bob Dylan.Ele acertou em cheio ao fazer isso,pois conhecer a jornada e avida conturbada de um cantor maravilhosamente encantador foi uma experiência magnífica.

O filme não é simples e muito menos é feito para o grande público,pois tem uma ´linguagem mais complexa do que o normal,e uma narrativa diferenciada.O cantor em si,teve uma época em que não era aceito pelo grande público ,e acabou sendo meio que expurgado por eles.Mas o filme ,mesmo não sendo uma simples diversão pipoca é maravilhoso(mas deve ser por isso msm não?).Cada ângulo de câmera,cada imagem,cada discussão é simplesmente maravilhosa.

A história,ou narrativa não segue nenhuma cronologia certa,e nem uma verdadeira história da vida do cantor:Nenhum personagem se chama Bob ou Dylan.Todos tem nomes diferentes,mas todos são Dylan.Pra começar,não foi escolhido só um ator para fazer o papel.Seis entraram na pele do cantor, e seis histórias diferentes foram contadas a partir de cada momento imporante da vida de Dylan.A única cronologia que podemos perceber.é que o filme praticamente começa com uma criança e em seu decorrer vai para personagens mais maduros e meio irresponsávei ao mesmo tempo.Os personagens possuem muitas nuances,e com muito êxito o diretor consegue fazê-las transparecer na tela.

Outra opção que o diretor decidiu escolher,e muito bem,foi não se preucupar em contar uma história convencional em si,começo,meio e fim,mas sim várias histórias que não tem meio, começo e nem fim.Todos os personagem,por mais estranhos quee pareçam nos atraem.São muito bem interpretados ,e isso ajuda muito na hora de cativar o público.

A abertura do filme em si já é cativante e atrativa,e meio bizarra,pois em certo momento chega a ser surreal,mas isso não prejudica o filme,pelo contrário,essa bizarrice faz com que quem tem,pelo menos um pouco de curiosidade queira saber mais sobre o que aquelas seis pessoas tem em comum,ou se todas podem ,de fato,ser só uma.Nela são mostrados todos os personagens em uma espécie de flash que faz com que prestemos mais atenção ao que está sendo mostrado.

o primeiro personagem a ser focado é um garoto negro de 10 anos,que não tem lugar onde ficar,e por isso,sai em uma jornada para o nada,apenas para se conhecer.E é o jovem, mas competente Marcus Carl Franklin que interpreta o garoto sem rumo Woody Guthrie .Esse é o momento da vida de Dylan que ele teve muitas incertezas e começou a se formar musicalmente.O diretor decidiu colocar um menino negro,em uma época em que eles sofriam para ,além de mostrar um lado de Bob Dylan mais jovem,também discutir assusntos que o próprio Dylan discutia em suas músicas,assuntos de desigualdades raciais e sacanagens que a vida pode fazer a você só por ser diferente.

O segundo momento mais focado é a história de Jack Rollins,interpretado perfeitamente por Christian Bale.Esse momento é um dos mais importantes da vida do cantor,quando é tido como um ícone da música Folk,e endeusado por muitas pessoas.Suas músicas na época retratada tem um teor musical maravilhoso e é retratado com muito carinho pelo diretor,quando esse decide fazê-lo em formato documental.E tudo é retratado fielmente À essa época do cantor,quando ainda era "calmo" e com sua gaita fazia acordes e letras inesquecíveis para o momento em que vivia.Foi aí que se iniciou sua legião de fãs,que foram criados pelo seu imaginário e que não pensavam mais por si mesmos.Ele já dava indícius de sua personalidade quando acontecia eventos e ele não aguentava a "falsidade" de pessoas ricas que ,em meio a guerra do Vietnã sá queria beber e ouvirr música,sem se preocupar com a veradeira causa.O formato documental está perfeito,como Julianne Moore está no papel de Alice Fabian ,que foi parceira de palco do cantor por uns tempos.Ela está ótima no papel,e faz parecer que era ela que cantava com ele mesmo,isso,e a direção de arte inspirada nos fazem acreditar que aquele não era Dylan,mas sim Jack Rollins .

O terceiro momento foi quando Dylan teve seu mais longo casamento de nove anos,e que foi um de seus peródos mais difíceis.No filme um ator revive esse momento,Robbie Clark ,interpretad fielmente pelo competente Heath Ledger.Bom, atuar Ledger sabia e muito,então o papel ficou um pouco fácil,mas é nos momentos de tençaõ com a mulher e suas duas filhas que ele brilha.É o momento com um pouco menos de discussões internas e extarnas do filme,mas é muito bom,e bem filmado.

O quarto momento é um dos mais brilhantes do filme:A fase rock do cantor.Nele um cantor foi escolhido para vivenciar o momento,Jude Quinn,interpretad fielmente por Cate Blanchett,que teve uma das melhores atuações vistas nesse ano.Ela é Dylan,sua voz ,aparência,trajeitos,tudo está perfeitamente igual À dylan,e em quase todo momento,agente esquece que é uma mulher que está interpretando ali.É o momento com as melhores discussões.Religião,política,imprensa,tudo é discutido na fase mais complicada do cantor.Tem um ótimo momento em que ele e um poeta que ele admira questionam-se junto com Jesus diante de um cruz lindo.É também nesse momento,que as cenas mais psicodélicas do filme surgem.Belíssimo momento do filme,é uma parte marcante,e nos faz perceber porque o cinema é tão bom.

O quinto momento é meio ´pequeno,mas é muito importante.É quando Dylan ja esta mais velho e ainda não se contenta com as desigualdades,Belo momento também,é levado com uma poesia maravilhosa,e bem interpretado por Richard Gere que faz o fugitivo Billy the Kid.

O último momento está p´resente desde o começo do filme e é o meu preferido.É onde é mostrado uma e´spécie de pensamento de Dylan,seus desejos,seu arrenpendimentos.E é de longe,o momento mais surreal.E é o que tem a mais bela passagem do filme:cinco mandamentos paar se viver de uma fuga.Perfeito um dos mandamentos é:"nunca crie nada,pois serámal interpretado",

É isso,um filme que nunca será interpretado do jeito certo,pois é impossível você saber o que se passa dentra da cabeça de uma pessoa,ainda mais de Bob Dylan.

Com uma direção exemplar de dar inveja em muitos "marmanjos' da indústria,NÃO ESTOU LÁ se destaca por ser original e muito diferente dos produtos que somos forçados a ver.O diretor quer que a gente pense junto aos atores,que nós decifremos a cabeça de Dylan junto com a equipe.Maravilhoso(quantas vezes já disse isso?).

Os aspectos técnicos estão perfeitos(e isso?),da fotografia,passando pela direção de arte,até os figurinos nada está errado.Tudo grandioso.

O grande roteiro ficou por conta do diretor que nos brinda com diálogos perfeitos e cheio de nuances.

o filme só não é perfeito por uma coisnha aqui otra ali,que prefiro não lembrar,mas ele é maravilhoso em si.

"NUNCA CRIE NADA,POIS SERÁ MAL INTERPRETADO."

Críticas

Depois do Casamento

0,0

Quando assisti esse filme fiquei de revê-lo novamente para melhor compreender sua feitura, o alcance de sua proposta. Eis que a oportunidade surgiu (de tempo, já que o DVD descansava em minha estante). Eis que cumpre agora tentar dissecá-lo através da palavra escrita, algo a princípio fácil, mas que me dá sempre a sensação que o resultado fica aquém do imaginado.

Trata-se de um filme dinamarquês que ganhou o mundo e um raro produto daquelas plagas que ganha o mercado nacional. Felizmente o filme possui qualidades, a sua chegada até nós não foi fruto de um modismo passageiro. É um filme que pede muito de seu telespectador, mas que nos recompensa generosamente. Do elenco maravilhosamente dirigido, só reconhecemos Mads Mikkelsen que já trabalhou em Cassino Royale como vilão. Ele faz o papel de Jacob, homem que vive faz anos na India e se dedica a obras sociais. O começo do filme nos encaminha a imaginar que o que será discutido na tela é a questão da responsabilidade social, e isso não é todo errado. Susane Bier (a diretora) trabalha tal tema de uma forma inusitada. Ela coloca seus personagens em ambientes fechados, se vale de pequenos dramas periféricos, sem deixar um só momento a questão universal da responsabilidade social. Jacob é um homem que nos surge como alguém político corretamente. Mas trata-se também de um ser com suas fraquezas, seus acertos e erros. Em suma, não existe ali, o interesse de deificar ninguém. Não existe o super-homem, mas todos podem querer encarna-lo. Jacob se vê obrigado a ir até sua terra natal, única esperança de conseguir verba para o seu pequeno projeto social que ameaça ruir. Ao chegar na Dinamarca ele se depara com o Mecenas que pode salvá-lo : Jørgen (Rolf Lassgård em interpretação fantástica).

O que percebemos pelo primeiro encontro é que Jørgen não parece transmitir nenhum interesse em abraçar a causa trazida por Jacob. A única preocupação que move Jørgen é a de dar a sua filha uma festa de casamento perfeita (ainda que ele não esteja seguro do passo dado pela filha, ainda que ela não seja sua filha verdadeira). Jørgen é assim um pai de família exemplar, um homem que se dedica a família e aos que o rodeiam. Em suma: Um ser que não tem preocupação nenhuma com que ocorre longe dos seus olhos, ainda mais tão distante de sua própria terra.

Anna a filha de Jørgen logo após o casório se sente duplamente traída (pelo fato de descobrir que Jacob é seu pai, também pela atitude indigna de seu marido que ousa traí-la em sua própria residência e que encaminha quem vê o filme a supor que seu marido apenas a queria como forma de galgar uma posição maior dentro da empresa do sogro – Jørgen mostra-se receoso quanto ao casório no que foi acalmado pela mulher que diz “é o primeiro casamento dela” – estranho país esse em que o casamento já é um produto descartável).

Helene, a mulher de Jørgen teve um relacionamento no passado, cujo fruto materializado é Anna. Ela no entanto é realmente fiel e apaixonada por Jørgen, e procura compreender a razão com que fez com que ele trouxesse novamente a sua presença o antigo namorado.

Jacob é um ser sonhador. Ficamos sabendo de seu passado leviano, de que foi um indivíduo nefelibata, mas que nos últimos tempos, fincou os pés na realidade. Ele acredita que está sendo manipulado por Jørgen, mas não tem certeza sobre qual motivação: vingança ou soberba.

Jørgen é um ser que nos é vendido como alguém acima do bem e do mal. Quase um semideus, devido a sua invejável condição financeira. Ele passeia por sua residência e nela nos deparamos com animais empalhados, oriundo de várias partes do orbe. Símbolo do poder de seus habitantes. Símbolo também do crime perpetrado por essa sociedade ao meio-ambiente. Quão humano ele surge, sobretudo após sabermos que ele está morrendo. Nem todo o seu poder, pode privá-lo da condição humana. E quão frágil ele surge a partir de então, como fazemos uma nova análise sobre tudo o que assistimos até então. Futuramente ele será apenas como os que jazem empalhados em sua parede. A diferença é que sua imagem desaparecerá tridimensionalmente. Viverá apenas nas lembranças dos seus, em fotografias e filmagens. Por baixo da etiqueta social, do pai exemplar, surge um irmão compartilhando sua dor, que encontra eco em todo esse pequeno globo, simples poeira perdida na imensidão do Universo.

Susane Bier consegue perpassar por todo o filme a cena que o abriu. A nuvem de crianças que esticavam a mão em busca de um naco de alimento. Nuvem essa que se agigantava a medida que a câmera abria e o tempo passava. Todos os seres desse planeta, em certo instante perceberão que estão interligados. Não existe uma ilha onde se isolar. O final do filme com o retorno de Jacob e o convite que ele endereça a uma das crianças é exemplar: Ele não quer ir morar com Jacob na Europa(Jacob devido a uma cláusula do contrato assinado com Jørgen, teria a obrigatoriedade de ficar residência na Dinamarca). Ele gravara em seu coração o que Jacob lhe dissera: Ele não gosta da Dinamarca. Jacob se cansara de se esconder da realidade. O garoto nascera nela e não queria fugir.

A diretora faz uso de vários planos detalhes, não raras vezes a lente se fixa em um olho, nos lábios dos personagens. Não é preciso mostrar o todo para nos encontrarmos. Filme exemplar que nos coloca em permanente meditação.

Críticas

Desventuras em Série

0,0

Um bom filme, que vale como espetáculo visual, mas peca como adaptação.

'Desventuras em Série' vem de uma série de livros, 13 exemplares sobre as aventuras dos órfãos Baudelaire, Violet, Klaus e Sunny, que perderam os pais em um incêndio que destruiu toda a mansão onde eles moravam. Nesta adaptação para o cinema, o roteirista Robert Gordon aproveitou para unir os três primeiros livros em um filme só. Mesclando e alternado a ordem dos acontecimentos, Gordon colocou em seu roteiro as partes mais importantes dos livros: "Mau Começo", "A Sala dos Répteis" e "O Lago da Sanguessugas". Ora sendo razoavelmente fiel aos livros, ora fugindo do tema, apelando para a comédia e inventando acontecimentos bizarros, que definitivamente não ocorrem nos livros, o roteirista errou principalmente ao tratar do personagem princiapl, Conde Olaf, interpretado pelo exagerado Jim Carrey, como um vilão engraçado, atrapalhado, que tem suas "sacadas" geniais. Não é desse jeito que o pseudônimo de Daniel Handler, Lemony Snicket quis descrever o personagem nos seus derradeiros livros, sendo que em cada um, uma tragédia diferente acontece com três pobres crianças desafortunadas.

Para falar do filme, é preciso explicar um pouco também de onde exatamente a história original veio. No primeiro livro, "Mau Começo", as crianças recebem a péssima notícia que seus pais foram mortos no incêndio que devastou sua mansão. Depois, os órfaos Baudelaire vão para a casa do Conde Olaf, que quer pegar toda a fortuna da família Baudelaire para si, onde assim como no filme, são maltratados e obrigados a fazer tarefas domésticas como escravos. Depois, segue-se algumas fracassadas tentativas de Olaf para matar os órfãos, incluindo o lastimável episódio do trem, onde nem um gênio matemático do gabarito de John Nash poderia sair vivo, com um trem vindo a mais de 100 km/h a todo o vapor vem diante deles. No entanto, usando completamente da imaginação e das descrições oferecidas pelo autor a respeito dos personagens, Gordon conseguiu criar uma situação que certamente agradaria à crianças, e principalmente à crianças que não leram os livros. Durante a projeção dof ilme, logo depois de escaparem completamente ilesos do quase fatítico e muito mais do que provável acidente de trem, vem uma sequência senão pior, tão ruim quanto à anterior. Tirar a guarda dos órfãos de Olaf, porque o Sr.Poe, amigo da famíla Baudelaire pensou que vira Sunny, o bebê (que mal falar sabe), posto para dirgir o carro. Uma situação absolutamente ridícula em termos de adaptação. Depois, eles são mandados diretamente a um familiar mais próximo, o carismático tio Monty, que os leva para o Perú e lhes dão um quarto para cada um, enquanto eles o ajudam a criar e alimentar a sua imensa variedade de répteis de estimação, cenas que já fazem parte do segundo livro, " A Sala dos Répteis". Depois de pensarem que tudo estava absolutamente bem, as crianças se deparam com um provável mas nem um pouco engenhoso ajudante de Tio Monty, que logo sacam que é o inescrupuloso Conde Olaf, que após uma série de atrocidades e cenas abomináveis, logo se vê com a mão no dinheiro das crianças. Mas seus sonhos são mais uma vez destruídos pela pequena Sunny, que (mais uma vez), apesar de não saber ler (...), consegue acabar com o disfarce de Olaf. Após todos esses péssimos acontecimentos, lá se vão os órfãos novamente para a casa de mais um parente. A Tia Josephine mora no topo de uma colina, a beira de um lago, que logo é revelado ser repleto de sanguessugas famintas por seres humanos. Como não poderia deixar de ser, a Tia é mais um parente completamente anormal, paranóica e solitária. Como um encalço desgastante, o Conde Olaf aparece mais uma vez disfarçado, agora como um capitão careca e sem uma perna. Mesmo com um visual completamente diferente, as crianças logo percebem que se trata do Conde mais uma vez, mas logo se vêem em uma situação ainda pior do que se encontravam anteriormente. Na cena do furacão, do bilhete, tudo isso está no livro "O Lago das Sanguessugas", o terceiro, inclusive a Gruta e o ataque das sanguessugas ao barco. Mas uma série de erros de continuação, que mal caberiam nesse parágrafo terminam com a reputação do roteiro do filme, que já estava muito abalada. Espere, depois de inverter a ordem do final do primeiro livro para o final do filme, que corresponde à cena do casamento, o orteiro se torna algo ainda piro do que já estava ruim. E como se fosse possível piorar ainda mais as coisas, o Conde Olaf antes de ser trancaficado a sete chaves na prisão, teve que passar por todos os apuros MORTAIS que fez as crianças passarem, logicamente, não sendo tão esperto quanto elas, ele simplismente NÃO MORRE. Um final ainda mais ridículo e abominável do que o roteiro do filme como um todo.

Deixando bem claro a incompetência do roteirista Robert Gordon, o pior de tudo é que todas essas bobalhadas e falhas do roteiro funcionaram, pelo menos com o público alvo dos produtores, o infantil, que adoraram o modo como o Conde fora retratado e deram boas risadas com as caretas medonhas de Jim Carrey.

A direção de Brad Silberling, se não é tão desastrosa como o roteiro de Gordon, é competente o suficiente para deixar todo o clima que a narrativa do roteirista propôs. Um clima artificial e infantil, como não poderia deixar de ser, completamente infiel à obra original, que faz questão desde o início de tratar da história como um enredo triste, onde são raras as coisas boas que acontecem, mortes trágicas, assassinatos, crueldades, abusos. O nome da coleção de livros é "Desventuras em Série" e do filme também. Não é para ser uma história engraçada e muito menos com personagens e diálogos cômicos, o Conde Olaf dos livros é um personagem frio e aproveitador, que suas únicas passagens de descontração são à base de ironias e cinismos. Os livros não são para crianças pequenas, que inclusive não acompanham a avançada linguagem apresentada nas 13 edições. E se fosse para fazer uma adaptação no mínimo fiel à obra original, Gordon deveria ter apelado para o drama e o suspense, censurando o filme para crianças até dez anos, que certamente não leram os livros.

Mas certamente 'Desventuras em Série' não é um filme totalmente desafortunado de elogios. A parte técnica é algo sublime e muito bem feito e pensado. Se há algo de bom neste filme, é sem sombra de dúvida, a arte. Bem, se a interpretação d eJim Carrey convence a poucos, a maquiagem usada pelo ator é admirável. Demorando três horas para enfeitar o rosto de Carrey com as mais diferentes massas de silicone e outros aplicativos, ela ficou simplismente brilhante e perfeita, ganhando por seus justos méritos, o Oscar. Os sensacionais cenários do filme couberam como uma luva para as nossas fantasias e imaginações de como seriam os locais do livro. Em um trabalho absolutamente competente da dupla de diretores de arte John Dexter e Martin Whist, sob o comando do desenhista de produção Rick Heinrichs, os cenários ficaram bem fietos e altamente imaginativos e criativos. Os figurinos de Colleen Atwood e Donna O'Neal não ficam atrás. Lindamente desenhados, também couberam como uma luva até mesmo para o clima fácil de 'Desventuras em Série'.

A trilha absolutamente belíssima e criativa de Thomas Newman é uma delícia de ser escutada. Com passagens de violino para trompetes, tambores para violoncelos, as faixas musicais do compositor são muito bem feitas e merecem com muito gosto, a indicação ao Oscar.

Uma pena que somente Meryl Streep valha a pena em um elenco como esse. Jim Carrey é sem dúvida, o mais ousado e o mais exagerado de todos, portanto, não faz um bom trabalho, com expressões que não dão medo nem em um bebê recém nascido, em pensar que Johnny Depp poderia fazer o papel de Conde Olaf em seu lugar, certamente sairia algo muito melhor. Billy Connely é o exemplo de ator enfadonho que com um empurrãozinho não faz um papel tão ridículo em cena. As crianças são pessoas absolutamente sem sal, os dois mais velhos são verdadeiros seres pasmados, sem qualquer expressão no rosto e em tentativas frustrantes de choro, chega a ser risível. As gêmeas Hoffman, que interpretam a mesma personagem são duas atrizes (atrizes?), que se não fosse pelo livro, seriam descartadas ao primeiro indício de idéia que aprovasse a existência da personagem Sunny. Nem mesmo as participações do bobo Timothy Spall, do razoável para ruim ator Luís Guzmán e do fantástico e lendário mestre do cinema Dustin Hoffman, que tem a menor atuação de sua carreira (duas cenas), valem a pena neste elenco, que ainda por isso tem a péssima Jennifer Coolidge, como uma das integrantes da trupe de Olaf.

'Desventuras em Série' é um bom filme infantil que diverte e erra feio em termos de adaptação. As crianças vão adorar, mas quem leu o livro e ainda não conferiu o filme, não sabe a decepção que o aguarda. Certamente não foi um "Mau Começo", se é que virão sequências por aí, mas poderia ser melhor, há se podia.

Críticas

Arquivo X - Eu Quero Acreditar

0,0

Nunca acompanhei o seriado na televisão, mesmo sendo o sucesso que foi. Apesar disso, eu sabia quem eram os agentes Mulder e Scully e tinha razoável idéia sobre o que se tratava o seriado, mas, obviamente, meu conhecimento no geral é ínfimo. O bom é que posso analisar o filme por si só.

Não vou dizer que não gostei do que vi, Arquivo X: Eu Quero Acreditar funciona em boa parte do tempo, mas infelizmente ele possui certas falhas que o tornam aquele tipo de filme que jamais veríamos uma segunda vez. Conversando com um amigo que acompanhava o seriado, pude perceber que antigos fãs irão gostar muito mais da experiência.

O filme começa de uma maneira frenética. São duas cenas intercaladas. Numa cena vemos uma mulher chegando em casa, no meio da noite, num local ermo e na outra, já de dia, vários policiais procurando alguma coisa num grande espaço coberto por neve. Aos poucos descobrimos que essa mulher é uma agente do FBI e que ela foi raptada. Os policiais estão seguindo as indicações de Padre Joe - um suposto vidente - para encontrar uma pista da agente. E eles encontram.

O FBI vai precisar da ajuda de um especialista em assuntos paranormais para resolver o caso e o jeito é ir atrás do ex-agente Fox Mulder, que vive num tipo de exílio, já que estava fugindo do próprio FBI. Quem deve convence-lo a aceitar o trabalho é a Scully, que é medica em um hospital católico. Não demora muito e Mulder decide colaborar.

É evidente que o assunto mais interessante do filme é o Padre Joe e sua complexidade. É um padre com histórico de abusos de 37 crianças e que teoricamente recebe visões para ajudar outras pessoas. Infelizmente, os roteiristas Frank Spotnitz e Chirs Carter - que também é o diretor - preferiram utiliza-lo mais como uma ferramenta para a investigação do caso, que acaba sendo a razão de ser do filme. Diga-se de passagem, Arquivo X: Eu Quero Acreditar se transforma num filme policial com um enredo um tanto batido. Pelo menos, o padre e suas visões colaboram para discussões entre a cética Scully e o totalmente oposto Mulder. Os atores David Duchovny e Gillian Anderson demonstram uma boa química, o que é previsível, pois trabalharam juntos por mais de 9 anos. Gillian Anderson concedeu uma entrevista curiosa, na qual disse que pensava que seria muito fácil voltar a interpretar a agente Scully, mas que na verdade foi difícil reencontrar o tom da personagem.

Há uma subtrama envolvendo a Scully e um menino com uma doença terminal. Ela não é totalmente inútil, pois serve pra testar a fé de Scully, mas por mim nem precisava existir.

Outra coisa que me incomodou foi a insistência do pessoal do FBI em não dar crédito ao Padre Joe e suas visões, mesmo ele tendo acertado várias vezes. Só posso crer que isso tenha sido uma forçada de barra do roteiro para tentar surpreender o público com uma reviravolta posterior. Só tentar, mesmo.

Tecnicamente o trabalho é bem feito. A bela fotografia que explora toda a desolação que uma cidade do interior tomada pela neve pode provocar. Além do bom trabalho de edição que conseguiu criar um ar frenético em algumas cenas.

Pesquisando no google pude descobrir que existem dois tipos de episódios de Arquivo X: os que falam sobre ETS e teoria da conspiração, que são chamados de MITHOLOGY e os que apresentam um caso esporádico envolvendo algo sobrenatural, os chamados MONSTER OF THE WEEK. Se o diretor/roteirista Chris Carter escolhesse um episódio do tipo Mithology com certeza o resultado seria melhor. De qualquer forma, o filme me deixou com vontade de assistir ao seriado. Vai ser um empenho ir atrás das 9 temporadas, mas acredito que valerá a pena... ao menos, eu quero acreditar.

Críticas

Entre Dois Amores

0,0

Uma bela e comovente produção dirigida por Sidney Pollack, onde as lindas paisagens africanas quase roubam o filme para si.

Entre Dois Amores é um daqueles filmes interessantes de serem conferidos pela história que apresenta. O trabalho do diretor american Sidney Pollack baseia-se em um dos trabalhos de Isak Dinesen, pseudônimo da real escritora dinamarquesa Karen Blixen que viveu durante o ínicio do século XX e escreveu aproximadamente sete livros. E é justamente por um deles que esse "Out of Africa" se baseia. "A Fazenda Africana" foi o segundo livro da escritora européia, publicado em 1936. Nele, Dinesen conta a sua própria história, de quando ela se casou e foi morar com o seu mardio Barão em uma fazenda do Quênia, em meados de 1913, pouco antes da Primeira Guerra Mundial eclodir e no meio da colonização inglesa sobre os países africanos. No filme de Pollack, Karen Blixen é interpretada por Meryl Streep, com seu sotaque caprichado. Ela, que se casou com o Barão Bror Blixen-Finecke unicamente pelo interesse com o título de baronesa, e ele pelo dinheiro da rica família de Kaen, se instala comodamente na luxuosa e típica casa aristocrata européia do início do século passado. Ela passa então a comandar a arriscada plantação de café, que costuma não vingar em solos tão altos, como são as colinas quenianas onde a fazenda está localizada, enquanto o marido sai a procura de caças e mulheres. Sentindo-se terrivelmente solitária e abandonada, apesar de não querer demonstrar seus sentimentos a nenhum de seus fiéis empregados kikuios, ela conhece Barkeley (Michael Kitchen) e o jovem aventureiro Denys Finch Hatton (Robert Redford), com quem logo se tornam amigos. Demonstrando grahnde talento para contar história, ela parece seguramente certa de que não sentiria a falta de seu marido (um casamento sem amor algum). Quando a Primeira Guerra parece inevitável, seu marido parte junto ao Exército para defender o país. Sentindo uma certa inveja do liberalismo masculino da época, Karen atravessa o Quênia até o local onde todo o exército inglês está concentrado. Lá, ela recebe a terrível notícia que está com a doença sífilis e se vê obrigada a voltar para a Dinamarca com 50% de chances de cura. Ela volta porém, curada e pronta para recomeçar, mesmo sem poder ter filhos. Enquanto o marido se ausenteia por mais vários dias, ela passa a conhecer o homem individualista que é Denys e passam a ficar juntos, como amantes. Em meio ao amor existente entre os dois, nota-se a diferença entre os dois. Ela, que preza muito pela família e pela casa, e ele, que prefere ficar à solta, e ir para onde quiser. Como todo casal com pontos de vistas completamente opostos, os dois enfrentariam problemas sérios, menos sérios do que Karen passaria a enfrentar depois do divórcio com o Barão.

'Entre Dois Amores' é um grande filme unicamente por sua história envolvente e apaixonante. E coube ao diretor Sidney Pollack leva-la às telas de cinema. A idéia de adaptar "A Fazenda Africana" para os cinemas já foi cogitada pelos diretores Orson Welles (comandante do poderoso e revolucionário Cidadão Kane), David Lean (de A Ponte do Rio Kwai e Lawrence na Arábia) e Nicolas Roeg (de Inverno De Sangue Em Veneza). Mas foi o renomado e determinado diretor Pollack, que já dirigira grandes produções cinematográficas como Tootsie, A Noite dos Desesperados e Ausência de Malícia, que ficou a cargo de comandar essa importante história para o cinema. Para dirigir com afinco 'Entre Dois Amores', Pollack devorou inúmeros livros sobre as culturas, tradições e rituais, hábitos e línguas dos povos do Quênia, tão diversificados e opostos, quanto os sentidos que os atraem. Pollack decidiu filmar 70% do filme nos territórios quenianos, tendo que se submeter às diferentes leis do local, e que importar leões treinados vindos da Califórnia para o país, já que nã se permitiam o uso de animais locais em filmagens cinematográficas. O diretor quis também que o filme tivesse um impacto visual arrebatador, tal como Apocalypse Now de Francis Ford Coppola, priorizando a uma fotografia mais realista e uma direção de arte idêntica aos cenários europeus das décadas de 10 e 20 (verdadeiras réplicas). Segundo o próprio Pollack, para que esse seu desejo se tornasse realidade, ele teria que ser extremamente fiel ao livro de Dinesen, que "fez a África parecer tão maravilhosa e poética!". Toda essa vontade de causar impacto visual na produção foi justamente para amenizar temas mais profundos e complexos que vêm junto com o pacote no livro. Os sub-temas mais penosos como a Primeira Guerra Mundial, a colonização na África (que viria a render inúmeras Guerras Civis e lutas pela repressão européia no continente), assim também como as liberdades para homens e a condenação de mulheres na sociedade sairam até mais suaves e amenos, sem causarem tanto alvoroço quanto o desejo de Pollack, que também foi o responsável pela produção do filme, negava desde o início. "Produzo meus próprios filmes há 20 anos, o que significa que preciso falar com menos pessoas.", ele dizia. Em geral, a direção de Sidney Pollack está excelente, correta e muito realista, mantendo o clima e ritmo certo, apesar de deixar a atuação dos atores de lado.

Ele os deixou trabalhar da maneira como queriam, apenas orientando a respeito do sotaque e de como deveriam se postar (como se Streep e Redford precisassem de algum tipo dessa orientação). De resto, confiou tudo o que podia e o que não podia no talento dos atores, que na verdade não decepcionam, mas simplismente não brilham. Só mesmo a sempre fantástica Meryl Streep, que é a melhor do elenco, com seu sotaque correto e suas ironias femininas a fazwm brilhar mais uma vez no cinema. Os minutos finais são realmente divinos, onde Streep demonstra ser tão grande quanto era anos antes de ganhar seu primeiro Oscar, e que foi incrivelmente garantindo mais talento e prestígio ao redor do mundo.

É interessante notar como a atriz é curiosa e multi talentosa, capaz de atuar em qualquer tipo de filme, fazer qualquer tipo de papel. "Interpretar não tem a ver com ser alguém diferente. Trata-se de encontrar similaridades no que é aparentemente diferente e depois se encontrar nelas.". É o que Meryl Streep revela cada vez que algum repórter ou jornalista a questiona de onde vem tanto talento. Ela ainda completa que quando não se sente confiante o suficiente para atuar um personagem à margem da perfeição no cinema, simplismente nem tenta, uma vez que se diverte com o que faz, segundo a própria atriz: "Acho tão divertido, que parece até ser ilícito ser tão divertido. Tenho curiosidade em relação às pessoas, essa é a essência da minha atuação. Estou interessa em como seria se eu fosse você.", revela ela em uma entrevista. O fato é, que nem esquecer a estaueta do Oscar que ela ganhou pela sua atuação de coadjuvante em Kramer Vs. Kramer de 1979, nos faz esquecer que ela é a recordista imbatível de indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, disparada a atriz mais reconhecida e respeitada de Hollywood e em todo o mundo.

Meryl Streep é sem dúvida a melhor de todo o elenco, e mesmo o talento a ser posto em prática de Robert Redford não consegue driblar o da atriz americana. Redford se mostra ser melhor dirigindo filmes do que atuando neles. Seu verdadiero charme está atrás das câmeras, onde parece ter mais liberdades e que talvez esteja muito mais à vontade. O mais insosso do elenco é justamente aquele que venceu o Globo de Ouro de Melhor ator Coadjuvante pelo papel do Barão de Karen, Klaus Maria Brandauer. O ator austríaco é um verdadeiro fenômeno lá, assim como o futebol é no Brasil e o cinema é nos Estados Unidos. O ator é aclamado por todo o país europeu, mas neste "Out of Africa", apesar de sua indicação ao Oscar, não demonstra ser nada além de um coadjuvante normal, que não faz feio e que também não faz nada de mais, simplismente entra em cena, diz as suas falas e sai, do jeito que entrou.

O roteiro de 'Entre Dois Amores', como já foi comentado, é extremamente fiel à obra original. A adaptação ficou a cargo do roteirista Kurt Luedtke, que já trabalhara com Sidney Pollack em 'Ausência de Malícia' de 1981. O script ficou um tanto longo e monótono, mas se é exatamente assim que o livro de Denisen é, o melhor é aproveitar e curtir cada momento de diálogos e cenas prazeirosas, como a cena do inesquecível vôo de avião, que sobrevoa as belíssimas paisagens do Quênia, passando por cima do azul Oceano Índico, as belas colinas e contornando o monte mais alto do país e o segundo maior da África, o "Quênia" com mais de 5.000 metros de altura, que só perde para a magnetude do Monte Kilimanjaro, situado no território da Tanzânia. A impressão que no meio para o final do filme, o roteiro deixa, é que ele demora um pouco para chegar à conclusão que o espectador tanto espera. Passa por detalhes importantes no livfro, mas que poderiam ser facilmente descartados na edição final.

Falando em edição, vamos falar dela. Na minha opinião só funciona nas cenas de golpes de imagens, como na do avião, ou em outras envolvendo os protagonistas, em cavalgadas e tiros. Em relação à duração do filme, como já dito, uns 10 ou 15 minutos poderiam ser tirados fora, caso houvesse uma esperta redução do roteiro, que tem esse problema como o principal defeito, além de ter ocultado importantes passagens do livro que poderia pelo menos entrar no lugar das descartadas, como a do aborto natural que Karen sofre ou no local exato (e mais provável), que ela e Denys se conheceram pela primeira vez.

Nos quesitos técnicos, 'Entre Dois Amores´é um primor de beleza. Cada cena é uma verdadeira pintura. A fotografia sensacional de David Watkin encanta os olhos de todos, com cores africanas, o nascer do sol, a silhueta de pessoas perante à imensidão da reserva nacional do Shaba, onde algumas cenas foram filmadas e amplamente melhoradas em imagem com o competente trabalho de Watkin. Quem também não merece desprezo algum é a equipe de diretores de arte, que incluem Colin Grimes, Cliff Robinson e Herbert Westbrook e o desenhista de produção Stephen B. Grimes, que demoraram mais de um ano para finalizarem os cenários perfeitos que enfeitaram as cenas internas do filme. Após uma profunda pesquisa de Pollack sobre cada detalhe dos locais, da decoração, eles trabalharam fundo e conquistaram, assim como o dietor de fotografiza Watkin, o Oscar em suas respectivas categorias.

Merece destaque ainda mais especial a trilha sonora de John Barry. Considerada pelo American Film Institute (AFI), a 15ª melhor trilha sonora já composta na história do cinema, Barry foi imensamente feliz ao criar um conjunto de faixas musicais que entraram para a história como uma imensidão de idéias e reflexões sobre os problemas que o mundo aflorava no início do século XX, em meio à paisagens exuberantes da África. As músicas de Barry também pontuavam o sentimento de solidão e aventura que a personagem de Meryl Streep, Karen sentia conforme o seu envolvimento com Denys, mostrando ao espectador uma mistura de temas com seus diversificados gêneros.

Os problemas que a produção de Entre Dois Amores enfrentou foram bem poucas na verdade. Eles teriam que conversar com mestres nativos como conseguir figurantes das localidades e como poderiam aproveitar a área deles para filmarem algumas cenas externas. O maior problema mesmo, deve ter sido a cena em que Meryl Streep tenta espantar o leão com o chicote. Naquela cena, o leão deveria estar preso a uma corrente de aço, para caso fosse atacar a atriz, mas ele não estava. Portanto o rosto de horror que Meryl demonstrava na cena era real, e ela estava de fato, correndo um sério perigo de ser atacada por um leão, que apesar de ser treinado, estava faminto de verdade.

"Out of Africa" é um excelente filme de amor, que mistura problemas e acontecimentos históricos em meio a uma paisagem belíssima e melhorada por uma equipe de arte altamente qualificada. Comprovando mais uma vez o talento da inaufraguável Meryl Streep, Sidney Pollack comanda um filme vencedor de 7 Oscars, dos 11 que disputava, além de 3 Globos de Ouro. com um orçamento de US$31 milhões, o diretor e também produtor esntre ao público mais uma adaptação de primeira linha, que como todo roteiro baseado em uma história famosa, possui os problemas de enredo.

Páginas