Lupas (6345)

Sem um diálogo sequer, foca nos sons ambientes e entrega um suspense muito acima de várias tranqueiras do gênero. Só erra um pouco quando investe em alguns sustos óbvios, mas, no geral, é uma produção que vale descoberta em meio à sopa de letrinhas que é o catálogo da Netflix.

Akin já mostrava domínio de roteiro e brincava com a câmera em seus primeiros trabalhos. Aqui, referencia Scorsese na jornada de três amigos muito afetuosos entre si, mas capazes de barbarizar quando é preciso. O problema são as consequências dessa disposição à loucura.

Ação, vingança e pancada em africâner.

Traz ecos de Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004) exatamente vinte anos depois, como se fosse uma releitura. O apelo do enredo é forte porque não deve existir alguém com mais de 25 que nunca tentou rememorar os descaminhos de um relacionamento amoroso. E deu bastante certo a parceria entre Sandy e Porchat.

Tensão levada ao limite do suportável, deixando o espectador em estado de alerta constante. Justamente por isso, acaba sendo cansativo e, na reta final, já não faz muita diferença o destino daqueles dois inimigos íntimos.

As idas e vindas no tempo são uma proposta narrativa interessante, mas a pretensão é maior que o resultado. Vale pra ver Phillipe em papel de protagonista, algo raro em sua carreira.

As melhores partes são os diálogos em referências a filmes, músicas e outros elementos da cultura oitentista. É comédia com cheiro e gosto de nostalgia, marcada pelos clichês de valorização da vida depois que o tempo passa e a ficha cai.

Daquelas produções escondidas no catálogo que valem muito a sessão. Pessoas com seus destinos cruzados de maneira insana pela Cidade do México, oscilando entre a comicidade e a crítica social, especialmente no que se refere às corrupções cotidianas: eis aqui uma ótima pedida.

O descuido com o vocabulário em certos momentos - linguagem moderninha demais pra época - salta aos ouvidos mais treinados. A cenografia também poderia ter sido mais bem elaborada. Ainda assim, um bom faroeste de sobrevivência e vingança.

Os dilemas sentimentais de uma confeiteira narrados nos moldes de uma receita de bolo. Parece mesmo piada pronta, mas o carisma de Antonelli segura a sessão, enquanto os coadjuvantes amigos são rascunhos de personagens.

De longe, o filme mais bizarro de Smith. A tal transformação do título brasileiro vai acontecendo diante de um público impotente, numa narrativa indecisa entre o cômico e o grotesco. Imagina como surgiu a ideia na mente do diretor...

No mesmo ano que um certo herói ganhou poderes com a picada de uma aranha, várias outras delas aterrorizaram uma cidade. A pegada oitentista é o mais divertido dessa mistura de terror com comédia feita para entreter sem o menor compromisso.