Lupas (1934)
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Há um esforço muito grande para se confirmar a tese de influências, é como ler um trabalho científico em que o autor não tem pudor em citar referências com o intuito de convencer mais pelo argumento de autoridade mesmo. Ainda assim é muito bom de acompanhar pelo trato com as imagens, numa edição muito divertida.
Alan Nina | Em 31 de Janeiro de 2025.
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Desde "Me chame pelo seu nome" que tenho um pé atrás com as concepções estéticas de Luca Guadagnino, e esse filme só confirma. Ok, é interessante ver gays mais ou menos bem resolvidos no México de 1940, bem como ver a atuação magistrosa de Daniel Craig, que de fato tira leite de pedra, encarnando um gay de meia idade se envolvendo com um rapaz mais velho e toda a busca incansável por prazeres que nunca satisfazem. Curti também a cena final mais reflexiva> Mas é longo e desinteressante ao extremo
Alan Nina | Em 31 de Janeiro de 2025.
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Cris D’amato segue com seus cacoetes novelescos, com uma viagem pra Israel que precisa de muita disposição do espectador para se levar a sério. Sem saber se vai para o drama ou para a comédia, o roteiro força as situações em demasia, então é sempre bom desligar o cérebro. Que herança tinha, afinal? Como num país tão grande há essa facilidade de encontrar-se? E situações bobas como ser preso e depois liberado, parece tudo tão infantil mesmo. Talvez a melhor tirada do filme venha do Diego Martins.
Alan Nina | Em 31 de Janeiro de 2025.
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Jesse Eisenberg não toma pra si o protagonismo, e filma com muita elegância e simplicidade, parece até que os trabalhos com Allen lhe renderem um bom estágio na arte de dirigir e de atuar com olhar meio perdido, deslocado. Com isso, sobra para o Kieran Culkin ter as gags mais interessantes do longa, que conta a história de dois irmãos indo visitar a Polônia, local onde sua falecida avó residia, tendo que lidar com os horrores do holocausto, campos de concentração e ruas cheias de história.
Alan Nina | Em 31 de Janeiro de 2025.
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Cinema indie de primeira, com muito barraco, gritaria, gírias, sexualidades que não precisam se explicar, várias quebras de padrão da família tradicional. Embora bem movimentado, com direito a traições, boquetes, drogas e uma pegada de tensão sexual pra lá de sugestiva, o final me deixou meio reflexivo, como se todo aquele escape, no final das contas, não reverberasse em uma felicidade digna, talvez só mesmo a amizade entre as duas vai restar como algo genuíno.
Alan Nina | Em 28 de Janeiro de 2025.
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O sequestro do voo 375, mesmo com orçamento menor, consegue provocar mais tensão do que isso aqui, lotado de clichês. O bom é que temos um avião de pequeno porte, tornando mais claustrofóbicas as cenas, mas incomoda demais a inocência da protagonista, mesmo ela sendo treinada, conferindo um ar de quase mediocridade a tudo que estamos vendo. O lado bom é que a cena final do avião tentando pousar é bem divertida, não podendo dizer o mesmo da tentativa forçada de plot.
Alan Nina | Em 28 de Janeiro de 2025.
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Mulher, que sofrimento, que agonia. O filme em preto e branco ainda fica mais claustrofóbico, frio (no sentido da dignidade da protagonista), forte. Não há paz, não há descanso, e mesmo nos momentos onde encontra um possível amparo, surgirá uma reviravolta que tornará tudo um grande desastre. A cena final com a menina tenta apaziguar uma vida de sofrimento. O mais impressionante é que tudo isso é baseado em fatos reais.
Alan Nina | Em 28 de Janeiro de 2025.
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"Oppenheimer" versão movimento estudantil. Chega a ser irônico um movimento vir de norte-americanos, mas o bom do filme é que se reconhecem como pessoas "outsiders", e tem de tudo, de imigrantes a afro-descendentes, e jovens brancos desajustados. Uma carteira de trabalho resolveria o problema.
Alan Nina | Em 27 de Janeiro de 2025.
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A discussão sobre a maternidade frequentemente orbita entre duas perspectivas aparentemente opostas: o "instinto materno" e a construção social da maternidade. Amy Adams está um pouco over no papel, cujo roteiro alterna entre uma comédia crítica e um terror melancólico ao abordar essa mãe tendo que se virar com o filho (em choque com um pai bem folgado). A ideia do "instinto materno" sugere que cuidar e proteger os filhos seria algo intrínseco às mulheres, uma disposição biológica universal.
Alan Nina | Em 27 de Janeiro de 2025.
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O romance é inverossímil, as atuações são ruins, o roteiro é canhestro. Tudo para fazer desfilar a grande produção e as locações, naquela típica ação que torna o protagonista um semideus na Terra, cuja motivação é bem rasteira, claro. O argumento todo baseado em um erro médico foi de cair o "**" ... Olha, tem que desligar o cérebro para se divertir com as cenas e explosões, é o que resta.
Alan Nina | Em 26 de Janeiro de 2025.
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A versatilidade da Rooney Mara me espanta, e aqui temos o retrato do caos e dos fantasmas que assombram o proletariado. É como se fosse a versão "O menu" feito para a classe trabalhadora, com problemas reais de relacionamentos, gravidez, ignorâcia mantendopreconceitos (machismo, homofobia estruturais), além de viverem sob vigilância e pressão. Todo aquele microcosmo tenta abraças o mundo, claro que uma hora ou outra vai parecer superficial, mas o surto final revela justamente esse turbilhão.
Alan Nina | Em 24 de Janeiro de 2025.
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Ver "Voldemort" tentando convencer os comensais da morte a liderar a seita até tem seus momentos, não tanto pelos diálogos (acho "Dois papas" muito melhor nesse quesito), mas pelo domínio espetacular do espaço. Tem monólogos pedantes, e se você parar para pensar, politicamente bem rasteiros. Também há uma lapidação do teoer teológico, pra tornar tudo mais comercial. No entanto, o domínio do cenário, dos elementos técnicos da produção, da suntuosidade, me fez crer que aquele cenário é real.
Alan Nina | Em 24 de Janeiro de 2025.