Lupas (1003)

Afora as piadas escatológicas, sobra uma variação de "Férias Frustradas", com toques legais sobre família, choque de gerações e a influência da tecnologia sobre as pessoas. De quebra, uma Alicia Silverstone quarentona e ainda desejável. Acima do esperado.

Ford emula o surrealismo de Lynch e o fatalismo dos Coen, e faz uma espécie de três neo-noirs em um. As transições dos tempos fílmicos e a mise-en-scène (o diálogo do casal no restaurante) chamam a atenção. Ainda assim, fica a pergunta: what's the point?

Cai no último terço, quando as canções e os diálogos perdem a força, mas no geral é uma delícia acompanhar o romance do par central, ao som de "Mimi" e "Isn't Romantic", e os achados narrativos (a sequência de abertura é um primor). Mamoulian era grande.

O romance começa sem maiores explicações (um meet cute cairia bem), e o excesso de rompimentos e reconciliações, torna a narrativa repetitiva, mas a química e o carisma dos protagonistas e a sensibilidade do roteiro, ajudam o filme a sair do lugar comum.

A premissa é ambiciosa, mas o roteiro não dá conta das questões que levanta, os personagens são mal desenvolvidos (Theron?), a cenografia é excessiva, e a mão pesada de Scott, derrubam "Prometheus" quase por completo. Será que "Alien" era tão bom assim?

Vai bem na primeira metade, que tem ecos de "Laura" e "Fedora", e que conta com um Tornatore mais contido e menos melô. À medida que o mistério vai se relevando, o filme beira o ridículo e se perde inteiramente. Os tempos de "Cinema Paradiso" vão longe...

Custa a começar, mas acerta o prumo quando o herói para de bajular o Iron Man e foca na própria jornada de passagem da adolescência pra fase adulta. Holland tem seu carisma e certas cenas, apesar do CGI, impressionam (ataque ao monumento de Washington).

Perde-se tempo na introdução dos personagens e no estofo religioso, mas o filme acerta quando se fixa no garoto e no tigre, e as imagens prevavelecem sobre as palavras. Efeitos visuais e um uso do 3D impressionantes. Não é o melhor Ang Lee, mas é bem bom.

Cai um pouco no final, mas até lá é um prazer ver a história de um casal se reapaixonando diante dos nossos olhos. Atores esbanjando no improviso, bons diálogos, e um doloroso clima agridoce no ar. Não chega ao nível de um Linklater, mas não faz feio.

O filme consegue expandir as inofensivas tramas da TV em um história leve, que ri de si mesma (o clima é de cartoon), e que mistura elementos Harry Potter, Agatha Christie e até James Bond. Dentro das suas limitações, "DPA" é melhor do que esperava.

"Carros 3", que lembra "Rocky 3", retoma o espírito do primeiro filme, sobretudo nos defeitos: roteiro linear, longa duração e pouca graça, pra contar uma história simples demais. As cenas de corrida são boas, mas é pouco. A série já devia ir pro box.

Me espanta como Spielberg e Mathison, a dupla de "ET", foi capaz de fazer um derivado tão opaco, anticlimático, e sem nenhum momento marcante. A técnica impressiona, mas não leva o filme a lugar nenhum. Junto com "1941", "BFG" é o pior filme do diretor.