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Críticas

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Qual a diferença entre um artista (leia-se: escritor, compositor, pintor e diretor de cinema) e as demais profissões? O que, por exemplo, um escritor precisa de ter a todo momento e um dentista não necessariamente? A resposta é simples: a criatividade. Um artista que trabalha nesses ramos citados acima precisam respirar criatividade a todo momento, necessitam de novas idéias, novos caminhos, se um grande branco penetrar em suas mentes, seus trabalhos simplesmente não serão realizados.

E é exatamente isso que acontece com o diretor e roteirista de cinema Guido Anselmi, interpretado pelo já lendário Marcello Mastroainni, nessa que eu considero a obra máxima de Fellini. Guido está prestes a começar a dirigir um novo filme, porém tudo desanda por causa do seu bloqueio criativo, então, para tentar acalmar os nervos e quem sabe ter uma súbita inspiração, ele se interna numa estação de águas.

Os filmes de Fellini sempre tiveram um toque onírico, mas nada se compara ao tom que ele empregou em Oito e meio. O lugar onde Guido está internado parece irreal, com pessoas bastante calmas andando de um lugar para o outro, e a forte fotografia clara do filme realça esse aspecto paradisíaco e ao mesmo tempo reforça o período de 'brancura' pelo qual a mente do diretor está passando.

Apesar dessa calmaria toda, Guido não terá a paz completa, muito pelo contrário, por causa do seu bloqueio pessoas que dependem de sua criatividade estão a todo momento atrás dele, como por exemplo, seu produtor e alguns atores que estão sendo escalados para a obra, eles sempre querem saber qual será o próximo passo, como se o diretor fosse um robô programado para ter todas as idéias prontas. Nas obras do italiano, há sempre várias personagens numa mesma cena, o que pode talvez causar uma certa 'confusão' para o espectador mais desatento, e essa característica é bastante encontrada no filme, onde temos produtores, atores e atrizes rodendo o diretor quase o tempo inteiro.

O projeto de Guido não está de todo incompleto, já existem alguns cenários (bizarros) construídos e provavelmente já há alguns rabiscos de roteiro, mas o diretor não consegue avançar. Ele pretende produzir uma obra sobre o próprio momento que está vivendo, logo o seu roteiro lida com aspectos negativos e niilistas (um fator típico nas obras de Fellini), no script não há uma história de amor estonteante, afinal Anselmi não é feliz no casamento (ou pelo menos tem dúvidas quanto a isso) e de quebra sustenta um romance extra-conjugal, pelo qual também se mostra não estar de todo envolvido. Além de querer lidar com a falta de perspectiva, Guido também quer discutir de alguma maneira a religião católica, e isso o coloca numa saia-justa, chegando ao ponto de ir conversar com um padre em busca de alguns conselhos, a ironia é clara.

Ao mesmo tempo que precisa aturar as reclamações de seu produtor por causa da falta do 'amor' no seu roteiro, Guido mergulha nas lembranças do seu passado. Em suas lembranças, vemos um garoto sendo aterrorizado por sua avó com forte sangue italiano, assistimos também a sua educação rígida numa escola católica e de certo modo o descoberta de sua sexualidade. As lembranças se misturam com o presente, Fellini nunca faz questão de criar uma divisão explícita entre o que é memória e o que não é, e essa mistura dá ainda mais ao filme esse aspecto onírico.

Falando um pouco das atuações, Mastroiainni está magnífico. Alter-ego de Fellini, ele encarna com perfeição a infelicidade de um diretor no limbo, sem saber para onde ir, cercado de dúvidas e questões pessoais mal-resolvidas. Sua amante, Carla, que também é casada, é bastante convincente nas mãos de Sandra Milo, ela é também uma personagem cheia de dúvidas: ao mesmo tempo que parece feliz ao lado de Guido, a todo momento ela é flagrada falando de seu marido num tom carinhoso. Anouk Aiméé interpreta Luisa, a mulher de Anselmi, ela também se mostra insegura, mesmo estando consciente do adultério do marido, Luisa ainda não tem certeza se deseja mesmo largá-lo.

Oito e meio não aborda apenas a falta de criatividade que qualquer artista pode manifestar, o filme é também um estudo sobre o próprio Cinema e o quanto esse mundo pode ser cruel para alguns (ou para muitos?). Numa maravilhosa cena onde Anselmi é rodeado por todas as mulheres que passaram em sua vida (aqui a realidade se mistura com a fantasia de uma forma divina), presenciamos uma atriz que é simplesmente jogada de escanteio devido à idade, na melhor maneira 'Crepúsculo dos Deuses', ela é incitada pelas outras mulheres para ir para 'o andar de cima', ou seja, ela já não é mais útil para estrelar em alguma película.

Oito e meio de Fellini marca o início do Modernismo cinematográfico, quando o Cinema passa a ter consciência de si mesmo e de seu papel. Ao mesmo tempo que aborda um tema pessoal, Fellini declara seu amor a arte de se fazer filmes, mas não deixa de lado o seu aspecto negativo e a possível falta de 'um objetivo' claro que um artista pode sofrer, abordando assim o tema do niilismo e da falta de perspectiva de uma forma bem contundente.

Críticas

Persona - Quando Duas Mulheres Pecam

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Coletando PERSONA

“Na tela escura o carvão dos projetores se torna incandescente pouco a pouco até explodir em luz para que a película cinematográfica que corre nas rodas dentadas do projetor ganhem movimento e vida.”

O vigésimo sétimo filme de Ingmar Bergman, de partida, já começa a ser peculiar: “persona” era a máscara no teatro grego, também simbolizava o artifício que escondia a alma. Nosso diretor, também roteirista, casou-se com Liv Ullman na época do filme (1966). Liv, ao lado de Bibi Andersson, são as musas que se aventuraram pelo território - nada plano - da personalidade humana, são as atrizes que desferiram um duelo de máscaras por cada minuto dos 85 minutos que compõem a obra.

“Existir é atuar, o mundo é um palco.”

PB em plena década de 60. Motivo? Porque os sonhos são em preto-e-branco e Bergman filmava seus filmes como sendo pesadelos existenciais. Naturalmente há busca pela estética de terror, o que fica explícito no sinistro-psicodélico-metafórico prólogo: uma sequencia de abertura surreal que mistura fugazes imagens; passando por uma crucificação, pênis ereto, tarântula (símbolo divino), órgãos de um cordeiro e partes de filmes mudos. Nota-se que o diretor elimina sinais realistas, causas, pretextos, explicações para cada imagem e para a relação que se estabelece entre elas.

Enfim pousamos numa sala de hospital onde diversos corpos inertes repousam, apenas um foge à regra: o menino. Ele desperta. Agora reflito: desperta ou ressuscita? Ao longo do filme veremos que um adulto que faz parte da história ressuscitará, então fica a dúvida.

“Estávamos dormindo ou mortos, despertamos ou nascemos assim que o filme começa.”

O garoto observa a imagem desfocada de uma mulher. Ele toca a imagem, acaricia. É um modo de sugerir que a imagem de cinema é feita para ser tocada pelo espectador, interatividade virtual e absoluta.

“Ele toca a imagem e é tocado por ela.”

Porque tudo que não é dito em “Persona” encontra facilmente os caminhos da alma de quem o assiste/vive. Como o impacto daquelas primeiras imagens que ultrapassa uma necessidade de sentido “palpável” para compô-lo além de um nível racional, o que não implica na perda do sentido, mas na sua amplificação. Não é raro escutar comentários de repulsa e desgosto pela não compreensão da sequencia de abertura.

“Mais que visual ou textualmente, tudo é resgatado ao longo do filme num círculo mais profundo, o sensorial.”

Alma (Bibi Andersson) é uma enfermeira muito profissional e eficiente. Curiosa, não sucede em sua especulação para com o estranho caso de Elisabeth Vogler; mulher absolutamente sadia no que concerne ao físico. Sua enfermidade reside na alma perturbada, conta-se que a atriz desistiu de usar as palavras. Já não suporta mais ter que interpretar papéis, fazer caras ou falsos gestos; assim preferindo isolar-se e abrir a boca apenas para alimentar-se. Alma é hiperativa e verborrágica, tenta um infrutífero relacionamento com a paciente.

A enfermeira-chefe (Margaretha Krook) participa apenas do início, mas ainda assim é uma das mais fortes e sinceras personagens. Não usa eufemismos nem sutiliza suas palavras, que saem ásperas e objetivas de sua boca. Pondera a covardia (?) de Elisabeth a ponto de não mais querer encarar a vida. Aconselha-a a passar alguns dias na sua casa de campo, junto de Alma.

“Mas veja, a realidade não coopera. Seu esconderijo não é à prova d'água. A vida entra em tudo.”

No típico cenário bergmaniano, Alma parece cada vez se soltar mais e assim ir revelando sua alma energética e despreocupada, avoada. Fala pelos cotovelos, talvez por nunca ter tido a oportunidade ou no intuito de auto afirmar-se como pessoa segura, equilibrada. Observaremos quão frágil é seu temperamento, muito diferenciado - na verdade idêntico - ao de Elisabeth, que assiste e escuta a tudo com passividade e rigoroso silêncio; por vezes a acaricia, com os olhos cravados em cada trejeito de Alma, em cada risada estridente. O auge desse atípico relacionamento se dá na cena - tremendamente visual - em que a enfermeira narra sua orgia com dois meninos seguida de um aborto.

“Eu senti como nunca me senti antes quando ele espalhou sua semente em mim.”

Confessa ter um relacionamento infeliz com o marido - Karl Henrik - e que simula sua felicidade no trabalho que julga tedioso. Elisabeth diverte-se com seu estudo doentio para com as confissões e atitudes de Alma. No próprio ato de fumar - antes não praticado por Alma - vemos a influência das mulheres que cada vez mais parecem se fundir, chegando a um ponto em que o espectador não vê mais uma enfermeira e uma paciente, mas íntimas amigas ou namoradas. Ao passo que Alma começa a amadurecer, elas iniciam fortes conflitos e discussões, onde a enfermeira sempre acaba fragilizada, detonada. Na última meia hora, o passado de Elisabeth é revelado, e desse, até mesmo um filho renegado faz parte. Alma obriga a outra a conversar sobre tal filho na cena da mesa, onde os dois ângulos são explorados; ela finalmente consegue despedaçar a paciente taciturna. Alguns flashes, closes muito próximos e montagens surreais contribuíram para dar dinâmica ao filme ao mesmo tempo em que poluíam a tensão conquistada.

“Um jogo de intoxicação pela memória, de quebra e estilhaço de personalidades. É o atestado absoluto de esquizofrenia dos extremos de ódio e amor não apenas bem mais próximos do que se imagina, mas duas faces de um mesmo e nocivo indivíduo, porque a maldade é manifestação pura, é o estado mais bruto e subterrâneo da alma.”

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Atirador

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"Atirador" é um dos exemplos de que essas obras fúteis hollywoodianas até podem render algumas horas de entretenimento; no caso, aqui, mais de duas horas - o que pode ser considerado um exagero para um filme de tiros. E que exagero, podemos assim dizer, já que mesmo com tanto tempo disponível, muitos buracos ficam por preencher e o espectador demora a entender algumas passagens. Ainda assim, o trabalho do diretor Antoine Fuqua (Dia de Treinamento) rende bons frutos.

O principal deles é fazer com que um filme considerávelmente longo para o seu gênero não se torne enfadonho e aborrecedor. Muito pelo contrário, Fuqua sabe utilizar muito bem os 124 minutos da trama, tornando o trabalho recheado de passagens eletrizantes e empolgantes. Um detalhe interessante é que o diretor evitou exagerar nas cenas forçadas, por mais que isso seja difícil em alguns momentos. Em determinadas partes o personagem Bob Lee Swagger, interpretado por Mark Wahlberg, mata umas 15 pessoas com a maior facilidade do mundo e sem sofrer um único arranhão; ou seja, esse tipo de coisa ainda existe, mas Fuqua tentou fazer um retrato mais fiel à realidade – nada comparado com o que acontece, por exemplo, em "Duro de Matar 4.0", onde no final um carro se choca contra um helicóptero para explodí-lo.

Apesar dessas qualidades, o que é louvável para um filme como esses, alguns defeitos também saltam aos olhos do espectador. O roteiro, por exemplo, é apressado e atropela muitas partes. No início, principalmente, vemos cenas muito curtas, pouco explicadas, pouco trabalhadas, que deixam quem está assistindo confuso, sem entender muito bem o que está se passando. Eu mesmo demorei a entender o real sentido do longa, até que depois de uns bons minutos comecei a me situar – mas ainda assim é uma tarefa árdua. Ainda falando do roteiro, ele não é nada inovador, e passa aquela impressão de “eu já vi isso antes em algum lugar”. Pois é, a história é pouco original, e se salva mesmo pela habilidade de Antoine Fuqua em conduzí-la.

Muitos clichês também permeiam o filme. Logo de cara já percebemos quem será o bonzinho e quem será o malvado. Ou aquele que jogava para o time dos maléficos e passou a ajudar o mocinho, ou a mulher que se envolve com o personagem ‘do bem’ e passa a ajudá-lo… se nesse ponto "Atirador" também ficou devendo, o mesmo não podemos dizer do desempenho dos atores. Mark Wahlberg se consagra como um dos ótimos nomes dessa nova safra (após ser indicado ao oscar de melhor ator coadjuvante em "Os Infiltrados"). Aqui, ele faz um personagem duro, inteligente… uma espécie de MacGyver da era moderna, pois o tal atirador sempre sabe como solucionar os problemas com os artifícios mais simples. Brincadeiras à parte, Wahlberg vai muito bem, assim como seu companheiro Michael Peña, que se destaca por conseguir deixar bem clara a fragilidade de seu personagem.

No final das contas, podemos dizer que "Atirador" é mais do mesmo, embora ainda consiga entreter o espectador com muita propriedade. E para os fanáticos por seriados, em alguns momentos o longa me lembrou bastante a série "Prison Break" (claro que sem o mesmo brilhantismo de Michael Scofield e cia), já que a todo o instante os personagens lutam incessantemente para desmascarar o governo e suas artimanhas. Ou seja, para quem gosta da série, é possível que se identificará com a trama. Para o restante, ainda recomendo o trabalho de Antoine Fuqua, embora diga para que assistam sem a mínima expectativa.

www.moviefordummies.wordpress.com

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Ele Não Está Tão a Fim de Você

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Grandes expectativas eu alimentei em relação a “Ele não está tão a fim de você”, antes de assisti-lo. O motivo? Inicialmente por ser um filme com um elenco recheado de estrelas – ou dependendo do ângulo, aspirantes. Porém, infelizmente, após ver o vídeo, o resultado não foi nada satisfatório em muitos sentidos, principalmente em relação ao casting.

Normalmente filmes do gênero são repetitivos e previsíveis quanto à temática escolhida; este aqui não foge à regra, contudo, por algumas sutilezas, desvia-se consideravelmente da mesmice.

Mas não quero enaltecer a película; esta que não tem nada que a torne indispensável – pelo menos, para os homens.

Logo de cara o roteiro se mostra confiante, trazendo dilemas e questionamentos amorosos atuais à tona, porém, o seu desenrolar se desgasta por soar pretensioso além da conta, como se o mesmo estivesse ali para revelar o conceito-mor da essência dos relacionamentos.

O ingênuo diretor Ken Kwapis, apresenta nove personagens sob o intuito de fazê-los vivenciarem diversas situações amorosas em que se possam abordar as questões culminantes de cada uma, para que se voltem, unanimemente, para um fim específico: revelar a indiferença masculina nas relações amorosas, como o próprio título antecipadamente define.

O primeiro maior problema do filme é apresentar suas conjunturas assim, de forma tão didática. Parece que ao invés de entreter, o filme está ali, substancialmente, para ensinar à singular e boa lição sobre o amor. Presunção percebida desde o intróito do filme até os depoimentos avulsos entre o discorrer da estória – mais interessantes que a estória em si.

O que poderia funcionar como uma bela brincadeira junto ao tema derrapa por forçar a barra numa seriedade desnecessária. Portanto, o que começa habilmente bem, se torna chato como um vídeo educacional, o que teria mais êxito se não fosse tão óbvio.

Os diálogos aqui funcionam em parte. Em meio a conceitos interessantes, o mesmo cai no piegas pelo excesso de expressões niquentas como “homem dos meus sonhos”, “foi mágico o nosso encontro”, “sei que você gosta de mim por causa dos sinais”, “essa é a regra... essa é a exceção”, e etc. Pecando assim, por perder a naturalidade do momento.

E como se tornou praxe em filmes românticos, os estereótipos estão presentes, a novidade é que os tais não estão exatamente delineados. Os furos maiores mesmos ficam ao encargo das situações desgastadas em que se envolvem os personagens.

Os clichês aqui também não são totalmente vilões; o supracitado roteiro em si – ainda acima da média – é que falha pelo excesso. Sem um ápice ou um ato marcante sequer, vemos aqui nada mais que um desenrolar previsível e longo de inúmeras histórias recheadas de peripécias.

O ponto forte do filme poderia ser aquele que atraiu minha atenção a princípio: o grande elenco... Caso o mesmo não se destacasse simplesmente pelos belos fenótipos.

Totalmente insossos, os atores aqui escalados, limitam suas interpretações em conversas incessantes.

Jennifer Connelly e Bradley Cooper estão confortáveis em seus papéis, possuindo os personagens mais exigentes em termos de atuação. Já Justin Long e Ginnifer Goodwin (com sua personagem irritantemente bem representada), carregam o filme e roubam quase todas às cenas, enquanto Scarlett Johansson não faz nada, a não ser, mostrar-se insinuante. Ben Affleck, porém, continua insistindo em uma profissão mais do que provada por si mesmo que não é para ele, equiparado a canastrona Drew barrymore, totalmente apagada.

O segundo maior problema desta produção é o drama hiperbólico que a direção cria em torno de alguns assuntos banais como o de Beth (Jennifer Aniston), por exemplo, que não se contenta com seu um romance sólido por não estar oficialmente casada com seu cônjuge, aborrecendo e soando caricato, ainda mais por se ver adultos tão confusos e tão repletos de conceitos infantilóides sobre o envolvimento a dois, presos a regras – e algumas exceções – numa vicissitude versão de conflitos adolescentes.

A proposição dos enredos pode incitar no público feminino uma identificação pessoal, mas fazer com que elas se importem de forma significativa com as personagens, é improvável.

Agora eu confesso: o filme não é ruim, mas poderia ser melhor, assim como os cenários que mantiveram o mesmo aspecto, com tijolos à mostra e ambiente rústico em quase todos os lugares.

No fim, “Ele não está tão a fim de você” se conclui com recursos típicos de comédias românticas, com cenas apaixonadas, comportamento masculino manipulado e desfecho positivo em cada núcleo.

A comicidade ficou em dívida, todavia, com o discorrer da estória vemos que o enfoque não era esse, e sim, cumprir deliberadamente – de forma até bem intencionada e com certo conteúdo – , seu exclusivo papel: desiludir as mulheres.

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Segredo de Brokeback Mountain, O

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Existem certas produções artísticas (cinema, literatura, música, pintura, etc.) que escapam a comentários, críticas e a quaisquer formas de análise tamanha é a grandiosidade significativa, sensível e imagética que essas obras conseguem imprimir em seus espectadores. Assim é O segredo de Brokeback Mountain. Uma produção belíssima, de apuradíssima sensibilidade que apenas assistindo (e aqui emprego assistir no sentido literal que significa ver com atenção e zelo) é possível sentir, contemplar e apreciar cada cena, olhar, toque e vibração proporcionada pela película. A dificuldade para falar de Brokeback advém da principal característica da produção: ela é essencialmente de cunho imagético. Explico-me. As cenas que compõem a produção primam muito mais pelo olhar das personagens, pelos seus gestos, toques, jeitos e trejeitos do que por diálogos, embora estes também tenham a sua importância.

Signal, Wyoming, 1963, dois jovens se conhecem após conseguirem um serviço de pastoreio de ovelhas em uma montanha chamada Brokeback. Um deles, Jack Twist (Jake Gyllenhaal) deseja ser cowboy e o outro, Ennis del Mar (Heath Ledger) pretende se casar após o término do serviço e levar uma vida dita normal como rancheiro.

Durante os meses que passam na montanha Brokeback, Ennis e Jack estreitam a aproximação um com o outro e iniciam, timidamente, um relacionamento complexo, de profunda intimidade, sustentados por uma cumplicidade e amor que passam a nutrir um pelo outro. Assim, gradativamente, essa cumplicidade e amor tornam-se vitais para ambos que devem esconder esse segredo de tudo e todos. Com o passar dos dias e noites frias em Brokeback eles tornam-se bons amigos e após uma inesquecível noite de rigoroso frio os dois tornam-se bem mais que bons amigos e passam e descobrir um sentimento, até então confuso e estranho que os envolve. Essa noite é o marco para um lindo, dramático e conflituoso romance. Não utilizo o gênero romance em vão, afinal o filme é uma narrativa cuja trama central envolve Ennis e Jack e as demais subtramas desenvolvem-se ao redor da trama principal, bem como os conflitos que permeiam o relacionamento dos amantes.

Dirigido magistralmente por Ang Lee, Brokeback traz um casal dicotômico. Explico-me. Enquanto Jack Twist é o mais “saidinho”, mais articulado e deixa-se levar pelas emoções, Ennis del Mar é o espelhamento contrário de Jack. Ennis é retraído, fala somente o necessário (parece que as palavras pesam-lhe na boca) e é guiado pela razão como se a cada movimento e palavra sua fosse quebrar valiosas peças de porcelana. Ennis não se sente à vontade no mundo. No entanto, ainda que os vaqueiros formem um par antitético o limiar que os separa, simultaneamente, os aproxima: ambos têm um passado familiar marcado por desafetos e perdas. Ennis perdeu os pais ainda garoto e Jack foi “abandonado” pelo pai, que apesar de tê-lo criado sempre se mostrou distante afetivamente.

É nesse cenário, com todas essas lacunas que aproximam e afastam Ennis e Jack que o amor entre eles floresce. Na primeira noite que transam, parece que a transa foi apenas conseqüência de um desejo sexual avassalador, oriundo de meses sem nenhum tipo de contato sexual, e no dia seguinte Ennis faz questão de dizer a Jack que não é bicha, enquanto este apenas o olha e diz que ninguém precisa ficar sabendo. Após o término do trabalho na montanha Brokeback os vaqueiros voltam para suas casas, para a vida real e socialmente aceita. Ennis vai se casar e Jack tentará ganhar dinheiro competindo em rodeios. Antes de irem embora da montanha, os dois têm uma pequena briga desencadeada por uma brincadeira feita por Jack. Trocam socos e sujam-se de sangue. Essa cena será o link para a última cena do filme e uma das mais belas, simples e tocantes que já vi e ouso, inclusive, a colocá-la no rol de cenas marcantes no cinema mundial.

Ao chegarem às suas respectivas cidades, Ennis casa-se com Alma (Michelle Williams) e Jack casa-se com Lureen (Anne Hathaway). O primeiro tem duas filhas e o segundo, igualmente casado, tem um filho. Nesse intervalo que separa os dois personagens, o espectador é apresentado à vida que cada um constrói para si, ao lado de suas esposas e filhos. Eles passam anos sem nenhum contato, até que Ennis recebe um postal de Jack avisando-o de sua passagem pela cidade e que deseja revê-lo, e dessa forma poderiam se reencontrar. Momentos de muita angústia e apreensão precedem o reencontro entre os cowboys, especialmente para Ennis que aguarda impacientemente a chegada de Jack enquanto bebe e procura se desvencilhar das perguntas que sua esposa o faz.

Quando Jack chega à casa de Ennis, somos apresentados a um Ennis que, pela primeira vez, deixa-se levar pela emoção e ignora as conseqüências trazidas por esta e atira-se feroz e intensamente nos braços de Jack, beijando-o, afagando-lhe e falando-lhe da imensa saudade que sentira durante todo o tempo que estiveram distantes. Nesse ponto o filme começa a alcançar a tensão e conflitos entre o relacionamento de Ennis e Jack. Este propõe a Ennis que ambos construam uma vida juntos e sejam felizes. Jack está altamente disposto a enfrentar tudo e todos para poder passar o resto de seus dias ao lado de Ennis, mas este, aterrorizado por uma lembrança de infância, recusa terminantemente a proposta de Jack. Ennis conta a Jack que quando criança, um homem suspeito de ser homossexual na cidade em que nascera foi torturado e morto; dessa forma, para Ennis, é totalmente fora de cogitação morar com outro homem.

Com o desenrolar da trama e os conflitos entre Jack e Ennis, percebemos o quão frágil o ser humano se torna diante do desespero, de não saber como lidar com uma situação nova e, socialmente falando, anormal e inaceitável, mas que o atormenta incessantemente. Para tentar compreender a situação vivida pelos dois amantes é só fazermos uma breve analogia, comparando a homossexualidade na atualidade com a da década de 60 a 80 nos E.U.A, tendo como agravante dois cowboys. Atualmente – mesmo em face de uma maior aceitação ao homossexualismo por parte da sociedade – ainda presenciamos constantes casos de discriminação e hostilidade em relação aos homossexuais, imaginem só naquela época!

Após esse reencontro entre os amantes, eles não mais se separam, continuam a manter os secretos encontros, mas com intervalos de tempo muito grandes, o que acaba por desgastar a relação, principalmente para Jack, disposto a largar tudo para viver com Ennis. Nessa vida dupla, na qual tanto Ennis quanto Jack transitam por entre o que realmente desejam e o que é socialmente aceito, ou seja, uma caminhada entre o querer e o dever, a “travessia” entre esses caminhos torna-se insustentável e Jack é o primeiro a dar sinais de cansaço e desespero, procurando por Ennis nos braços de outros homens. Tão dura, e igualmente, é essa situação para Ennis, que, ao contrário, de Jack internaliza toda a sua dor e angústia, sendo apenas visível esses sentimentos quando o olhamos atentamente. Ennis tem um olhar perdido e uma imensa tristeza que marca seu semblante sempre sério e praticamente imutável.

Quanto à vida conjugal tanto de Ennis quanto a de Jack é, digamos, triste; e pelo menos para Jack uma farsa, já que além de ser totalmente desprezado por seu sogro (um milionário empresário do ramo de equipamentos para o campo) Jack não “atua” como o homem da casa. Ao contrário, sua esposa Lureen é quem assume as funções que o homem deveria assumir; como cuidar dos negócios e equilibrar o orçamento deixando, pois, os cuidados do filho sob a responsabilidade de Jack. Quanto a Ennis, seu casamento sucumbe após uns cinco ou sete anos, e este passa a viver solitariamente e apenas tenta se envolver com uma outra mulher que não lhe desperta muito interesse.

Com todo esse fracasso na vida afetiva, e não podendo ficar juntos a vida das personagens, como menciona o próprio Jack, é uma doce e nostálgica lembrança do que viveram juntos na montanha Brokeback. Depois de mais uma despedida, Ennis diz a Jack que poderá revê-lo apenas em novembro (um intervalo em torno de 04 a 05 meses). Nas vésperas do reencontro de novembro, Ennis recebe de volta o postal que havia enviado para Jack lembrando-lhe do encontro de novembro. O postal contém um carimbo informando sobre o falecimento de Jack. Imediatamente Ennis entra em contato com Lureen, esposa de Jack, que o relata secamente sobre o ocorrido. As cenas que se sucedem a esse diálogo não as comentarei, pois somente vendo-as é possível compreender e sentir o que Ennis sentiu.

Como mencionei anteriormente, sobre a troca de socos entre Jack e Ennis na montanha Brokeback e o link que esta cena faz com a última, não posso deixar de comentá-la: depois de ir à casa dos pais de Jack para pegar alguns pertences de Jack, vemos Ennis morando em um trailer à beira da estrada. Após um diálogo com a filha, que viera visitá-lo contando-lhe sobre seu noivado, Ennis, taciturnamente, entra para o trailer (sua casa), abre a porta de seu guarda-roupa, vê as duas camisas que ele e Jack estavam usando no dia da briga na montanha penduradas na porta do guarda-roupa, uma camisa sobreposta à outra, ainda sujas de sangue. Nesse momento, Ennis acaricia as camisas, como que acariciando Jack, abotoa cuidadosamente um botão de uma delas e olha para um cartão postal com a foto da montanha Brokeback acima das duas camisas. Ele balbucia algumas palavras e lágrimas correm-lhe pelo rosto.

Enfim, penso humildemente que Brokeback não teve um público à altura da grandiosidade do tema nela tratada. Vemos simplesmente o amor que brota naturalmente entre duas pessoas e a cumplicidade que as une. Essa produção requer um olhar, uma atenção despida de todo e qualquer preconceito, ela requer simplesmente um olhar humano, pois o filme coloca o amor acima de sexualidade e o mostra de forma natural como duas pessoas se conhecem, se gostam e apaixonam-se e, nesse filme, o fato de ambas as personagens serem do mesmo sexo é apenas um mero detalhe. Não que eu esteja subestimando quem o assistiu, mas os comentários que eu já escutei sobre Brokeback são desoladores. Só como exemplo, lembro-me de ter escutado que Brokeback é uma aberração com dois cowboys boiolas. Sem contar as pessoas que saíram da sala de cinema xingando Deus e o diabo. Se você estiver disposto a assistir essa maravilhosa produção, só um conselho: assista-a despido de todos os valores preconceituosos e segregacionistas que permeiam a nossa sociedade.

Críticas

Pânico em Alto Mar

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Uma das coisas espantosas da vida é nunca ser tão má que não possa piorar – Bill Watterson

Um filme de terror que nos deixa com uma pura sensação de pânico a cada segundo, a partir do momento que é suposto fazer isso. Que mais podemos querer?

É certo que os primeiros 20 minutos não valem um figo seco, pois só mostram cenas chatas e/ou ordinárias protagonizadas por uma data de pessoas que ora parecem adultos, ora adolescentes. Sim, esses primeiros minutos são um pouco sofríveis. Mas a partir do momento em que as duas últimas pessoas se atiram para a água, o filme transforma-se por completo.

Para começar, aquele flashback que persegue Amy durante várias partes do filme é do melhor que há; um fundo escurecido e meio desfocado para dar um ar antigo à cena e uma situação quase tão assustadora como aquela em que o grupo de amigos se foi meter. Quer dizer, a menina está a nadar com o pai e, de repente, ele desaparece e a menina quase se afoga? Se isto é para um filme de terror, está muito bem para ele. É então que o grupo percebe que está numa situação anormal. Como é óbvio, não entram em pânico, como qualquer adulto irritante que ande por aí, que tem a mania que “Vai tudo correr bem!”. É sempre assim. A morte daquela maneira parece-lhes tão irreal que pensam que não pode ser assim, e que nem que seja preciso quebrar alguma lei da Física, ficarão vivos. Ah, ah! O mundo não funciona assim.

Enfim, há que tentar voltar para o barco. Os homens saltam e tentam agarrar a borda do barco. Não conseguem; é muito alto. Tentam outra vez, tentam o golfinho, tentam a bandeira. Têm tantas possibilidades de salvação, mas todas têm um problema que os impede de se salvarem. No fundo, todas essas (im)possibilidades são apenas uma tortura psicológica. Ah! Tortura psicológica! Esse é um elemento constante neste filme. Afinal, a situação em que se encontram os amigos é algo horrível. Nenhum ser humano devia ter de se sujeitar a isto. Sentir-se completamente impotentes, com a salvação ali tão perto e não conseguem alcançá-la. E, se desistirem de tentar salvar-se, só lhes resta…esperar a morte. Isso é uma tortura. Se uma pessoa está em perigo e, por mais que tente, não se consegue salvar, então que morra logo. Não devia ter ficar à espera que a Natureza faça o seu trabalho e a mate. É horrível ficar horas, talvez dias, atormentado pela quase certeza que se vai morrer prematuramente, ainda por cima, tendo a salvação mesmo à frente do seu nariz. Isso tem um nome: tortura psicológica.

À medida que o tempo passa, o grupo também se transforma. Aquelas pessoas, que ao princípio pareciam apenas uma cambada de adultos fúteis com cérebro de adolescentes rebeldes, passam a ser muito mais adultas agora que estão concentradas em salvar-se. Pensam com racionalidade e vão até além dela, visto que chega a parecer que o seu cérebro fica mais activo quando estão numa situação daquelas. Porquê? Porque pensam em várias maneiras de conseguir voltar para o barco, maneiras em que dificilmente alguém pensaria em circunstâncias normais. Gostei, particularmente, daquela ideia de fazer uma corda com a roupa interior. E por falar nisso, este filme conseguiu ainda não mostrar quase nenhuma cena de nudez após o momento em que os amigos se despiram todos.

Houve quem dissesse que este filme seria melhor se o local onde o grupo de adultos ficou a “boiar” tivesse tubarões. Pessoalmente, não acho. Se houvessem lá tubarões, a maior parte dos amigos seria comida em muito pouco tempo, e não teria de enfrentar a tortura psicológica de esperar para morrer de hipotermia, de sede, de fome, afogados, etc. Sem os tubarões, o filme pôde concentrar-se no mais arrepiante: as sucessivas tentativas frustradas de alcançar o barco, que faziam os adultos pensar que se iam conseguir salvar, mas acabavam sempre por não conseguir. Isso é uma tortura. Os tubarões acabariam logo com o sofrimento deles.

Este é um daqueles filmes que a gente deseja que acabe logo. Claro que isso nunca é possível; um filme de terror tem de ter diversas tentativas de salvação que não funcionam, e só depois de cerca de uma hora de filme é que as personagens se conseguem realmente salvar. Mas, no fundo, a gente deseja muitas vezes que o filme seja uma curta-metragem disfarçado de longa, só para as personagens se salvarem logo à primeira. Ou seja, desejamos que o filme seja um “eu pareço um filme que fica em bom tempo a fazer-te sofrer ao confrontares uma situação horrível, mas não sou…”. E eram tantas hipóteses…mas eles desperdiçavam o telemóvel, a faca, o barco que ia a passar e eu cada vez mais sofria.

E, como seria de esperar, o estar naquela situação levou os amigos a algo que já é uma constante nos filmes de terror: o lado mais negro do ser humano. Numa situação em que todos deviam colaborar, alguns ficavam histéricos. Outros suicidavam-se. E até houve quem começasse a andar à luta, o que não é nada conveniente, pois quem luta, mata, e naquela situação, o grupo já estava afogado (desculpem, não resisti) em problemas. Não lhes fazia falta um assassino. Não convinha nada deixarem-se levar pela raiva. Felizmente, essa parte da raiva resolveu-se…ou será que não?

Durante o filme todo, por muito mesquinho que pareça, quase nunca pensei na bebé; nunca me importei muito com ela, porque estava demasiado concentrado nos personagens, que estavam no verdadeiro sofrimento. Porque, escusado será dizer, este é um filme em que não é difícil sentirmo-nos (mal) na pele dos personagens: sem qualquer apoio sólido, não poder parar de nadar nem por um segundo e sentir-se impotente perante a situação. Uma tortura, lá está.

Algum tempo depois de, se não me engano, Lauren ter decidido “ir nadar”, uma ideia que achei ao mesmo tempo maluca e boa, Dan, outra vez com raiva, começa a estragar a máscara e, de repente, ao que parece, o “vidro” da máscara sai. Não sei como ele teve aquela ideia estranha, nem como o vidro aguentou o peso de Amy, mas pelo menos funcionou. Finalmente, estavam de volta ao barco. O regresso ao barco ficou acompanhado de um declínio de qualidade do filme, que ficou confuso. Primeiro, nunca me ocorreu que Amy fosse ver como estava a bebé antes de se certificar que Dan estaria são e salvo no barco. E não percebi porque carga de água (desculpem outra vez) é que Dan não subiu a escada. Quer dizer, ele estava mesmo à beira dela e parecia querer subir. Mas não subiu. Porquê? Estaria fatigado demais? Ou seria por outra razão? De qualquer maneira, Amy não teve uma ideia mais inteligente que atirar-se de novo ao mar para ver se o salvava. Eu acho que não faria isso. Acho que não conseguiria voltar a pôr o meu corpo na água depois daquela horrível experiência. Seria mau demais.

E, para continuar a confusão, o final do filme é estranho. Quer dizer, primeiro aparece o marinheiro que chama por alguém e ninguém responde, só a bebé. Pensamos que Amy e Dan morreram, como é óbvio. Uma cena chocante. Porém, logo a seguir, vemos Amy viva e Dan estendido no chão do barco. Dan estaria vivo? E que queria aquilo dizer? Eles tinham sobrevivido? Mas então, como o marinheiro encontrou aquele triste espectáculo? Será que Amy e Dan estariam lá dentro, a dormir, quando ele gritou “Ahoy!”? Mas, se estavam, como não acordaram com a bebé a chorar? Terá essa cena do marinheiro sido o sonho de um dos personagens? Como podia aquilo acontecer?

A não ser…Amy e Dan seriam…fantasmas?!

Enfim, o final é algo confuso, e o filme voltou a meter água (isto já não tem piada, pois não?) ao ter uma conclusão pouco conclusiva. Mas, pelo que desenvolveu durante cerca de uma hora, já pode ser considerado uma pérola da tortura psicológica. Pânico em Alto Mar é um suspense/terror muito eficiente, e vale muito pela experiência.

Críticas

Quase Famosos

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Mais um filme que faz uma dedicação à música, mas dessa vez temos vários temas abordados no filme, desde o amor até a falsidade. Cameron Crowe coloca suas vivências neste filme que nos conta que há muito mais que pode ser visto na música.

O rock sempre foi considerado um "morto-vivo", o filme mostra isso. Desde os anos 70 o rock foi considerado algo que iria deixar de existir, mas ele nunca desaparece. A mensagem do filme é que o rock pode ser considerado morto, mas ele nunca vai desaparecer, mas é claro que essa é só algumas das mensagens que o filme nos passa, pois há mensagens de moralidade e amor.

O personagem principal é William Miller(Patrick Fugit), um garoto que teve sua adolescência "perdida" por causa de sua mãe, pois ela o colocou na escola primária com 5 anos. William descobre a música por meio de sua irmã(Zooey Deschanel) que disse que iria "libertar" sua mente com os LPs que colocou debaixo de sua cama, à partir disso ele vê que a música é sua paixão, e por influência de sua irmã ele parte com uma banda aspirante em uma tour, pois ele decide tentar uma carreira de jornalista, mas quando ele vê tudo aquilo que não deveria ver, se sente pressionado pela banda, pois ele não esperava ver uma realidade tão diferente da que ele pensava ver e também sabe que ele é considerado o inimigo no meio artístico, pois ele que vai escrever sobre a banda e que a verdade pode acabar com a carreira da mesma.

O mais interessante dessa história é que Cameron mostra toda verdade por trás das bandas que estão sendo analisadas por jornalista, mas fica claro que ele demonstra uma grande afeição à música, por exemplo, nos momentos onde William elogia o trabalho da banda.

Há momentos amorosos também, William se apaixona por uma "groupie"(Kate Hudson), mas vê que ela não é o tipo de garota que se pode apaixonar, pois ao ver da banda ela é só "uma garota" e que ele é o único que a vê como diferente.

Há os momentos de desentendimento e suborno, esses dois são focados entre o guitarrista da banda(Billy Crudup), as cenas onde ele vê William como uma ameaça a banda e o chama de inimigo. Há uma cena de suborno, mas esta passa quase despercebida, onde os integrantes da banda falam que eles mostraram tudo a William, tentando passar a idéia de que eram amigos, mas na verdade eles queriam algo em troca.

As cenas entre a mãe de William(Frances McDormand) e seus filhos são muito interessantes, pois ela faz o papel de uma mãe muito rígida que acha o rock uma ameaça a vida de seus filhos, porque é um mundo onde envolvem drogas e sexo, além disso ela acaba "perdendo" sua filha para esse mundo e depois tem medo que William fosse para esse caminho e por isso "roubou" sua adolescência.

As atuações tem como destaque Frances McDormand e Kate Hudson que tiveram indicações ao Oscar. Frances McDormand se destaca em sua atuação, pois faz uma mãe com medo da perda de seus filhos, uma mãe solteira que só deseja ser uma boa mãe, protegendo seus filhos das maldades que o mundo oferece. Sua atuação é fenomenal, sendo a melhor do filme. Kate Hudson se destaca nesse filme, pois ela faz uma personagem muito difícil. Uma "groupie", mas diferentes das demais ela vê o trabalho de ser "groupie" muito mais do que meninas que transam com a banda, em nenhum momento vemos Kate Hudson escorregar em sua atuação, deve ser por causa que ela fez um papel perfeito para seus limites de atuação, ou seja, ela fez um papel que é a cara dela, é uma atriz limitada, mas nesse trabalho ela se superou.

O roteiro ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original de 2001, como não vi todos os filmes que foram indicados a essa categoria, não sei dizer se ele foi o melhor, mas é possível afirmar que foi uma obra-prima, a dedicação na escrita de Cameron Crowe foi muito grande, o roteiro foi um dos pontos mais altos do filme, porque a história fica muito boa sempre que é baseada em fatos que já aconteceram, mas que foi você o primeiro a escrever sobre eles.

Quase Famosos é uma obra-prima dos filmes de música e foi uma dedicação de amor a música e aos que a amam, assim como eu.

Críticas

Laura

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As décadas de 40 e 50 foram marcadas por vários filmes do gênero noir, um gênero que hoje é motivo de discussão entre os críticos e estudiosos de cinema pelo fato de não haver uma opinião unânime se esse estilo de filme pode continuar a ser aplicado à algumas películas atuais.

Fotografia escura e com forte contraste preto-e-branco inspirada no expressionismo alemão, personagens cínicos, uma femme fatale e um assassinato são geralmente os fatores principais desse gênero/estilo, e a obra em questão a ser criticada se encaixa perfeitamente nessas características.

A trama nos conta a intricada história do detetive Mark McPherson em sua busca pelo assassino de Laura, uma mulher que subiu na vida graças ao seu talento e da ajuda de um influente jornalista, Waldo Lydecke, seu devoto em último grau. Apesar do amor que Waldo sente por Laura, ela acaba se envolvendo com o playboy Shelby Carpenter, que por sua vez é amado intensamente pela tia de Laura, Ann Treadwell.

Já que estamos falando de um verdadeiro exemplo de filme noir, é de se esperar que todos essas personagens envolvidas estejam escondendo algo, afinal, no mundo noir ninguém é inocente, muito pelo contrário, esse mundo é repleto de cinismo e um (alto) quê de antipatia que emana dos envolvidos, a fotografia escura realça ainda mais esse aspecto obscuro das personagens.

Um ótimo exemplo é o jornalista/colunista Lydecker, sua personagem é claramente um ser solitário, em seu primeiro encontro com Laura ele demonstra um grande desprezo pela moça, até é claro, o seu grande envolvimento com ela, quando o sentimento muda drasticamente do desprezo para a devoção.

Todas as personagens (como exceção do detetive) são suspeitas da morte de Laura, esse é outro ponto muito importante num filme desse gênero, a única pessoa em quem confiamos é o detetive, que geralmente apresenta um caráter um pouco melhor e mais digno de simpatia ( se ele não for representado por Humphrey Bogart). Ah sim, temos ainda outro ponto indispensável: uma grande reviravolta na trama! Afinal não estamos falando apenas de um filme noir, mas um filme noir que envolve um crime, logo requer uma virada inesperada.

E qual é essa reviravolta? Laura está viva! Ainda que estejamos esperando uma virada na história, a jogada do diretor Otto Preminger foi de mestre, ele colocou a cena da 'volta' de Laura logo depois de termos presenciado a 'quase confissão' de McPherson do seu amor pela moça, ele então não mais precisará se contentar apenas com uma pintura da femme fatale.

Com a volta de Laura, a história fica ainda mais intricada. Quem morreu em seu lugar foi o affair de Carpenter, e assim Laura passa a integrar o hall dos suspeitos. McPherson passa a instigar ainda mais os envolvidos, numa busca desesperada para ter certeza que a sua amada é inocente, e assim presenciamos ainda mais a inescrupulosidade das personagens.

Com ótimas atuações, destaque para Clifton Webb e seu seco Lydecker, 'Laura' é um filme noir à altura de outros do mesmo gênero, como Pacto de Sangue e O Falcão Maltês, com diálogos rápidos e fortes apesar de seu final não ser tão forte como os dos citados e a femme fatale não ser tão poderosa quanto Phyllis Dietrichson (chega até a ser um exagero todos os homens na trama se apaixonarem tão loucamente por Laura, Gene Tierney não é tão irresistível assim).

Críticas

Meu Amigo Harvey

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"Meu Amigo Harvey" é uma daquelas comédias típicas dos anos dourados de Hollywood, cheia de carisma e pureza, duas características que certamente não combinam com a maioria das comédias produzidas hoje em dia.

Estrelada pelo formidável James Stewart, a trama nos conta a história de Elwood P. Dowd, um homem que tem um amigo basta peculiar: um coelho gigante de 1.91 de altura chamado Harvey! Ah, um detalhe: esse amigo é puro fruto de sua imaginação. Dowd mora com sua irmã Veta e sua sobrinha Myrtle, que passam poucas e boas por causa da imaginação fértil dele, chegando a ponto de perderem os seus contatos sociais, e o momento não poderia ser pior por conta da procura incessante de Veta por um marido ideal para sua filha. Cada vez mais elas percebem que Dowd está espantando todas as pessoas de sua casa, e tomam uma decisão drástica: internar o pobre homem.

A partir daí a história toma um rumo bastante inesperado e inevitavelmente hilariante, onde os acontecimentos chegam no limiar do absurdo, mas se tratando de uma comédia dos anos 50, não há nada mais natural. É bastante agradável ver todas as reviravoltas pela qual a trama passa.

James Stewart nos apresenta uma atuação bastante divertida, sem dúvida um dos maiores atores de todos os tempos, ele consegue com proeza nos conquistar com a sua relação com Harvey, chegamos até a acreditar que o coelho realmente existe tamanha a sinceridade em que Dowd o trata, seja nos seus diálogos ou nos seus gestos.

Apesar do tom cômico, 'Harvey' também possui um lado crítico ao mostrar o sanatório para onde Dowd é levado. É claro que tudo é lidado com um certo exagero, mas é clara a crítica em relação ao que realmente difere um 'louco' de um 'normal'. Porque Dowd seria um louco? Afinal, ele não está fazendo mal ao ninguém, ele apenas tem um amigo nada convencional. A cena em que o médico do sanatório pensa que é a sua irmã, Veta, que está louca, é bastante crítica, afinal, Dowd continua na dele, tranquilo e sorridente, enquanto sua irmã entra num estado completamente histérico por causa de Harvey.

Talvez essa crítica do filme não tenha chamado muita atenção para os expectadores daquela época, mas ainda é bastante válida para os dias de hoje. Na cena ótima e bastante crítica em que um taxista, que costuma levar os ditos loucos para o sanatório, diz à Veta que 'os loucos' entram no sanatório de um jeito (simpáticos, gentis e alegres) e depois de injenção de 'cura', saem rabugentos e reclamões, podemos perceber a preocupação que a trama teve em explorar, mesmo de um modo superficial (o que nesse caso era inevitável em se tratando de uma comédia descompromissada), as questões que lidam com a linha obscura entre a sanidade e a loucura.

Mas para não acabar viajando demais na maionese, termino aqui dizendo que é uma película bastante agradável, com atores afiados (destaque também para Josephine Hull como a histérica Veta) e uma boa direção. Quem sabe ao final do filme você não vai acabar desejando a companhia do simpático Harvey?

Críticas

Beleza Americana

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A arte criticando a vida. O filme é um estudo irônico da sociedade americana de hoje em dia, dando ênfase aos problemas mais comuns de pessoas comuns, que levam uma vida comum. Apesar da repetição de uma mesma palavra na frase anterior, se tem uma coisa que o longa de Sam Mendes não é, é comum.

Não é flor que se cheire. E não, não estou falando do filme. Estou sim, falando de fato, de uma planta. Curiosiamente de uma planta diferente e única, que não tem cheiro e não tem espinhos, embora se pareça muito com uma rosa. Brota somente no continente americano, e foi essa flor que fez nascer um dos mais politicamente incorretos filmes norte-americanos da história. Pra quem não captou a mensagem, o título do filme, que sabe-se ser Beleza Americana, é justamente o nome da flor à qual estava me referindo ainda há pouco. Sim, o leitor certamente percebeu que eu ainda não explicitei exatamente qual a minha posição inicial em relação ao filme que eu estou (supostamente) criticando. Mas na verdade quero lhe fazer um convite. Tenho certeza que você notou que espalhei algumas poucas informações desde o início dessa análise, mas que concretamente não fazem sentido, uma vez ligando umas às outras. Agora, se juntarmos todas essas informações, será fácil perceber qual é a minha opinião informal sobre o filme. Vejamos: incomum, politicamente incorreto, cujo nome deve-se a uma flor. Em outras palavras, "beleza americana" pode ser sim o nome de uma planta, mas está muito longe de ser somente uma. O nome, aplicado ao filme aqui sendo criticado, serve como metáfora, uma ironia "incomum" sobre a "politicamente (in)correta" sociedade estadunidense, usando como título uma flor, que aparentemente pode ser bela, deliciosamente vermelha, tentadora e invejável, mas que no fundo não passa de uma simples e patética planta, sem cheiro algum e sem nenhum tipo de espinho, que serviria como defesa. 'Beleza Americana' (agora sim o filme) é resumidamente isso. Um filme sobre a imagem, imagem de uma aparente família suburbana comum (não que isso seja de fato algo ordinário, segundo uma das várias reflexões que o roteiro nos convida a fazer), que a partir, justamente da impressão passada por eles: de felicidade, alegria, união familiar, não passa de fachada. Por quê? Olhe mais de perto.

"American Beauty" é boa parte a imagem real dos subúrbios norte-americanos. Criticando justamente isso, o roteiro de Allan Ball é uma caixinha de surpresas. Eu poderia ficar escrevendo linhas e mais linhas só de elogios a esse brilhante roteirista em seu trabalho mais admirável, mas com que finalidade? Afinal de contas, tudo isso já é clichê, de tanto que as pessoas já ouviram. E não vou cair em desgraça a ponto de contradizer tudo o que o filme é, escrevendo de forma totalmente oposta, ou seja, clichê, comum e (mais uma vez) politicamente correto. Acontece que tamanha a inteligência de alguns profissionais do cinema de hoje em dia, que chega a ser algo incrédulo, deixando o espectador atento em um estado de confusão perplexa. Mas partindo pra frente, essa é a maior sacada de Ball, unir a flor e suas características à crítica que deseja passar através de seu texto, e tudo é feito tão perfeitamente pelo diretor Sam Mendes que, como eu disse, é difícil de acreditar que alguém possa ter sido capaz de ter tido essa fantástica ideia.Voltando lá no começo desse comentário você pode notar que eu escrevi que se tem algo que 'Beleza Americana' não é, é comum. Pois é a mais pura verdade e como deixar de ser, fruto da genialidade de Ball, que cria personagens comuns, coloca-os em situações comuns deixando mais do que claro que a vida deles, ou melhor que o "american way of life", é tão medíocre, ordinária e sem querer ser redundante, comum, como qualquer outra, e trabalhando mais uma vez com a imagem, ele escreve cenas que mostram como as pessoas desejam e lutam tanto para não acabarem virando humanos comuns.

E entre esses tantos seres imaginários, está Lester Burnham. O protagonista e a vítima de toda a história. Mas não é pelo simples fato dele já sair anunciando desde o início que ele está para morrer dentro de um ano (apesar claro, de não saber disso ainda), mas sim por ser aquela típica pessoa que anda pra lá e pra cá se sentindo derrotada, fracassada em todos os mais miseráveis aspectos de sua vidinha chata e medíocre, cujo ponto alto do dia resume-se em se masturbar no chuveiro antes de ir para um trabalho que ele simplesmente odeia, aturar pessoas querendo demiti-lo, voltar para casa, ser humilhado pela sua infeliz esposa Carolyn Burnham, ser odiado mais ainda pela filha Jane Burham e repetir essa mesma ordinária rotina todos os dias do resto de sua vida, pelo menos até ele mesmo dizer "chega". E ele realmente o faz quando conhece Angela Hayes, a melhor amiga da filha, que chama atenção pela beleza e pelo corpo escultural. Decidido a mudar de vida radicalmente, ele toma coragem e parte para o desencadeamento mais criativo dos últimos anos no cinema. Demite-se, chantageia o chefe, toma as rédeas da casa e da família, começa a malhar, compra o carro dos seus sonhos e arruma um emprego, que de acordo com seus desejos, exige o mínimo de responsabilidade possível.

Inovando, inovando e inovando. Ball dá sempre um jeito de inserir mais e mais criatividade em seu roteiro cada vez mais misturando a dura e fria realidade dos subúrbios com a fantasia da mudança de vida radical. Entre situações indescritíveis, estão personagens tão indescritíveis quanto. A começar por Lester Burnham, o homem do ano casado com Carolyn Burnham, a corretora de imóveis que encontra no jeito mais prazeroso um modo de renovar suas energias abatidas pelo casamento fracassado e carente de sexo, sua filha Jane Burnham, a adolescente rebelde, que odeia os pais e anda com Angela Hayes, a gostosona "incomum" do filme, que rejeita o relacionamento esquisito da amiga com o vizinho Ricky Fitts, o cara que fica filmando a vida dos outros, não com o intuito de se intrometer na vida alheia, mas como um admirador da beleza universal, um jovem traficante de drogas que engana o pai Frank Fitts, um ex-fuzileiro naval que coleciona um prato nazista e detesta homossexuais. Enfim, o roteiro engloba todos os personagens de maneira curiosa, e que de certa forma, se preocupam tanto com a imagem, que se esquecem do que verdadeiramente importa. E parece não haver ninguém melhor que Sam Mendes pra controlar essa loucura toda, deixando tudo mais discreto e charmoso possível, com pitadas de fantasia e cenas delirantes, o humor negro vem para deixar tudo ainda mais agradável.

Mendes não só mantém o roteiro preso ao chão como comanda o elenco de maneira liberal e inteligente. Kevin Spacey é o melhor deles, sem sombra de dúvida, o ator brilha sem cessar. De um homem que se sentia derrotado em todos os cantos, pra um homem que ganha uma nova força de viver e se renova a cada dia, Spacey se dá bem com o papel em cada diálogo, cada olhar, cada cena, tudo está perfeito. Quem o segue de perto é a maravilhosa Annette Bening, responsável por uma detestável mas carismática Carolyn, ela é mais uma vez fez para merecer todos os elogios a ela destribuidos. Thora Birch também está fantástica, com uma naturalidade invejável e típica de uma adolescente rebelde. Mena Suvari consegue ser tão brilhante quanto, com seus olhares e gestos sensuais, ela encanta não só por sua beleza. Wes Bentley, Chris Cooper e Allison Janney formam a outra família, tão desequilibrada quanto os Burnham. Bentley está ótimo, cujo olhar penetrante formam um dos personagens mais profundos e sinceros da última década. Cooper está mais uma vez radiante e atua de forma magnífica, e apesar de pequeno, o papel de Janney é emocionante, tal como sua atuação, muito resumidamente em seu olhar inspirado.

Tudo parece funcionar em 'Beleza Americana'. A fotografia de Conrad L. Hall traduz o filme em um jogo de imagens, luz e sombra, reflexos e enquadramentos dignos de aplausos. A montagem, que beira à perfeição unida à direção de arte (a porta vermelha é genial) mais a trilha original, interessante e deliciosa de Thomas Newman transformam o filme em algo ainda maior e incomum, deixando para trás todas os outros filmes, abusando da originlidade e da genialidade e marcando época, revivendo os tempos de Crepúsculo dos Deuses cujo monólogo incial vem de uma pessoa morta, "American Beauty" se destaca em todos os mais pequenos aspectos.

E é isso. Engraçado como num século cheio de obras-primas e trabalhos de valores incalculáveis como foi o XX, esperaram pra deixar pro final uma das mais espantosas obras da história. Sei que pode parecer exagero, mas Beleza Americana une-se aos clássicos dos anos dourados de Hollywood, do cinema europeu e asiático, como uma obra-prima única, de inteligência e originalidade fora de séries. Mas ainda não é tudo o que se pode dizer do longa, para entender e captar melhor toda as mensagens genais que Ball e Mendes querem passar ao espectador, é necessário máximo atenção. Portanto, olhe mais de perto, você não verá um filme como outro qualquer que retrata os subúrbios americanos e relações familiares, você verá algo incomum de se encontrar no cinema recente, algo verdadeiramente indescritível.

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