Lupas (749)

Oscila entre uma história deveras mal conduzida (e que demora pra engrenar) e um espetáculo visual de encher os olhos (a baleia realmente impressiona), e o saldo é positivo, mas aquém do que algo sobre Moby Dick merecia.

O desconforto é alcançado, mas não pelo objetivado: 'O Filho de Saul' é mais um drama de guerra caótico do que uma experiência realmente claustrofóbica (o trabalho de câmera é uma preguiça), sendo nada mais que uma experiência exaustiva.

A direção desinteressante de Howard e o roteiro mecânico de Goldsman bloqueiam a oportunidade (perdida) de fazer da curiosa bagunça do material de Brown uma divertida brincadeira. Seja como entretenimento ou sátira histórica, passa batido.

Sem um foco específico e com um terceiro ato besta, BvS se firma apenas como mais uma bagunça do megalomaníaco mundo dos super-heróis, por mais que seja possível notar um esforço em trazer alguma densidade, embora tudo se resuma a tentativas tolas.

A divisão de um material visivelmente incapaz de sustentar duas partes, como era previsto, mais uma vez sacrifica um bom ritmo e uma trama com suas próprias nuances em prol de um engodo de 120 minutos, onde basicamente nada acontece.

"É como nos anos 60. Só que sem esperança."

Tão poderoso quanto seu ambíguo desfecho, é a imersão que Henri-Georges Clouzot nos insere na nervosa trilha de quatro personagens e até onde seus limites é capaz de levá-los. Filmaço!

Talvez o ápice metalinguístico de De Palma, indo (obviamente) de Antonioni, Kurosawa e chegando ao mestre Hitchcock. O filme é exuberante experiência ténica (maravilhosa experimentação sonora), que peca apenas pela composição brega de seu final.

Antológico.

De Palma se sai inegavelmente melhor quando cria suas próprias versões hitchcockianas ao invés de copia-las (como com 'Trágica Obsessão'). 'Dressed to Kill' é mais um delicioso e subversivo jogo de câmera do diretor, ao melhor estilo voyeristico.

Há mais ecos de De Palma aqui do que aparenta (os criativos passeios com a câmera), mas parece haver um certo receio em abraçar a temática com afeto, e quando isto finalmente acontece, já é tarde e o filme descamba para o risível.

Scott entrega um filme acessível (sem excessos de explicações técnicas) e surpreendentemente bem humorado, visivelmente esforçado em manter-se contido para contar sua boa história. O resultado é um dos grandes filmes do diretor em mais de dez anos.