Lupas (2660)

Independente das muitas controvérsias que o Holodomor gera até hoje, um inegável bom trabalho de Agnieszka Holland em retratar o período, principalmente nas frias cenas na Ucrânia em um quase preto-e-branco que acentua a situação de desespero.

É evidente que o tema em si e suas particularidades é usada pelo diretor para nos causar emoção e de fato consegue em muitos momentos, mas é evidente também que usa de vários dos clichês para os filmes do gênero o que não é nenhuma surpresa. O modo colocando o ponto de vista de vários coadjuvantes também é um ponto positivo e tudo no fim das contas se torna uma experiência razoável e bonita, mesmo com seus claros defeitos.

De tão bobinho chega a ser levemente divertido, mas o uso constrangedor do CGI e a forçação de barra para usar o máximo possível de referências ao passado estraga o que poderia ser até um pouco melhor.

Ver figurões clássicos de Hollywood em ação é sempre um prazer e nessa comédia cheia de leveza e referências a própria indústria não vai muito além de mais uma experiência de metalinguagem sem grandes pretensões ou inovações.

Peca principalmente nas relações familiares e nos conflitos de uma maneira geral, sendo muito mal desenvolvidos para dar um foco maior na sua interessante e inspiradora mensagem.

Há um conjunto de elementos para um bom horror como tensão, mistério, sangue, sobrenatural e o bizarro, e a escolha por uma estética mais sóbria ao contrário do clássico de Argento condiz com a Berlin representada (e é um ponto também interessante), mas a tentativa de Guadagnino em deixar tudo mais grandioso e importante prejudica o resultado final, já que a história em si não é um ponto forte em nenhuma das versões, convenhamos.

Tirando algumas boas cenas como de praxe, aqui o filme acaba se perdendo em estereótipos e exageros sobre o Brasil e no fim se torna uma grande bagunça sideral.

Ao mesmo tempo que mostra com muita força e visceralidade toda a crueldade dos terríveis acontecimentos históricos, peca por ser maçante em boa parte do filme e com algumas escolhas super sentimentais bem ao estilo do diretor que atrapalham o resultado final.

O visual continua sendo o grande destaque (ainda que em alguns momentos a máxima do "menos é mais" deveria ser efetuada) e a liberdade que a animação proporciona facilita que coisas que viram verdadeiras patoacadas em filmes comuns aqui se tornem experiências empolgantes e divertidas de fato. A saga se mantém relevante.

O enredo tem seu interesse por boa parte do filme, mas quando chegamos na reta final tudo parece ir diminuindo aos poucos quase prejudicado o bom resultado final, mas sua incrível qualidade técnica compensa esses deslizes.

Joel Schumacher reuniu um elenco de primeira classe pra nos instigar com temas muito polêmicos (e alguns deles nefastos), nos fazendo pensar sobre justiça, leis e a eterna questão racial americana. Obtém sucesso nos questionamentos, ainda que com certos exageros que prejudicam o todo.

De nível muito próximo ao seu antecessor, se sai um pouco melhor principalmente no quesito nostalgia, já que as cenas musicais são muito marcantes para os filhos da sessão da tarde.