Lupas (546)

Eu não via Carla Diaz enganando tanta gente assim desde o suposto poder dela quando voltou do quarto secreto.

Timothy queria achar seu lugar no mundo, um lugar que não era no mundo "civilizado". Achou que entre os ursos seria o seu lugar, mas não era. O pobre homem morreu sem encontrar esse lugar. E permanecer achando que está no seu lugar, mantendo essa postura de uma maneira irredutível, foi seu erro fatal.

A quase-tragédia bengali de Ray. Desgraças se abatem na vida de todos nós. O que não podemos e nos deixar levar por elas. Mas, caso isso ocorra, nunca é tarde para voltar um pouco atrás em buscar de uma redenção

Seco como as paisagens áridas do Afeganistão, tem dificuldades de manter um ritmo bom nos dois primeiros atos, um pouco repetitivos e maçantes embora, uma vez que todo o filme é uma construção para o clímax da morte de OBL no terceiro, isso já é sabido desde o início. Mas a recriação desse momento é impecável, valendo demais toda a experiência.

Usando as bases dos filmes anteriores tanto da franquia da Harley como do diretor James Gunn, "Suicide Squad" é um filme ambicioso e divertido, que corrige os erros dos seus antecessores ao saber dosar bem o humor e mesclá-lo com a ação ao longo do filme e não depender tanto da Harley Quinn, dando mais espaço aos demais personagens realmente carismáticos, como o fofinho rato Sebastian, gostei muito dele.

A câmera de Truffaut evidencia a bela direção de arte, dando um irreconhecível aspecto de Nouvelle Vague com toques futuristas. O desenvolvimento dos personagens peca, prejudicando o ritmo do filme, embora este se sustente como uma ode a liberdade e às artes.

Divertidíssimo na ação e no carisma das personagens, embora algumas delas não sejam assim tão necessárias. Não vai tão longe assim na sua crítica ao sexismo, mas, na verdade, não parece se levar a sério tanto assim. E que bom por isso!

Surpreendentemente brutal, tanto no seu horror, como na sufocante ambientação e como na crítica social, do monstro invisível que habita os guetos que quem está de fora não tem noção da violência que está ali do lado, ou, pelo menos, finge desconhecer.

Desde 1911, poucas vezes se viu tanto zelo estético como nessa obra de um valor histórico incalculável. Vanguardista não apenas nos seus efeitos especiais que até hoje possuem muito charme, mas também na sua estrutura, na qual os curtos flashbacks se encaixam perfeitamente no seu ritmo.

Encantador. Os planos quase estáticos de Ray e de Subrata Mitra criam a moldura perfeita para uma poética e melancólica abordagem da vida e da morte, do amadurecimento e das renúncias este traz, em especial com relação ao apego com as raízes e, mais especialmente ainda, com as pessoas, em especial com os familiares, e se este deve ser visto ou não de forma racional.

A aflição de mesmo em uma grande cidade não conseguir saber direito quem são os milhares ao seu redor é bem real, não precisa nem de uma doença misteriosa. E, às vezes, aquela pessoa anônima que vimos uma única vez tem o potencial de mudar a nossa vida.

Horror aqui quase inexiste, quando não se prende a referenciar o original clássico, é um suspense bastante digno. Mas se perde um pouco no último ato, ao tentar homenagear a qualquer custo o seu antecessor, sem muito sucesso.