Lupas (154)

Rohmer se utiliza de uma dialética de embates para registrar diferenças morais entre personagens, acima de tudo, verdadeiros.

Um Godard pós-nouvelle agradabilíssimo; refusando o status que lhe empregaram de cineasta verborrágico revoltado. Material precioso; com linhas ácidas e libertário como poucas vezes.

De uma solidez atmosférica raramente atingida, em que a areia assume uma vasta multiplicidade de acepções. Um casebre; dois habitantes. Conformismo e agonismo. Sufocante.

Um projeto desconjuntado; no qual Korine abrange vidas niilistas coexistindo em um cenário de difícil aproximação.

O desejo sexual transcendendo quaisquer que sejam as moralidades acerca de seu tabu. Imamura esbanja ousadia.

Noé sendo um bom picareta.

Remexida no código-fonte.

Tanto no meio artístico quanto no pessoal, os derradeiros 67 dias de Van Gogh são expressados, sobretudo, com muita naturalidade. Resgatando com veracidade o espírito do final do século XIX na França.

O realismo de Pialat impresso em um solene documento dos amores incompreendidos e a capacidade de criarem erosões familiares.

É um Pialat mais fantasioso. Que deixa de lado as situações corriqueiras comuns de sua filmografia mas, que mesmo assim, consegue demonstrar flexibilidade com um tema hermético por natureza. A parceria com Depardieu é sempre eficaz.

Empreitada cinzenta de Tarkovsky em terras italianas. Onde o preto-branco e as cores mesclam em um efeito de dispersão temporal. O discurso é o refinado de sempre, com algumas referências religiosas. Josephson é vital.

Antes um artista em reclusão que um gângster sanguinolento.