Lupas (6345)

Constrói-se mormente de silêncios e de olhares de cumplicidade que vão se estabelecendo entre a menina e seu genitor, o que tornam a experiência de assistir ao longa-metragem um delicado exercício de observação paciente.

Não fosse a força da história que conta e reconta, resvalaria na monotonia.

Um filme descontraído dentro dos limites da escrita e da filmagem de um realizador iniciante e introvertido, que transpira a agonia jovem de cada dia.

Ao acender das luzes desse poderoso exemplar de miscelânea audiovisual, pulsa no coração um sentimento de amor pela Nova York de cada um, que se materializa para além de qualquer referência espacial exata.

Apesar de fazer menção a uma prática que cada vez se circunscreve a um passado, O mágico se revela um filme atemporal, de alcance a todas as faixas etárias.

Cativar o espectador não é uma das metas de Kaurismäki, e sim introduzi-lo em um universo lento e lasso, que se configura em uma investigação sobre os limites da apatia.

Um filme singelo, destituído de peripécias narrativas, que transmite uma mensagem de constante desconforto e imprime uma sombria realidade ao cotidiano angustiante de uma mulher de beleza e desamparo igualmente intensos.

Um iceberg metafórico que se traduz em uma deambulação constante e inevitável de um esteta da imagem por sua identidade, usando a memória como diapasão do autoconhecimento.

Bertolucci oscila por conta de um roteiro truncado, que se calca quase exclusivamente na beleza estonteante de Liv Tyler.

Um eficiente estudo sobre como os seres humanos preferem o escapismo ao confronto com a verdade.

Um filme com bom roteiro e direção, mas que vale, como um todo, apenas pela arquitetura imagética.

Ben Affleck estreia atrás das câmeras com uma ótima direção de atores.