Lupas (799)

A fotografia é estonteante - um prenúncio daquilo que marcaria a cinegrafia de Welles - e as composições cênicas do diretor impressionam, aliando as mais diversas técnicas fílmicas para construir uma obra coesa e impactante. Kane é um marco.

A competência de seus realizadores proporciona belos momentos e uma fantasia convidativa e elementar. No entanto, ainda assim, em alguns pontos, inevitavelmente não consegue se desvencilhar do discurso panfletário e de elementos dramáticos rasos.

Forman em direção segura trabalhando eficientemente o roteiro bem amarrado e que emula questões muito maiores do que uma mera dinâmica interna daquele ambiente. Ademais, a dupla Nicholson e Fletcher catapulta a obra, elevando-a ao status de grande filme.

Um clássico suntuoso e imponente de deliciosas quatro horas de duração. Uma extraordinária produção muito além de seu tempo e de impacto ímpar e atemporal na arte cinematográfica. E, ainda, Vivien Leigh em uma das melhores atuações da história.

A conclusão épica de uma trilogia histórica. Uma adaptação difícil transforma em aventura eficientemente estruturada, combinando seus diversos núcleos em um senso de emoção poucas vezes alcançada - isso durante boa parte de seu clímax de quase duas horas.

A típica beleza visual encontrando-se com uma beleza dramática mais pura em sua trama e desenvolvimento - algo menos "sério", mas não necessariamente infantilizado. "Totoro" não precisa de um grande vilão ou "adultismos" para passar sua linda mensagem.

A beleza das imagens classicistas de Gray estruturam a composição de seu conceito de "aventura" - explorando especialmente os aspectos relacionais do homem, seus desejos e o ambiente selvagem como mecanismo quase salvacionista de uma batalha interna.

Um panorama sociológico a partir da proposta do ambiente fechado como desencadeador da tensão e indutor da convivência bélica entre as diferenças. Um grupo de pessoas de diferentes intenções presas a um momento. Mais global do que só a sociedade egípcia.

Coppola constrói planos e composições visuais belíssimos e o elenco está bem - com destaque para Kidman e Dunst. Melhora na segunda metade, mas a sutil interconexão entre o masculino e feminino, poderia ser mais tensa, ainda em uma proposta de observação.

Visualmente é muito bonito, mas alguns exageros visuais atrapalham o desenvolvimento dos aspectos mais interessantes da narrativa. Além disso, o roteiro se perde em diálogos fracos e peca na coesão. Uma pedra bruta.

Mais uma vez, a inteligência de Kaufman na elaboração de roteiros transforma as perspectivas possíveis sobre as teses e reflexões que sustenta. Dos poucos que pode desconstruir uma estrutura enraizada e surgir com um argumento e execução brilhantes.

A metalinguagem ao retratar o trabalho criativo de um artista em delírio, a dor da revisitação de um passado pungente, a reconstrução de uma família pelas distorções pessoais acerca das identidades alheias. Resnais navega por temas espinhosos com fluidez.