Lupas (1752)

Das exacerbações românticas ao hábito de fazer amizade com os pais da garota, todo Truffaut está lá. Inclusive na limpidez do estilo, no modo direto de narrar e no humor. Este estará ali mesmo quando as coisas, no amor, não forem lá muito bem.

Pode-se argumentar que o filme é tão clássico quanto os romances de Sidney Sheldon. A história de Keaton é triste à beça. Se isso consola, a venda dos direitos de sua biografia para o cinema pôs as finanças de Keaton em pé. Keaton comediante, não palhaço.

A primeira metade é a mais interessante e resgata um dos temas preferidos dele, a individualidade ameaçada por um Big Brother opressor.É um exercício de sadismo kubrickiano,mostrando o treinamento de soldados e o impacto psicológico.Uma guerra sem guerra.

A direção desta vez esteve nas mãos do irregular Marcus Nispel, responsável por filmes como O Massacre da Serra Elétrica – o início, um outro clássico revisitado por Michael Bay em 2003, que ganhou continuação infinitamente inferior nas mãos de Nispel.

É difícil captar tudo que é discutido no filme, para isso seria necessário assistir bem mais do que uma vez, é tudo muito subjetivo mas são visíveis alguns do temas recorrentes do diretor, como a desorientação e a solidão.

Kubrick fez coisas formidáveis, como mostrar Nicole Kidman no banheiro: nada grosseiro ou ofensivo. Um gesto da vida. Há tanto nesse Kubrick, seu último e vertiginoso filme, que não raro é possível sentir-se arrastado num labirinto.

O que existe de único em determinadas épocas do cinema é a liberdade com que os filmes são feitos. Aqui se vê, numa pequena produção, que Scorsese não seria qualquer um. O tempo confirmou a primeira impressão. E o filme continua em pé.

Não há tortura que se compare a que uma mulher fria infligi a um homem. Não temos nada a fazer, exceto esperar o amanhã. E ver se seremos lembradas ou esquecidas.

O fato é que "Divórcio à Italiana", mesmo se seu problema já não existe, certamente é um documento de época e, mais, deve se beneficiar da delicadeza de Germi, um cronista de costumes como poucos.

O projeto de cinema de Stanley Kubrick era único, diferente de todo e qualquer outro diretor que já existiu na indústria cinematográfica. Fazer o filme definitivo de cada gênero. Megalomaníaco? Pretensioso? Certamente. Era um gênio de talento sem paralelo

Ainda assim, ninguém merece um zé-ninguém como Matt Salinger, figurante em filmes como A Vingança dos Nerds, no papel de grande herói norte-americano de todos os tempos.

Pessoas repugnantes têm sempre boas desculpas. Mas algumas feridas nunca desaparecem. É assim.