Lupas (457)

Hawks fez, em pleno ano de 1970, um filme aos moldes dos faroestes estadunidenses clássicos rodados entre o final da década de 30 e de 50.

O documentário consegue se desenvolver sem ser excessivamente auto-explicativo, graças a uma montagem que busca passar as informações pela conexão sequencial de textos de entrevistas, vídeos caseiros, desenhos e matérias da mídia.

Já havia receio com a premissa, pois a enigmática origem do personagem Hannibal fazia parte de seu encanto.

O suspense psicológico e sugestivo de "O Silêncio dos Inocentes" é substituído por algo mais voltado para o terror explícito. E Ridley Scott, que, como disse, deixa de sugerir para mostrar, não está bem na direção como Jonathan Demme.

Anthony Hopkins bem como Hannibal, um homem enigmático (fato realçado pela sua origem e destino duvidosos) que consegue ser ao mesmo tempo sedutor e assustador.

Os protagonistas conseguem transmitir as emoções sobrepostas de um relacionamento. O amor acabou? Não, mas o hábito amedronta.

Miyazaki torna mais tangível sua paixão por voar e sua posição pacifista, mesmo mesclando sonho e realidade e metaforizando o filme com o vento. O que "Ratatouille" é para a culinária, "Vidas ao Vento" é para a engenharia.

Screwball comedy dinâmica, exponencialmente bem-humorada e inovadora de costumes.

Num contraste entre a luminosidade dos rostos e corpos dos personagens e suas motivações obscuras, Alain Delon surpreende por ser uma espécie de "homme fatale" da trama, roubando a fatalidade de Romy Schneider. Grande atuação dos dois.

O filme começa ambientando a escola e a casa de Carrie, para que no último ato a empatia pela protagonista se concretize, e, num surto catártico (dela e nosso), ela mata todo filho da puta do lugar.

Suspense crescente em que o enredo está imerso no cinema, na arte e no entretenimento; não na realidade.

Uma porta se abre para um homem ultrapassado e amargurado, e ao contemplar em sua jornada material e espiritual um mundo novo, pertencente a outros, essa mesma porta se fecha, selando seu destino errante, como um auto-exílio; porque caminhar é reconhecer.