Saltar para o conteúdo

Críticas

Heróis

0,0

O filme "Push", por intermédio da tradução no Brasil, ganhou o nome de "Heróis". O engraçado é que nem o título original nem o adaptado condizem exatamente com a trama em si. Parecem mais uma mera alusão do que algo definido.

A estória do filme apresenta um jovem, Nick Gant (Chris Evans), que presenciou o assassinato de seu pai, devido a um tipo de poder sobrenatural que ele possuia.

Com o passar dos anos, agora jovem, Nick percebe que herdou a mesma habilidade de seu genitor, e por isso precisa se unir as pessoas certas para escapar dos mesmos agentes que mataram seu pai, estes que pertencem a uma organização que busca aniquilar pessoas que possuem os tais poderes.

Ele encontra Cassie (Dakota Fanning), uma jovem de treze anos que possui o poder de prever o futuro, e se une a ela para manter-se vivo.

Kira (Camilla Belle), uma antiga namorada de Nick, também entra em cena nesta jornada.

Este filme é nada mais nada menos que mais uma história de jovens que, por algum motivo, nasceram com um tipo de mutação genética, resultante no surgimento de super poderes. Contudo, o roteiro sob os cuidados do desconhecido David Bourla, alcançou uma certa peculiaridade. Portanto, mesmo sob uma premissa requentada, o filme tem lá sua originalidade.

Embora, relevando as questões positivas do filme citadas acima, os problemas que o mesmo possui, prejudicam e muito (!) o resultado.

O discorrer da estória que poderia ser bem aproveitado, acaba se perdendo, dando origem a um desenvolvimento altamente superficial, graças a uma direção incauta.

A explicação da trama - lacônica e pouco detalhista - basicamente limitou-se ao prólogo do filme.

Até tentaram compensar a escassez de conteúdo com cenas de ação, porém, as mesmas não foram suficientes. Assim, tudo ficou com um aspecto comedido, dando ao público apenas um vislumbre do que poderia ser o universo dos tais Heróis.

É claro que se vê efeitos especiais, cenas de luta, o último ato bem movimentado, mas mesmo assim faltou consistência.

O próprio protagonista Nick, desconhece a probidade do seu poder - ele consegue com o movimento das mãos lançar coisas ao longe - , e passa o filme todo tentando dominar o mesmo, sem conseguir assimilar em quê isso pode acarretar.

Quanto aos poderes dos personagens, no geral, são todos simples, quase não necessitando de recursos digitais para apresentá-los.

Uns lêem mentes, outros prevêm o futuro, outros emitem um som de grande potência, atordoando o adversário... ou seja, nada que já não tenha sido visto.

O poder mais interessante mesmo é o de Nick, entretanto, essa habilidade, como foi supracitada, é pouco explorada.

Em todas as cenas o poder dele é mostrado sem a grandiosidade com que é apresentada no cartaz do filme. O máximo que se vê são objetos pequenos voando, ou pessoas sendo empurradas. E tudo bem desconcertado, já que o mocinho ainda não sabe usar seu "dom'.

Agora, analisando os atores que encorpam o elenco, eu gostei de Chris Evans ("O quarteto Fantástico") no papel de Nick, que se mostrou à vontade junto às cenas de ação. Carismático, ele, hoje, está mais convincente como ator.

Camilla Belle ("10.000 a.C."), como Kira, está mais bonita do que talentosa. A inexpressão dela e a falta de química com Nick, incomodam.

Ja a brilhante Dakota Fanning ("Guerra dos mundos"), foi a responsável por roubar as cenas, interpretando a adolescente Cassie, mesmo com o papel não exigindo tanto dela.

Foi inusitado vê-la bêbada em uma cena do filme. Um tanto polêmico pela idade da personagem, mas como ela é especialista em atuações de vanguarda, isso passará batido.

Em suma maioria, o filme é moldado às regras do gênero, tornando-se fácil o trabalho de identificar referências de outros filmes, como, por exemplo, "Jumper (2008)".

O enredo de ambos segue o mesmo clima e a mesma composição rasa. Entretanto, a similaridade não se restringe aqui.

Na verdade, o filme "X-men" parece ter sido a grande fonte de inspiração de "Heróis (Push)". É como se o diretor Paul McGuigan, tivesse a intenção de criar uma versão teen alternativa com essa estória que, não pode negar sua procedência.

Enfim, se o público não se importar com o rápido desfecho, o proveito será satisfatório, afinal, o filme não é de todo ruím.

Críticas

0,0

Biografia fictícia segura é um primor de técnica amparada em uma música decididamente divina. Toda a ambiguidade do protagonista ,que é justamente o vilão da história, é explorada de maneira brilhante por Forman, de maneira que longe de o julgarmos por isso, nos faz identificarmos em sua personagem um pouco do que é inveja e do que é admiração, afinal tão tênue fronteira é mais que comum na vida de todos os seres humanos.

A história acontece na visão de Salieri, antigo músico da corte real, e a suas reações de admiração e inveja pelo talento de um infante incoveniente, mais de um talento inigualável chamado Mozart. Em forma de flashbacks contados por Salieri, o filme vai tocando suas histórias e nos dando condições de julgar seu protagonista.

De incrível ambientação, Amadeus figura certamente entre uma das melhores e eficientes - não necessariamente mais cusotosas - produções. Tudo é perfeitamente encaixado a trama, de maneira que não há exageiros visuais, o de cenários que venham a atrapalhar o que realmente importa. Vemos poucas vezes a câmera desviar do foco principal que são seus protagonistas - só por analogia, é corrente no cinema atual mostrar longos planos de cameras aéreas percorrendo a paisagem do local, ou o despretencioso olhar do personagem para o cenário estonteante que o cerca, desvios/vícios estilísicos que apenas passam de chamariz para o grande público, afianal são essas cenas que vão parar nos trailers "mostrando" o filme.

Milos Forman é um Diretor de experiência, que sabe controlar de maneira capital as situações de seu filme, amparado no roteiro de Peter Shaffer não deixa que seu filme caia em lugares comuns, como excessos de debates verborrágicos ou concertos musicais longos e cansativos. A história vai se desenrolando sem jamais perder rítmo ou sair de foco.

Um filme que tornou-se um marco do cinema, principalmente dos anos 80, quando Hollywood perdera muito do brilho de outros tempos. Revolucionário pela forma como é mostrado o duelo de personalidades, graças principalmente a consistente atuação de F. Murray Abraham, como Salieri, e Tom Hulce, como Mozart. Forman consegui fazer uma particular obra, uma grande adaptação biográfica, rica na recriação de gestos e cenários, um filme marcante.

Críticas

0,0

Batman é, de longe, o filme menos expessivo de Tim Burton, aquele que mais demonstra a falta de capacidade do diretor em dar sentido a sua linguagem, tão original, tão valorizada após os bons frutos de Ed Wood e Edward Mãos de Tesoura. É um filme ruim de visual belo, que tem atuações canhestras em personagens humilhantemente mal construídos. Nicholson em sua pior atuação da carreira, sem dúvidas.

Embora utilize, talvez, de influências como o Expressionismo alemão - sua Gothan City não dispa muito da Metropolis de Fritz Lang -, e realmente consiga esmerrado resultado, primorístico em termos de arte visual, e ainda conte com uma segura Trilha Sonora, o filme não escapa de ser uma grande bobagem, que não consegue sequer da força a seu protagonista.

Burton está sem mão no filme, aliás, muito de seus filmes são acusados de não terem umaDireção consisa, um roteiro cativante, sendo por isso, mais visual que conteúdo. Acredito que uns sim, outros não, certo é a constante irregularidade nos filmes de Burton, que embora seja ciente de suas grandes capacidades, ainda padece de provar um algo mais em seus filmes.

Nesse Batman, "conhecemos", ou, mais precisamente, chegamos perto de conhecer sem jamais entender direito o porque, de Bruce Wayne tornar-se Batman, seus motivos pessoais, que o levaram a combater o crime em Gothan City gastando sua considerável fortuna. Um difícil desafio- na realidade nem tanto assim - surge quando Coringa, um novo bandidão tenta controlar toda a cidade através de um novo cosmético.

Na pele de Batman está o apático Michael Keaton, inexpressível e fora do tom do personagem, vemso que nem a tentativa de Burton de o "humanizar", tornando-o um herói nem tão invensível assim, visto que ele toma algumas consideráveis pancadas em suas lutas, e não demonstre nem de longe as habilidades marciais de heróis do escalão de Homen Aranha, ou mesmo do Batman-tech-sansêi de Nolan. Coringa é interpretado por Nicholson, mais caricato do que nunca o personagem rouba o filme com uma história mal contada, embora arduamente explorada, o roteiro transita justamente pela reação amorosa de Bruce Wayne e Vicki Vale - a tradicional e clichê, mocinha dos filmes de Burton -, intepretada pela bela Kim Basinger, e os surtos de poder de Coringa para contra seus adversários rabiscados no roteiro. Há outros que também dão as caras, o mordomo Alfred, interpretado por Michael Gough, está um tremendo de um bobão/babão de Wayne, se um pingo de alma, um fantoche frente as excentricidades de seu patrão. Harvey Dent - Billy Dee Williams - e James Gordon - mostram apenas suas figuras, sem jamais esboçarem partcipar do dueto tramático - Wayene/Vicky Vale - Coringa.

Seu roteiro desmantelado dá a história um aspecto de filme gângter dos 30, para depois, subitamente, ter um surto artístico e acabar como blockbuster. Burton na Direção tentou dar a sua cara pro filme, mais acabou transformando-o em uma aberração que não fala por si.

Como dito a Gothan Expressionista de Burton muito supera visualmente a "Las Vegas" - ou Paris - de Nolan, a Gothan de Burton tem a alma de uma Gothan City. O filme merecidamente ganhara o Oscar de Direção de Arte à sua época, é brilhante, cativa, principamente nos primeiros e últimos minutos.

Enfim, longe de ser uma consistente adaptação ao quadrinho, e mais distante ainda de ser bom cinema, Batman acaba mostrando tudo ao avesso: o humor negro de Coringa inexiste, Batman não é um super-herói firme, Wayne não é um playboy, e Burton é um diretor frágil aqui.

Críticas

Felicidade Não Se Compra, A

0,0

Bom, verdade seja dita, este filme de Frank Capra tem muito que se lhe diga!

A Felicidade Não Se Compra é uma obra poderosa, que nos pode fazer tanto rir como chorar.

Frank Capra dirige aqui um filme com algumas ideias muito originais e divertidas, que contribuem ainda mais para a magia que o filme tem. O melhor exemplo é a conversa que se passa lá em cima, na qual, para representar Deus a falar com José e com o anjo Clarence, vemos uma data de diferentes estrelas a brilhar de cada vez que cada um d’Eles fala. Claro que a conversa entre Eles ficou um bocado informal, mas a beleza da cena compensou. E a ideia que Clarence está a ver uma espécie de vídeo que pode ter interferências e ser parado também foi muito boa. Achei-as ideias muito divertidas.

O vídeo começou por mostrar a infância de George Bailey. Na altura, não compreendi o porquê dessa parte, porque Clarence tinha de ajudar um homem adulto. Mas essa parte da vida de George foi muito agradável de se ver. Ele e os seus amigos eram crianças muito engraçadas, inocentes e animadas. E o romance entre as crianças ficou muito bem trabalhado, pois mostrou uma clássica relação de amor-ódio entre duas pessoas que resmungam muito, mas, no fundo, não fazem mal a uma mosca. E ainda em relação às crianças, gostei muito de actuação do rapaz que fez de George em pequeno na parte em que ele falava com o farmacêutico, a chorar.

Nesta altura, já eu me perguntava quando iria começar a parte-chave do filme – o Clarence a mostrar a George como as coisas seriam se ele não tivesse nascido. Mais tarde, perceberia que, à semelhança de Quem Quer Ser um Milionário, este filme conta uma história que parece dispensável, mas que depois se revela muito importante para a magia do filme em si.

À medida que conhecia George, cada vez gostava mais dele. Ao princípio, achava-o um infeliz que tinha ficado preso à sua terra. Mas o homem mostrou ser uma excelente pessoa, amiga de toda a gente, e até corajoso para lutar contra o homem que dominava a cidade (que, curiosamente, se chamava Henry Potter). George foi uma espécie de Mahatma Gandhi. Ganhei uma grande afeição por ele. E por Mary também. Ela mostrou ter mudado imenso ao crescer, e tornou-se uma mulher com a cabeça no sítio, linda e encantadora. Entretanto, a história passava e eu sorria ao vê-la. Desde a maravilhosa cena da piscina até a história do acto heróico de Harry Bailey.

Infelizmente, na parte em que tudo começa a correr mal para George, o filme passa por uma parte que estragou o saldo final. Sabem, há filmes que são ou têm partes de um género involuntário. Filmes a que se pode chamar os filmes de género involuntário. Há comédias involuntárias, terrores involuntários, dramas involuntários, etc. E o que eu menos gosto é o género terror involuntário. Como exemplo deste género, temos filmes como WALL.E, Uma Verdade Inconveniente e agora, este filme. Teve uma parte de terror involuntário que me marcou pela negativa. É a parte em que George chega a casa e faz com que todos os da sua família fiquem para morrer. Há poucas coisas que eu goste menos do que famílias perfeitas que ficam desfeitas. E, além disso, estas cenas lembram-nos a realidade: praticamente todas as famílias são bombas à espera de explodir, e que o melhor é tornarmo-nos adultos o mais depressa possível para não estarmos cá quando a nossa explodir.

Ainda eu estava com dificuldade em engolir a tal cena, chega finalmente o grande momento do filme: George tenta matar-se e Clarence salva-o e mostra-lhe como seria a vida dos amigos de George se ele se matasse. Mostram-nos episódios muito bem pensados e, por vezes, divertidos. Foram os melhores momentos do filme. E, como era de esperar, George desejou voltar a viver. E aí, vemos muitas cenas cheias mágicas, em que George está feliz da vida e os amigos o vêm ajudar com o dinheiro. São cenas lindas. No entanto, houve algo nessas cenas que ficou completamente inverosímil: o facto de as crianças já não estarem “traumatizadas” com o pai e o aceitarem logo de volta e sorrirem com ele. As crianças (pelo menos, as de hoje) não são assim. Para elas, cenas como a que George fez em casa são um punhal que demora um segundo a ser cravado na sua memória e um ano a ser retirado. A possibilidade de ver uma família destruída é vista pelas crianças não com medo, mas com pânico. Mas enfim, tirando isso, a parte em que George quer celebrar a vida ficou magnífica.

A Felicidade Não se Compra é um grande filme de Frank Capra, sem dúvida. Se é uma obra-prima? Bom, eu diria que sim, pela maneira como o filme nos consegue envolver e fazer apoiar fortemente George e os seus amigos. É um belo filme, que seria perfeito se não fosse a tal cena de terror involuntário.

Críticas

Flores Partidas

0,0

Não sou grande fã dos filmes de Jim Jarmusch (Estranhos no Paraíso) – grande parte deles eu nem conheço. O que realmente me atraiu a Flores Partidas (Broken Flowers), novo filme do diretor e roteirista, foi a participação de Bill Murray (Encontros e Desencontros), que teve Don Johnston, personagem principal do filme aqui criticado, criado especialmente para ele. Murray, ultimamente, vem fazendo bons trabalhos, como Três é Demais e Encontros e Desencontros, sendo, por este, indicado ao Oscar de Melhor Ator.

Em Flores Partidas, Murray vive Don Johnston, um playboy de meia-idade que vive como um Don Juan, passando de um relacionamento ao outro, sem se apegar a nada nem a ninguém. Porém, a quietação de Don acaba quando ele recebe uma carta de envelope cor-de-rosa, sem assinatura ou remetente, onde alguma das suas antigas namoradas diz ter um filho dele, e que esse filho, agora com dezenove anos, saiu a procura de seu pai. Impulsionado pelo vizinho Winston, jocosamente vivido por Jeffrey Wright, Don sai em uma viagem à procura das possíveis mães de seu filho.

É incrível como a interpretação de Bill Murray em Flores Partidas é extremamente semelhante à sua em Encontros e Desencontros, os personagens são praticamente iguais, e Bill está tão bem em Flores Partidas como esteve no filme de Sofia Coppola. O ar de marasmo e indiferença continua, a tristeza e melancolia com algumas piadas sutis são iguais. O fato é que Bill cai perfeitamente bem nesse perfil de “quem caiu na Terra por engano e não sabe exatamente o que está fazendo neste planeta”, como já disse o crítico Celso Sabadin.

O restante do elenco é repleto de estrelas. As ex-namoradas de Don são vividas por atrizes do nipe de Tilda Swinton, Julie Delpy e Sharon Stone. Porém, entre os coadjuvantes, quem merece forte destaque é Jeffrey Wright, que vive o engraçadíssimo Winston, o vizinho metido a investigador. Winston leva uma vida totalmente diferente daquela vivida pelo personagem de Murray, com mulher e vários filhos. É ele quem planeja meticulosamente toda a viagem de Don.

Tudo no filme, da fotografia acinzentada e sem cor à trilha sonora repetitiva, expressa a apatia de Don por aquilo que o cerca, por toda a sua vida. É impressionante como nós, espectadores, vamos, assim como o personagem de Murray, aos poucos, ficando cada vez mais intrigados em descobrir quem é a mãe do filho de Bill, observando qualquer suspeita, qualquer objeto rosa ou a máquina de escrever – dicas dadas pelo vizinho de Don.

Do mesmo modo que não vemos nada de interessante no início do filme, Don Johnston não vê em sua apática vida, mas, a partir do momento que sabemos da possível existência de um filho, vamos, nós e Don, juntos, ficando mais vinculados ao filme e à vida, respectivamente.

Ao final do filme, já não importa mais quem é o filho de Don, quem é a mãe, ou se esse filho realmente existe. O que importa é a conclusão de Don, da necessidade de vivermos o presente momento, de não termos medo de viver, de não passarmos pela vida apenas por passar, e é a partir da possibilidade da existência de um filho, um vínculo material com o mundo, que o personagem de Murray percebe isso.

Críticas

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

0,0

"Feliz é a inocente vestal!

Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

Toda prece é ouvida, toda graça se alcança"

Alexander Pope

I need your loving like the sunshine

And everybody's gotta learn sometime

Everybody's gotta learn sometime

Everybody's gotta learn sometime

beck - Everybody's gotta learn sometime

sinopse

Joel(Jim Carrey), depois de ser apagado ,literalmente, da memória de sua ex,decide fazer o mesmo por estar sofrendo muito com isso. Só que no meio do "procedimento" ele resolve desistir, acabando por enfrentar uma enxurrada de memórias loucas e apaixonantes que não deveriam ser esquecidas.

-caso um

Joel é um rapaz normal, como a maioria das pessoas, que acaba tendo um relacionamento, que também pode ser visto como normal, só que da errado como qualquer outro poderia dar. Só que como a maioria das pessoas que vivem no mundo real, Joel não se esquece da pessoa com quem ele teve esse relacionamento.

Até onde a normalidade pode levar agente?

Clementine é uma garota normal e extrovertida,também pode ser vista como engraçada , que adentra em um relacionamento novo e totalmente comum que vive de seus esforços para que seja alegre. Um dia no ápice dos conflitos que ela vem tendo nele, ela decide ir embora e deixar a pessoa com quem estava relacionada. Só que ela encontra uma clínica que "apaga" as memórias das pessoas. Não só memórias de relações amorosas, como qualquer memória que você sinta incomodado e deseja esquecer.

*

CLEMENTINE

(approaching reception area)

Yeah, hi, I have a one o'clock with Dr.

Mierzwiak. Clementine Kruczynski.

*

O procedimento funciona muito bem e ela acaba por esquecer seu ex-companheiro.

Joel Barish está desolado, ainda mais depois de descobrir que sua amada ou ex-amada o apagou de sua mente. Ele se sente um "nada" no meio do mundo por ter sido esquecido dele.

*

JOEL

Even then I didn't believe you entirely.

I thought how could you be talking to me

if you couldn't talk to people?

*

Clementine começa a se relacionar com outro cara que trabalha na clínica onde ela se consultou para ter sua memória apagada. Só que ele usa as memórias obtidas pelo médico de Clementine do seu par, para usar com ela e fazê-la se apaixonar por ele. O que até certo ponto da certo. Só que é impossível ser a mesma pessoa ou suprir tudo que uma pessoa que passou pela gente tenha feito. Pois cada pessoa é um, e cada uma tem seu jeito, suas necessidades, seu tipo de romance, sua história. E quando você copia isso delas você só está sendo ela ao invés de você.

*

PATRICK

Oh, baby, what's going on?

CLEMENTINE

I don't know. I'm lost. I'm scared. I

feel like I'm disappearing. I'm getting

old and nothing makes any sense to me.

*

Joel resolve fazer o mesmo procedimento que sua ex-amada e vai até a mesma clínica que ela freqüentou pra apagá-lo. Conhece o Dr. MIERZWIAK, e descobre, ainda meio desconfiado que é possível realmente fazer o procedimento. De certa forma é para se vingar da mulher que o apagou do mundo, que quis ignorar sua existência, qua não estava mais ao seu lado. Engraçado como nós vivemos para amar. O amor dita as regras por pior que o ser humano possa ser. Amar é necessário, ser amado também. Sem amor estamos fora da sociedade do mesmo jeito que sem interar com as outras pessoas. O amor pode até ser subjetivo, mas é a púnica coisa que faz o mundo ser perfeito.

*

JOEL

Is there any sort of risk of brain

damage?

MIERZWIAK

Well, technically, the procedure itself

is brain damage, but on a par with a

night of heavy drinking. Nothing you'll

miss.

*

Clementine se sente vazia por dentro. Não sabe o que há de errado. Só sabe que está errado. Patrick, seu novo companheiro "trapaceiro" tenta alegrá-la dando um presente já recebido por ela e a faz pensar mais ainda se ela está em um mundo real ou não, pois é uma eterna aparição de deja vus que só transtornam mais sua mente, fazendo se questionar se é original o que está vendo ou se é cópia. Charles Kauffman mexe não só com a cabeça de Clementine, como pertuba a nossa desde o início fora de ordem até os momentos cronológicos passando pelos não-lineares e retornando aos cronológicos que por fim, acaba em um momento totalmente fora de órbita.

*

CLEMENTINE

Um, well, he's a fucking tidy one --

*

O procedimento na cabeça de Joel tem início e ele começa a ter suas lembranças apagadas, mas nãos as gerais, só as que sua ex aparece. Os últimos momentos que passaram juntos foram os mais desagradáveis do relacionamento fazendo então esse ser destruído por alguns conflitos e discussões que podem até ser taxados de "bestas". Joel vê ali, o tanto que foi útil ter contratado o pessoal da clínica para apagar suas memória, tão desagradáveis e inquietantes. Mas quando,pela primeira vez, ele vê uma de suas melhores memórias ir junto com as piores, descobre que não adianta apagá-la de sua mente, mas sim manter a ex pela simples razão de nossas memórias serem agradáveis e desagradáveis como qualquer coisa antagônica no mundo, só que resta perceber que é também importante, Cada fragmento de nossas memórias serve para algo. Cada lembrança ruim nos guia por um lugar contrário ao que tivemos antes. E Por melhores que sejam nossas memórias, elas nos levarão à lugares extremamente lindos e reconfortantes, onde podemos chorar, sorrir ou ficar resfriado. Michel Goldry faz maravilhas com sua equipe e também nos leva à um tour inimaginável até pelo roteirista onde assusta pela beleza e pela complexidade. Neste momento nós entramos na cabeça de Joel e passeamos com ele o tempo todo, pois conforme suas memórias são apagadas, seu eu interior as perseguirá e supervisionará até que o trabalho seja feito. Só que Goldry e Kauffman fazem desse "eu interior" um protagonista que nos emociona e brilha na pele de Jim Carrey.

*

JOEL

I just don't have anything very

interesting about my life.

*

A ex-amada de Joel era Clementine. E o de Clementine era Joel. Ela aparece em todas as memórias que estão sendo apagadas pelo processo . Nós os conhecemos melhor e descobrimos quais foram os pontos altos e baixos do relacionamento. Percebemos que a quase um zero de desentendimentos, que são, por vezes até normais, e vemos que eles eram um casal realmente feliz e contente, até o tempo passar e uns defeitos aparecerem e atrapalhar o relacionamento, que podia ate ser visto como perfeito, mas que no fim acabou por besteira dos envolvidos. Nós temos que aprender muito com o filme. Ele ensina que nós devemos prestar mais atenção nas coisas realmente importantes, como alegria e felicidade, do que ficarmos sempre brigando uns com os outros. Na clínica não são só pessoas feridas por relacionamentos amorosos que vão com mais frequência, vemos que pessoas que perderam parentes também vão muito e pessoas que querem esquecer amigos só por que estão brigados um com o outro. Nós somos ignorantes certas vezes , porque ao invés de contribuirmos com a felicidade das pessoas que convivemos , nós brigamos mais do que passamos momentos felizes. Nossa mãe esta sempre ao nosso lado, só que nós só queremos coisas materiais do que um abraço ou um beijo. Nós vivemos de remorsos por nossos atos cometidos aqui, e por isso na maioria das vezes, nós desejamos que uma clínica como a do filme apareça para nós podermos nos livrarmos de tudo que nos incomoda.

*

BOYS

C'mon, Joel, you have to. Do it already.

Joel doesn't want to. Clementine watches.

JOEL

I can't. I have to go home. I'll do it

later.

*

Para salvar as memórias que ainda restam de Clementine(em sua maioria, os melhores momentos) Joel consegue um jeito de infligir a lei da mente e acaba levando Clementine para sua infância e puberdade. Talvez um dos momentos mais tocantes seja quando Joel aparece pela primeira vez feliz com sua bicicleta. Emociona tanto que é difícil de explicar. Aqui o diretor e Kauffman ironizam um pouco do filme por meio de cenas extremamente tocantes e lindas o tato que memórias são importantes para nossa formação. La na clínica, tinham pessoas querendo fazer mais de uma consulta por semana, o que era proibido, é claro. Mas quando Joel volta a infância ele também nos remete a momentos da nossa. Momentos que nos emocionam de tão bons ou ruins. Só que momentos verdadeiros. Mesmo que sejamos criaturas emocionais nós precisamos dos baques da vida para sermos nós - mesmos. Nós não tivemos só bons momentos na infância, nós sofremos também, é claro, de certa forma. Mas sem as partes ruins, talvez não nos emocionasse tanto, os momentos bons, se nós não lembrássemos do que passamos nos ruins. E é isso que Joel faz que Clementine não fez, ele percebe o tanto que nossas memórias, ruins ou boas são importantíssimas para felicidade, pois são as tristes que nos fazem sorrir com as alegres.

"Sem o amargo o doce não é tão doce".(Vanila sky)

*

CLEMENTINE

(calling over the rumble)

Hi!

Joel looks over.

JOEL

I'm sorry.

CLEMENTINE

Why?

JOEL

Why what?

CLEMENTINE

Why are you sorry? I just said hi.

JOEL

No, I didn't know if you were talking to

me, so...

*

O começo do filme é na verdade todo o final e todas as pistas necessárias para o entendiento do filme. Desde a primeira cena ele nos revela que Joel teve uma noite diferente do habitual e levanta de um jeito estranho. Falta trabalho e do nada resolve ir para uma praia em um dia extremamente congelante. Mas com um dos melhores momentos do casal nós percebemos que um foi feito pro outro. Mesmo não sendo o maior caso de amor da história, essas pessoas comuns nos fazem pensar em nossas vidas. "Será que eu amei alguém de verdade e acabei com ela?", ou "será que a vida é mais bela do que eu vejo?". Talvez este seja o filme mais romântico da década, pela sua criatividade, originalidade e diferenciações dos demais romances lançados nela.

I need your loving like the sunshine

And everybody's gotta learn sometime

Everybody's gotta learn sometime

Everybody's gotta learn sometime

beck - Everybody's gotta learn sometime

sinopse 2

Um casal se encontra em um trem após uma visita na a uma praia e acabam se encantando um com o outro. Só que com um tempo , eles começam um relacionamento que terá um fim meio ruím, mas que modificará a vida de cada um.

caso dois

Michel Gondry dá um banho em muitos diretores experientes ao criar a maior fábula "não-fábulosa" do século XXI até agora.

Ele tira todo o roteiro de ordem com sua montagem espetacular (talvez a melhor da década também). Mas o roteiro já é amalucado por ele mesmo. Nem precisava do diretor fragmentá-lo. Mas ele o faz e o tranforma em um clássico moderno já cultuado a amado por uma leva excessiva de gente.

Primeiro o final, depois o segundo final, aí o meio, depois o começo e por assim vai. Aulas e aulas de cinema são traçadas nessa película grandiosamente perfeita.

Não tem o que se falar. Ma seu deixo aqui minha reflexão:

Dê valor a cada pessoa que passar por sua vida, pois mesmo se ela não ficar para sempre,ela vai te levar a algum lugar que só ela conhece e só você sentirá com ela, ninguém mais.

*

CLEMENTINE (CONT'D)

(poking her head downstairs)

What if you stay this time?

JOEL

I walked out the door. There's no more

memory.

CLEMENTINE

Come back and make up a good-bye at

least. Let's pretend we had one.

Clementine comes downstairs, vague and robotic, making her

way through the decaying environment.

CLEMENTINE (CONT'D)

Bye, Joel.

JOEL

I love you.

She smiles. They kiss. It fades.

*

Críticas

Ovelha Negra

0,0

“Henry, que tem horror a ovelhas, segue o conselho de seu terapeuta e retorna a fazenda de seus pais para vender a parte que lhe cabe a seu irmão mais velho. Lá, Angus transformou a fazenda, abrindo-a a novas experiências com a genética. É na própria fazenda que as experiências são experimentadas. No mesmo dia em que retorna ao local, ativistas ecológicos, buscam informações sobre a denúncia de maus tratos aos animais. No afã de comprovar as delações, eles acabam por liberar um feto de ovelha mutante do laboratório secreto. Um flagelo por descuido tem início e todas as ovelhas vão se transformar em predadores ameaçadores. Os humanos que são poupados da morte, se transformam em mutantes monstruosos.”

Os roteiros que enveredam pelo horror ou o sobrenatural geralmente carecem de uma maior acuidade intelectual. Não é diferente com esse exemplar oriundo da Nova Zelândia. Contudo pelo menos o interesse em se retratar um animal dócil e domesticável, como o avatar do mal, tem lá suas explicações. É o que procurarei tratar nesse breve comentário.

Todo perigo aumenta, quanto mais depender da superação de quem se encontra frente a ele. No caso de Henry, o seu contato com uma ovelha já era um trabalho hercúleo. Que dirá se esse animal se transformasse em um ser temido por todos.

No seu início o filme mostra que Angus desde a infância tinha um prazer doentio em assustar seu irmão menor: Henry. Tal era executado as costas de seus pais. Henry fica traumatizado após uma brincadeira de mau gosto e cria um pavor em relação às ovelhas. Tal choque foi tamanho que ele passou a morar na cidade, passando a fazer terapia para suplantar o dano causado. O roteiro tenta assim aumentar o feito de seu suposto herói quando ele se deparar com o mal que terá de enfrentar.

Outro mote comum a produções como esta é de se seguir o caminho aberto por Frankenstein. O homem que ousa brincar de Deus. Nunca é demais lembrar que Frankenstein não é a criatura, é o nome do criador do horror. É aquele que ousa romper os limites. Aqui Frankenstein é representado por Angus, que busca a ovelha perfeita, fazendo uso da genética. Os ativistas ecológicos representariam aqui os juízes que alertam para os excessos do homem que se julga Deus.

Falei no início que a escolha da ovelha tinha lá suas motivações inconscientes. Ainda que não dito, um dos responsáveis pela boa aceitação da película na Europa, foi o animal escolhido. Ora, os problemas causados pela aparição de novas doenças em suas criações é algo que perturba. A “vaca louca”, bem como outras viroses oriundas dos rebanhos que nos servirão de alimentos assusta. De certa forma tal é causado pelo próprio homem. Seria a vaca um animal carnívoro? Seria ela também canibal? Quem afoitamente respondeu “não” as indagações caiu em um erro. Nos dias de hoje vacas, bois, ovelhas, peixes que não o eram, tornaram-se. As rações destinadas a esses animais que ficam enclausurados durante o inverno, têm em sua composição carne, às vezes oriundas da própria raça. O homem interfere de maneira inconsciente(?) no processo alimentar de milênios.

Como podemos ver, nós estamos preparados para aceitar o horror advindo de tal lugar, já que ele nasce do fato de relegarmos como um mal menor, as composições das rações dadas aos animais cuja carne servirá como nosso alimento. Tal filme em muitos países, faz com que o horror seja crível por demais.

O filme em si é composto de duas partes bem distintas. A primeira serve para nos apresentar os personagens. Lá, já percebemos que Angus representará o lado negativo que deve ser combatido. Os demais personagens se aliarão em sua maioria em torno de Henry, exceto os cientistas.

Não posso dizer que não gostei do desafio a que se propôs o diretor. Tratar de ovinos assassinos é algo que demonstra coragem. A questão é que seu diretor acabou não primando nem por um horror onde a sutileza passava ao longe, nem por algo mais introspectivo ou filosófico. O filme acabou enveredando por um horror que ele acredita com toques de humor negro. Eis ai o problema, não existe humor negro. O que ele nos apresenta é algo próximo da imbecilidade. Falta aprofundamento dos personagens. É impossível que cientistas sejam tão pouco inteligentes para se oferecerem de repasto aos monstros que criaram, por falta de cuidados para com a sua segurança. Angus, que é um ser todo calculista, também descamba para a inconseqüência. Os jovens ativistas soam como inconseqüentes demais. Quereria a direção mostrar tais indivíduos como fanáticos? A questão levantada pelo filme, não deveria ter descambada para cenas que ora passeiam pela vulgaridade, pelo non sense e pela violência cheia de hemoglobina. Acredito até que ele visa atingir aqueles que não desejam fazer questionamentos. Esse é o defeito maior do filme. Poderia ousar, mas não o quis. E estragar por falta de coragem um tema tão promissor é algo que choca mais do que as muitas idiotices que ele colocou na tela.

Uma pena.

Críticas

Irreversível

0,0

O melhor filme francês que já vi, ao menos é o mais forte e intenso. Irreversível é uma história contada de trás para frente, com algumas cenas violentas e angustiantes, que nos coloca uma questão: o que na verdade é irreversível?

Os créditos aparecem no início (apesar de não ser novidade por já ter sido utilizado dois anos antes em Amnésia), mostrando que o filme pode ter alguma coisa de diferente. E realmente, começa pelo fim. O seu início-fim é uma cena com dois senhores conversando sobre a vida. Um deles diz “O tempo destrói tudo”, e então começam a filosofar sobre o comportamento dos seres humanos. Logo ouvimos sirenes e gritos, vem de um reduto gay que fica próximo ao lugar onde os dois homens conversam.

Marcus (Vincent Cassel) e Pierre (Albert Dupontel) estão no tal reduto gay, procurando um homem conhecido como TNA. Agem com certa violência com os freqüentadores do local, parecem estar descontrolados e desesperados para encontrar o tal homem. As cenas nesse reduto são agressivas. Primeiro pelas cenas de sexo sadomasoquistas, que, se não são explícitas, são quase isso, com pessoas transando e se masturbando. Marcus e Pierre se desentendem com outros dois homens, causando uma das cenas mais violentas do filme: o espancamento até à morte de um dos homens por um outro que batia nele com um extintor de incêndio. Outra cena que surpreende pela sua crueza é o estupro e o espancamento de uma mulher em um túnel da cidade.

A fotografia prima pelo escuro, com cenas à meia-luz, em sua maioria. Mas um dos pontos mais interessantes do filme é o movimento da câmera, que nunca é estanque. Vai e vem, balança o tempo todo, praticamente gira 180 graus, como se, ironicamente, quisesse reverter alguma coisa. Na cena da briga no reduto gay, ela chega a ser nauseante, ajudada pelo psicodelismo da trilha sonora, que dá uma sensação de um efeito provocado por uma droga ou álcool. Afinal, a vida em si não seria uma droga consumida diariamente e que nos leva ao fim, irremediavelmente, irreversivelmente? É o que chegamos a pensar quando vemos a sucessão de cenas e de acontecimentos. Há coisas que nos são irreversíveis, principalmente nossos atos.

O filme só não é perfeito porque à medida que vai se descobrindo sua trama, principalmente depois de sua metade, a narrativa passa a se tornar um tanto quanto previsível e entediante (principalmente no diálogo dentro do metrô). Apesar de violento e forte, Irreversível não é um filme exagerado. É um filme que mostra a crueza da violência nos grandes centros, a fúria que há dentro dos seres humanos e a irreversibilidade das coisas e da vida. E a última frase do filme no seu fim-início, é justamente a primeira do seu início-fim: “O tempo destrói tudo”.

Críticas

Felicidade Não Se Compra, A

0,0

[Filme de Frank Capra celebra a capacidade do povo americano de superar as adversidades ]

Todo mundo sabe das benesses trazidas pela Segunda Guerra Mundial aos Estados Unidos. A vitória no conflito posicionou o país no epicentro do planeta, tornando-o um símbolo de prosperidade, de novos valores e da nova ordem mundial. Mas foi mais que isso. Foi também um contraponto; uma redenção à crise financeira que assolou o país em 1929.

Frank Capra talvez tenha percebido isso. Em A felicidade não se compra o diretor celebra a força e a determinação do povo americano que cai e se levanta, passa por altos e baixos e ressurge duma queda ainda mais forte. É também um tratado sobre o valor da amizade, das boas ações e da fé. Todos esses ideais que o diretor ítalo-americano imaginou à sociedade americana estão centrados na figura de George Bailey, o protagonista da história vivido por James Stewart.

Tudo começa com uma pitada de fantasia do cineasta. Um anjo trapalhão é enviado à Terra para salvar um homem do suicídio. Esse homem é George Bailey. Mas antes de nos inteirarmos sobre os desdobramentos que o levaram a isso, o enviado passa a visualizar lá do princípio o que aconteceu na vida do desafortunado.

Desde cedo, George já era inclinado a ajudar as pessoas. Na infância, ele salva a vida do irmão que se afogava num lago. Seu altruísmo lhe vale a surdez do ouvido esquerdo. Na adolescência, ele impede que o patrão farmacêutico entregue acidentalmente veneno a uma criança. Já adulto trabalha para o pai numa instituição financeira que realiza empréstimos a juros baixos. Seu grande sonho é ser engenheiro para construir imóveis e de quebra acabar com a ganância do bancário Sr. Potter (Lionel Barrymore) na região. Logo os dois se tornarão grandes inimigos.

Quando está prestes a ingressar na faculdade, seu pai acaba falecendo o que o obriga a ficar na cidade tomando conta dos negócios. Nesse meio tempo casa-se com Mary Hatch (Dona Reed) o grande amor da sua vida. Durante a Depressão Americana, George é um dos únicos empresários que não são afetados pela crise. Sua honestidade, porém, faz com que leve os negócios adiante com recursos apertados.

Quando um funcionário perde alta quantia em dinheiro da empresa, George acaba numa cilada armada pelo Sr. Potter. A única saída para que ele não seja acusado pela receita de desviar o dinheiro é recuperando a quantia. Desesperado, ele tenta se jogar duma ponte. E é nesse momento que ele é salvo pelo anjo da guarda. Transtornado, George reclama da intervenção e deseja nunca ter nascido. O anjo faz da sua vontade uma ordem. Só assim, ele perceberá como a vida das pessoas da cidade seria diferente sem a sua existência.

Embora já tenha dado muitos detalhes sobre a trama, advirto que isso é apenas uma ponta do iceberg dos acontecimentos do filme. Há ainda muitas outras passagens interessantes na vida de George, que é permeada de altos e baixos. Algumas cenas são memoráveis como a que ele salva a criança do envenenamento e outras de cortar o coração como a discussão com os filhos quando está prestes a perder a empresa. A cena final se passa no Natal é uma das mais comoventes já feitas no cinema.

Diferente do perfil elegante que James Stewart adotou mais adiante nos filmes de Hitchcok, o ator compõe aqui um sujeito idealista e sonhador, que tem na família e nos amigos a sua prioridade. E mesmo sabendo da importância do dinheiro, não é capaz de substituir esses valores.

Indicado a cinco Oscar naquele ano, A felicidade não se compra saiu da premiação de mãos vazias, mas ficou para a posteridade. Para Capra, a estatueta de melhor diretor até não fez tanta falta, pois já havia faturado o prêmio em outras três ocasiões. O fato é que nenhum prêmio é capaz de mensurar o impacto emocional que esse filme provoca nas pessoas.

http://blig.ig.com.br/planosequencia/

Críticas

Desejo e Perigo

0,0

[Amor proibido é explorado mais uma vez por Ang Lee ]

Uma característica dos orientais do Extremo Oriente é a capacidade de se preservarem. Ao ler a ficha técnica de Desejo e Perigo, vi que a atriz Joan Chen estava no elenco do filme de Ang Lee que entrou em cartaz essa semana no Brasil. Pensei: “Pô, há 20 anos atrás ela havia feito Twin Peaks. Deve tá acabadinha da silva”. Começa o filme. A abertura é com um grupo de mulheres jogando majong (não me peçam detalhes que não sei como se joga essa coisa, só sei a porra do nome). Fiquei cuidando. Cadê a velhinha?

Conversa vai, conversa vem, muda a cena, vem outra cena e novamente se as mulheres estão na mesa daquele jogo palha. Só então que percebi. Lá estava ela. Em vez de 20 anos mais velha, ela estava 20 anos mais jovem. Que coisa impressionante! Até a pele dela está mais bem cuidada. Incrível! Não que a Joan Chen seja uma mulher linda. Isso passa longe. O lance é que da feinha de cabelo talhado a facão que ela fazia na série do David Lynch ela se tornou ali, numa bonitinha bem arrumada. Mas muito bem arrumada, por sinal, com belas roupas e um vistoso cabelo liso escuro. E nada é mais sensual do que um vistoso cabelo liso escuro. Nada mal para uma mulher com quase 50 anos. Nem parece, mas é a mesma pessoa, e com o mesmo talento.

O mesmo dá pra dizer do Ang Lee. Pode não parecer, mas Desejo e Perigo tem muito a ver com O Segredo de Brodbeck Mountain. Mas afinal, no que um filme chinês ambientado na 2° Guerra Mundial pode ter de semelhante com outro sobre dois veados se fornicando numa floresta? Muitas coisas. Ambos tratam de pessoas lutando contra os próprios instintos. Ambos dialogam em torno de um amor proibido. Ambos começam devagar e encontram a catarse através do amor e do sexo.

Tudo começa na Universidade de Hong Kong. Lá uns estudantes metidos a revolucionários criam um grupo de teatro para ajudar financeiramente a resistência nacionalista chinesa durante a 2° Guerra. Wang Jiazhi ( Wai Tang) é uma garota meiga que entra de gaiata na história com o desejo de atuar - mesmo que demonstre o contrário. Ela sabe qual a finalidade do grupo, mas prefere fazer vista grossa para continuar por ali. Logo ela será escalada para uma ação em prol do movimento. A garota será usada como isca para seduzir Mr. Yee (Tony Leung, se existe gigolô chinês ele tem um nome parecido com esse). O cara é um safado dum chinês que colabora com o governo de ocupação do Japão. O objetivo é atraí-lo numa emboscada e matá-lo.

Mas é óbvio que um cara desses não cairá tão fácil no esquema de um bando de moleques idiotas. O tempo passa, emboscadas surgem e o garanhão escapa incólume de todas elas como um bêbado invisível em chuva de canivete. O que não passa em branco é o intenso relacionamento que ele terá com Wang. Uma relação tão incomum, quanto dolorosa.

Se tem uma virtude que não dá pra negar em Ang Lee é sua paciência em contar a história. Sua dinâmica é muito interessante. A narrativa começa devagar, contemplativa e tal; quase beira o tédio. Enquanto isso, na espreita, o cineasta vai desfiando as suas sutilezas. Seja num jogo de majong, com conversas e olhares ambíguos, ou nas atitudes contidas dos protagonistas que lá na frente mostrarão as cartas do jogo. E quando mostram é pra valer. As tão faladas cenas de sexo demoram horrores pra aparecer. E quando surgir, nobre leitores, não esperem aquela babaquice coreografada em slow-motion porque o lance é visceral mesmo.

Se em Brodbeck Mountain a temática foi o que impeliu muita gente a torcer o nariz para o filme, em Desejo e Perigo o maior empecilho é a barreira cultural. Tudo bem que a trama central da história seja coerente para nós ocidentais - história que, aliás, é baseada num livro famoso por lá. Mas em algumas passagens no que tange a costumes, somente os nativos terão o apreço. Até porque o filme diversifica os dialetos falados na China. Mas como linguagem cinematográfica é universal, é impossível não tirar o chapéu para Ang Lee. Mesmo que esse gesto tenha que esperar duas horas e meia pra acontecer…

http://blig.ig.com.br/planosequencia/

Páginas