Lupas (6345)

Menos afetado que o de costume, Dolan entrega um retrato complexo sobre amizade e vontade. Quando se trata de sentimentos, pode haver muitas nuances envolvidas e nem sempre as palavras dão conta. Pelo contrário: às vezes, são o oposto do que se sente.

De premissa hitchcockiana, mas sem a classe daquele que tenta emular. O falseamento das hipóteses e a sua posterior confirmação, recurso manjado, aparece aqui em meio a uma trama adolescente de paixonite. Ficou no quase.

É um passando a perna no outro e o espectador testemunhando as reviravoltas de um roteiro com pegada bagaceira. McNaughton é um nome sem badalação em volta, mas entrega aqui um trabalho competente dentro da proposta de suspense sensual.

Casos e acasos (?) não marcados em cartas de tarô.

Com ótimos trabalhos na carreira, Borensztein acrescentou a ela um exemplar duvidoso. A trama calcada em forçações de barra desperdiça seu talento, parecendo um daqueles casos de realizador sem autonomia na condução de um projeto. O ótimo Furriel também ficou numa posição ingrata com seu personagem.

Bastos é um ator gigante, mas ainda falta muita gente descobrir. Seu protagonista é o retrato da ganância e parece um ascendente do Daniel Plainview de Sangue negro (2007), destruindo tudo ao redor e também a si mesmo com sua incapacidade de enxergar, de fato, o mundo e as pessoas.

Notório exemplar de pessoas erradas na hora errada e suas consequências. Latifah dá conta do peso de uma protagonista elétrica, a mãe disposta a tudo pela segurança dos filhos. E, como boa mãe, tem seus meios pra alcançar resultados eficazes mesmo de improviso.

Maravilhoso apanhado de entrevistas com críticos e realizadores capaz de gerar um debate sobre o fazer e o assistir a filmes. Embora a maioria das falas seja de décadas atrás, o documentário não envelheceu um segundo, valendo como sessão para todos que se interessam por entender a complexa dinâmica que rege essa arte.

Clichezinho gostoso da dupla que começa se desentendendo e vai se afeiçoando aos poucos. Rick é o típico garoto que esconde o coração sob as travessuras, é só dar uma chance pro jeito carinhoso vir à tona.

Policial genérico de atuações no piloto automático. Os acontecimentos mostrados na tela parecem um compilado de fragmentos de outras histórias do gênero, como se tivessem sido reunidas por um arquivista, sem qualquer personalidade própria. Você assiste hoje e esquece amanhã.

Nada além do esperado pro gênero: os protagonistas unidos por um objetivo em comum vão acabar por se atrair mutuamente e lidar com dificuldades até o final feliz. Nesse meio tempo, algumas sacadas divertidas pra disfarçar um pouco da obviedade.

Uma amizade que transcende a vida, mostrada sob um ângulo difícil de encampar somente no drama ou na comédia. Duplass enche a tela com seu carisma e sua marotice carinhosa, numa dobradinha acertada com Romano.