Lupas (457)

O coletivo metaforizado pelo barco, o personagem principal da obra. Além da ideologia, Eisenstein também emprega, graças à técnica da montagem de atrações, muito sentimento, proporcionando bela contemplação em diversos planos e sequências.

O encanto pelo fumo, como elemento imagético, que o cinema viria a demonstrar em décadas futuras já filmado de forma insipiente por Georges Méliès. Durante 3 segundos.

A dualidade dos planos reflete o céu e o inferno vividos diariamente pelo casal, e, ao alterar o foco da câmera de um para outro, reforça imageticamente a ideia.

Arte como elevação. Da mesma forma que o Escritor, entramos na Zona a fim de vislumbrar o desconhecido e saímos surpreendidos com o que há de mais humano. É ter esperança, é amar.

Vive no tempo por ser um fluxo de consciência do herói lírico feito por um amálgama de memórias, carregadas de sentimento de dever não cumprido. E seu ápice ocorre, justamente, quando o tempo é abolido, quando gerações se encontram.

Vida, redenção, natureza, cosmos... Ficção científica ou espiritual? De qualquer forma, colocar em palavras é limitar a experiência.

A arte (dos dois Andreis) nasce da ânsia pelo espiritual e pelo ideal. A analogia, feita pelo próprio diretor, de um filme como um mosaico é perfeita aqui; cada peça deste tem uma cor única e, ao ver o todo, é que se sabe o que o autor tinha em mente.

Narrativamente, Keaton ainda decolaria; mas sua visão de mundo já está presente em "Uma Semana": a ação do ser humano é propulsora das realizações (se não agir, não acontece), mas o acaso e a sorte também são importantes no processo.

Mark Cousins:"Durante a primeira metade do filme, ele viaja para o norte [...] e, na segunda, escapa de volta para o sul [...]. Todas as piadas visuais e situações cômicas da primeira seção são repetidas e amplificadas em ordem reversa na segunda metade."

Guy Ritchie em um filme farsesco, descompromissado com a verossimilhança, invoca Tarantino e abusa de referências: close nos olhares (Leone) e split screen (De Palma). Ótima dupla principal de atores: canalhas!

Típica temática hitchcockiana do falso culpado, neste que também serviu de divulgação para o VistaVision da Paramount (as tomadas aéreas e a nitidez dos planos de fundo impressionam).

Palavras de Kurt Cobain (portanto, subjetivas) e imagens dos tempos hodiernos nos imerge neste aglomerado de solidão que é a sociedade. O cantor é só mais um com os mesmos problemas.