Lupas (799)

Ritmo acelerado e uma abordagem quase inesperada tornam o projeto interessante. É um grande paralelo com o modelo estadunidense de vida, em suas contradições, malícias e problemas, a partir de seu principal símbolo.

Uma ótima primeira parte e bom miolo, em que consegue abrir terreno para a eficaz construção da heroína e consegue divertir dentro de sua perspectiva de gênero. No clímax se perde um pouco, em meio a verborragia e ação genérica. Gadot detona.

Um punhado de planos maravilhosos (o pôster é um bom prelúdio) e uma construção de autêntico filme de ação eloquente em contraponto a um roteiro mequetrefe e personagens insossos - o grupo de atores definitivamente não estava em uma boa jornada. Razoável.

Hailee Steinfeld em grande atuação levando um filme que sobrevive por seus personagens fortes e densos, mesmo que suas situações não sejam das mais originais. Bom e simpático "coming of age".

Destrincha com delicadeza e sensibilidade as complexidades dos relacionamentos, em que papéis e certezas estão em constante discussão, exceto uma: o amor.

Um último ato deficiente e o típico excesso de humor besta, que apenas serve para diluir o impacto da trama, impedem o filme de alcançar algum lugar diferente daquilo que boa parte do universo Marvel sempre alcança: mediocridade.

Um estudo de personagem profundo acompanhado de um eficiente estudo de realidade que permanece atual. "Christine" lida com a força mitológica de sua história com maestria, sem se apoiar em estruturas fáceis. Rebecca Hall em atuação impressionante.

O mais interessante é como cada filme da franquia tem vida completamente independente dos demais e sempre desconstrói a narrativa dos anteriores com elementos novos, como se Anderson tivesse tido a oportunidade de fazer uma franquia diversa por trabalho.

Percorre parte do caminho para o bom filme do gênero: premissa interessante e ótimo desenvolvimento da dinâmica dos personagens e da tensão durante a autópsia. No entanto, o ato final nem de perto se equipara com aquilo que vimos antes. Uma pena.

Uma jornada sobre autoconhecimento - o que somos e para onde ir - ao mesmo tempo em que se descobre o novo lugar e os atos que nos fazem humanos. Uma pena que falte um algo de eficiência narrativa para a jornada ser completa.

Bergman, uma fotografia magnífica e um punhado de cenas antológicas. Um préstito de símbolos e alegorias com multiplicidades de interpretações e grande profundidade emocional sobre homens e seus demônios. E a maior dúvida de todas: afinal, quem?!

Questão racial 'with a twist'. Peele, ótimo diretor/roteirista, desvia de todas as armadilhas em uma obra que consegue construir um suspense irônico e simbólico na medida certa sem em nenhum momento se levar a sério. Uma engenhosidade que poucos alcançam.