Lupas (131)

É possível retirar alguns ensinamentos valiosos da trama, embora muita coisa pudesse ser enxugada. Por ser excessivamente detalhista em algumas coisas, acaba sendo lugar-comum e simplista em outras.

A sensibilidade de Emmanuelle Riva ao atuar é assustadora. Cada detalhe é meticulosamente trabalhado. O filme em si exige cuidado à análise. Por isso, paciência ao assisti-lo! Uma grande reviravolta logo no final é seguida de uma metáfora emocionante.

Filme grosseiro. Tenta passar sensibilidade e, na verdade, passa a real dimensão em que foi feito e pensado: uma perda de tempo, um sacrilégio, um insulto ao cinema francês.

A obra em si é relativamente simples. Crua, eu diria. Até mesmo infantil chega a ser. Porém, há algo intensamente diabólico no lento decorrer. Algo que "liga" os nervos, mesmo que, na maior parte das vezes, tudo seja predizível.

A atuação de Tatum foi tão boa que vemos alguma coisa a mais. É assustadoramente brilhante! Dá medo de como ela se mostrou madura (até mesmo para cigarros) em cena.

Apesar da indiscutível originalidade e ousadia, vê-se muitos pormenores erroneamente escolhidos para a trama. Ouso dizer que "Cães de Aluguel" foi apenas um prelúdio para a chegada triunfante de "Pulp Fiction".

A história em si é bem convincente e lógica. Porém, parece haver uma insistência em mostrar extremismos, chavões, clichês e truques que agradam a maioria das pessoas.

O filme trilha o suspense em muitos momentos. Em outros, é comédia inocente e intermediária. Essa união perigosa deu um "q" especial à trama. Perdi meu fôlego em várias ocasiões! Destaque irrevogável para o elenco além-Affleck.

Hitchcock deixou o filme com um tom de documentário. Isso foi perigoso, pois algumas coisas soaram descolocadas quando, na verdade, deveriam ser lógicas. De qualquer forma, é agradável apreciar as interpretações.

O falso suspense para adivinhar um vilão já conhecido durante todo o filme conflitua com belíssimas cenas e um beijo antagônico entre os protagonistas. Embora a auto-afirmação de Grant estivesse passando dos limites, ele fez um bom trabalho.

Atrevo-me a dizer que virou moda (recentemente) considerar arte aquilo que ninguém entende; não significa que é para um grupo seleto, significa pedantismo mesmo. Minha nota reflete a única hora empolgante do filme, o final.

Fica um fiasco de "Qual foi mesmo a intenção?" no fim. Além, é claro, de ser mais um exemplo de como boa parte do cinema nacional não consegue seguir em frente sem mostrar um seio, uma bunda ou um chulo palavrão.