Devaneio absolutamente medíocre tanto como cinema quanto como percurso histórico e discurso político. Usa de seus imbecis personagens para enaltecer um tom policialesco investigatório da lava jato, mas o faz de maneira absurdamente genérica e com um Q de filme policial norte-americano da terceira divisão. Estica tanto a baladeira na sua sandice de muitas convicções, que se tornara um pastiche já na época de seu lançamento, o que só pioraria com o desenvolvimento dos acontecimentos políticos.

Ridley Scott segue como um sujeito proeminente na construção de espetáculos de qualidade, porém aqui poderia ter se rendido de vez ao absurdo e a violência. As imagens são estupendas, mas se justificam só por si mesmas, já que o enredo não traz a discussão política que se espera e nem empolga em sua evolução. Denzel é uma excelente representação de sagacidade e trairagem num mundo palaciano de destroço. Mas o resto do elenco tem personagens rasos e o protagonista é uma bosta (ator e personagem).

Traz tema interessante, principalmente por tentar mostrar a construção da mitificação de um sujeito através não só de suas ações, mas na criação de sua própria obra. Os pormenores da contrução de um carro fazem gosto pelo filme. Porém, é medíocre no resto. Ordinário em suas escolhas de decupagem que mais fazem parecer um novelão de terceira categoria. Tenta propor seu protagonista como figura invocada, mas erra no despropósito das escolhas para fazê-lo. Elenco quando não ruim é subaproveitado.

Mann acerta ao propor um recorte curto nessa jornada - 1957 -, e usa bem as contradições de seu protagonista para criar uma figura tridimensional preocupada com o seu negócio acima de tudo. A decupagem segue a costumeira qualidade de escolha de planos já conhecidas diretor, que traz tanto urgência quanto perplexidade a respeito daquele universo. O Ferrari como um escroto enquanto mostra o horror dos acidentes viscerais das corridas. Tão destrutivos quanto violentos e exagerados.