Lupas (799)

Vai além da boa atmosfera criada por Eggers - que é genuinamente assustadora. Técnica apuradíssima (que fotografia!), boas atuações e roteiro cirúrgico na abordagem de suas dinâmicas familiar e religiosa.

Cronenberg, enquanto diretor, em uma de suas melhores realizações. Cronenberg, enquanto roteirista, em um ótimo trabalho, mas com margem para ir além. A abordagem filosófica, acompanhada das composições exageradas e dos arranjos visuais, é sensacional.

Consegue cumprir satisfatoriamente os três estudos que se propõe a fazer, construindo uma das mais interessantes amizades do cinema, em meio a uma análise sobre o ambiente prisional e suas consequências sobre seu objeto-último: a natureza humana.

Um ponto de vista diferente sobre a Segunda Guerra, partindo de uma visão intimista, por meio da quebra das bidimensionalidades que se enraizaram sobre o tema e da exibição de todos ali como indivíduos. Bruno Ganz em uma das maiores atuações da história.

Falha na tentativa de trazer sua discussão por meio de subtextos dentro de subtramas que não se desenvolvem tão bem, apesar de alguns lampejos interessantes de inspiração, amparados principalmente no bom trabalho de Stewart e na direção de Assayas.

A inteligência narrativa na construção dos flashbacks com as versões do mesmo fato sem de fato reconstruí-lo é uma das várias qualidades do longa, que também tem um ótimo trabalho de câmera de Kurosawa e um interessante estudo sobre a moralidade humana.

Wes Anderson continua trabalhando com sua própria visão sobre entretenimento, usando um humor peculiar e personagens cartunescos, enquanto estabelece uma metáfora das mais interessantes sobre a Europa do Século XX. E que visual e elenco maravilhosos!

Coogler sabe qual o seu protesto, mas nem por isso usa a muleta do melodrama para comover. A reconstrução humanizada de Oscar traz ainda mais choque a uma história de forte crítica social e desmascara (mais uma vez) o submundo em que vivem as minorias.

Uma grande obra-prima: excelentes diálogos, direção precisa, grande elenco e uma trama que se desenvolve de maneira sutil, mas com grande carga valorativa e filosófica. Uma verdadeira aula em todos os sentidos.

A construção de cenas marcantes, como a do baile, demonstra o grande domínio estético de DePalma, em um espetáculo repleto de referências, com uma maravilhosa trilha sonora e belos momentos imagéticos.

Filme de personagens densos e complexos e relacionamentos bem desenvolvidos, trabalhando o feminino entre gerações a partir de um recorte de tempo e olhar. Não consegue decolar tanto quanto deveria, mas bom filme.

São perceptíveis os efeitos de um molde para atrair os votantes do Oscar, como um típico filme de superação cheio de momentos manipuladores, mas Lion consegue ser algo a mais do que uma simples fórmula, trazendo discussões além daquilo que se esperaria.