Lupas (749)

Bay num organizado ensaio pré-Transformers, com seus cacoetes e excessos funcionando organicamente nesta aventura de ação distópica bem carregada por McGregor e Johansson. Deve ser o melhor filme do diretor.

Improvável sátira pelas lentes de Michael Bay, tão megalomaníaco como o conhecemos, mas dessa vez a serviço de um entretenimento mais ambicioso, ácido, veloz e sim, muito engraçado.

Parece ter sido feito com recortes não-utilizados de 'A Árvore da Vida', mas dessa vez com um tom de vazio e redundância que apenas levam a experiência ao tédio.

Malick segue com seus cacoetes visuais que agora mais parecem perfumaria, mas consegue alcançar novamente a universalidade característica de suas obras, aliadas a um encantamento pela imagem e seu significado. Belo filme.

Malick só viria reproduzir novamente essa mesma força, significado e magnetismo em suas imagens mais de 30 anos depois com 'A Árvore da Vida', e ainda assim, 'Cinzas do Paraíso' é pra encher olhos e alma como poucos.

Mais fascinante que o poder divisor desse Malick impossível de passar incólume é sua impactante universalidade, num trabalho gigante de auto-reflexão. A longa sequência do Big Bang é capaz de fazer chorar.

Está para as homenagens à ficção científica assim como Extermínio esteve para as homenagens aos filmes de George Romero: é modesto (ao menos para alguém como Boyle), bem dirigido, com uns notáveis exageros, mas sempre divertido.

Ecônomico na carga dramática, intenso na adrenalina e satisfatório na sanguinolência, tudo o que se deseja de um filme de zumbis. Cai no ritmo lá pelas tantas, mas é um dos filmes mais sóbrios do pouco confiável Boyle.

Nichols é sagaz ao estabelecer o tom de paranoia crescente de seu protagonista com todas as incertezas plantadas ao longo da construção dúbia do filme, que brinca com certezas e incertezas e nos deixa presos na cadeira num belo exercício de gênero.

A desconstrução do autor sobre as idealizações do amor pelos olhos de uma criança é um golpe certeiro, mas Nichols erra ao se entregar tão facilmente para soluções formulaicas tipicamente hollywoodianas.

A cena final...

Fincher transforma o morno original sueco em duas obras distintas, uma de horror social e outra tipicamente policial, fundindo-as num comovente choque de personalidades deslocadas. Ao lado de 'Zodíaco', a melhor experimentação grandiloquente do diretor.