Lupas (929)

Um feito raro: conseguir juntar tantos personagens de forma orgânica, não esquecer de nenhum deles no caminho, motivar os protagonistas sem cair nos clichês convencionais de um relacionamento e ainda fechar bem todos os diversos assuntos que levanta.

O vício aqui é o álcool, mas a mensagem continua atual seja pelas drogas, pela internet, pelo celular e qualquer outra coisa que nos deixe fora da realidade.

Cinema sobre sua essência, representação da vida, suas idas e vindas, erros e acertos. Um dos projetos mais ambiciosos dos últimos anos - e um dos mais eficientes também. Para ser lembrado, por qualquer prisma que se veja, daqui a vários e vários anos.

Scarlett que ao mesmo tempo seduz e intimida em uma mistura de ficção e horror que realmente incomoda. Chamou a atenção por ela aparecer totalmente nua, mas o filme é bem mais do que isso, mesmo que espante alguns com seu tom meio experimental.

Visualmente e narrativamente é bem limitado, mas adorei ver diversos lugares que frequento quase que diariamente no filme. Acho a Clarice extremamente simpática e me surpreendi com a mensagem final, que brinca de maneira eficiente com o título do longa.

Devo dizer que achei bem mais interessante do que Valsa, pois a viagem foi mais sensorial e profunda do que esperavam, apesar da crítica óbvia aos grandes estúdios.

Não dá para esperar profundidade de um filme que biografa uma pessoa super simples e com voto de pobreza, mas é interessante ver o amor em sua forma bruta. O filme ainda dá umas cutucadas nos dogmas da Igreja Católica de forma eficiente e válida.

Pouco me importa a questão física da coisa, afinal, disso não entendo nada mesmo. Mas quando o filme contou a história de uma família separada por anos e, ao mesmo tempo, minutos, confesso que escorreu uma lágrima. Ah, que visual!

Não precisa ficar nos colocando legenda para mostrar o passar dos anos: a música, os personagens e tudo o que os envolve fazem esse papel perfeitamente. É o cinema encontrando a história da música com o domínio invejável da narrativa de Eastwood.

Um filme corajoso de Jarmusch bem no meio de uma modinha desses personagens sobrenaturais tão explorados pela Hollywood de hoje. A técnica com que a história é contada impressiona, lotada de detalhes e com elipses bem elegantes. Um dos melhores do ano.

O controle narrativo de Farhadi é impressionante: ele nos dá a informação apenas quando quer, destrinchando os personagens aos poucos e apresentando mais uma obra-prima de história complexa e humana.

É impressionante como todo filme de James Gray é lindo de morrer, tanto na imagem como no conteúdo. Dessa vez, faz um ataque à utopia do sonho americano, ainda nos anos 20, real, duro e sincero. Cotillard está apaixonante.