Lupas (322)
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Se existe um filme inclassificável por sua putaria em diegese e extradiegese, é esse. Junção dos estertores do talento de um monstro tal qual Bela Lugosi, a uma maçaroca de elementos do cinema fantástico, que abraça aliens, mortos-vivos, discos de plástico e monstros. Tão abusadamente farsesco que nos maravilha exatamente por isso. Tão bagaceiro que este é um dos exemplos onde nada mais importa além do destino daquilo tudo. Se fosse pior (é possível?), ainda veríamos. Amor ao cinema em prateado.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 20 de Março de 2024. -
Esse filme é importante. Subverte pesado o cinema tradicional acadêmico norte-americano. É tão ignorantemente ruim (deliciosamente), que não consegue replicar o tradicional citado de forma alguma. A montagem é toda atravessada na continuidade, a fotografia muda as cores o tempo todo, corte a corte nas mesmas cenas e nos mesmos ambientes; ou quando muda o cenário numa cena só, num vai e vem esquizofrênico bizarro. O Godard passou a vida toda tentando subverter a linguagem e não viu esse filme?
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 14 de Março de 2024. -
Vale pela entrega de Sam Elliott, que carrega bem as nuances autodestrutivas de um ator esquecido e perdido no tempo. Fora isso tem situações interessantes o envolvendo - como o discurso de premiação -, apesar de todos os chavões possíveis desse tipo de fita. Protagonista com doença grave, relacionamento conturbado com a filha, o amigo que o ajuda, uma nova companheira que começa a dar novo sentido a sua vida desgraçada, e por aí vai.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 10 de Março de 2024. -
Estória contada pela terceira versão (creio eu) com atualizações técnicas e foco na sobrevivência como sempre, porém sem se debruçar tanto sobre o canibalismo como nas outras obras anteriores. A fotografia de paisagens inóspitas mantém o clima de isolacionismo absurdo que se soma aos desafios diários vivido pelos personagens. Bonitão, mas ordinário.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 08 de Março de 2024. -
O que existiu? Que Brasil é esse? A realidade escrota pensada (e tentada) como se SONHO ela fosse, e mais palatável como tal obviamente. Os Brasis reais e IDEALIZADOS. Aqueles que nunca existiram e alimentados no inconsciente coletivo eles foram. Forjados na esperteza do malefício. Moldados a projetarem aceitação, conformismo, regozijo. A quebra da FANTASMAGORIA vem num contra-DEVANEIO ILUSORIAMENTE cheio de verdades reais. Já que, de fato, o Brasil de um acaba, e outros jamais existiram.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 07 de Março de 2024. -
O que dizer duma fita que se aproveitara no lançamento do King Kong de 1976 e resolvera existir num projeto gravação em 14 dias? Aposta no grotesco, na repetição dos planos e na canalhice de seu primata pilantroso. Diverte por existir como opção escrachada de um personagem conhecido de maneira absortamente vagabunda, chegando a sacanear a ineficiência das forças armadas ao lidar com a fera e contando com um bichão com personalidade e dedo do meio em riste apontado pra câmera. Vale pela molecagem
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 23 de Fevereiro de 2024. -
Ameba fílmica que funciona como projeto de iconoclastia moral, social, econômica e cultural nauseabunda. Sujeitinho desprezível é torturado diuturnamente por vozes de suas tripas advindas de toletes de merda de sua vasta massa fecal, que condicionam seu comportamento tresloucado. A obra apela no absurdo de tudo que inventa de cercar, seu núcleo duro de interpretações escrotas abarca uma mise en scènization grosseira abusiva como formatação de sua marreta de avacalho. Uma delícia esculhambatória.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 27 de Janeiro de 2024. -
O experimento de horror via mutilação corporal por conta do palhaço ganha ainda mas vulto aqui. A aposta de Damien Leone é de mitificar o seu monstro com aparições magnéticas e doentias, e aproveitando o ensejo apara tentar dar um bom espectro para seus personagens, livrando-os da babaquice usual do subgênero. O uso do gore se mostra anda mais competente que no filme anterior.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 09 de Janeiro de 2024. -
Zumbis provenientes de uma monstruosidade marinha. A fita não se furta do seu objeto e parte a ele frontalmente. Quando começa o ataque zumbi, é o apocalipse sem fim. Crítica social ao uso desenfreado dos combustíveis fósseis e uma direção de fotografia com uso abusado de planos holandeses distorcidos completam e deliciosa esculhambação. Zumbis, cabaré, bar, cachaça, peixe frito empanado, nudez, desmembramentos e demônios. Não tem como dar errado uma mistura dessas.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 20 de Dezembro de 2023. -
Tenta criar uma atmosfera crível para o tour de fource de Hanks como o vizinho chato e se utiliza de uma psicologia imagética de cores para sensibilizar o espectador num esquema de redenção já muito repetido. Usa dos tons frios em volta de Hanks (clima com neve justifica isso), que servem para mostrar sua grosseria em superfície, assim indo desmontando as camadas até seu findar, com as cores levemente se modificando. Vale pela atuação de Hanks e de Mariana Trevino como seu esperto contraponto.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 14 de Dezembro de 2023. -
Esquema de perigo a bordo em estrutura marítima metálica. Que teve vários exemplares nos anos 90. Esse aqui faz uma mistura entre Hardware - O Destruidor do Futuro (1990) e Tentáculos (1998), com um roteiro com a preocupação em destroçar com violência os personagens sem se ater demais a uma estruturação mais tácita para justificar sua narrativa fanfarrônica. Os efeitos visuais em CGI e - principalmente - em animatrônicos - seguram bem a tensão, juntamente com o bom elenco. Violência caprichada.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 14 de Dezembro de 2023. -
Material de baixo orçamento que mescla música synthwave, violência descomunal splastick e universo pós-apocalítico regado a perseguições de bicicleta e selvagerias à rodo. Mais uma homenagem aos anos 80 que escolhe propor a jornada de seu protagonista inocente que julgado e libertado é sob a égide da mesma esculhambação violenta. As relações grosseiras entre os personagens seguem à risca o jogo em seu nascedouro, pecando apenas no ritmo aqui e acolá. Mas a experiência é joia.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 13 de Dezembro de 2023.