Lupas (2660)

O grande destaque do filme é a dupla Christopher Walken, com seu incrível psicopata, e Grace Jones, com sua presença sempre marcante, mas é pouco para transformar em algo realmente bom tendo em vista que a mesmice aqui agrada muito pouco nessa despedida de Roger Moore.

De inegável potencial de terror pelo próprio tema que já anda bastante cansado. Tenta gerar uma atmosfera nova criando um cenário diminuto e nesse ponto até consegue, até por isso a utilização exagerada de jump scare desanima.

O mais novo produto de propaganda do Cinema confirma a tendência da série de filmes inspirados em grandes marcas de games/brinquedos que deverão ser a tônica daqui pra frente, aqui vemos um filme de ritmo ágil e de interesse principalmente aos amantes de automobilismo e nesse quesito se sai muito bem, já nos relacionamentos interpessoais é bem fraquinho. Neill Blomkamp como pegou um trabalho já meio "pronto" não conseguiu estragar o suficiente com seu mau gosto visual de costume.

Dentro do esperado do cinema americano contando uma história de outro país com viés heroico e seus exageros e pasteurização, mas também esperado na competência de criar um ritmo envolvente e clima intenso durante toda a duração.

A mensagem é bonita e bem escancarada, mas o modo como os personagens fora de seu tempo são inseridos no presente dá um toque interessante a trama que serve para todas as idades. Possui um ou outro problema de ritmo gerando algumas barrigas, mas pelo que se propõe até que é razoável.

Consegue de maneira muito efetiva criar o clima de tensão necessário sem grandes apelações com sustos fáceis, preferindo poucas mas intensas cenas de terror mais sangrento e violento na construção da desgraça viciosa de seus personagens.

Possui os momentos de mais humor, principalmente com a família, que funciona muito bem e todas as críticas bem diretas ao Estados Unidos e suas relações com imigrantes latinos são sempre pertinentes. Uma pena que os bons momentos são diminuídos pela construção e resolução padrão de filmes do tipo, com o clichê da força da família, da comunidade e etc. Mas é um passatempo razoável, o que até surpreende.

É inevitável o interesse pela curiosidade pelos artistas e músicas retratadas, além da narrativa ser pouco convencional para filmes biográficos, com a quebra da quarta parede e a inserção de imaginação em meio a realidade o que dá uma ar diferente ao filme, mas é inegável que se trata de um empreendimento familiar de homenagem cheio de histórias sobre o sucesso do sonho americano, o que diminui o resultado final.

Traça um panorama da crise capitalista do período em que foi realizado com aquele humor Jim Carrey que já conhecemos a exaustão. Fica bem longe dos seus bons momentos do passado.

Consegue passar suas mensagens e conflitos sem grandes apelações e discursos moralistas, não reinventa nada mas foi uma boa surpresa.

Uma grande lição, mas não somente da moral clara sobre como viver a vida, mas uma lição de como pegar uma clássica obra-prima do Cinema e conseguir transformá-la quase por completo e sem ser desrespeitoso, sendo tudo muito simples.

Uma leve aventura que não deixa se levar a sério desde seu início com as brincadeiras musicais do presente, levando seu romance e o esperado final redentor sem muitas dificuldades de agrado ao público mais convencional.