Lupas (6345)

Ser adulto é uma construção e, no fundo, aquela criança que éramos por fora e por dentro continua por dentro. Daí somos gente que erra e acerta o tempo todo, nem sempre na mesma proporção.

Traz aquelas reviravoltas canalhas, mas as suspeitas já vêm se desenhando muitos minutos antes. Vale como a primeira incursão de Kidman no terreno da vilania.

Não existem respostas simples na dinâmica social que rege o Brasil. Alicerçado nesse princípio, Elias entrega um retrato do desamparo de muitas crianças e jovens lidando com escolhas o tempo todo, sem ferramentas adequadas pra optar sensatamente.

É próximo da realidade de muitos filhos adotivos nos EUA, cuja estabilidade no país é prejudicada por uma brecha absurda na lei, corrigida tarde demais. Quando não exagera na pieguice, é um drama forte e contundente sobre a luta do mais fraco.

Com humor fluido e crítica sócio-histórica afiada, levanta questões sobre o passado alemão ainda em voga. É bom ver Garbarski dirigindo atores numa língua que não é dele e entregando segurança e personalidade.

Parece que não vai acabar nunca. É quase como se tivessem feito dois filmes em um, de tão cansativo, e o festival de clichês preguiçosos não ajuda em nada. Acabou a sessão, já se esquece tudo.

Comédia gostosinha e tresloucada, do tempo em que os papéis de Michelle Pfeiffer não eram escassos. Ela deita e rola como a viúva de um mafioso cada vez mais enrascada, com gente de ambos os lados da lei no seu encalço.

O tema é instigante, mas a abordagem dilui todo o interesse e revela o marasmo da edição. Aquela atmosfera etérea, em vez de embevecer, irrita.

Uma merecida homenagem a um diretor cuja filmografia inventiva deixou um legado e tanto até mesmo entre seus discípulos menos óbvios. O que incomoda é o desperdício de nomes como Julianne Moore e Paul Thomas Anderson, limitados a uma única frase de efeito quando deveriam ter ganhado espaço para falar sobre a relação com Altman.

Os clichês mais picaretas do suspense estão por aqui. E ainda tem Vaughn péssimo como o vilão.

Formatado nos moldes de tantas outras histórias de subversão ao sistema. Essa ausência de novidade incomoda, e torna a sessão facilmente esquecível. Um pouco de ousadia teria sido bem-vinda.

De fato, tem momentos provocativos ao problematizar a presença branca em terras indígenas. Porém, envereda por certos maneirismos técnicos prejudiciais à organicidade da narrativa. E, quando a estética sobrepuja o enredo, começa o incômodo.