Lupas (397)
-
Assistir a São Paulo S.A. a quase 60 anos de seu lançamento original é constatar sua atemporalidade e imanência. Mesmo com as limitações presentes, a condução de Person, bem como as imagens evocativas e opressoras suscitadas, transformam São Paulo em uma coletividade monstruosa em que corpos e rostos se movimentam ao fundo, indiferentes e desprovidas de agência. Essa impessoalidade contamina até mesmo o protagonista que luta pra não ser eliminado frente a essa realidade massacrante.
João Vitor G. Barbosa | Em 03 de Maio de 2020.
-
Almodovar compreende o mundo das mulheres, das travestis, das atrizes e dos demais "marginalizados" como poucos. Sua abordagem humorística consegue atenuar a tragédia sem que nos esqueçamos dos dramas internos das personagens. A elegância de sua narrativa é nítida ao antecipar elementos sem alarde e amarrá-los em seguida sem berrar (a primeira aparição do pai de Rosa é particularmente linda). Absurdo foi Cecila Roth não ter sido lembrada nas premiações. Obra-prima!
João Vitor G. Barbosa | Em 03 de Maio de 2020.
-
O contraste do ascetismo representado pelo distanciamento da efervescência urbana fascina por não precisarmos visualizar como se encontra o ambiente da cidade. A narrativa constrói por meio de imagens mais que falas, delineando as passagens da vida adulta com sutis mensagens visuais. Ainda que se fascine tanto consigo ao inserir passagens excessivamente complicadas, o filme é um belo coming-of-age e dá nova cara ao subgênero.
João Vitor G. Barbosa | Em 03 de Maio de 2020.
-
Bingo usa a figura do palhaço infeliz para reconstruir um momento em que a inocência e a subversão ocupavam o mesmo espaço. É possível compreender Bingo mais que uma cinebiografia, levando-nos a admirar uma tradução perfeita de sentimentos e sensações de uma época conhecida como perdida, mas que comove pela sua persistência em nos fazer rir.
João Vitor G. Barbosa | Em 02 de Maio de 2020.
-
Não. A premissa não cai nem no "tão ruim que é bom". Depois de Sharknado, surge uma leva de filmes que acreditam que causarão o mesmo impacto, aprovados pelo gosto do público pelo tosco. Nesse caso, a "tosqueira" é só ruim mesmo, com péssimas piadas e atores insossos.
João Vitor G. Barbosa | Em 01 de Maio de 2020.
-
Até a primeira hora de filme, temos um thriller que nos fisgada, deixando-nos fascinados pela composição de Diane Lane. Após isso, a trama não consegue amarrar bem a natureza de seus personagens, fazendo com que as pontas soltas prejudiquem o andamento do filme. Faltou mais atenção ao desenvolvimento de cada um.
João Vitor G. Barbosa | Em 01 de Maio de 2020.
-
Filme cansativo e com pouco roteiro. Parece nunca encontrar seu tom, às vezes recaindo ao drama adolescente, ora flertando com o realismo mágico. Em que pese essa incerteza, há uma temática simbólica vastíssima, tornando-o um exemplar complexo e fascinante. É um Ghibli com muitos percalços, mas sem jamais deixar de fazer jus ao nome do estúdio.
João Vitor G. Barbosa | Em 29 de Abril de 2020.
-
Hereditário é atmosférico, conseguindo fazer com que fiquemos imersos em um ambiente em que a opressão e distanciamento familiar sejam sentidos pela dinâmica e química entre o grupo de atores protagonistas. O que prejudica é que sua metragem é excessivamente longa, fazendo-nos sentir o tempo passar, tornando-se pesado e comprometendo seu impacto.
João Vitor G. Barbosa | Em 28 de Abril de 2020.
-
Ninguém retrata a masculinidade tóxica e a feminilidade como Almodóvar. Sua perspectiva que entrelaça obsessão, paixão e devaneio permite-nos identificar a decadência humana pelo ridículo sem dissociá-lo do trágico. A abnegação não estando separada da violência é o fio condutor máximo de um filme dramático com pinceladas sarcásticas.
João Vitor G. Barbosa | Em 27 de Abril de 2020.
-
Suspense tenso e bem escrito. Curioso como o tom de Amenabar diferente substancialmente nas pinceladas melodramáticas que Crowe daria no remake. Funcionando como thriller e eficiente nos elementos sci-fi, Preso na Escuridão é um filme que descreve os desejos frustrados, o desespero, a traição e a depressão de forma perturbadora e intensa.
João Vitor G. Barbosa | Em 27 de Abril de 2020.
-
Uma belíssima animação que lida com traumas, solidão e perda de forma irônica e bem humorada na mesma medida em que nos comove profundamente.
João Vitor G. Barbosa | Em 27 de Abril de 2020.
-
Original, ousado e subversivo, Acampamento Sinistro é um filme de terror tosco e com atuações horríveis, mas ficará impresso em nossas mentes após seu término.
João Vitor G. Barbosa | Em 25 de Abril de 2020.